sábado, fevereiro 28, 2009

Romeu pode ser feliz ?

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O Oscar "indiano" de 2009 é uma parábola sobre o amor como redenção, já não contra o preconceito e as barreiras de classe mas contra o gigantismo da miséria, a amoralidade e o crime.

Os percursos de vida amargos e violentos também podem ser a base sobre a qual se constrói o sonho; mais do que a sua moral é esta a sua descarada esperança. E toca-nos.
Esperança tão inesperada e inconcebível como o sucesso num concurso que não conhece nada para além do dinheiro.

A celebração final, dançada nas plataformas da estação dos combóios, que afasta qualquer interpretação realista da história, termina com a multidão a embarcar e os espectadores a sair da sala.
De volta a este mundo.
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sexta-feira, fevereiro 27, 2009

O que é que nós temos ?

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O Diário de Notícias entrevistou Vitorino Magalhães Godinho. Algumas passagens:

DN - E a técnica não ajudou a evoluir o mundo nem sistematizou os sistemas económicos?
Não. Criou condições que têm em si a contradição. Houve uma série de invenções que se industrializaram - computadores e telemóveis - e que, entre as várias características, tem uma que é permitir a automatização do trabalho e redução de mão-de-obra. Além disso, adoptou-se o imperativo do crescimento e todos os anos os números têm de ser superiores mesmo sem se produzir em função de uma procura efectiva. Produz-se por si e o resultado é o mundo estar com os armazéns cheios; não se vende porque o que foi produzido não contava com a redução da procura e o progresso criou uma contradição: maior produção e menor procura. E por isso a crise que temos é financeira mas sobretudo de procura.
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DN - O que motivou o estrangulamento da procura?
O estrangulamento da procura resulta do excesso de produção e saturação de mercado e das pessoas.
DN - Acusa a classe política pela situação. Acha que a nossa classe política não está à altura?Acho que a nossa classe política é mais do que lamentável. Os nossos políticos não têm ideias e não debatem. Assiste-se a qualquer sessão do Parlamento e verifica-se que há afirmações mas nunca as demonstram. Diz-se que o TGV é fundamental mas ninguém o justifica. Quando há uma crítica ninguém responde, porque há uma incapacidade de argumentar nos nossos políticos. Em todos!
...
DN - Houve, então, um esvaziamento das ideias?
Os que dizem que as ideologias morreram têm uma ideologia: a actividade privada, o lucro e um sistema de governação que na aparência imita a democracia mas não o é realmente. Nós não temos democracia em Portugal, isso é fantasia.
DN - O que é que nós temos?
Um Estado corporativo como Salazar sonhou e nunca conseguiu. Realizámos o que desejava, que é o poder nas mãos de organizações profissionais.
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Cabritices

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Neste Carnaval, o senhor Cabrita, achou apropriado fazer uma declaração hilariante:
A via para resolver os problemas do arrendamento “não deve ser o da estatização do mercado”.
O senhor Cabrita não vive neste mundo! Os problemas do arrendamento devem-se exactamente à estatização do mercado feita ao longo de décadas!
E a ultima vez que o Estado meteu a mão foi exactamente com o NRAU e o abracadabrante regime de transição das rendas antigas da responsabilidade do Sr. Cabrita, Secretário de Estado da Administração Interna.
Passados 3 anos, vendo que mais de 99% das rendas antigas não foram actualizadas, as casas degradadas não foram recuperadas e o mercado de arrendamento continua parado, o senhor Secretário devia meditar na burrada que fez (também pode ler-se com “o”) e não “proferir” mais sentenças daquelas.

(da nossa enviada ao Carnaval de S. Bento, Maria Rosa)
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La Folle Journée - Estreia

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Estreia já amanhã, no Cine-Teatro Joaquim d'Almeida no Montijo.
Ver mais informações AQUI
Ver fotografias dos ensaios AQUI
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Uma década do caraças

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Entre 1675 e 1685 nasceram, entre outros, estes compositores:

António VIVALDI, 1675
Georg TELEMANN, 1681
Jean Philippe RAMEAU, 1683
Johann Sebastian BACH, 1685
Georg Friedrich HANDEL, 1685
Domenico SCARLATTI, 1685
É caso para dizer que foi uma década com uma qualidade do caraças.
O ano de 1685 estava simplesmente abençoado.
Uma das melhores revoadas da história da música.
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quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Navegar, navegar...

