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sábado, setembro 25, 2010

Potências emergentes

A população de Nova Deli diz que os Jogos da Commonwealth podem ser como um casamento indiano: nada está pronto até ao último minuto e todos se divertem na mesma.  
Mas, com pontes a cair, as instalações desportivas num estado lastimável, por cima de uma epidemia de dengue e da ameaça terrorista, esta festa parece ter tudo para correr mal. 
É "um choque profundo para a auto-estima indiana", comenta ao PÚBLICO Constantino Xavier, investigador da Johns Hopkins University, classificando esta crise como "um desastre". 
Em Agosto, o primeiro-ministro, Manmohan Singh, tinha afirmado num discurso que "o sucesso da organização dos Jogos da Commonwealth seria mais um sinal enviado ao mundo de que a Índia avança rapidamente e com confiança".
Os Jogos, com estreia marcada para 3 de Outubro, têm sido apresentados como uma forma de mostrar ao mundo a "Índia brilhante", um slogan usado para falar do acelerado desenvolvimento económico do país. Ontem, Singh foi obrigado a convocar uma reunião de emergência com os principais ministros envolvidos no evento. É impossível fugir às evidências.
Nada reluz nas fotografias que vários media têm difundido na Internet para mostrar como estão inabitáveis as instalações criadas para acolher o evento. Nem nas notícias que dão conta do colapso do telhado de um estádio e de uma ponte. 
Alguns responsáveis que visitaram as instalações da aldeia desportiva descrevem-nas como estando "inapropriadas para serem habitadas por humanos". Equipas do Canadá e Nova Zelândia adiaram a sua partida devido às condições "imundas", e o Reino Unido está ainda a avaliar o que fazer. A epidemia de dengue, greves e absentismo dificultaram a limpeza da aldeia desportiva, justificam-se as autoridades indianas.
Uma comissão criada pelo Governo para supervisionar a construção das instalações relatou em Julho que certos certificados de garantia dos equipamentos construídos eram falsos.
À lista de calamidades junta-se a terrível burocracia indiana. "Devíamos criar um organismo responsável por todas as decisões ligadas aos Jogos", comentou à AFP Bimal Jalan, antigo governador do Banco Central. "Este género de coisas cria sempre problemas na Índia, onde nada pode ser feito sem que envolva nove ministérios". Jalan adianta que "não se trata da incapacidade da Índia em construir infra-estruturas. Trata-se da incapacidade do Governo indiano". 
Na terça-feira, a Federação dos Jogos da Commonwealth (CGF) declarou publicamente que a aldeia desportiva estava "seriamente comprometida", pedindo ao Governo que interviesse urgentemente.
Os Jogos deverão juntar sete mil atletas, de 71 países. Realizam-se a cada quatro anos em países membros do antigo império britânico. Este ano, pela primeira vez no seu reinado, a rainha Isabel II não estará presente.
O exemplo chinês
Foi o presidente do comité organizador indiano, Sursh Kalmandi, quem colocou bem alta a fasquia, dizendo que este acontecimento estaria não apenas à altura dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008, como dos "melhores alguma vez organizados".
A comparação com o vizinho chinês é demolidora para o lado indiano. Corrupção, atrasos, burocracias, são características atribuídas à Índia e marcaram o processo dos Jogos, lê-se na "Newsweek" desta semana. Se, no caso chinês, muitas construções estavam prontas bem antes do prazo, na Índia os atrasos saltam à vista (as batalhas legais pela aquisição de terra, um problema que todas as empresas enfrentam, não ajudaram a cumprir prazos). 
Ao contrário de Pequim, que construiu vários edifícios exuberantes - como o Estádio Nacional, conhecido por Ninho de Pássaro, ou o Cubo de Gelo -, Nova Deli terá pouco para mostrar aos visitantes para além do complexo desportivo Thyagaraj, considerado o estádio mais ecológico do mundo. 


Qualquer pessoa que conheça os dois países apercebe-se de notórias diferenças na capacidade de realização. É por isso que certas análises de prospectiva económica, que metem tudo no mesmo saco, não me parecem muito convincentes.


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quinta-feira, setembro 17, 2009

Mulheres do Hindustão em Alcácer

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A inauguração é amanhã, 18 de Setembro, pelas 17 horas
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sábado, fevereiro 28, 2009

Romeu pode ser feliz ?

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O Oscar "indiano" de 2009 é uma parábola sobre o amor como redenção, já não contra o preconceito e as barreiras de classe mas contra o gigantismo da miséria, a amoralidade e o crime.

