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terça-feira, setembro 04, 2018

domingo, fevereiro 05, 2017

Trump - um produto da China

Trump - um produto da China
A principal razão por que Trump ganhou as eleições nos EUA tem que estar contida nesta frase "A América não pode continuar como está".
O equilíbrio mundial que vigorava há décadas, e em que os Estados Unidos ocupavam um papel central, baseava-se em algumas ideias simples:
- Transferência das indústrias tradicionais para outros países mantendo o controle financeiro sobreos fluxos internacionais
- Manutenção do controle das matérias primas estratégicas pelo recurso a uma presença militar planetária
- Concentração nas indústrias soft e de entretenimento tirando partido do facto de o inglês ser uma língua franca
- Utilização estratégica do dólar e controle do sistema bancário mundial
O que mudou então para que a América se sinta ameaçada económicamente e se sinta obrigada a reagir? A China.
Os chineses aplicaram uma táctica conhecida do judo, usar a força do adversário contra ele.
À medida que as empresas estrangeiras se instalavam na China os milhões de trabalhadores chineses mal pagos foram, apesar de tudo, criando um mercado. À medida que esse mercado crescia as empresas chinesas cresciam também para fornecer essa multidão de novos consumidores de quase tudo o que os ocidentais já têm há muito mas os chineses nunca tinha tido.
Nada disto teria grande importância se não se desse o caso de a China ter 1300 milhões de habitantes.
A escala da acumulação de riqueza não tem termo de comparação possível, não só pela dimensão populacional do país mas também pela sua peculiar cultura no que toca ao trabalho e à poupança.
De repente os americanos começaram a encontrar o capital chinês por todo o lado; disputando-lhes o controle das indústrias europeias ou asiáticas, concorrendo pelo controle das matérias primas essenciais, abrindo brechas no sistema financeiro e disputando os sistemas de ensino e investigação tecnológica.
Os sinos tocaram a rebate mas os políticos "mainstream" não tiveram coragem para enfrentar o gigantesco desafio da China; fingiram que tudo continuava como dantes.
Trump ganhou as eleições porque convenceu uma boa parte dos americanos de que vai tomar medidas contra o declínio da América.
Ninguém provavelmente sabe se ainda é possível parar tal declínio, ou se Trump é o político certo para o tentar sem cair na esparrela de uma guerra mundial.
Mas uma coisa é certa, os Clinton, os Bush e os Obamas não deram conta do recado.
Se temos o Trump é, em grande medida, por causa disso.

segunda-feira, agosto 08, 2011

G20 ou G40 ?



SEUL, Coreia do Sul — Os países do G20 anunciaram nesta segunda-feira, em um comunicado, estar prontos para atuar em conjunto com o objetivo de estabilizar os mercados financeiros e proteger o crescimento.
O comunicado foi publicado na Coreia do Sul após as fortes baixas registradas nas bolsas asiáticas nesta segunda-feira. Os Estados membros permanecerão em contato estreito e atuarão para "garantir a estabilidade financeira e a liquidez dos mercados financeiros".

Estas reuniões das 20 maiores economias já não correspondem ao mundo actual, em que os maiores estados nacionais empobrecem ao mesmo tempo que as suas empresas enriquecem.
Estas reuniões deviam ter a participação dos 20 maiores estados mas também das 20 maiores empresas globais, digamos um G40. Os estados deviam então indagar onde é que as corporações criam emprego e onde é que pagam impostos. Se a resposta não fosse satisfatória deviam apertar com elas.
Presumo que os 20 maiores estados, quando se encontram, jogam uns com os outros um xadrez muito complexo de retaliações e de transferências de poder. A próxima fase, suponho, terá como centro o dolar.
Greenspan disse recentemente qualquer coisa como: "Os Estados Unidos têm meios para pagar qualquer dívida. Trata-se apenas de imprimir mais dólares".
Esta ideia de uma moeda que tem sido emitida, ao longo de décadas, de forma descontrolada, fascina-me. É um factor de crescimento inesgotável, mesmo que ilusório. Será que alguém sabe quantos dólares estão realmente em circulação, mesmo ignorando os milhões de dólares falsos?
Penso que é uma questão de tempo até que toda a gente fuja dos dólares por terem perdido a mais elementar credibilidade.
Nas reuniões do G20 encontram-se muitos países que têm os seus pés-de-meia em dólares. Têm portanto que gerir a transição de forma muito cautelosa para não perderem tudo o que amealharam.
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quinta-feira, julho 14, 2011