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O "Chaimite" da Companhia Colonial de Navegação, foi vendido à Eurasia Carriers em 1973


O TWITTER às vezes lembra-me o café da minha adolescência, o velho "Chaimite" dos anos sessenta.
Às duas por três desatava toda a malta a falar ao mesmo tempo e não se percebia patavina.
Em suma, mesmo as coisas mais modernas já foram experimentadas, de outra maneira.
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Farto de Courbet

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Raúl Perez, Sem Título, 1972
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Raúl Perez, Sem Título, 1976

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Apanhados com o telemóvel (1)

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Talvez já tenham visto, em acção, esta nova raça de varredores cujo habitat é o Parque das Nações. Em vez das tradicionais vassouras usam um assoprador em forma de tubo que funciona por obra e graça de um motor que carregam às costas. Vão assoprando as folhas caídas, para cá e para lá, na vã tentativa de as varrer.
Esta modernice tem vários inconvenientes:
1. Faz uma barulheira ensurdecedora
2. Lança gases nocivos para a atmosfera
3. Gasta combustível
4. Custa muito mais caro que uma vassoura
5. É pouco eficaz (para varrer)
6. Avaria-se e exige manutenção
7. É menos romantico/bucólico
8. Em vez de um simpático e intuitivo varredor tem que ser dotada de um "operador", com cursos de formação e reciclagem ao longo da vida.
9. O motor carregado às costas dá cabo da coluna do referido "operador", que vai sobrecarregar o SNS, meter baixa, e necessitar de ser substituído no posto de trabalho.

Em suma, só mentes imbuídas de um detestável novo-riquismo se lembrariam de promover a utilização de tal mostrengo. Não se pode exterminá-los ?

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Segunda chamada para o Raúl Perez

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Sem título, 1976, colecção do artista
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Sem título, 1988, colecção particular
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. Sem título, 1981, colecção particular

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A não perder no CCB

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quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Discografia do essencial (4)

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Em 1986, aos 82 anos, depois de uma ausência de 60 anos, Horowitz toca de novo na sua Rússia natal.
Na grande sala do Conservatório de Moscovo consegue-se ouvir a electricidade das emoções.
(Depois de 45 anos a ouvir musica resolvi começar a publicar a minha "Discografia do Essencial").

Chicos e Marcelos


Uma coisa é certa: um Chico-esperto não é um Marcelo-esperto. O José Simões explica aqui muito bem porque é que o povo até tem votado neles (por enquanto).
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terça-feira, fevereiro 24, 2009

Adeus ao Carnaval

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Não resisto a despedir-me do Carnaval 2009 com esta fada, pronta para não sei que milagres.
À falta de uma câmara melhor captei esta imagem com o telemóvel no Parque das Nações.
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Viva a biodiversidade

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Torna-se cada vez mais penoso deambular pela blogosfera à medida que se generaliza a repetição dos temas tratados, mera caixa de ressonância da comunicação social.

Quer seja uma sentença "nevoenta", ou uma travessura de Courbet atingida por surpreendente desratização em Braga, não há cão nem gato que não se sinta na obrigação de referir o assunto e expor os bigodes (não, não são os do polícia).
Na maior parte dos casos sem adiantar uma ideia ou informação nova.

Assim não dá gozo nenhum. Viva a biodiversidade.

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Lá que falta, falta.

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Expresso, 21.02.2009
Um pequeno apontamento de António Guerreiro que como é costume, apesar da sua pequenez, concorde-se ou não, dá que pensar.
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segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Os nossos Óscares são Josés e Manéis

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"Quem quer ser Bilionário?" conquistou o Óscar de Melhor Fita, Melhor Montagem, Melhor Bando Sonoro e Melhor Canção do Bandido.

