Sérgio Redondo começou apenas em Novembro de 2005 mas já tem excelentes trabalhos para mostrar.
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Os primeiros 3 meses de um fotógrafo
Hora da publicação: 15:20 1 comentários
Etiquetas: exposições, Fernando Penim Redondo, fotografia-imagem
quarta-feira, janeiro 25, 2006
Ganhar o Rei sacrificando o Cavalo
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Em menos de um ano o governo suportado pela bancada socialista na Assembleia da República passou de detentor de uma confortável maioria absoluta para a condição de praça sitiada.
O cerco está montado pelas autarquias que perdeu, pelos sindicatos que não controla, pelas corporações que o abominam e, desde o dia 22, por um Presidente que se parece demasiado com um professor rigoroso.
Como foi isto possível ?
As razões de fundo são o vazio ideológico e a ausência de um projecto sócio-económico alternativo ao sistema actual o que reduz os objectivos estratégicos à simples obtenção do poder.
Mas mesmo nesse plano, este descalabro concreto explica-se por um conjunto de erros tácticos, que revelam incapacidade para definir prioridades e gerir expectativas.
Basta recuarmos até à partida de Durão Barroso para a Comissão Europeia, no Verão de 2004, para percebermos como a esquerda fez do bloqueamento da nomeação de Santana Lopes um objectivo prioritário. Essa questão foi pretexto para agressões verbais a Jorge Sampaio e levou mesmo à demissão da liderança do PS.
Assim que Santana foi empossado a pressão sobre o seu governo tornou-se impiedosa e atingiu uma escala sem precedentes mesmo antes que houvesse factos que a justificassem.
Nenhum dos partidos da esquerda, pareceu estranhar que várias forças e personalidades conotadas com a direita - Marcelo, Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Cavaco - participassem nesse processo.
Pelo contrário, aceitaram alegremente a “ajuda” para a sua cruzada.
Hoje já é claro para todos que a direita sacrificou um "cavalo", Santana, para assegurar a vitória do "rei", Cavaco. Caso Santana se tivesse mantido à frente do governo seria altamente improvável uma vitória da direita quer nas autárquicas quer nas presidenciais.
Aqueles que, como eu, sempre disseram que a esquerda não se devia precipitar no engodo e na facilidade de vencer Santana foram olhados como suspeitos de “santanismo”.
Aqueles que defenderam a construção de uma alternativa política sólida antes de amarinhar para as cadeiras do poder foram ostensivamente ignorados pois, para muitos, “as cadeiras do poder já” são mesmo a única coisa que consta dos seus projectos.
Se a Assembleia não tivesse sido dissolvida haveria tempo para preparar uma alternativa política e eleitoral, e depois usar o descontentamento gerado pelo governo de direita para fazer eleger um Presidente que incluisse no seu programa a intenção de demitir Santana. Pelo caminho ter-se-ia provavelmente ganho as autárquicas em Lisboa e no Porto.
Como se sabe foi tudo feito ao contrário.
A direita venceu em Outubro nas principais cidades e agora usa as reivindicações locais para pressionar o governo. Cavaco está numa posição confortável pois tanto pode apoiar o governo, se este fizer as políticas que lhe interessam, como cortar-lhe as pernas se ele se desviar do “bom caminho”.
Pretextos não faltarão já que não é previsível nos próximos anos um sucesso inquestionável das políticas económicas e, por outro lado, está ainda muito vivo o precedente da dissolução da Assembleia decidida por Sampaio apesar da maioria PSD/CDS.
A guerra fratricida entre Alegre, Sócrates e Soares torna tudo ainda mais fácil para Cavaco já que o PS tem a sua capacidade de reacção diminuída e corre mesmo o risco de cisão parlamentar.
Tanta incompetência no planeamento parece demasiada mas é, infelizmente, uma realidade.
Mais grave ainda é o facto de a esquerda não ter um projecto alternativo de desenvolvimento económico e social.
Enquanto oposição, faz uma crítica casuística e de bota-abaixo. Uma vez com as responsabilidades governativas e confrontada com os problemas do sistema, não sabe aplicar-lhes senão as soluções próprias desse mesmo sistema.
E por esse motivo, o historial das suas ascensões ao poder mostra que elas apenas servem para executar as políticas da direita e dispensá-la, assim, de pagar o preço da impopularidade.
Depois de fazer o “trabalho sujo” a esquerda é de novo arredada e tem início um novo ciclo de direita.
Desta vez não será diferente. Dentro de três anos, ou quem sabe até antes disso, a direita liberal terá um Presidente e uma Maioria; a preparação do Partido começa no já anunciado congresso do PSD.