"Que mais irá me acontecer'"

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O que parecia inconcebível começa a ganhar contornos de possível 
"gigantesca calamidade financeira" caso falhe acordo para aumentar 
o limite da dívida, afirma o presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke.
A imprensa dos EUA está hoje em efervescência devido à forma como as conversações entre a Casa Branca e o Partido Republicano têm decorrido, tendo culminado com a saída do presidente Barack Obama da reunião de quarta-feira à noite de forma "abrupta", refere o New York Times, na edição digital.
Enquanto a reunião decorria, a agência de notação financeira Moody's colocava sob vigilância o 'rating' máximo dos EUA, com perspectivas de corte no futuro, caso não haja acordo entre as principais forças políticas para aumentar o nível da dívida, que se encontra, neste momento em 14,29 biliões de dólares, algo que a Standard & Poor's também já tinha ameaçado.
O Washington Post 'online' fala num cenário "potencialmente catastrófico", enquanto o Financial Times descreve as negociações entre a Casa Branca e os republicanos como "rancorosas", ao passo que o Los Angeles Times fala em "falência desastrosa" caso haja mesmo um 'default' no dia 2 de agosto.
O diferendo não é apenas entre democratas e republicanos, mas também dentro das próprias fileiras do Partido Republicano, refere o Washington Post, com o líder da minoria no Senado, Mitch McConnell a avisar que uma falência pode "destruir" a marca do partido.
No Wall Street Journal, o antigo chefe de gabinete adjunto do presidente George W. Bush, Karl Rove, rotula a capital norte-americana de "disfuncional", acusando o presidente Obama de ser um "liberal incompetente", enquanto, do outro lado do espetro, o colunista E.J. Dionne, Jr. escreve no Washington Post que o líder dos EUA mostrou que "a redução do défice não é agora, e nunca foi, a prioridade dos republicanos".
DN, 14.07.2011


A nossa geração assistiu ao impensável desmoronamento da URSS e à pulverização da "cortina de ferro", que parecia dar início ao domínio sem freio dos States. Agora temos no horizonte a inacreditável implosão do império americano,  com que tantos sonharam, mas não é possível qualquer regozijo pois ninguém consegue perceber que tipo de barbárie virá a seguir.
No ponto a que as coisas chegaram, com toda esta imprevisibilidade, é caso para dizer, parafraseando as telenovelas, "que mais irá me acontecer?"

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sexta-feira, abril 29, 2011

Espelho meu, espelho meu, há alguém mais rico do que eu?

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A economia chinesa vai passar de 11,2 biliões de dólares este ano para 19 biliões daqui a cinco anos. Em comparação, os Estados Unidos verão o seu produto interno bruto (PIB) subir dos 15,2 biliões atuais para 18,8 biliões de dólares.
Finalmente, a China ultrapassa os EUA na "corrida" do poder económico, anos antes das famosas previsões da  Goldman Sachs para os BRIC (acrónimo criado por aquele firma financeira para o grupo das grandes potências emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China). As contas foram feitas pela Market Watch, com base nas estimativas do relatório de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI). Um "detalhe" a que ninguém ligou.

A Market Watch baseou-se nas estimativas fornecidas pelo FMI em termos de paridade de poder de compra (PPC), ou seja o que realmente cada povo ganha e compra na economia real em que vive.

O FMI reagiu, de imediato, à "bomba" lançada pela Market Watch, afirmando que opta por fazer as comparações com base nas taxas de câmbio, e não em PPC.Comparando, segundo o critério recomendado pelo FMI, a economia americana, em 2016, ainda terá um PIB 70% superior ao chinês.
Neste pequena "guerrilha" de critérios, a MarketWatch ressaltou, em resposta, que as comparações com taxas de câmbio têm um problema -  baseiam-se em fluxos monetários internacionais com flutuações regulares de valorização e desvalorização das divisas, que nada têm a ver com o produto real.

Expresso online, 29.04.2011

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terça-feira, dezembro 28, 2010

O efeito borboleta

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Subida de juros na China impede ganhos em Wall Street

Os principais índices norte-americanos começaram a última semana do ano no 'vermelho' e interrompem um ciclo de quatro semanas de ganhos.
A penalizar as bolsas em Nova Iorque está o anúncio de que a China aumentou a sua taxa de juro para tentar travar o crescimento económico.
Diário Económico 28.12.2010

Faz lembrar o "efeito borboleta" que, a propósito das conclusões de Lorenz no âmbito da teoria do caos, admite que o bater de asas de uma borboleta, aqui,  pode provocar um tufão do outro lado do mundo.