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ONU dá à China "certificado verde"


O cepticismo não levou a melhor e a China conseguiu mesmo melhorar o ambiente durante os Jogos Olímpicos em Pequim, no Verão de 2008, após um esforço de 17 mil milhões de dólares (13.400 milhões de euros), constata um novo relatório das Nações Unidas.
"A atenção pública mundial concentrou-se nos Jogos e em saber se as autoridades chinesas iriam, ou não, conseguir imprimir uma marca ambiental. Pois estas cumpriram as suas promessas", comentou o director-executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), Achim Steiner.
Mas a proeza deste país, um dos maiores emissores de gases com efeito de estufa, vai mais longe. Segundo o PNUA, as metas foram ultrapassadas em alguns casos. Isso aconteceu nas emissões dos automóveis, na criação de 720 espaços verdes na cidade e no número de dias de "céu limpo", graças ao investimento nos transportes públicos e nas energias renováveis. Este indicador da qualidade do ar revela que de 180 dias, em 2000, Pequim passou a ter 274 dias de céu limpo em 2008.
Além disso, as metas para a reciclagem foram excedidas em cinco por cento. O PNUA salienta que foram renovadas e aumentadas as unidades para o tratamento do lixo industrial perigoso e resíduos hospitalares.
Não obstante, Pequim podia ter feito mais no envolvimento das organizações não governamentais e na redução da "pegada de carbono" dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Mas a "boa nota" não significa o fim do esforço. Segundo o PNUA, o maior desafio que Pequim enfrenta agora é consolidar as melhorias.
PÚBLICO, 22.02.2009
Isto contraria quase toda a informação publicada antes e durante os Jogos Olímpicos.
Tenho que publicar isto para contrabalaçar as constantes notícias negativas sobre a China, que só aparece nos noticiários a pretexto de catástrofes, de actos censórios ou dos discursos bispais do Dalai Lama.
Mais um desgosto para aqueles que odeiam o Império do Meio, que para eles é definitivamente o Império do Mal.
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domingo, fevereiro 22, 2009

Criacionismo, a homofobia de Deus

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Se aceitássemos o criacionismo haveria um culpado óbvio para a impossibilidade de procriar através de uma relação homossexual. Deus.
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Em contrapartida tal injustiça tornava-se irremediável.

O evolucionismo permite manter a esperança de que, com o tempo, a natureza venha a superar a referida impossibilidade.
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O criacionismo é uma espécie de homofobia de Deus.
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Carnaval cabisbaixo

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No ponto a que chegámos, por saturação, ao invés do costume o Carnaval devia ser tempo de abater as máscaras.
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sábado, fevereiro 21, 2009

Realismo, ou a força das circunstâncias...

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A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse nesta sexta-feira, 20, que o debate com a China sobre direitos humanos e as independências de Taiwan e do Tibete não deve interferir nas tentativas de se chegar a um consenso em relação a assuntos mais abrangentes.
Pouco após chegar a Pequim - na última parte de seu tour pela Ásia, primeira viagem internacional da principal diplomata dos EUA após assumir o posto -, Hillary afirmou a repórteres que trataria desses assuntos que geram discórdia. Porém notou que não deve haver mudanças em relação aos temas em nenhum dos dois lados. Em vez disso, ela disse que era melhor aceitar que os países discordavam nesses tópicos e enfocar como EUA e China podem trabalhar juntos em relação a questões como as mudanças climáticas, a crise financeira global e as ameaças de segurança.
Os comentários devem desapontar os grupos de direitos humanos. Esses esperavam que ela repetisse o comportamento mostrado há quase 15 anos quando, ainda primeira-dama, Hillary realizou no país um discurso duro sobre o tema, enfurecendo o governo chinês. Porém agora ela disse que os dois lados já sabem sobre a divergência e haveria mais progressos se fossem enfocadas outras questões, nas quais Washington e Pequim podem trabalhar juntos.