É por isso que não desistiremos de defender a urgência da construção de um projecto alternativo de sociedade e de política evitando o que sempre tem acontecido; serem os objectivos secundários, as prioridades erradas e as lutas sem perspectiva a comandarem a actividade dos partidos de esquerda.
sexta-feira, janeiro 20, 2006
O último OUTDOOR
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terça-feira, janeiro 17, 2006
O Grande Pagode
Mário Soares afirmou hoje à TSF, com a maior candura, ter recebido uma chamada da China em que o ministro lhe pedira para sossegar os trabalhadores do Estaleiro de Viana acerca de uma temida privatização.
Este episódio, que roça o ridículo, vem confirmar a visão que Soares tem da política e é todo um tratado de amiguismo.
Como disse Garcia Pereira trata-se de um caso evidente de favorecimento de um dos candidatos por parte do Governo através do fornecimento de informação previlegiada, provavelmente executado com um telefonema pago pelos contribuintes.
É nestas chocantes impunidades que devemos procurar as causas da vitória de Cavaco.
Este abuso dos meios públicos faz-me lembrar as diskettes do "envelope 9" do julgamento da Casa Pia; ainda ninguém se questionou por que razão o erário público paga as chamadas de todos aqueles que constam da famigerada lista.
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sábado, janeiro 14, 2006
Mozart nasceu há 250 anos
Diário musical de Mozart "online"
Está desde ontem disponível na Internet, no site http://www.bl.uk/onlinegallery/ttp/ttpbooks.html (clique para ver), um diário musical de Mozart. Os utilizadores podem procurar páginas escritas à mão do catálogo do compositor austríaco e ouvir compassos de abertura raramente interpretados.
Num ano musicalmente dedicado a Mozart - a 27 de Janeiro comemoram-se os 250 anos do seu nascimento -, a British Library fez a digitalização de 30 páginas e 75 introduções musicais do Catálogo de todas as minhas Obras. O site inclui muitos das obras mais conhecidas de Mozart, como A Flauta Mágica, mas também contém Litle March in D, que, segundo a biblioteca, foi gravada pela primeira vez.
O catálogo foi comprado pela British Library em 1986 e contém 145 obras escritas por Mozart entre Fevereiro de 1784 e Dezembro de 1791, quando morreu. No lado esquerdo de cada página, Mozart incluiu cinco composições e acrescentou informação sobre quando cada uma foi terminada, os instrumentos utilizados, quem a encomendou e quem a tocou pela primeira vez. No lado direito, estão os compassos iniciais de cada obra. No site, estes compassos são tocados pelo Royal College of Music.
A British Library anunciou ainda que conseguiu reunir um manuscrito de Mozart, que foi cortado em dois e vendido separadamente pela sua viúva em dificuldades financeiras.
A folha de música foi escrita tinha 17 anos. Nessa altura ele estava de visita a Viena com o pai, Leopold, para concorrer a um lugar como músico da corte - não o conseguiu. Um dos lados do manuscrito são duas cadências para piano (passagens altamente virtuosas para serem interpretadas por um solista sem acompanhamento de orquestra) e do outro lado um minuete para um quarteto de cordas.
Em 1835, Constanze cortou cuidadosamente o manuscrito, acabando as duas cadências em folhas separadas, mas uma das notas foi deixada por engano na folha de cima. Ela mandou então para duas pessoas separadas para pagar um favor ou para receber dinheiro. "Isto era numa altura em que Mozart era muito popular e a fama espalhava-se. Qualquer coisa que tivesse a ver com ele tinha valor. Ela tinha o hábito de cortar as coisas para maximizar o lucro", diz Rupert Ridgewell, o conservador da biblioteca para as colecções musicais.
A parte de cima Constanze mandou para um músico em Darmstadt chamado Julius Leidke. A outra peça foi para um funcionário governamental local na Baviera chamado Sattler. Ambas se mantiveram em duas colecções privadas na Europa até 1950, altura em que a metade de baixo chegou à British Library. A parte de cima acabou de ser adquirida.
(in Publico de 13 de Janeiro de 2006)
Avalancha de eventos para lembrar Amadeus Mozart
Casa da Música celebra 250 anos do nascimento de Mozart
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quarta-feira, janeiro 11, 2006
Graça Morais - A não perder
Entre Julho e Outubro de 2005, a convite da Câmara Municipal, Graça Morais, uma das mais prestigiadas pintoras portuguesas contemporâneas, realizou uma residência artística em Sines com o objectivo de criar uma exposição para abrir o novo Centro de Artes de Sines.
