skip to main |
skip to sidebar
O peixe miúdo na caldeirada do Costa
Muito se tem dito e escrito sobre as motivações do PS para, sem mais nem menos, resolver fazer esta caldeirada.
A mim interessa-me mais tratar da decisão do PCP e do BE de abandonar o seu posicionamento estratégico de partidos anti-sistema para se converterem em muletas de um dos pilares do "arco da governação".
O que ganham em abdicar de uma vantagem estratégica, que atrai todos os que almejam uma sociedade radicalmente diferente, para se tornarem acólitos na já gasta "alternância democrática"? Umas migalhas para os funcionários públicos e para os pensionistas.
Partidos como o PCP e o BE não existem para minorar as injustiças do sistema actual, existem para conceber e construir um sistema alternativo.
A sua incapacidade para realizar essa tarefa empurra-os para um radicalismo e imediatismo quase ridículo julgando, como D. Quixote, que derrubando os moinhos do governo de Passos Coelho estão a derrubar o sistema.
Quem já tenha lidado com o militante médio do PS, por exemplo nas empresas e sindicatos, sabe perfeitamente que a última coisa que lhe passa pela cabeça é pôr em causa o sistema. Mas é precisamente com o PS, o partido por excelência do regime e das suas negociatas, que o PCP e o BE se propõem fazer a sua "ruptura".
Já tinham demonstrado ser incompetentes como revolucionários mas podiam evitar esta imagem de quem se encanta com um prato de lentilhas.
O "centrão"
PSD e PS têm alternado como partidos mais votados desde o 25 de Abril.
Ao analisar os resultados em número de votos, nos últimos 30 anos, constata-se que o "rei da montanha" é Cavaco. Com ele o PSD aproximou-se dos 3 milhões de votos e remeteu o PS para o degredo durante 10 anos.
O PS teve duas estrelas, menores, Guterres e Sócrates. Cada um à sua maneira acabou mal: um pântano e uma bancarrota.
Passos, que ameaçava tornar-se uma espécie de novo Cavaco das vacas magras, corre o risco de morrer na praia. Ou então as "aventuras esquerdistas" de Costa são a catapulta que lhe faltava para subir às grandes altitudes.
Ultima Hora!!!!
um golpe teatral acaba de acontecer no auge da época de transferências em curso.
Passos Coelho acaba de garantir a colaboração do Bloco, desviando-o do PS, num raide arrojado e que ninguém tinha previsto.
Como se sabe o PS, para ter maioria na AR, precisa de contar com o BE e o PCP. Já a PaF consegue maioria apenas com um dos dois partidos à esquerda do PS.
Passos Coelho chegou à conclusão de que, numa base meramente aritmética, esta coligação faz mais sentido do que a "maioria de esquerda" de Costa. É igualmente incoerente mas tem uma geometria mais eficaz.
Catarina Martins será assim Ministra de Estado e da Cultura e Mariana Mortágua ocupará a Secretaria de Estado da Renegociação da Dívida, que vai ser criada no Ministério das Finanças.
No Acordo ficou estabelecido que todas as poupanças obtidas por Mariana, no âmbito da renegociação, serão canalisadas para programas sociais geridos pela própria dirigente bloquista.
Catarina Martins terá uma competência alargada a toda a actividade cultural, desde os festivais de rock com cerveja até à programação das televisões e da internet.
Esta nova coligação de governo, Portugal Prá Frentex, é para durar enquanto for possível.
Perdi este filme no cinema, o que lamento, mas tive a sorte de comprar o DVD.É belíssimo e comovente, um depoimento contra o ridículo e o absurdo dos fanatismos.Ao contrário do que é habitual esta crítica não tem nada de teórico nem de grandes princípios. Limita-se a mostrar como vidas simples e modestas podem ser invadidas pela mais revoltante irracionalidade.
1. O PS afundou-se com Soares e afundou-se com Sócrates, que em seis anos deu cabo de 1.000.000 de votos.
Depois de Soares veio Cavaco que impôs ao PS uma travessia do deserto durante 10 anos.
2. Cavaco foi também o grande inimigo do PCP, que durante o seu consulado perdeu metade do seu eleitorado. Desde 2002 o eleitorado do PCP "não mexe", nem para cima nem para baixo, aconteça o que acontecer (mesmo a troika e o Passos). Só num partido como o PCP pode uma direcção políticafalar de vitória sem ser demitida.
3. O Bloco tem progredido em grande instabilidade mas a "vitória" de 2015 não é senão o regresso a 2009. Ultimamente o percurso do BE tem sido paralelo ao do PS. Premonitório?
4. A famosa "maioria de esquerda", hoje tão invocada, já teve melhores dias quando alcançava mais de 3 milhões de votantes
A virgindade perdida do Bloco
A razão que leva António Costa a persistir na "maioria de esquerda" é compreensível. Apertado por uma tenaz, que lhe rouba votos à esquerda e à direita, decidiu libertar-se escolhendo perder só para um dos lados e ganhar no outro.
Se conseguir levar o BE para o governo, ou para uma coligação virtual, tem grandes hipóteses de acabar por o engolir. Uma vez perdida a virgindade política o BE nunca mais será o mesmo. As divergências internas e a cupidez de alguns dirigentes permitirão essa absorção, como tantas vezes ocorreu no passado em casos idênticos.
Essa captura deverá ser suficiente para compensar as perdas à direita que tal estratégia também implica.
O PCP, matreiro, espreita também o seu quinhão dos despojos.
A única coisa certa
que temos, no momento actual, é que um governo suportado numa maioria estável e coerente é impossível no quadro parlamentar existente.
Porquê? Porque há um partido que é indispensável a qualquer maioria, quer de esquerda quer de direita, que está profundamente dividido quanto ao caminho a adoptar.
Quando esse partido, o PS, trata como se fossem escolhas equivalentes, que dependem apenas da vontade própria, alianças com o CDS ou com o Bloco, torna-se patente que seja qual fôr essa escolha ela resultará sempre irresponsável.
E quem deixar transparecer que está a tentar formar governo apoiado no PS, enquanto este partido tiver esta direcção, corre o risco de ser igualmente tomado por irresponsável.
há quem pareça, na sua excitação, que descobriu agora a "maioria de esquerda". Uma questão que se arrasta desde as primeiras legislativas, em 1976.
Desde 1995, para não ir mais longe, já houve várias "maiorias de esquerda" (por sinal a de 2015 é a menos expressiva de todas).
A razão pela qual a coisa nunca funcionou senão como bandeira eleitoral ou como forma de entalar governos é simples: o PS não é um "partido de esquerda" no sentido que os outros "partidos de esquerda" atribuem à expressão.
No dia em que o PS se coligar com o BE e o PCP, para concorrer a umas eleições, perde metade do seu eleitorado.
Constato que também a nível internacional estas invenções do demónio são detestadas
COMPARAÇÕES DIVERTIDAS
supondo que esta sondagem vem a ser confirmada nas urnas.
1. Depois de 4 anos de austeridade terrível o PSD+CDS têm uma percentagem muito próxima daquela que Manuela Ferreira Leite+Paulo Portas tiveram em 2009, estando na oposição (38 em vez de 39,5)
2. O PSD+CDS perdem, em comparação com a sua maioria absoluta 12,37 pontos percentuais. Mas o PS, que esteve na oposição, perde 13,03 pontos percentuais relativamente à sua última maioria absoluta.