(ler o resto em ESTADÃO.com.br)

Realismo, ou a força das circunstâncias...
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sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Esquerdismo serôdio

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Quando alguém diz, como ontem dizia na sua coluna neste jornal Maria José Nogueira Pinto, que "não se pode tratar da mesma forma o que é diferente", falando de "usurpação" a propósito do desejo dos homossexuais de aceder ao instituto do casamento e ao que ele simboliza - a assunção e dignificação social de uma relação -, está a falar a língua da exclusão.
Fernanda Câncio, no
Jugular

Ambos os meus filhos vivem, felizes, em união de facto.
Acabo de descobrir, estupefacto, que para a FC se trata de uma relação a que falta "dignificação social".
Nunca pensei ouvir pessoas de esquerda, com pretensões progressistas, defender o casamento como acto dignificador. O Maio de 68, que tantos oportunistas incensaram recentemente, está aparentemente morto e enterrado.

De exagero em exagero os defensores do "casamento gay" (por mandato de quem ?) estão a provocar, eles sim, um autêntico retrocesso na justa luta pela dignidade dos homossexuais.

A radicalização da linguagem, os anátemas sobre quem discorda e o empolamento de um capricho que nada de substancial resolve estão a provocar uma clivagem absolutamente indesejável na sociedade portuguesa.
Uma clivagem no ponto errado, pelos motivos errados e no momento errado.
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Tragédia anunciada

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quinta-feira, fevereiro 19, 2009

empata fucks

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Uma estação de comboios britânica afixou um sinal de "proibido beijar", para dissuadir os amantes de se envolverem demasiado em demorados beijos de despedida que dificultam o trânsito de passageiros na zona mais movimentada da estação.A proibição está em vigor desde sexta-feira na estação de Warrington Bank Quay, na cidade de Warrington, no Nordeste de Inglaterra. A estação, que viu o movimento aumentar com a introdução dos comboios de alta velocidade, foi alvo de uma remodelação que custou um milhão de libras.Os sinais com um homem de chapéu a dar um beijo repenicado a uma mulher de cabelo encaracolado informam as pessoas dos sítios onde podem ou não ter o prazer de se perderem numa despedida mais longa. Uma forma de dissuadir as despedidas que congestionam o trânsito das plataformas e convidar os amantes a beijar-se na zona de estacionamento no exterior da estação.
PÚBLICO 19.02.2009

Pois lança-se já uma justa luta, uma causa fracturante, uma petição online, uma manif à porta da Embaixada. Proibir o pessoal de se beijar ? Inadmissível.

Ainda por cima só proibem os heterossexuais o que é discriminatório. Homofóbicos !

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Foyer Aberto

HOJE, no S. Carlos, mais um concerto 'Foyer Aberto', desta vez integrado num pequeno ciclo dedicado ao compositor português Augusto Machado.Este concerto específico andará à volta da opereta, um dos géneros glosados pelo compositor. Além de excertos de operetas suas, haverá ainda referências a obras e autores seus contemporâneos ou que de alguma forma o influenciaram.
Dirigidos por João Paulo Santos (piano), estarão, Mário Redondo, Dora Rodrigues, Sandra Medeiros e Mário Alves.
No Foyer do Teatro Nacional de São Carlos, quinta-feira dia 19, pelas 18h, com entrada livre.
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Soma e segue na época de saldos