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quarta-feira, setembro 29, 2010

Causa fracturante 1919

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Em 1919, nos Estados Unidos, estas apetitosas senhoras reuniram-se em campanha
 para garantir (sem saber) que ninguém deixaria de beber.
Uma causa fracturante que, tal como outras, teve resultados inesperados.
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quinta-feira, abril 29, 2010

Vendas americanas para a China

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O Los Angeles Times dá conta do adiamento do relatório do U.S. Treasury Department sobre as taxas de câmbio no comércio internacional, ansiosamente aguardado por todos aqueles que acusam a China de proteger o seu mercado interno ao manter a sua moeda artificialmente depreciada.

A este propósito o jornal tenta mostrar que não é bem assim, que as exportações dos Estados Unidos para a China têm crescido intensamente apesar do valor do yuan.

Desde 2005 as exportações dos USA para a China, segundo o U.S. Commerce Department, cresceram 69% enquanto para o resto do mundo só 19%.
Os produtos manufacturados exportados para a China tiveram um crescimento de 47% contra apenas 7% para o resto do mundo.
Mesmo os produtos agrícolas duplicaram as suas exportações desde 2005, um crescimento que é o triplo do verificado para outros mercados.
A China compra mais de metada da produção americana de soja.

As percepções empíricas são muitas vezes enganosas.

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segunda-feira, novembro 23, 2009

USA 1974


Passei o mês de Agosto de 1974 nos Estados Unidos. Percorri a costa Leste desde Cape Cod, na zona de Boston, até Orlando na Flórida.
Pode ver AQUI uma parte das imagens recolhidas durante essa viagem.
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terça-feira, agosto 18, 2009

Americanos buscam empregos na China para fugir da recessão

Sinais dos tempos...


"Xangai e Pequim estão se tornando terras promissoras para recém-formados americanos que enfrentam o desemprego que se aproxima de dígitos duplos nos Estados Unidos.
Mesmo aqueles com pouco ou nenhum conhecimento de chinês estão atendendo ao chamado. Eles são atraídos pelo crescimento econômico da China, o custo de vida inferior e a chance de evitar a necessidade de adquirir experiência da maneira mais difícil, comum nos primeiros empregos nos Estados Unidos." (ler o resto aqui)
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domingo, junho 21, 2009

Super Oba(Man)

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quinta-feira, maio 21, 2009

Junk World

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Um casal norte-americano do Texas, Dan e Sara Bell, viu Jesus num pacote de snacks de queijo.
Num dia normal, em que se deslocaram a uma estação de serviço como normalmente fazem Dan e Sara Bell compraram um pacote de Cheetos.
Abriram-no e começaram a comer os aperitivos.
Foi nesse momento que viram o Messias.
“Oh meu Deus olha para isto! Parece mesmo Jesus”, recorda Sara.
O casal baptizou o aperitivo de queijo de “Cheesus” e agora está a pensar vendê-lo no site de leilões eBay.

“Se só conseguirmos 25 cêntimos preferimos comê-lo”, contam. Por enquanto, o “Cheesus” está guardado numa caixa de plástico.
DN, 21.05.2009


Um pacote de junk food, Cristo e o eBay constituem uma mistura que explica exemplarmente o mundo em que vivemos, mesmo que o nosso lado intelectual consiga fingir que tal mundo não existe.
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domingo, maio 10, 2009

O sentido da transformação do mundo

WASHINGTON, 9 de Maio - A General Motors (GM) transferirá mais de sua produção de veículos dirigidos para os Estados Unidos para unidades na China, Coreia do Sul, México e Japão. Por outro lado, a produção na Europa, no Canadá e na Austrália será diminuída, afirmou hoje o Detroit News em seu site.
Estadão
Pequim, 9 mai (EFE).- As vendas de veículos aumentaram na China 25% anualizado, até alcançar um número recorde no mês de abril de 1,15 milhão de unidades, segundo a Associação de Fabricantes de Automóveis da China (CAAM, na sigla em inglês).
Além disso, a produção de veículos no gigante asiático também aumentou no mês passado 17,9% anualizado, alcançando 1,157 milhão de unidades, assegurou o mesmo relatório.
A fabricação de veículos de passageiros subiu 37,37% em relação ao ano anterior, enquanto a produção de caminhões, caminhonetes e ônibus aumentou 1,38% anualizado.
Segundo a associação, o auge do mercado automobilístico é consequência do pacote de ajuda do Governo chinês, ao recortar os impostos sobre as aquisições de carros com reduzida capacidade de motor e oferecer subvenções aos compradores em zonas rurais.
A China conta com 57 milhões de veículos em suas estradas, embora entre eles apenas 15,2 milhões são de propriedade privada, de acordo com os dados oficiais de finais de 2007.
Globo


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domingo, março 15, 2009

A China e o Cobrador do Fraque

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Pela primeira vez, o primeiro-ministro chinês confessou estar preocupado com o desempenho da economia norte-americana. Wen Jiabao espera que os EUA "cumpram a sua palavra e os seus compromissos, preservando a segurança dos ativos chineses". A China é o maior credor dos EUA e ainda não pôs oficialmente de parte a meta de 8% de crescimento económico em 2009.
Da Casa Branca, a resposta surgiu pouco depois, pela voz do assessor económico do presidente Barack Obama. "Existe um compromisso que o presidente deixou bem claro, de que precisamos ser zelosos guardiães do dinheiro que investimos", disse Lawrence Summers, em resposta às preocupações do governo chinês.

(Ler o resto no Esquerda.net)

Como será um Cobrador do Fraque Internacional ? Uma agência da ONU ?
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quinta-feira, março 12, 2009

O "Portugal Novo" de Clint Eastwood

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O último filme de Clint Eastwood, "Gran Torino", remete-nos para os ambientes da urbanização "Portugal Novo" e para as falhas da sociedade actual quando se trata de lidar com a delinquência.

Um velho operário, bastante doente e viúvo de curta data, vê-se perante a agressividade dos gangs que proliferam naquilo que foi o pacato bairro de vivendas do seu passado.Como se não bastassem os efeitos do tempo que, tal como a todos nós, o remetem para um território onde tem cada vez mais dificuldade em reconhecer as suas referências.

O desenvolvimento da história mostra que o problema não são as diferenças étnicas, num país onde quase todos arrastam consigo uma tradição cultural remota. Essas diferenças culturais são, aliás, motivo de dichotes entre amigos sem quebra de afeição.
O problema advém, isso sim, da confusão entre os direitos das minorias étnicas e a tolerância para com o mais puro banditismo.

Um tema da maior actualidade como os jornais mostram todos os dias.
Uma enorme tragédia que talvez seja uma enorme e pungente despedida de Clint Eastwood.
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sábado, março 07, 2009

Já só falta a pele

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Bastaram 45 dias na Casa Branca para deixar Barack Obama com cabelos brancos. Duas guerras, no Iraque e no Afeganistão, e o país e o mundo mergulhado num crise financeira como não se via desde os anos 1930 parecem ser preocupações suficientes para envelhecer um presidente de 47 anos. Para o Washington Post a explicação exige que se recue 754 dias até "uma manhã fria de Inverno em Springfield, no Ilinóis", quando um senador "com cara de bebé" anunciou a candidatura à presidência dos Estados Unidos. Pouco então acreditaram que ele conseguisse alcançar o objectivo. E foram necessários meses de intensa luta política, de inúmeros comícios e ainda mais quilómetros pelas estradas dos Estados Unidos para conseguir, primeiro derrotar a senadora Hillary Clinton, clara favorita à nomeação democrata, e depois ganhar ao republicano John McCain, herói do Vietname, com credibilidade reconhecida. "Meus senhores, ouçam-me. Eu próprio estou a ficar com cabelos brancos", exclamou Obama durante um comício de campanha no Ilinóis, antecipando o que iria acontecer. E os fios brancos no seu cabelos surgiram a uma velocidade tal que motivaram inevitáveis especulações sobre a sua origem. Nos blogues americanos multiplicaram-se as suspeitas de que o Presidente estaria a pintar o cabelo para ganhar a "distinção" que cabelo grisalho dá aos homens de meia de idade. Boatos imediatamente desmentidos por Zariff, o barbeiro que durante 16 anos cuidou do cabelo de Obama enquanto este viveu em Chicago. "Posso garantir-vos que o cabelo dele é 100% natural", explicou ao New York Times. DN 06.03.2009

É caso para dizer: já só falta a pele mudar também de cor para a Casa Branca (embruxada?) anular todo o ineditismo da eleição de Obama.
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sábado, fevereiro 21, 2009

Realismo, ou a força das circunstâncias...

