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quarta-feira, abril 18, 2018

Um país doente



Um país doente
Acabe como acabar a novela do "engenheiro" Sócrates, ela veio mostrar que somos um país profundamente doente. Para além do proverbial fanatismo futebolístico padecemos, em alto grau, do fanatismo partidário.
Os factos conhecidos na operação Marquês, que nem os arguidos negam, e a forma como Sócrates responde às mais do que justificadas suspeitas, seriam suficientes num país saudável para um coro de protestos e de consequências no sistema político e partidário.
Infelizmente vivemos num país em que, por mero fanatismo, há clubes, seitas e partidos a quem tudo é permitido.

segunda-feira, novembro 24, 2014

CURRICULO IMPRESSIONANTE

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(compilado pelo jornal Expresso 23.11.4014)
As sombras de Sócrates
O nome do ex-primeiro-ministro esteve envolto durante muitos anos em processos de corrupção, mas nunca foi oficialmente suspeito de nada. Até agora.
A primeira vez que José Sócrates foi denunciado por corrupção foi em 1997, há 17 anos. Longe ainda de se tornar líder do Partido Socialista e ganhar as eleições legislativas, o político estreara-se num governo socialista em 1995, assumindo o cargo de secretário de Estado do Ambiente no executivo de António Guterres. Só muito mais tarde surgiram os casos mais conhecidos e polémicos: o Freeport em 2005, que coincidiu com sua ascensão a primeiro-ministro, e, em 2007, o processo da conclusão da sua licenciatura em engenharia civil na Universidade Independente. Em nenhum deles, no entanto, foi constituído arguido.
Cova da Beira. É a história mais antiga a envolver o nome de José Sócrates num alegado esquema de corrupção e está relacionada com a Covilhã, a terra onde cresceu e começou a sua vida profissional. As quatro cartas enviadas à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Judiciária entre 1997 e 1998 eram bastante detalhadas. Diziam que Sócrates teria recebido 150 mil contos (750 mil euros) em "luvas" por causa do concurso público para a construção do aterro sanitário promovido pela associação de municípios da Cova da Beira (de que faz parte a Covilhã). Teria sido ele, segundo as denúncias, a nomear a equipa técnica que escolheu o vencedor.
A investigação demorou dois anos a arrancar e, uma década depois, em 2007, acabaram por ser acusadas três pessoas: Horácio Luís de Carvalho, dono da empresa, a HLC, que ganhou o concurso público, pelo crime de corrupção ativa; António José Morais, engenheiro e professor universitário, dono da empresa AS&M, responsável pela análise das propostas a concurso, pelo crime de corrupção passiva; Ana Simões, sócia de Morais e sua mulher à data dos factos, pelo mesmo crime. Os três foram absolvidos em Janeiro de 2013, apesar de o Ministério Público ter recolhido provas de transferências de 58 mil euros de uma conta offshore de Horácio Luís de Carvalho para uma offshore do casal, ambas na ilha de Jersey. A Polícia Judiciária ainda tentou fazer buscas, no início da investigação, à casa de Sócrates, mas o procurador titular do caso achou que eram descabidas.
O ex-primeiro foi, de qualquer forma, ouvido por escrito como testemunha durante a fase de julgamento, negando qualquer envolvimento no concurso. Embora não tivesse sido acusado, Carlos Santos Silva, amigo de longa data de Sócrates e detido esta semana por crimes em que estão os dois implicados, esteve também ligado ao caso Cova da Beira. O seu nome surgia nas denúncias como uma pessoa muito próxima do então secretário de Estado do Ambiente, sendo que era sócio de Horácio Luís de Carvalho numa empresa chamada Conegil, que por sua vez fazia parte do consórcio da HLC que ganhou a adjudicação do aterro.
Licenciatura. Um blogue esteve na origem da divulgação do caso, em março de 2007. Aparentemente, José Sócrates teria obtido o grau de engenheiro civil concluindo a licenciatura na Universidade Independente de forma irregular, em 1996. Quatro das cinco cadeiras feitas naquela instituição tinham sido ministradas por António José Morais, o engenheiro acusado de corrupção no caso Cova da Beira. E os monitores das cadeiras estavam todos eles igualmente envolvidos no concurso público da Cova da Beira, trabalhando como consultores para a empresa de Morais e ajudando-o a escolher tecnicamente qual a melhor proposta.
Nesse mesmo ano, Morais foi nomeado diretor do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna por Armando Vara, amigo e colega de governo de José Sócrates. E viria a atribuir uma série de trabalhos de fiscalização de obras ao arquitecto Fernando Pinto de Sousa, pai de Sócrates.
Quanto à quinta cadeira, de Inglês Técnico, foi dada pelo próprio reitor da universidade, Luís Arouca, com o exame a ser realizado a um domingo, à mesa de um restaurante. O Ministério Público abriu um inquérito-crime mas arquivou-o logo a seguir, passado dias, alegando que não se provava o eventual crime em causa: falsificação de documento (neste caso, do certificado de habilitações).
Ainda assim, um conjunto de 16 escutas que constavam de um processo-crime relacionado com a gestão da Universidade Independente acabaram por ser divulgadas mais tarde pelo Correio da Manhã. Eram conversas entre Arouca e José Sócrates, gravadas em março de 2007, em que o então primeiro-ministro pedia ao reitor para que não revelasse a um jornalista do Público os nomes dos seus professores.
Freeport. Foi o mais mediático dos processos que envolveram Sócrates. Tornou-se do conhecimento público mal o inquérito-crime foi aberto, em plena campanha eleitoral, quando José Sócrates concorreu pela primeira vez a primeiro-ministro, em 2005, contra Santana Lopes. O enredo envolvia a aprovação ambiental do projecto de outlet Freeport, em Alcochete, numa zona de proteção especial, em 2002, no final do segundo governo de Guterres, quando Sócrates ainda era ministro do Ambiente.
Numa primeira fase, até 2007, o que saiu na imprensa foi contraditório. Sócrates aparecia como suspeito, mas soube-se que a denúncia envolveu um assessor de Santana Lopes, Miguel Almeida, o que retirou credibilidade à tese de que o então ministro teria recebido 500 mil contos em ´luvas'. O caso seria relançado nos media em 2009, quando a TVI divulgou um vídeo clandestino que constava de um processo paralelo em Londres e em que uma das figuras-chave na aprovação ambiental do outlet, o consultor inglês Charles Smith, admitia terem sido pagas luvas ao político, explicando que isso teria sido feito através de um primo.
Apesar de não poder ser admitido como prova em Portugal, o vídeo catapultou a investigação ao caso. A Procuradoria-Geral da República resolveu transferir o processo do Ministério Público do Montijo para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e destacou dois procuradores para trabalharem a tempo inteiro com a Polícia Judiciária de Setúbal.
Mas no fim o que veio a dominar o processo foi a forma intempestiva como terminou o inquérito, no verão de 2010, com um despacho que incluía 27 perguntas que ficaram por fazer a Sócrates, por falta de tempo. O então ainda primeiro-ministro, já no seu segundo mandato, constara sempre como suspeito não oficial, mas nunca foi constituído arguido ou ouvido sequer como testemunha. Dois consultores, Charles Smith (o homem do vídeo) e Manuel Pedro, foram acusados do crime de extorsão. A tese oficial passou a considerar que, afinal, não tinha havido corrupção. A história teria sido inventada pelos intermediários para poderem receber mais dinheiro do grupo Freeport. Os dois foram a julgamento e o tribunal absolveu-os em 2012, dez anos depois dos acontecimentos.