Os percursos de vida amargos e violentos também podem ser a base sobre a qual se constrói o sonho; mais do que a sua moral é esta a sua descarada esperança. E toca-nos.
Esperança tão inesperada e inconcebível como o sucesso num concurso que não conhece nada para além do dinheiro.

A celebração final, dançada nas plataformas da estação dos combóios, que afasta qualquer interpretação realista da história, termina com a multidão a embarcar e os espectadores a sair da sala.
De volta a este mundo.
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segunda-feira, janeiro 26, 2009

A "outra metade" da humanidade

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Por mero acaso coincidem no dia de hoje, 26 de Janeiro, as comemorações do Novo Ano Chinês (que já referimos aqui) e o grande feriado nacional da Índia, o Dia da República, em que se tornou Estado soberano (26 de Janeiro de 1950).
Sem nós darmos por nada, virados para o nosso precioso umbigo, há cerca de doil mil e quinhentos milhões de seres humanos em festa do outro lado do planeta.

É a "outra metade" da humanidade que só conhecemos como exotismo e a que só concedemos a condição de folclore.
No entanto a grandeza do fenómeno devia comover-nos ou, no mínimo, provocar-nos tonturas. Sem pieguices.
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quarta-feira, agosto 20, 2008

Calma é que é preciso

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Andam agitados os espíritos por causa das medalhas olímpicas que não vêm.
Há dias descobri que há casos muito mais graves do que o nosso. A Índia, com os seus mil milhões de habitantes conseguiu em Pequim, até à data, apenas duas medalhas (ouro e bronze).

Não se trata de nenhum ano mau pois, desde 1928 a Índia teve sempre apenas uma medalha nas várias edições dos JO, com excepção do glorioso ano de 1958 em que conseguiu duas.

Das 15 medalhas obtidas entre 1928 e 2004, 11 foram ganhas no hóquei em campo.

E eu pergunto: acham que os indianos se ralam com isso ? Então vá...



terça-feira, março 25, 2008

O Norte da Índia em 100 imagens

Quem estiver interessado em percorrer o Norte da Índia através das imagens que recolhi basta-lhe clicar numa destas três fotografias (das 115 que o slideshow mostra).









sexta-feira, março 21, 2008

O que ficou da Índia


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Cheguei da Índia afectado pelos exageros do ar condicionado, que era forçado a alternar com o calor dos locais visitados onde era comum a poeirada e os fumos de pequenas fogueiras feitas com lixo. Quase toda a gente no meu grupo foi atingido, de uma forma ou de outra, por tosses e entupimentos respiratórios vários.

Agora que está na hora de encerrar este capítulo apetece, como sempre, o brilharete de uma síntese. Só que a Índia não é país para sínteses; é ao mesmo tempo exótico e familiar, uma espécie de matriz de onde viemos mas que hoje nos surpreende.

Confesso que me surpreendeu o "atraso" da Índia; não pode ambicionar grandes voos um país onde vacas e outras alimárias se passeiam pelas vias do tráfego (realizando o sonho da nossa ACAM), onde há esquinas de lixo a céu aberto, onde a religião impregna o dia-a-dia em vez de ser uma luz orientadora do destino.

A presença do islamismo, embora minoritária, é aliás uma fonte de tensão que se sente claramente. Pareceu-me que a influência cultural dos muçulmanos é maior do que os 15% que as estatísticas lhes atribuem.

Os invasores muçulmanos vindos do Afeganistão no século XVI dominaram a Índia, e a sua cultura milenar, até à chegada dos ingleses no século XIX. Ainda recentemente eu havia referido Akbar, o maior dos imperadores, sem saber que viria agora a estar no que resta dos seus palácios. Esse domínio deixou marcas profundas.

Os monumentos desse perído, fabulosos, estão em certos casos tão mal mantidos que emboram tenham poucas centenas de anos paracem muito mais arcaicos. Os monumentos hindus, muito mais antigos têm um encanto muito especial (As colunas de Qutub Minar, e os templos de Khajurao, por exemplo).

As infraestruturas são muito deficientes e limitam as possiblidades do turismo. É penoso gastar um dia inteiro para fazer um percurso de 300 km por estrada. O aeroporto de Delhi, onde aterrei uma vez e levantei duas vezes, é um caso sério de desorganização e de confusão. No regresso a Lisboa cheguei ao aeroporto às 23 para poder embarcar às três e meia da manhã.