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, confirmou nesta quarta-feira, 18, que seu governo comprará da China radares e aviões de treinamento, dentro de sua política de modernização da Força Armada Nacional Bolivariana. O chefe de Estado assinalou que o assunto não foi tratado com o vice-presidente chinês, Xi Jinping, durante a visita oficial de dois dias a Caracas que terminou nesta quarta, mas indicou que seu governo mantém esses planos. Estadão.com.br (ver o resto)
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A China vai conceder à Rússia crédito no valor de 25 mil milhões de dólares, em troca de fornecimentos de petróleo russo durante 20 anos, anunciou hoje o vice-primeiro-ministro russo, Igor Setchin.
O pacote de cooperação económica e financeira foi formalizado com a assinatura de contratos entre as duas partes, na terça-feira, com o crédito chinês a ser canalizado para as empresas russas Rosneft e Transneft.
A Rússia e a China tinham já assinado, também terça-feira, em Pequim, um convénio sobre a construção de um ramo adicional do oleoduto Sibéria Oriental - Pacífico e sobre fornecimentos de petróleo russo a longo prazo. Diário Digital (ver o resto)
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A negociação para a concessão de empréstimo de US$ 10 bilhões da China para a Petrobras deverá ter um capítulo decisivo amanhã, com a chegada ao Brasil do vice-presidente Xi Jinping, que trará em sua comitiva o representante do China Development Bank (CDB), a instituição financeira dona do dinheiro do provável financiamento.
A Petrobras e o banco chinês negociam a concessão do empréstimo desde novembro do ano passado. O principal objetivo da linha de crédito é financiar a exploração das reservas de petróleo na camada pré-sal, localizada abaixo do leito marinho, na Bacia de Santos. As principais divergências entre as partes dizem respeito às taxas de juros que incidirão sobre o financiamento. Segundo maior consumidor de energia do mundo, o país asiático receberia o pagamento por meio da entrega de petróleo. Estadão.com.br (ver o resto)
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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Biografia de ponta

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"A Vida Privada de Salazar", a minissérie apresentada recentemente na SIC e que levantou tanta polémica, já teve consequências.
Parece que os promotores do abaixo-assinado para repor o nome "Ponte Salazar" estão a ponderar a substituição por "Ponta Salazar".

“É como se os sonhos me saíssem pelas mãos...”

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Raúl Perez tem sido um segredo bem guardado na arte portuguesa. Até agora. O Museu Berardo, em co-produção com a Fundação Cupertino de Miranda abre as portas a um conjunto de obras criadas desde 1960 até agora. São 50 anos de sonhos e criaturas mágicas que saem à rua para nos enfeitiçarem. Um artista que me encanta.
“Raúl Perez – Desenho e Pintura” está patente no Museu Colecção Berardo (Praça do Império) de 16 de Fevereiro a 12 de Abril. Todos os dias das 10 às 19h. Sextas até às 22h.
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terça-feira, fevereiro 17, 2009

As noivas de S. Sebastião

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O presidente da CIP, o patrão dos patrões Francisco van Zeller, declarou ontem acerca dos despedimentos em empresas com lucros: "Na situação actual, parece-me um bocadinho mais vergonhoso".
Apesar do diminuitivo revela estar preparado para aceitar a proibição de tais despedimentos, ou seja, a proposta mais radical que Francisco Louçã conseguiu apresentar na recente convenção do BE.
O povo fica um bocadinho atónito e desconfiado deste consenso em torno do"capitalismo social".

Também recentemente, na sua moção de candidatura, Sócrates não se conteve e roubou uma bandeira ao BE ao incluir, com grande destaque, o "casamento civil" entre pessoas do mesmo sexo.

Só falta agora o senhor Cardeal Patriarca anunciar que celebrará, ele próprio, na Sé de Lisboa, o casamento gay, colectivo, das "noivas de S. Sebastião", para afastar qualquer suspeita de discriminação já que existem as "noivas de S. António".

Assim não há condições para estar na política. As pessoas matam a cabeça para inventar propostas provocatórias, convencidas de que entalam os adversários mas estes, sem vergonha, apressam-se a tentar caçar também os mesmos votos.

Isto coloca até um problema grave de identidade: afinal quem é quem neste imbróglio? Afinal quem é que é de esquerda e quem é que é de direita?

Por este andar só resta mesmo fazer como antigamente e propor algo de substantivo, uma nova organização social e económica, uma revolução, um socialismo. Dá é mais trabalho e chatices.
Sempre estou para ver se o CDS depois também adere...
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segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Hipócrates hipócritas

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DN 16.02.2009
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Novo referendo

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Então eu proponho um novo referendo.
As eleições só serão válidas se for eu o mais votado.
Caso contrário repete-se as eleições.