Face Oculta. Foi o seu último escândalo e rebentou depois de ter sido reeleito em 2009. Alegadamente, José Sócrates terá tentado controlar a TVI, uma estação de televisão que lhe era bastante crítica, e esse controlo passava por a Portugal Telecom comprar a posição dominante no capital social detida pelo grupo espanhol Prisa (dono do jornal El País). Isso não chegou a concretizar-se, mas aconteceram alguns movimentos de bastidores e o Ministério Público chegou a propor um inquérito-crime para apurar se tinha ocorrido um crime de atentado contra o direito de Estado.
O caso surgiu de forma fortuita. A investigação a uma rede de corrupção e tráfico de influência com epicentro em Aveiro, tendo como protagonista um industrial de sucata, Manuel Godinho, envolveu escutas a Armando Vara (amigo de Sócrates e então vice-presidente do Millennium BCP) e a Paulo Penedos, consultor jurídico da Portugal Telecom. Essas escutas, que incluíam conversas entre Vara e Sócrates, levaram o coordenador da PJ Teófilo Santiago e os procuradores João Marques Vidal e Carlos Filipe, em Aveiro, a extrair uma certidão em Junho de 2009 para abrir um processo-crime autónomo. O que se seguiu foi uma sucessão controversa de decisões. O procurador-geral da República, na altura Fernando Pinto Monteiro, enviou as escutas entre Vara e Sócrates para o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, mas Noronha do Nascimento não as validou, mandando-as destruir. O PGR optou por não abrir um inquérito-crime e, para evitar a consulta dos factos por terceiros, fez um arquivamento administrativo, uma figura até então desconhecida e cuja legalidade foi posta em causa por muitos juristas.
No fim, e depois de fazer correr muita tinta nos jornais, o assunto já tinha deixado de ser sobre se Sócrates tinha ou não cometido um crime, mas sobre a forma como a Justiça se comporta perante alguém como um primeiro-ministro.

sexta-feira, novembro 01, 2013

O BPN como arma de arremesso paga por nós


O BPN como arma de arremesso paga por nós
Continuo convencido de que Sócrates nacionalizou o BPN, transformando uma falcatrua privada num enorme buraco público, por razões partidárias.
Ao mandar os seus homens de mão vasculhar a documentação reservada do BPN, Sócrates esperava recolher, e em certa medida recolheu, material comprometedor para os seus inimigos políticos (nomeadamente o PSD e o Cavaco).
Por isso o BPN teve, e continua a ter, impacto politico-partidário, mas nunca teve consequências relevantes, financeiras, nos tribunais.
E nós pagámos, e continuamos a pagar, estas guerras de alecrim e manjerona.

quarta-feira, março 17, 2010

A ratoeira

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As empresas também vão poder beneficiar da amnistia fiscal que será concedida a quem resolva declarar o dinheiro que está aplicado no exterior, avança o Jornal e  Negócios indicando que o Estado se prepara para perdoar empresas que fugiram ao fisco através de off-shores.
A novidade, que tentará repatriar capitais saídos do País, foi introduzida pelos socialistas na recta final da discussão do Orçamento do Estado (OE), com o apoio dos partidos da direita e, apesar de ter passado despercebida, terá grande impacto.
Isto vai permitir que as sociedades que, por exemplo, estejam envolvidas em esquemas "offshore", como os detectados na Operação Furacão, limpem a sua ficha tributária e criminal durante este ano mediante o pagamento de uma taxa de 5%, adianta o jornal.
Dinheiro Digital, 17.03.2010

Parece uma excelente ratoeira. Usa-se o dinheiro das falcatruas como isco e apanha-se mais algum dinheiro dos cidadãos incautos para substituir os impostos que os vigaristas não pagaram.
É a mensagem errada no momento errado.
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domingo, novembro 15, 2009

Política e negócios sobre rodas RONAL


O empresário socialista Sobral de Sousa, acusado nos casos da Escola de Condução de Tábua e da mala de dinheiro entregue ao social-democrata António Preto, foi sócio de José Sócrates, Armando Vara e Rui Vieira (dirigente do PS e marido de Edite Estrela) na empresa Sovenco nos anos 90. António Preto conheceria Sobral mais tarde, em 1997, e garante: “Nunca me disse que conhecia Sócrates ou Vara”.
António Simões Costa, fundador do PS/Lisboa, foi o mentor da empresa e explica como nasceu a Sovenco e o que o aproximou dos demais sócios: “Conheci-os nas campanhas do partido e estivemos todos com Guterres”. No ano da fundação da Sovenco, 1989, Sócrates e Vara já eram amigos. E porquê entrar nos negócios? Simões lembra uma conjugação de factores: “Cavaco governava com maioria e os suecos, com quem tinha relações, pediram-me alguém que representasse os pneus Jislaved e as jantes Ronal”. Expresso 14.11.2009

Pode ser que me engane, mas o potencial de danos que Armando Vara pode vir a causar a José Sócrates é bem maior do que todos os outros casos ou pretensos casos que tanto desgastaram a imagem do primeiro-ministro e tão decisivamente contribuíram para a perda da maioria absoluta do PS. Armando Vara (e não a ‘Face Oculta’) tem a capacidade de, por si só, arrastar Sócrates para a queda num poço de que se desconhece a profundidade. Há amizades que matam, quando se misturam com outras coisas que não são misturáveis. Foi José Sócrates quem, em nome da amizade (porque competência ou qualificação para o cargo ninguém a conhecia, nem ele), fez de Armando Vara administrador do banco do Estado, três dias depois de este ter adquirido uma espécie de licenciatura naquela espécie de Universidade entretanto extinta — e porque uma licenciatura era recomendável para o cargo. E foi José Sócrates quem, indisfarçadamente, promoveu a transferência de Santos Ferreira e Vara da Caixa para o BCP, numa curiosíssima operação de partidarização do maior banco privado português, sobre as ruínas fumegantes do escândalo em que tinha acabado o case study da sua gestão ‘civil’.

Manda a verdade que se diga, porém, que estes dois golpes de audácia de José Sócrates em abono de um amigo e compagnon de route político foram devidamente medidos: aparentemente, Sócrates contava com o silêncio e aceitação cúmplice com que toda a classe empresarial e financeira recebeu a meteórica ascensão de Armando Vara aos céus da banca e o take-over do PS sobre o BCP, como se de coisa naturalíssima se tratasse. O escândalo não ultrapassou as fronteiras da opinião pública, de modo a perturbar o núcleo duro do regime. E isso foi um primeiro sinal do nível de promiscuidade aceite entre o político e o económico a que estamos agora a assistir. E, em silêncio sempre, toda a classe empresarial clientelar foi assistindo a uma série de notícias perturbadoras sobre operações bancárias a favor de algumas empresas ou investidores que, por acaso certamente, pertencem ao tal núcleo duro do regime, que goza do favor político da actual maioria.

...Junte-se então um governo cujo primeiro-ministro é dado a companhias comprometedoras, um sistema em que se fundem e confundem o político e o económico, o público e o privado, uma justiça que verdadeiramente se tornou cega e surda, mas não muda, um Presidente da República que se desautorizou a si próprio no pior momento, e um país onde as noções de interesse público e serviço público já quase se perderam por completo sem vergonha alguma, e tudo isto começa já a cheirar indisfarçadamente mal. Cheira a fim de regime e só os loucos ou os extremistas é que podem achar isso uma boa perspectiva para o futuro. Expresso 14.11.2009

No mesmo dia, no mesmo jornal, dois textos imperdíveis sobre a caldeirada política e comercial em que vivemos. Deve ser para nos poupar à total desmoralização que o Presidente do STJ quer destruir as cassettes. Bem haja.

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segunda-feira, maio 11, 2009

Casos de polícia

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É verdade que não se pode "suspender a democracia" para resolver os problemas do país como, certamente por lapso, referiu Manuela Ferreira Leite.

Mas também não se pode desculpar o banditismo e os comportamentos criminosos crismando-os de "questões sociais" como, certamente de boa-fé, fez Jerónimo de Sousa.

Os direitos cívicos e a ordem pública, em democracia, não são moeda de troca em circunstância alguma.

(Ver a este propósito o texto de Ferreira Fernandes no DN)

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sexta-feira, março 13, 2009

A realidade nos números

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O DN teve acesso a dados oficiais que fazem parte do Relatório de Segurança Interna de 2008 e estes confirmam as piores expectativas. No ano passado o crime violento aumentou 10,7% e a criminalidade geral subiu 7,5%. O que significa o maior crescimento dos últimos dez anos em Portugal.
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O tabu do ministro da Administração Interna, sobre as estatísticas da criminalidade de 2008, está prestes a terminar e Rui Pereira vai ter de reconhecer as piores previsões.
O DN teve acesso a dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) e estes confirmam uma subida quer da criminalidade geral quer dos crimes mais violentos e graves. A maior, desde que há registo oficial destes dados, nos últimos dez anos. As forças de segurança registaram um total de 421 037 crimes - mais de 1100 por dia - dos quais 24 313 foram graves e violentos.
Por dia houve, em média, 67 crimes violentos.
DN 13.03.2009


Durante o ano de 2008 discutiu-se muito sobre se havia ou não um avanço da criminalidade.

Aqueles que, como eu, se mostravam alarmados foram acusados de exagero. Agora que os números foram divulgados gostaria de saber o que pensam os culrores do "políticamente correcto".

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quinta-feira, março 12, 2009

O "Portugal Novo" de Clint Eastwood

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O último filme de Clint Eastwood, "Gran Torino", remete-nos para os ambientes da urbanização "Portugal Novo" e para as falhas da sociedade actual quando se trata de lidar com a delinquência.

Um velho operário, bastante doente e viúvo de curta data, vê-se perante a agressividade dos gangs que proliferam naquilo que foi o pacato bairro de vivendas do seu passado.Como se não bastassem os efeitos do tempo que, tal como a todos nós, o remetem para um território onde tem cada vez mais dificuldade em reconhecer as suas referências.

O desenvolvimento da história mostra que o problema não são as diferenças étnicas, num país onde quase todos arrastam consigo uma tradição cultural remota. Essas diferenças culturais são, aliás, motivo de dichotes entre amigos sem quebra de afeição.
O problema advém, isso sim, da confusão entre os direitos das minorias étnicas e a tolerância para com o mais puro banditismo.

Um tema da maior actualidade como os jornais mostram todos os dias.
Uma enorme tragédia que talvez seja uma enorme e pungente despedida de Clint Eastwood.
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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Ainda há

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Dois homens que terão estado envolvidos na produção e venda do leite contaminado com melamina foram condenados hoje à morte pela justiça chinesa.
Tian Wenhua, a responsável pela empresa de lactícinios, a Sanlu, que esteve no centro do escândalo foi condenada a prisão perpétua. Seis crianças morreram e cerca de 300 mil crianças ficaram doentes nesta crise que abalou o mundo.
...Um dos homens condenados à morte é Zhang Yujin que, entre Outubro de 2007 e Agosto de 2008, terá feito e vendido mais de 600 toneladas de pó que continha melamina. A melamina é usada para disfarçar leite diluído e aumentar artificialmente os níveis de proteínas. O pó foi adquirido por intermediários que fizeram a mistura necessária para disfarçar leite mais fraco e diluído, comprado a agricultores, e que depois foi vendido ao Grupo Sanlu.
Um desses intermediários é o outro homem condenado à morte. O produtor de lacticínios terá revendido 230 toneladas de malte misturado com melamina, para outras firmas, em Shijiazhuang e três outras cidades na província de Hebei.
A sessão do julgamento ainda não terminou. Hoje à tarde será lida a sentença para mais 21 arguidos também implicados neste caso.
Público 22.01.2009

Ainda há neste mundo quem, num prazo razoável, julgue e faça punir a ganância homicida.
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terça-feira, dezembro 30, 2008

Automobilistas ou criminosos ?









"Nos primeiros 28 dias da Operação Natal em Segurança, a PSP já deteve 634 pessoas.
Segundo as autoridades, dois terços por crimes praticados nas estradas, em especial a condução sob o efeito de álcool, mas também por tráfico de droga, posse de armas, furtos e agressões a agentes.
Desde o dia 1 de Dezembro, a PSP já fiscalizou 53 mil viaturas, cerca de 250 seguranças privados em Centros Comerciais e casas nocturnas e já apanhou mais de 2400 excessos de velocidade nos radares.
Esta operação vai prolongar-se até 8 de Janeiro. "

Rádio Renascença, 29.12.2008


Andar a 140 na autoestrada, traficar droga e agredir agentes; para a PSP são tudo criminosos que na sua mente se confundem. Assim vai o civismo das nossas "autoridades".
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quinta-feira, setembro 25, 2008

Até tu, Alhos Vedros ?






Cerca das 22 horas de ontem, um grupo de cerca de 30 jovens da Baixa da Banheira, também no concelho da Moita, foi aparentemente ajustar contas com um grupo rival de Alhos Vedros, igualmente do concelho da Moita, segundo disse à Lusa o major Duarte Jacinto, da GNR.
O grupo atacante estava armado com paus e tacos de basebol e desencadeou a perseguição aos jovens de Alhos Vedros desde o Parque 25 de Abril até ao Parque das Salinas, tendo-lhes alegadamente roubado objectos pessoais.

Público 24.09.2008

É um enigma que me atormenta. À mais pequena desavença entre gangs lá vêm as traulitadas com os tacos de baseball. Mas porquê os tacos de baseball, meu Deus ? onde vão eles descobrir os tacos ? os traficantes de armas, para além das metralhadoras e das "canos serrados" vendem também tacos de baseball ? não lhes bastava uma moca de Rio Maior ou similar ?
É um desporto que não se pratica por cá, não tem qualquer tradição no nosso país.
Será que é por isso mesmo ? uma espécie de nostalgia, uma sensação de privação em relação a esse jogo que só se vê no cinema ou na TV ?
Nesse caso, à falta de ball, dá-se com a base na cabeça dos vizinhos numa espécie de tratamento psíquico ?
Recomendo desde já ao Ministério da Educação, em próxima revisão curricular, a inclusão do baseball no elenco das disciplinas desportivas dos nossos jovens, acompanhando a medida da distribuição de capacetes aos professores.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Assaltantes apanham táxi para fugir da polícia







"Um casal de nacionalidade estrangeira é suspeito de ter assaltado ontem uma residência, em Leiria, de onde terá furtado um cofre e vários objectos em ouro. Para a concretizar a fuga da polícia tentou um método inédito: chamou um táxi junto a uma bomba de gasolina. Os dois, estando ela grávida, foram logo detidos".
DN 18.09.2008

A espontaneidade destes casos não deixa de me espantar. O mesmo jornal, mais abaixo, num acesso de tímida xenofobia, acrescenta dados que contrariam as teses piedosas daqueles que tentam sempre desdramatizar o impacto da imigração :

"Cerca de 20% dos reclusos que cumprem penas nas prisões portuguesas são estrangeiros, o que corresponde a 2197 indivíduos, dos quais 208 são mulheres. Os 510 de origem europeia correspondem, no total de estrangeiros, a cerca de 23%,apresentando-se à cabeça os espanhóis, com 124 indivíduos, seguidos dos romenos com 111. No entanto, os reclusos de origem africana surgem em maioria. O total é de 1255, destacando-se entre estes os naturais de Cabo Verde com 730 indivíduos."

sábado, setembro 13, 2008

Take the money and run






Quando leio a descrição de certos assaltos ocorridos em Portugal recentemente, em que a óbvia gravidade da situação se mistura com o ridículo dos comportamentos, vem-me sempre à memória o filme "O Inimigo Público" (Take the Money and Run) de Woody Allen.
É incrível como já em 1969 Allen teve a presciência da inépcia e sensação de impunidade a que podíamos chegar...

