quarta-feira, outubro 29, 2008

Regresso a Wallerstein

.

" Utopística é uma séria avaliação das alternativas históricas, o exercício do nosso julgamento face a uma racionalidade substantiva de uma alternativa possível de sistemas históricos. É a sóbria, racional e realística evolução dos sistemas sociais humanos, com os constrangimentos do seu contexto e as zonas abertas à criatividade humana. Não a face do perfeito (e inevitável) futuro. É antes um exercício, simultaneamente, nos campos da ciência, da política e da moral.- Immanuel Wallerstein (1998)"





.

.












Selon Wallerstein, quatre tendances font faire basculer le système :
1 - « L’expansion géographique ultime de l’économie-monde capitaliste (…) risque d’être portée à son terme dans un avenir proche. Le corollaire inévitable est une forte augmentation des coûts mondiaux de la main-d’œuvre…
2 - « Le coût mondial du maintien d’une couche moyenne immensément plus grande devient insoutenable à la fois pour les employeurs et pour les trésors publics.
3 – « L’imminence de la crise écologique » qui remet en cause « depuis environ 5 siècles l’accumulation du capital basée sur la capacité des entreprises à extérioriser les coûts (… par) sur-utilisation des ressources mondiales. »
4 – « Le béant fossé démographique qui se surimpose en sens inverse sur le fossé économique entre Nord et Sud (…) en train de créer une pression incroyable en faveur du mouvement migratoire… » p.206

.
. .

.

.
.



"We need first of all to try to understandnd clearly what is going on. We need then to make our choices about the directions in which we want the world to go. And we must finally figure out how we can act in the present so that it is likely to go in the direction we prefer. We can think of these three tasks as the intellectual, the moral, and the political tasks. They are different, but they are closely interlinked. None of us can opt out of any of these tasks. If we claim we do, we are merely making a hidden choice. The tasks before us are exceptionally difficult. But they offer us, individually and collectively, the possibility of creation, or at least of contributing to the creation of something that might fulfill better our collective possibilities."
.
..
.

.
.
.

Três citações escolhidas propositadamente para me situar realtivamente a Wallerstein, tão citado e recuperado nos últimos tempos.

Quanto a Utopística é uma ideia que me cativa e que venho sugerindo, sem usar este nome, há vários anos. Parece-me imprescidível para criar uma hegemonia ideológica que potencie a transformação do mundo no sentido que pretendemos.
A última citação, tirada do livro "World-System Analysis", de 2004, vai no mesmo sentido da primeira e reforça a ideia do contributo individual pelo recurso ao empenhamento e à criatividade.

No que toca à explicação da crise no "sistema-mundo", versão globalizada do "modo de produção" marxista, tenho as minhas reservas.
Por um lado a expansão geográfica parece-me longe do seu termo, há ainda muitas centenas de milhões de seres humanos que pouco foram tocados pelo capitalismo e constituem uma gigantesca reserva de "consumidores potenciais", um enorme "exército de reserva" de trabalhadores baratos para usar a terminologia tradicional.
Por outro lado Wallerstein parece não considerar, e não menciona, as transformações na produção e no papel do trabalho no processo produtivo.

Eu tenho defendido que assistimos hoje ao combate entre uma "versão tradicional" do capitalismo e uma "versão digital". Esta última tenta preservar elevadas taxas de lucro através de uma produção em que o trabalho deixou de ser "capital variável" e passou a ser "capital fixo".
Ou seja, em vez obter 8 horas de trabalho e pagar só 5, como costumava acontecer nos tempos de Marx, agora o "empreendedor" compra a produção de um objecto digital que é paga à cabeça e depois pode ser replicada tantas vezes quanto necessário sem incorporação de trabalho vivo adicional. Enquanto que no passado cada nova unidade de mercadoria gerava garantidamente um salário, e portanto capacidade de consumo, agora isso já não acontece.

Se esta nova produção "digital" em expansão (nos telemóveis, na música, nos filmes, no software,etc) se vai constituir como alternativa ao capitalismo "à antiga", nem que seja num período transitório antes de emergir uma "nova economia", é algo que não sabemos mas que vale a pena acompanhar. Este pode ser um tema interessante para um futuro post.
.

Sem comentários: