Parti para este filme de Hany Abu-Assad , como a maior parte dos espectadores, numa atitude de voyeur.
Aquilo que mais me intriga no fenómeno dos bombistas suicidas não é o facto de tantos estarem dispostos a perder a vida mas sim a pobre “administração” do seu sacrifício.
Quando alguém está disposto a morrer dispõe de um poder enorme o que, em minha opinião, não se reflecte nos resultados dos atentados que muitas vezes se limitam a matar meia dúzia de pessoas sem qualquer valor “estratégico”.
Nesse aspecto o filme ajudou-me muito pois fornece um quadro em que nos é proposta uma reflexão sem maniqueísmos.
O ritual suicida, tal como é mostrado, constitui um acto de “libertação” individual ancorado na religiosidade em vez de constituir uma assumida forma de luta com objectivos claros e perpectivas de futuro. Os atentados são fundamentalmente uma saída para o insuportvel individual e não o sacrifício de alguns para uma libertação colectiva.
Constituem uma atitude emocional servida “a quente” (as horas cruciais que precedem as acções são milimetricamente controladas e encenadas) em vez de uma pensada e maquiavélica construção com vista a provocar efeitos desvastadores ao inimigo.
Em contrapartida a acção do exército israelita parece muito mais “fria” (no filme é referido um episódio em que o exército israelita invade uma casa e pergunta ao propritário qual das pernas quer que lhe partam).
Dos dois candidatos a suicidas aquele que revela firmeza até ao fim não é aquele que se quer vingar da violência dos israelitas mas sim aquele que não pode mais suportar o fardo de ter tido um pai colaboracionista.
A exploração desta faceta emocional pelos “responsáveis” políticos, que recorrem complementarmente à manipulação das crenças religiosas, acaba afinal por se revelar uma fraqueza, uma forma fácil mas limitada de manter as aparências de resistência.
Como fica patente no filme, esta estratégia inviabiliza qualquer tentativa de usar a inteligência para combater um inimigo tenaz e muito mais poderoso.
Um grande e corajoso filme.
quinta-feira, setembro 21, 2006
O Paraíso, Agora!
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segunda-feira, setembro 18, 2006
quarta-feira, setembro 13, 2006
"As Bodas de Fígaro" em português
Estreia na próxima sexta-feira dia 15, no Teatro da Trindade, a ópera "As Bodas de Fígaro" numa versão em português.
O espectáculo será levado ao Porto e a várias outras cidades até ao fim de 2006.
música
Wolfgang A. Mozart
libreto
Lorenzo da Ponte
direcção musical
Cesário Costa
encenação
Maria Emília Correia
cenografia
Rui Francisco
desenho de luz
João Paulo Xavier
figurinos
Rafaela Mapril
adaptação musical
Nuno Côrte-Real
fotografia e design gráfico
Clementina Cabral
Interpretação
José Corvelo, Lara Martins, Mário Redondo, Teresa Gardner,
Sónia Alcobaça, Bruno Pereira, João Sebastião, Eduarda Melo,
Raquel Camarinha, Job Tomé
orquestras Metropolitana de Lisboa | Clássica de Espinho
coro de Câmara de Lisboa Cantat
produção
Teatro da Trindade/INATEL | Coliseu do Porto
co-produção
Orquestra Metropolitana de Lisboa
com o Apoio do Ministério da Cultura | Instituto das Artes
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quarta-feira, setembro 06, 2006
O "sucesso" de Israel no Líbano
Há quem diga que Israel não teve sucesso na guerra do Líbano mas eu penso essa é uma abordagem simplista já que não existe vitória militar definitiva de Israel que possa ser sériamente equacionada.
Como já disse neste blog (ver) penso que a destruição do estado de Israel pelos seus inimigos é apenas uma questão de tempo mas, no curto prazo, penso que Israel conseguiu algo importante:
pôs os cidadãos europeus a pagar um exército de interposição que, no essencial, assegurará o patrulhamento da fronteira norte de Israel.
Claro que esta é uma medida que visa apenas adiar o agravamento intolerável da situação militar de Israel mas, em contrapartida, pode vir a acelerar os anti-corpos da opinião pública europeia.
Hora da publicação: 12:03 0 comentários
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segunda-feira, setembro 04, 2006
Ao que isto chegou...
"A visita do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, à Festa do Avante! resultou num dos momentos mais originais de um dia que também foi aproveitado por Marcelo Rebelo de Sousa para a sua segunda visita de sempre à festa comunista. Trazido à presença de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do "partido de todos os trabalhadores", Vieira fez logo questão de sublinhar que se sentia em casa. "É a festa do povo e eu também sou do povo. Eu não sou o homem de gravata que as pessoas pensam", afirmou o presidente benfiquista, que ontem surgiu sem gravata, com uma t-shirt e sapatos de vela sem meia. Ao seu lado, o outro homem do povo, o líder comunista, explicava que a presença de Vieira era um exemplo de que a Festa estava aberta a todos e dizia que o responsável desportivo era recebido "com grande satisfação".
Público, 3 de Setembro de 2006
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Com o futebol português no lamaçal esta recepção toscamente oportunista do sr. Vieira, um dos dirigentes desportivos ao mais baixo nível, é verdadeiramente inconcebível num partido com a história do PCP.