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quinta-feira, setembro 04, 2008

A rebarbadora rebarbativa



Da nossa enviada especial ao Pinhal Novo:


Ora aí está! A televisão relata-nos em directo do Pinhal Novo, como é que a GNR surpreende em flagrante um grupo de 6 individuos a tentar abrir no meio duma vinha uma caixa Multibanco roubada, e os deixa fugir depois de ter estado a 20 metros deles, em 2 carros roubados por car-jacking.

Segundo o policia entrevistado, a operação não aconteceu por acaso; os movimentos do grupo tinham sido seguidos, várias patrulhas tinham sido sucessivamente accionadas ao longo do percurso. Também segundo ele, os meliantes conheciam bem a zona o que lhes facilitou a fuga.

Cabe portanto perguntar: e a policia, não conhecia bem a zona? Porque é que todos os caminhos previsíveis de fuga não estavam cortados? Porque é que a Polícia não abriu fogo para deter os assaltantes que, ao que parece eram portadores de armas de fogo? Será que teve receio de que entre eles estivesse alguma “criança” de 13 anos?

No local ficaram a caixa, ainda com o dinheiro, a rebarbadora, e 2 veículos (roubados)
No fim, a repórter dizia que este “estranho caso” tinha acabado “em bem”.
Em bem porquê? Porque o dinheiro é recuperável?!!!! Pelo contrário, acabou em mal!
Em mal porque continuam à solta 6 bandidos que irão obter novos carros por car-jacking, para roubar mais caixas Multibanco e, se for preciso matar um ou dois policias da próxima vez.

Rosa Redondo





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Marx, realmente incontornável



José Pacheco Pereira publicou recentemente, no "Estudos sobre o Comunismo", um excelente artigo intitulado "Karl Marx e o seu destino", que eu recomendo apesar de algumas discordâncias e ao qual espero voltar em breve. Aí JPP menciona as inúmeras "aplicações" a que Marx tem estado sujeito.

O que nunca me tinha ocorrido era o uso do Marx para "desdramatizar" a vaga de assaltos a gasolineiras, farmácias e bancos. É o que faz este engraçadíssimo post do Pedro Sales no "Zero de Conduta".

Tiro o chapéu.

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sábado, agosto 30, 2008

Desdramatizar não resolve

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A excelente jornalista Fernanda Câncio, publicou no DN de 29.08.2008, um texto intitulado "ESTADO DE HISTERIA" em que recorre à estatística para tentar desdramatizar a sucessão de assaltos noticiados ultimamente.
Penso que Fernanda Câncio passa ao lado do essencial. Comparar as nossas percentagens com as de outros países e falar da criminalidade em abstracto não resolve o problema dos cidadãos que se sentem inseguros. O mal dos outros não resolve o nosso.
Os crimes não têm todos os mesmos efeitos sobre o cidadão comum e por isso as estatísticas podem ser enganadoras já que frequentemente misturam crimes de tipos muito diferentes. Os assaltos profissionais a carrinhas de bancos, ou as guerras entre gangs, ou os crimes passionais, são coisas que o cidadão não vê como uma ameaça para si próprio embora deplore tais violências.
Mas ter medo de entrar no seu banco, ou na sua farmácia, ou que entrem na sua casa enquanto dorme, ou que o ataquem enquanto estaciona o automóvel, isso são coisas que causam uma profunda perturbação.
Os assaltantes incompetentes e "espontâneos" são aqueles que mais medo provocam pois as suas acções são imprevisíveis e incompreensíveis na maior parte dos casos. Podem levar às mais caóticas situações de violência, daquelas em que o cidadão não tem forma de se precaver por mais que queira.
O que eu acho mais inadmissível, com base nas descrições dos assaltos recentes, é que parece ter-se criado um tal sentimento de impunidade que qualquer pateta decide, de um momento para o outro, pegar numa arma e assaltar um banco.
Este texto da Fernanda Câncio, certamente contra a sua vontade, transmite um certo menosprezo pelo sentimento de insegurança dos cidadãos, sentimento esse que é legítimo, justificado e um dado de facto incontornável. Este menosprezo parece aliás, paradoxalmente, ser uma pecha de toda a esquerda.
Outros, com intuitos menos recomendáveis, poderão assim capitalizar oportunamente o descontentamento e o medo.
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P.S. (às 18:15)
Tenho que reconhecer que errei quando atribuí a toda a esquerda uma atitude de minimização da criminalidade. No Público de hoje:

"Creio que Sócrates já devia ter falado", disse Jerónimo de Sousa. O dirigente falava aos jornalistas na Quinta da Atalaia, no Seixal, onde esta manhã se encontrava para participar na montagem das estruturas do recinto da Festa do Avante!, que se realiza no próximo fim-de-semana."Sócrates não devia fazer um 'mea culpa', nem sequer se exige isto. Deve compreender a gravidade da situação e apresentar ao povo português as medidas que visem aumentar a segurança dos cidadãos", acrescentou. Para o líder comunista, o governo tem contribuído para incutir nos portugueses a ideia de que aumentar a segurança é sinónimo de restringir a liberdade. "Não acreditamos que nenhuma limitação da liberdade dê mais segurança aos cidadãos. Creio que nesse sentido Sócrates tem a responsabilidade de vir combater essa tese", disse.
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P.S. (31.08.2008) - Descobri que também Teixeira Lopes do BE se preocupa com a atitude da esquerda quanto à criminalidade no Esquerda.net
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quinta-feira, agosto 28, 2008

Quem assume a responsabilidade ?

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O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, reconheceu que os dados do primeiro semestre do ano relativos aos crimes cometidos no país apontam para "algum aumento da criminalidade violenta". Sublinhando que se tratam de "situações que não devem ser minimizadas", o membro do Governo garantiu que vão ser adoptadas "as medidas necessárias" para responder e evitar estes casos.
"Os dados apontam para algum aumento da criminalidade violenta e grave no primeiro semestre", quando comparado com os primeiros seis meses de 2007, admitiu o ministro da Presidência, reconhecendo que são "situações que não devem ser minimizadas".
Público, 28.08.2008


Eu diria que agora "até um cego vê" o aumento da criminalidade violenta.
Agora que parecemos caminhar para uma situação sem retorno, em que a violência concretizada (não a potencial) vai ter que ser violentamente reprimida, cabe perguntar: quem explica como foi possível esta transformação do nosso país ? quem assume a responsabilidade ?
Durante anos minimizou-se os sinais, desculpabilizou-se com pretextos étnicos e sociais inaceitáveis, tolerou-se todo o tipo de indisciplinas e pactuou-se com os mais óbvios atropelos.
Autoridades e "fazedores de opinião" bem-pensantes inviabilizaram, cada um à sua maneira, as actuações preventivas e cautelares, a montante do momento dos crimes, durante anos. Por desleixo ou preconceito alguns continuam mesmo a fazê-lo. Mesmo perante o alarme dos factos.
Volto a perguntar: não há por aí ninguém que assuma a responsabilidade pelas vítimas, inocentes ou não, que vamos ter durante os próximos anos ?
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terça-feira, agosto 19, 2008

O que é uma criança ?


Eu sei que vivemos num país sujeito a intensa "infantilização". É comum ver chamar criança, na TV, a adolescentes bem desenvolvidos. Nós todos, como os filhos se tornam independentes cada vez mais tarde, tratamo-los como crianças pelo menos até aos trinta anos. Talvez por isso campeia a retórica sobre as crianças e sobre a sua proverbial ingenuidade e inocência.

A morte de um jovem de 13 anos em recente perseguição policial, que foi tão comentada na blogosesfera, levanta uma outra ordem de questões. Quando uma "criança" nos aponta uma caçadeira de canos serrados mantém o seu estatuto ? Devemos reagir dizendo "baixa lá isso senão levas tau-tau" ?
O exemplo não é académico. No DN de hoje, entre muitas outras descrições de actividades criminosas, que ocupam cada vez mais espaço nos noticiários, figurava uma notícia sobre o assalto a um supermercado em Vagos:
"Os jovens de 14, 17 e 18 anos invadiram o estabelecimento comercial encapuzados e roubaram cerca de 5OO euros que estavam na caixa registadora do estabelecimento comercial, cuja abertura forçaram a tiro de caçadeira de canos serrados. Apesar da violência demonstrada no assalto, não se registaram feridos."
No caso do jovem baleado pela GNR durante uma fuga em Loures não sabemos se estava a participar no roubo ou se se limitava a fazer companhia aos familiares mas, à luz da notícia referida, não devemos excluir qualquer das hipóteses.