Hora da publicação: 09:28 0 comentários
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domingo, janeiro 08, 2006
Presidenciais num planeta diferente ?
Aconteceu, por mera coincidência, eu ter estado exposto em simultâneo às notícias da campanha presidencial e às novidades vindas de Las Vegas, por ocasião do “CES - Consumer Electronics Show”. De um lado o fim de uma “pré-campanha” que se arrastou durante meses a discutir abstracções com resultados nebulosos enquanto do outro um pequeno grupo de potentados repartia, em poucos dias, gigantescos negócios globais.
Um resumo das notícias de Las Vegas: a Google anunciou a venda de filmes da CBS e imagens dos jogos de basketball via internet , a Sony lançou um aparelhinho portátil que pode conter 80 livros e mostrá-los no seu visor para leitura, a Apple vendeu dez milhões dos seus iPods para entretenimento enquanto se dá um passeio, a Motorola anunciou a disponibilização das buscas do Google nos seus telefones portáteis e o Yahoo divulgou dispositivos que permitem a partilha da informação pelos televisores, computadores e telefones.
Por cá os nossos candidatos cruzavam acusações a propósito da divulgação, ou não, dos nomes dos financiadores das campanhas eleitorais.
Também se discutia se o primeiro-ministro apareceria, ou não, na campanha de Soares e se o Marques Mendes seria admitido nos comícios de Cavaco.
Alegre invectivava Soares e Cavaco por se terem encontrado, sem ranger os dentes, com Valentim Loureiro e com Jardim.
E assim por diante...
De repente tive a penosa sensação do anacronismo de uma campanha que quase pode ser imaginada a decorrer no século XIX.
Tenho a sensação de que a informação digitalizada do mundo está a ser repartida por meia-dúzia de grupos empresariais enquanto os nossos candidatos parecem estar completamente alheados do facto e mesmo inconscientes das suas implicações para o futuro da humanidade.
Continuaremos até dia 22 com a lana caprina ? como se estivessemos num planeta diferente ?
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terça-feira, janeiro 03, 2006
Cavaco vai ganhar. Porquê ?
Cavaco vai ganhar. Porquê ?
Não vale de nada fingir que não estamos a perceber que Cavaco vai ser o próximo Presidente da República em Portugal.
Importante é percebermos a natureza dos erros cometidos pelos partidos de esquerda que tornaram este resultado praticamente inevitável. Pelo menos podemos aprender alguma coisa.
Os antecedentes
Nos últimos anos os partidos de esquerda ajudaram a reforçar a imagem de especialista rigoroso que Cavaco sempre tentou cultivar.
Ainda recentemente, com o engodo de derrubar Santana Lopes, a palavra de Cavaco era citada, enaltecida e apresentada como indiscutível.
Tal foi, por exemplo, o caso do artigo publicado no Expresso acerca da "boa e da má moeda". Se dão a Cavaco o poder de definir a boa e a má "moeda" então é porque consideram que ele está num plano superior e é, ele próprio, uma "moeda" muito boa.
O mesmo sucedeu no episódio em que Cavaco recusou, hoje percebe-se porquê, a inclusão da sua fotografia num cartaz da campanha para as legislativas. Foi apresentado pela esquerda como um acto de coragem e um empobrecimento dos apoios a Santana.
Ora se a exclusão de Cavaco diminuía a força de Santana é necessário concluir que Cavaco tem muito valor.
Apesar dos alertas que alguns, como eu, foram lançando a esquerda continuou a "engordar" o prestígio não só de Cavaco como dos seus apoiantes mais destacados (caso caricato da “liberdade de expressão” de Marcelo contra a TVI e de Manuela Ferreira Leite contra Bagão Félix).
Esta política insensata, que se dispôs a pagar qualquer preço em troca da cabeça de Santana, vai agora a dar os seus frutos.
É o que acontece quando não se tem qualquer projecto que não seja ganhar as próximas eleições, e quando não se tem qualquer argumento que não seja a dramática diabolização do adversário.
A escolha do candidato do PS
Quer se goste quer não o candidato escolhido pelo PS tem sempre a pretensão de ser aquele em que a esquerda, mesmo engolindo sapos, se vê forçada a convergir numa hipotética segunda volta. A escolha de Mário Soares como candidato presidencial é, nessa perspectiva, um verdadeiro "hara-kiri" para a esquerda.