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MILK



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O filme "Milk" de Gus Van Sant conta a história de Harvey Milk (Sean Penn ), um homossexual que resolve "entrar na política" para defender os direitos civis dos marginalizados.
A acção decorre na cidade de S. Francisco, em especial no bairro Castro, na mesma época em que nós vivíamos o nosso PREC, em meados dos anos 70.
As razões de Harvey Milk, em resposta a prepotências e preconceitos inadmissíveis, não oferecem qualquer dúvida. É também notável a extensão da sua vitória, com a eleição para o San Francisco Board of Supervisors, embora ocorra numa cidade muito especial dada a anormal concentração de homossexuais que nessa altura se verificou. Mas os limites de tal experiência estão bem patentes no facto de, 30 anos depois, o "casamento gay" ter sido rejeitado em referendo na Califórnia.
Eu, como mero espectador, pese embora a excelente criação de Sean Penn, confesso que esperava mais do que esta mera homenagem a um homem e à sua luta. Um objecto que sem dúvida alimentará solidariedades e animará esperanças.
Mas os homossexuais surgem no filme como se a sua "orientação" sexual fosse uma espécie de forma de vida. Tem-se a sensação de que, com ou sem discriminações, essa forma de vida está longe de garantir que se fica gay.
Os episódios que nos são mostrados revelam também uma faceta que não é muito popular; um certo espírito de seita cuja força é levada até aos "corredores do poder".
Não aprendemos muito sobre a natureza dos caminhos que levam às várias formas de homossexualidade.
Por isso tenho muitas dúvidas de que os espectadores deste filme saiam com uma maior compreensão deste fenómeno, que continua a ser geralmente tratado de forma irracional, e mais preparados para lidar com esta "diferença" que insistem em nos fazer crer que não existe.
Essa transformação não há lei, nem exercícios clubistas tipo "Prós e Contras", que a consigam.
Ficamos portanto à espera de um filme genial que nos ensine, comova e desarme os preconceitos.
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Matar pulga

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Não consigo deixar de me espantar com o número de cidadãos brasileiros que acede ao DOTeCOMe na sequência de uma pesquisa com a chave "matar pulga".

Aterram directamente num post que fiz em Junho de 2008 e que nada tem a ver com o dito animalzinho que pelos vistos tanto aflige os nossos amigos do outro lado do Atlântico. Eles vêm à procura de uma ajuda prática, para um problema comezinho, e recebem de volta uma questão política.

Estes são os insondáveis acasos e as frutuosas contaminações da rede global.

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domingo, fevereiro 15, 2009

Saudades ?

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Directas do PS reelegem José Sócrates com 96%, Convenção do BE confirma Francisco Louça por 79%, Comité Central do PCP mantém Jerónimo de Sousa com 4 abstenções, e CDS reelege Paulo Portas com 96%.

O único partido que, mais recentemente, se afasta deste padrão é o PSD que na última escolha do líder repartiu os votos por 3 candidatos, tendo Manuela Ferreira Leite saído vencedora com 38%.

E o que me deixa ainda mais intrigado nisto tudo é que o PSD é precisamente o único partido que desce nas sondagens. Será que temos algum gene avesso a escolhas? Ou será saudades da União Nacional?

(texto roubado no "a presença das formigas" com a devida vénia)

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Internet chega antes de eletricidade à cidade africana

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A sinuosa estrada que vem da capital Nairóbi avança por 160 km antes de chegar a Entasopia, uma cidade no território dos masai, no Quênia. O asfalto é substituído por areia e terra, e por fim se torna apenas uma trilha de terra que ascende pelas colinas de relevo acentuado e volta a mergulhar na direção do deserto. É uma viagem lenta.

