quinta-feira, outubro 09, 2008

A mão visível

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"Sejam bem-vindos ao regresso do Estado. Foi isso no essencial que ontem anunciou José Sócrates no Parlamento durante o debate sobre a crise financeira. O primeiro-ministro não resistiu, como muitos humanamente não resistem, a um vago número ideológico. Acabou-se o fundamentalismo do mercado, a regulação "permissiva", o Estado mínimo. Sejam bem-vindos portanto a um mundo onde o Estado está de volta. Onde andava ele antes, apetece perguntar, que não o conseguíamos ver? Durante décadas, a economia mundial cresceu graças ao crédito fácil e democratizado, à energia barata e aos juros baixos. Mas tudo isso já deixou de interessar. Agora abram portas, acomodem-se, pacifiquem-se: vem aí o Estado, vêm aí a "mão visível"...

É caso para algumas perguntas soltas: houve por acaso algum momento na História da democracia portuguesa em que o Estado não esteve omnipresente na vida económica e social? Algum dia Portugal conheceu o Estado mínimo e a desregulação sistemática de que falava ontem, em tom acusatório, Sócrates? E pode um país que chegou tarde ao mercado, tal como chegou tarde ao Estado social, meter--se em ataques tontos à "ideologia" do mercado?...

O discurso de um Estado contra o mercado é que não nos serve de nada. Oportunismo ideológico não nos serve de nada. O "espectáculo" de Sócrates ontem na Assembleia não interessa. ("Vem aí o Estado mas qual ?", Pedro Lomba, DN 09.10.2008)

É realmente um logro falar do Estado redentor num país em que os estadistas se convertem em gestores privados, e vice-versa, com a maior das calmas e com grande proveito.

Se houve desmandos e falta de regulação não deveria ter sido precisamente o Estado a preveni-los e evitá-los ?

Se não forem os cidadãos...

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4 comentários:

Anónimo disse...

É bom não esquecer que há muitos estados que são "mais pequenos" do que os bancos que albergam. Não é esse o nosso caso.

Em certos casos é como se em vez de o país ter um banco fosse o banco a ter um país. É portanto ridículo falar de regulação em tais circunstâncias.

Anónimo disse...

"É bom não esquecer que há muitos estados que são "mais pequenos" do que os bancos que albergam. Não é esse o nosso caso."
ex1º
-Por exemplo os EUA são mais pequenos que a FED
o Outro na noite da sua morte lá confessou o maoir crime da sua vida foi vender a união por um prato de lentilhas aos Morgan & cia.
"Em certos casos é como se em vez de o país ter um banco fosse o banco a ter um país. É portanto ridículo falar de regulação em tais circunstâncias."
-E não é assim hoje no BCE?
Faz-se e desfaz-se sem que os donos do dinheirinho tenham voto na matéria Claro até ou dia em que a casa venha a baixo e em que certos f.da p. tenham de prestar contas das vacas aos respectivos donos.
-Até lá vamos nos entretendo a produzir corda da grossa boa e firma ihihihihih
-Começou o governo dos ladrões mas também há-de chegar o seu fim. ahahahah
Robespierre

Anónimo disse...

Esta crise não se percebe com a declaração (deleitada) do fracasso do "neoliberalismo" (quem sabe o que é precisamente o "neoliberalismo"?), nem com vociferações, que já se tornam ridículas, sobre a irresponsabilidade e a "ganância" de Wall Street, da City e outros lugares de perdição. Talvez seja bom começar pelo que, de facto, aconteceu. A crise foi revelada pelo problema do subprime na América, ou seja, pelo excessivo crédito de risco à habitação, sem qualquer forma de garantia ou expectativa racional de pagamento. Mas não veio exclusivamente daí, nem por si mesmo o subprime explica o resto da história. O facto é que todo o crédito cresceu sem lógica ou limite, até ao ponto em que desde o Estado americano à grande banca (comercial ou de investimento) e a uma qualquer companhia de seguros pouco ilustre, o mundo inteiro ficou endividado.
Isto quer dizer duas coisas. Em primeiro lugar, que centenas de milhões de pessoas, na América, na Ásia e na Europa, se habituaram a viver para lá dos meios que tinham ou que podiam ter, pelo artifício simples de gastar o dinheiro que não era deles. E, em segundo lugar, que isto se passou com a cumplicidade e colaboração do Estado (Estados, na verdade), de instituições financeiras e de organismos reguladores de carácter nacional ou internacional. Aqui, por exemplo, há anos que se fala no endividamento das famílias (mais de 100 por cento do PIB), no endividamento do Estado e no endividamento da banca. Só que, tirando um ocasional "velho do Restelo" suficientemente ingénuo para ir à televisão arrancar os cabelos, não se fez nada.

Vasco Pulido Valente, Público 10.10.2008

Anónimo disse...

Só uma perguntilha ingénua e ao mesmo tempo provocadora mas verdadeiramente necessária: ò só Valente Pulido Vasco, mas afinal quem foi o criminoso ou o benfeitor que permitiu tais empréstimos a quem não podia pagar...eu sou um teso se me aparecer um gaviru a oferecer-me um monte de notas de 500,00 àeuros a pagar até ao ano 2021 que vem com um juros de 2% cá o manécas aproveita logo ou pensa vossa meçe que somos parvos e não sabemos que podemos bater a bota antes de pagar as contas ao agiota ahahah eu nasci nu tou vestido; se faltar o tacho ou me dão de comer a mim e aos meus ou eu corto a cabeça ao primeiro banqueiro fdap que encontre tens duvidas?...ahahahaha tou me K,gando pro resto.
assina o teso
Manécas