Eu sei que há pólos de excelência, realizações importantes no plano tecnológico mas, pelo que observei em cerca de mil quilómetros de estrada, isso constitui uma gota num enorme oceano. Grande parte da população dedica-se à agricultura e há também centenas de milhões de pequeníssimos comerciantes.




Nas ruelas, à beira das estradas, por todo o lado estes pequeníssimos comerciantes encontram "loja" nem que seja um metro quadrado de solo. Este imenso bazar, que segue o padrão que também encontramos no magrebe, distingue-se pela sua esmagadora dimensão.
Se é verdade que nas imediações das atracções turísticas esses comerciantes terão possibilidade de fazer excelentes negócios já ao longo do país remoto, em pequeníssimas vilórias, não compreendo como pode ser rentável esta extensíssima rede comercial. Deve ser a minha noção de rentabilidade que não se aplica no caso em apreço.

Em conclusão e finalmente em síntese; eu consigo imaginar a China sem miséria daqui a 20 anos. A Índia não.

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sábado, março 15, 2008

Homenagem às mulheres indianas

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Como bom turista lá fui ver o maravilhoso Taj Mahal. Na verdade vi-o ao pôr do Sol, do outro lado do rio e depois ao nascer do Sol.

Na fase das fotografias para a posteridade dei com um grupo de jovens americanos que saltavam como possessos para tentar aparecer nas fotografias por cima do Taj Mahal. Enfim uma cena pouco edificante.

O Taj é sem dúvida um maravilha de equilíbrio e imponência.

Uma outra maravilha da Índia, que não posso calar, são as mulheres.

Trabalham como "moiras" mesmo quando são hindus mas os seus esvoaçantes saris têm sempre uma infinita elegância, quer trabalhem no campo, ou nas obras, ou noutra coisa qualquer.

Numa terra em tantos aspectos caótica e degradada as mulheres são um oásis de beleza e de serena força. Todas elas mereciam também um Taj Mahal.


quinta-feira, março 13, 2008

Khajurao, a veneração do sexo

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No caminho de Varanasi para Agra fiz uma paragem em Khajurao.
Nesta pequena cidade encontra-se um conjunto de monumentos muito especiais, classificados pela UNESCO como património da humanidade, construídos entre o século IX e o século XI.
Ricamente trabalhados em calcário têm vindo a desaparecer com a passagem do tempo mas ainda lá se podem ver interessante estatuária sobre as virtualidades do sexo. Aqui fica uma das muitas imagens que recolhi no local.

quarta-feira, março 12, 2008

Varanasi, a antiquíssima



Ontem à noite em Varanasi vi o maior caos de tráfego a que já me foi dado assistir em dias da minha vida. Burros, vacas, padiolas, riquexós, lambretas, automóveis e bicicletas aos milhares.
O que me perturba é pensar que este formigueiro se estende, neste país, a outras mil milhões de pessoas (um número que continua a crescer).

De barco percorri as margens do ganges, à noite e de madrugada, e presenciei as cremações como todo o bom turista. Confesso que os rituais funerários que vi no Nepal me impressionaram mais.

Em Varanasi estes cultos são antiquíssimos e o local é habitado há mais de três mil anos. O tempo aqui pesa.

Passámos num templo lindíssimo que está paredes meias com uma mesquita, acrescento colonialista posterior, que tem dado origem a muitos conflitos com os muculmanos. Havia tropa por todo o lado.

Hoje sigo para Khajurao.

sexta-feira, março 07, 2008

Delhi_catessen



Cá estou eu em Delhi. A viagem de avião foi relativamente pacífica e não foi demasiado cansativa.

A cidade tem alguns monumentos notáveis com destaque, em minha opinião, para o recinto do Qutub Minar.
Mas o que deu mais gozo foi o passeio em riquexó por dentro do bairro muçulmano da velha Delhi. Uma viagem estonteante por dentro de um labirinto.

Delhi é enorme (14 milhões) e o trânsito não dá para explicar.
Acho que devíamos usar Delhi para a "formação" de duas entidades:

ASAE - Os agentes só deviam ser lançados em Portugal depois de um estágio a controlar o comércio e os restaurantes em Delhi
ACAM - Os fundamentalistas da estrada deviam ser amarrados dentro de um taxi em Delhi até jurarem não mais importunar os condutores portugueses.

É o meu primeiro dia na Índia mas já cheguei a uma conclusão: quando se mistura a China e Índia como países emergentes está a falar-se de duas realidades muito diferentes, tanto do ponto de vista económico como do ponto de vista cultural. A explicação fica para depois.