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A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse nesta sexta-feira, 20, que o debate com a China sobre direitos humanos e as independências de Taiwan e do Tibete não deve interferir nas tentativas de se chegar a um consenso em relação a assuntos mais abrangentes.
Pouco após chegar a Pequim - na última parte de seu tour pela Ásia, primeira viagem internacional da principal diplomata dos EUA após assumir o posto -, Hillary afirmou a repórteres que trataria desses assuntos que geram discórdia. Porém notou que não deve haver mudanças em relação aos temas em nenhum dos dois lados. Em vez disso, ela disse que era melhor aceitar que os países discordavam nesses tópicos e enfocar como EUA e China podem trabalhar juntos em relação a questões como as mudanças climáticas, a crise financeira global e as ameaças de segurança.
Os comentários devem desapontar os grupos de direitos humanos. Esses esperavam que ela repetisse o comportamento mostrado há quase 15 anos quando, ainda primeira-dama, Hillary realizou no país um discurso duro sobre o tema, enfurecendo o governo chinês. Porém agora ela disse que os dois lados já sabem sobre a divergência e haveria mais progressos se fossem enfocadas outras questões, nas quais Washington e Pequim podem trabalhar juntos.

(ler o resto em ESTADÃO.com.br)

Realismo, ou a força das circunstâncias...
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terça-feira, fevereiro 10, 2009

Chimerica

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Autor do livro 'The Ascent of Money' (A Ascensão do Dinheiro), que deverá ser lançado no Brasil pela editora Planeta, o historiador econômico Niall Ferguson, professor das universidades Harvard e Oxford, conversou com exclusividade com o Portal EXAME sobre temas como a crise mundial, uma possível bolha no mercado de títulos americanos e o retorno do protecionismo. Veja a seguir os principais trechos da entrevista

Qual é a perspectiva para o que o senhor chama de Chimérica - a relação econômica simbiótica entre os Estados Unidos e a China - em 2009 e o G2, o encontro das duas potências?
Em primeiro lugar, o que chamo de Chimérica, a combinação entre a China e a América continua sendo central para o funcionamento da economia mundial e em muitos aspectos ela é a chave para sabermos se a crise atual se tornará uma Grande Depressão. Os Estados Unidos têm confiado por alguns anos na China e em outros países para financiar os déficits em conta corrente. E isso vai continuar acontecendo em 2009. A questão é saber o quanto do endividamento planejado pelo governo Obama a China estará disposta a financiar, num momento em que a economia chinesa está sofrendo efeitos severos da crise, causados pela queda de importações americanas. O grande risco é que as relações entre os dois países se deteriorem em função de discordâncias sobre comércio externo ou o câmbio. Para Obama, a coisa mais importante é se certificar de que as relações sejam as melhores possíveis. Assim, a Chimérica, a relação entre a China e a América continue a ser mutuamente benéfica. Essa será uma questão de enorme importância para o governo. E em relação a um encontro G2, entre os dois países, no nível mais alto, creio que ele precise acontecer o quanto antes. Não existe outra relação mais importante para os EUA hoje do que a China.

Como o senhor vê a disposição dos chineses em continuar financiando os sucessivos déficits americanos através da compra dos títulos do Tesouro dos EUA?
Bem, de um lado, os chineses tem menos recursos disponíveis. Isso significa dizer que muito do dinheiro que a China usava para comprar títulos americanos, como no ano passado, foi dinheiro obtido através dos superávits gerados pelas exportações chinesas. Mas em função da crise, já não é mais possível que a China continue gerando superávits naqueles níveis, uma vez que o comércio mundial declinou tão velozmente. Logo, os chineses terão menos dinheiro disponível para investir em moeda e ativos americanos, simplesmente em função das atuais condições econômicas. Ao mesmo tempo, é claro que a China precisa aumentar o seu nível de demanda doméstica, focando mais no aumento do consumo dos próprios chineses, que devem diminuir o seu nível de poupança. E se os domicílios chineses começarem a poupar menos, mais uma vez teremos menos recursos fluindo para o Banco Popular da China que possam ser investidos em ativos denominados em dólar. Mas acontece que os Estados Unidos irão continuar a emitir mais títulos do Tesouro para financiar os programas de recuperação econômica do governo Obama - tentando tomar mais dinheiro emprestado - e é aí que as tensões serão visíveis esse ano. Isso vai gerar um déficit de 1 trilhão a 1,5 trilhão de dólares. Isso vai ser difícil de financiar, e a China certamente não será capaz de absorver isso como fez no ano passado.
Portal EXAME, 09.02.2009
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sexta-feira, fevereiro 06, 2009