Essa escolha deve-se, antes de mais, às guerras internas no Partido Socialista; Sócrates e os seus não podiam admitir que um adversário, que há poucos meses disputou a liderança do PS, acabasse entronizado na Presidência da República.
As outras figuras prestigiadas que o PS poderia lançar na corrida presidencial (por exemplo Vitorino ou Constâncio) não se disponibilizaram, e isso foi interpretado pelo eleitorado como o reconhecimento, por eles, da inevitabilidade da vitória de Cavaco.
Mário Soares é um candidato inconveniente por várias razões:
- A idade. Quer se queira quer não, constitui um problema. A probabilidade de uma pessoa com 81 anos ter problemas de saúde incapacitantes, na duração de um mandato presidencial, é muito elevada.
Embora Soares aparente boa forma física já vai revelando preocupantes sinais de senilidade, que se revelam na sua impaciência no trato com os jornalistas e no desprezo pelas regras de conduta socialmente consagradas, como foi patente no debate com Cavaco.
Só por isso muitos portugueses considerarão um risco votar em Soares.
- A repetição do exercício de um cargo, especialmente no topo da carreira, é em geral considerada aberrante. O homem da rua resume isso na expressão "o Soares já lá esteve".
- A guerra com Alegre. Mário Soares ainda hoje fala da inexistência de candidatos disponíveis como razão da sua candidatura, o que corresponde a desconsiderar de forma um tanto grosseira a candidatura de Alegre.
Ora as sondagens têm mostrado que Alegre seria numa segunda volta, a única que verdadeiramente interessa, um adversário mais difícil para Cavaco.
Depois desta crispação Soares terá muita dificuldade em recuperar os votantes de Alegre para uma hipotética segunda volta.
- A imagem de Soares. Mal ou bem os portugueses criaram de Soares uma imagem de falta de rigor, de amiguismo como critério político (confirmado pela história incrível dos telefonemas dos amigos europeus a dizer mal do Cavaco), de retórica em vez de soluções, em suma, o "nacional-porreirismo" em todo o seu esplendor.
Ao fim de vinte anos de presidências desse tipo os portugueses parecem querer experimentar um estilo diferente, já não lhes basta que o presidente seja bonacheirão e se passeie descontraídamente entre o povo.
Por enquanto parecem querer apenas alguém mais exigente e austero (lá está o Eanes a apoiar Cavaco). Esperemos que o degradar da situação e a insensibilidade dos “políticos” não os leve, dentro de algum tempo, a exigir um estilo claramente autoritário. A história pode repetir-se.
A campanha
A campanha eleitoral de Soares, da forma como vem sendo conduzida, teria que se considerar completamente desastrada se o objectivo real fosse a derrota de Cavaco mas pode ser entendida no quadro da resposta à "dissidência" de Manuel Alegre.
Há vários traços equívocos na campanha de Soares:
- A visão minimalista do papel do Presidente, que é apresentado como figura decorativa, contradiz os "papões" associados à eventual eleição de Cavaco.
- A pretensão de ser um candidato unificador dos portugueses que é desautorizada pela proliferação de candidatos na própria área socialista e pelo discurso “fracturante” baseado na dicotomia direita/esquerda.
- A tentativa de se apresentar como o único candidato capaz de forjar consensos e evitar crispações que é desmentida pelo radicalismo dos anátemas e a deselegância dos ataques e insinuações de índole pessoal.
- A desvalorização de Cavaco como primeiro-ministro, esquecendo que ele próprio era o Presidente nesse período, o que mostra um Soares incapaz de assumir a inevitável co-responsabilidade pelo bom ou mau que realmente tenha então acontecido.
- A dramatização do “perigo da direita” enquanto a maioria parlamentar do PS realiza as mesmas políticas que Santana Lopes foi acusado de tencionar executar e que deram a maioria a um Sócrates que parecia saber como evitá-las.
O apoio do primeiro-ministro em funções não é coerente com o "altermundismo serôdio" do candidato Soares. O discurso de Soares, que parece ter como objectivo ganhar as "primárias" da esquerda, não tem qualquer fundamento na sua acção política passada.
Todas estas incoerências permitem a Cavaco aparecer como alguém que quer ter um papel activo na superação da crise actual e que, estando mais próximo da política do governo, garante a estabilidade institucional de forma mais convincente.
Cavaco pode assim continuar a afirmar, formalmente, o seu respeito pelos poderes presidenciais consignados na constituição já que Soares se encarrega de alimentar a esperança dos muitos que gostariam que Cavaco não estivesse a ser totalmente sincero.
Cavaco beneficia dessa ambiguidade e dos votos que ela representa.
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