A cidade de quatro mil habitantes fica no final da estrada e além do alcance das linhas de energia. Não tem banco ou agência de correios, os carros são poucos e a infra-estrutura é precária. Os jornais chegam em fardos, a cada três ou quatro semanas. De noite, a maioria das pessoas acende lâmpadas de querosene e velas em suas casas, ou fogueiras em seus barracões, e dorme cedo, excetuados os agricultores que protegem as safras contra elefantes e búfalos.

Entasopia é o último lugar do planeta em que um viajante esperaria encontrar uma conexão de internet. Mas foi aqui, em novembro, que três jovens engenheiros da Universidade do Michigan em Ann Arbor, com apoio financeiro do Google, instalaram uma pequena antena de satélite acionada por um painel solar, a fim de conectar o punhado de computadores do centro comunitário local ao resto do mundo.

Ler o resto

Uma excelente nova abordagem, fazer chegar informação antes da energia. Quando a energia chegar as pessoas estarão mais preparadas para tirar partido dela.

Tem também a vantagem de exigir muito menor investimento.

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Alguém há-de pagar

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Revista Je Sais Tout, Junho de 1907

Ao mesmo tempo que o INE anunciava a desgraça da nossa economia, um "jornal de referência" veio explicar que, felizmente, 900.000 pessoas trabalham para o Estado e não podem por isso ser despedidas como qualquer vagabundo da "privada". Essas 900.000 pessoas trabalham na administração central, na administração local, na administração regional, no "sector empresarial do Estado" e em empresas prestadoras de serviços (como, por exemplo, limpeza e segurança). Fora as que trabalham em empresas que fornecem ao Estado o que Estado consome, desde o papel, à electricidade e à gasolina. E, sem contar, evidentemente com as que trabalham nos bancos que Sócrates nacionalizou ou seminacionalizou para arredondar o bolo. O ideal era que a população inteira entrasse de um vez para o funcionalismo público, com vínculo e aumento. Depois se veria quem pagava.
Vasco Pulido Valente, Público 15.02.2009

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Li Wei

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O artista chinês Li Wei, que mora em Pequim, cria obras misturando performance e fotografia.

sábado, fevereiro 14, 2009

Misha Gordin

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Descubra Misha Gordin e a sua impressionante fotografia conceptual.
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sexta-feira, fevereiro 13, 2009

KAFKA na DGV

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No Público de hoje vem esta hilariante trapalhada que mostra a falta de respeito pelos cidadãos, especialmente quando são automobilistas. Uma raça maldita.

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Negócios da China e das Arábias

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A China e a Arábia Saudita assinaram ontem um acordo de 1,4 mil milhões de euros para a construção de uma via férrea de alta velocidade entre Meca e Medina, no âmbito de uma rede ferroviária que vai ligar os principais locais da grande peregrinação anual dos muçulmanos.Este foi um dos acordos assinados durante a visita de três dias do Presidente Hu Jintao. Além da área ferroviária, foram assinados acordos nos sectores do petróleo e gás natural, da indústria mineira e da saúde.As relações comerciais entre os dois países estão avaliadas em cerca de 33 mil milhões de euros.


Hoje em dia, o sistema acionário está enraizado na China e os negócios de títulos e ações vêm se tornando um tema quente entre a população. Segundo estatísticas da Companhia de Depositário e Liquidação de Ações da China (China Securities Depository and Clearing Corporation Limited), o número de contas válidas nas Bolsas de Valores de Shanghai e Shenzhen rompeu a casa de 100 milhões em fins de julho de 2008 e até fins de outubro do mesmo ano, o volume de liquidação chegou a 4,7 trilhões de yuans. Segundo a mesma fonte, cerca de 50 milhões de famílias e cerca de 150 milhões de chineses investem nas bolsas de valores.
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Os coelhos gay e as notas de cem euros

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Este foi o momento do discurso de Louçã que ele preferia certamente que nunca tivesse acontecido. Aquilo que parecia ser uma sedutora analogia entre o acto reprodutivo dos coelhos e a criação económica de valor transformou-se numa enorme gaffe. Tanto mais divertida quanto mais controlado é por norma, reconhecidamente, o discurso do seu autor aliás um excelente orador.