O boato do Bailout falhou

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A única coisa que os cidadãos precisaram de fazer para receber o dinheiro foi contar as suas histórias - muitas delas de desemprego e dificuldades - a uma assistente do Bailout Booth que percorreu a fila de pessoas que aguardavam a sua vez de receber algum dinheiro, muitas da das quais esperaram mais de cinco horas aguentando temperaturas negativas.
A maioria levou para casa notas de 50 dólares, mas muitos receberam o dobro, incluindo o sem-abrigo Juan Vasquez, que disse à AFP estar muito agradecido pela ajuda. “Isto deve dar para três dias, para lavar as minhas roupas e para comprar comida e cigarros. Para alguém que não tem nada, isto é muito”, disse...
...Em plena Times Square um misterioso homem chamado Bailout Bill montou uma espécie de “guiché de auxílio” que deu a provar ao cidadão comum um pouco do remédio que a Administração americana deu aos bancos em crise: uma espécie de “bailout” para todos, sem juros nem prestações.
A acção teve como objectivo promover o site www.bailoutbooth.com, onde qualquer pessoa pode colocar vídeos vendendo coisas, serviços ou simplesmente transmitir uma mensagem. Em resumo: uma espécie de mistura entre o YouTube e o gigante de anúncios Craigslist.
Do misterioso Bailout Bill pouco se sabe. O “The New York Times” avançou que se tratava do próprio fundador da empresa, cuja identidade, porém, permanece em segredo. Sabe-se apenas isto: tem 39 anos e é de Nova Jérsia.
Público 05.02.2009

Esta notícia saíu quando eu me preparava para espalhar um tenebroso boato. Ia espalhar a insinuação de que se tratava de uma iniciativa de Obama que mandara distribuir pelo povo as sobras da imensa fortuna que recolheu para financiar as eleições.
Seguidamente oferecia a ideia ao Bloco de Esquerda como sequela para o seu cartaz que diz "O Governo ajuda os banqueiros. Quem ajuda o povo ?".
Atrasei-me e ficou tudo em águas de bacalhau.

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terça-feira, fevereiro 03, 2009

A enxurrada

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As crises
Toda a gente entende que os americanos deixaram de pagar as hipotecas, que os bancos ficaram com as casas sobrevalorizadas e sem liquidez e que bancos sem liquidez é uma catástrofe. Depois, as bolsas caíram.

Tudo o que era "fortuna" baseada em acções, daquelas boas que subiam tipo balão de ar quente, derreteu como neve ao sol; tudo o que era financiamento com garantia sobre acções ficou com o chão em falso.
Agora, o que se está a viver hoje não se explica apenas por estes escassos meses de retracção de consumo, falências individuais, restrições de crédito e dificuldade de colocação de capital em bolsa. Foi muito pouco tempo para tamanho efeito. Já estávamos era assim a cair para a crise e os sub-prime foram o empurrão para o abismo.
Hoje, finalmente, já ninguém sonha que os países e as sociedades em geral possam sobreviver comprando tudo feito, certo? Quando se vê o que está a acontecer, e, por exemplo, as nuvens negras sobre a Qimonda aqui ao lado, podemos reflectir sobre há quanto tempo está em curso esta deslocalização das actividades económicas para zonas de "mão-de-obra barata", dando espectaculares taxas de crescimento nesses países e preços de produtos fantásticos por cá... e que esperávamos? Baixarmos até ao nível social dos chineses, para sermos competitivos, ou esperarmos, considerando que sobreviveríamos até lá, que eles chegassem ao nosso nível? Na prática, seria uma espécie de meio caminho por ambos os lados, mas descer, mesmo apenas metade, é já uma grandessíssima senhora crise.

A economia é demasiado importante para ficar nas mãos dos economistas. Política, com "P" maiúsculo, precisa-se.
Carlos J. F. Sampaio, Esposende
Cartas ao Director, Público 02.02.2009


Partilho totalmente esta abordagem do Carlos Sampaio, que não conheço.
Se a origem da crise foram as hipotecas porque é que o governo dos Estados Unidos não se limitou a garantir o pagamento desses empréstimos aos bancos antes que se gerasse a previsível bola de neve ? Teria sido concerteza mais fácil e mais barato.
Agora, perante a enxurrada dos aproveitamentos, estamos a tentar estancar o rio na foz quando podíamos tê-lo feito na nascente.


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