Outra notícia do mesmo jornal, no mesmo dia, ajuda a situar melhor todo o episódio.
O "pai do jovem que foi alvejado", é assim que o DN o identifica, quem era afinal ?
"Sandro Lourenço cumpria uma pena de cinco anos em Alcoentre por roubo em residências. O irmão, José Júlio Lourenço, nunca cumpriu pena, mas tem antecedentes criminais. Sandro já não compareceu na PJ, na manhã de quarta-feira, para prestar declarações nem tão pouco ao velório nem ao funeral do filho, Paulo Salazar, de 13 anos".

Neste ponto apetece transcrever parte do comentário de João Miguel Tavares, no mesmo DN:
"Parece que o assalto ao BES é o novo compêndio político para a distinção entre esquerda e direita em Portugal. Se o leitor está indeciso quanto às suas convicções ideológicas, basta-lhe responder à seguinte pergunta: o que deve ser feito quando um imigrante aponta uma pistola à cabeça de um inocente? A) Um sniper deve imediatamente despachá-lo comum tiro nos miolos. B) Ele deve ser alvo, não de uma espingarda, mas da nossa compreensão, acarinhado pela polícia e pacientemente aconselhado a mudar de vida. Se respondeu A), você é uma pessoa de direita, fria e justiceira. Se respondeu B), então você é uma pessoa de esquerda, sem dúvida amigável, mas um pouco branda. Após passarmos tantas horas com dois brasileiros barricados, as posições ficaram assim, extremadas, e cada um de nós é convidado a escolher o buraco em que se quer enfiar."

Espero que a esquerda não cometa o erro de seguir por este caminho. Se tal vier a acontecer espera-nos mais uma estrondosa derrota.

ADENDA: o Público anunciou que, às 13:30, "Pai do menor morto pela GNR em Loures volta à prisão para ajudar a esclarecer morte do filho"
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segunda-feira, agosto 18, 2008

Serviço Policial Obrigatório



Na última página do Público de hoje Rui Tavares volta, como muitos outros, ao tema das mortes resultantes de intervenções policiais. Fá-lo de forma demagógica pois a polícia não "baleou um rapaz de 13 anos", a polícia baleou um carro que se recusou a obedecer à ordem de parar o que é muito diferente. Rui Tavares também podia ter escrito que a polícia "baleou um cadastrado foragido", na lógica dele esta afirmação também é verdadeira.
Qualquer pessoa compreende que a polícia tem que ser obedecida, a qualquer custo, sob pena de passar a ter um papel meramente decorativo. A partir do momento em que se estabeleça que a polícia não pode forçar, por qualquer meio, a obediência às suas ordens veremos todo o tipo de criminosos fugir impunemente. Nessa altura deixámos de viver num Estado de Direito.
O que está portanto em causa não é o tipo de crime que se suspeitava estar a perseguir mas sim a absoluta necessidade de a polícia se fazer obedecer, se queremos ter polícia.



Quando lemos este trecho do artigo em referência podemos pensar que na base dos seus equívocos se encontra um "excesso de humanismo" mas essa apreciação cai pela base quando constatamos que a vida dos vários polícias baleados nos últimos anos não parece motivar o Rui Tavares.
É caso para pensar que se trata de um atitude classista; há uns tipos que por razões económicas se vão empregar na polícia e, em troca de um mísero salário, devem estar disponíveis para levar uns balázios na defesa dos nossos bólides, das nossas vivendas e dos nossos corpinhos. E, ainda por cima, pede-se-lhes para o fazerem sem incomodar, como quem diz à mulher a dias "Oh Francisca há-de aspirar a sala amanhã de manhã mas não me acorde".
Nunca deve ter ocorrido ao Rui Tavares que é desumano pedir a alguém, em troca de um salário, que passe a vida a lidar com a "escória da sociedade", a correr sérios riscos para depois ouvir os "bem pensantes" pedir que não lhes estraguem a visão romântica em que as "etnias" pertencem aos festivais de música e não aos tiroteios. É chato.



Por razões que me escapam o Rui Tavares pensa que isto é ser de esquerda, que ser de esquerda é isto.
Se assim é então eu vou ser ainda mais de esquerda: como a polícia é constituída por tarados que só lá estão para poder fazer tiro à borla eu proponho uma polícia popular, um "Serviço Policial Obrigatório", na linha do extinto serviço militar obrigatório.
Dissolve-se a PSP, enquanto corpo profissionalizado, e todos os anos se recruta uns milhares de portugueses para desempenhar, de forma humanizada, o serviço policial. O povo é que vai policiar o povo e, espero eu, aprender dessa forma quanto custa fazê-lo.

Só espero que o Rui Tavares esteja na primeira incorporação para podermos ver se ele afinal dispara ou não dispara sobre os carros em fuga.

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