No momento em que Sócrates faz do "casamento gay" uma bandeira eleitoral, a comparação feita por Louçã, subliminar, de uma parelha de coelhos "do mesmo sexo" numa cova, sem prole, com duas notas de cem euros "improdutivas" é verdadeiramente fatal. A surpreendente infantilidade da historieta, neste quadro, até passou despercebida.

Este tipo de episódios espontâneos mostra, impiedosamente, quais são os reais processos mentais que existem por trás de muitos discursos fracturantes.

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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Ideias perigosas e bolos de creme

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Anda pela Europa uma estranha vaga de pensamentos que faz lembrar um sujeito mal-afamado, de bigode curto e ambições largas. Um inquérito recente, realizado em sete países europeus e noticiado anteontem em diversos jornais, revela que 31 por cento dos inquiridos considera os judeus culpados pela crise económica global. Não só: também acham que falam demasiado do que lhes aconteceu no Holocausto; que são mais leais a Israel do que ao seu próprio país; que têm demasiado poder nas finanças internacionais; e que têm demasiado poder no mundo dos negócios, velho estereótipo que conduziu o mundo ao que se sabe.
Surpresa: a Espanha é um dos países onde tais preconceitos anti-semitas revelam maior adesão, 64 por cento quanto à "lealdade", 74 por cento quanto ao excessivo poder financeiro.Estas percentagens correspondem a um universo de 3500 adultos que, entre 1 de Dezembro e 13 de Janeiro, puderam expressar a sua opinião em países como a Áustria, França, Hungria, Polónia, Alemanha, Espanha e Reino Unido.
...
E Portugal, onde não perguntaram nada sobre o assunto? Vai bem, obrigado. Voltaram os temas fracturantes, gozo de uns e irritação de outros. Os casamentos gay para depois das eleições, primeiro há-de vir o voto, que já puseram a Igreja em alvoroço. Ou a eutanásia, que um grupo de bravos socialistas vai levar ao congresso do PS. Caíram ambos com estrondo em cima do Freeport, como saudavelmente convinha.
Mas, acima de tudo, foi ontem revogada em Diário da República a Lei 4/90, que estabelecia "as características gerais a que devem obedecer os bolos e cremes de pastelaria". Já não é necessária. Há uma lei europeia sobre "critérios microbiológicos aplicáveis aos géneros alimentícios" onde os bolos de creme cabem muito bem.
"Ideias perigosas e bolos de creme", Nuno Pacheco, Público 12.02.2009 (excertos)

Eutanásia

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A Eutanásia é uma questão humanitária no sentido mais nobre do termo.
A sua enorme importância advém da gravidade dos males que pretende evitar e da universalidade da sua aplicação potencial.
É bem revelador o facto de Sócrates ter preferido, como "bandeira" eleitoral, o "casamento civil entre pessoas do mesmo sexo".
Os moribundos não fazem lobby, não votam em 2009 e, com toda a probabilidade, não votarão nunca mais.


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Evolução

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Ao cuidado de Charles Darwin (1809-1882)

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quarta-feira, fevereiro 11, 2009

A tia Pi Twittária

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A tia Pi Twittária é Pi, por parte da mãe, e Twittária por parte do pai.
Diverte-se imenso com as amigas desde que descobriram a "néte", trocando mensagens a toda a hora sobre as incidências do mundo.
Tem neste momento duas grandes arrelias e até está a pensar promover petições "onelaine".
Uma é para que todas as casas tenham uma "sala de chuto", ou seja, um sítio onde os mastronços dos maridos possam ver, sem "incumedar", as transmissões do futebol.
A outra é sobre a Eurotanásia, ou seja, o endividamento obsessivo avalizado pela DECO.
Está esperançada em convencer o engenheiro Sócrates a meter mais estas medidas no programa do PS para 2009.
Já agora... diz ela: "que nós não somos menos cós gays"...
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Não ouvir, não ver e não falar



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