quarta-feira, setembro 30, 2009

O Tsunami explicado às crianças (e aos fanáticos)

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A 18 de Setembro foi registado um sismo subterrâneo de grande magnitude com epicentro na primeira página do Diário de Notícias. Ainda estavam todos a exigir a explicação do sucedido quando foram surpreendidos por um tsunami que, saindo pelos televisores, deixou tudo de pernas para o ar.
Os fanáticos são como as crianças, por isso é preciso explicar-lhes tudo timtim por timtim. Aqui vai sob a forma de historieta.
Até ao dia 18 de Setembro nada de notável tinha acontecido, vivíamos todos na nossa pasmaceira habitual mas um dos imbecis que habitam no PS, e se alimentam do PS, sugeriu que seria uma grande ideia lançar uma bomba nos jornais para lixar a Dra. Manuela das asfixias. E assim foi.
Esqueceram-se de perceber que, por tabela, afinfavam no Sr. Silva ou então acharam que era um excelente "2 em 1". Seguiu-se uma campanha desenfreada que deu 36% no Domingo mas que entretanto tinha entalado o Sr. Silva contra a parede, com transmissão em directo e em canal aberto.
O tsunami era a consequência inevitável. Agora andamos todos a ver se encontramos um governo viável por entre os destroços. A moral da história fica por conta de cada um.
Agora a sério.
O PS fez o que nunca ninguém tinha feito: atacar e pôr em causa o Presidente da República.
Nem a direita nos piores tempos de Soares ou de Sampaio se atrevera a tocar nessa instituição que parecia ser a única para onde os portugueses ainda se podiam voltar quando tudo o mais falhava.
Essa válvula de escape do sistema foi eliminada em troca de quê ? De uma semi-vitória nas legislativas de 2009.
Essa válvula de escape do sistema foi eliminada com base em quê ? Um email escrito há 17 meses por um jornalista sobre um história que roça o ridículo e que foi roubado não se sabe por quem.
E agora ?
O que é que acontece quando o partido mais votado é acusado pelo Presidente de mentiroso, manipulador, intolerável e indecente ?
Para já esse partido finge que não ouviu. Mas será que resulta ?
Estou convencido de que, aberta esta caixa de Pandora, nos esperam tempos muito difíceis de radicalização à esquerda e à direita, até que as próximas eleições presidenciais em 2011 resolvam esta guerra.
Antevejo que Cavaco vai procurar empurrar o PS para uma aliança com o BE e o PCP.
Dessa forma Cavaco pode sonhar com a reeleição pelo desgaste de um governo crismado como "comunista". O "radicalismo" de tal governo, se forem dados os pretextos convenientes, pode atirar os eleitores do centro para os braços do novo PSD à Passos Coelho, nas eleições que o presidente reeleito convocará para salvar o país da "revolução". Um governo de maioria de esquerda é, com razão ou sem ela, a única esperança da direita para regressar ao poder.
Se os actuais votantes não chegarem para concretizar tal plano poderá sempre recorrer-se a uma campanha de terrorismo ideológico que assuste, e faça regressar ao sistema eleitoral, os 39% que se abstiveram no dia 27.
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terça-feira, setembro 29, 2009

A fava

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O brinde do famoso Bolo das Escutas saíu, no dia 27, ao Engenheiro Sócrates. Hoje à noite ficaremos a saber a quem vai caber a fava.

Adenda às 21:40 - a fava é para o Zé Povinho. Começou a campanha para as presidenciais. Os irresponsáveis que resolveram usar esta parvoíce das "escutas" para ganhar as legislativas arranjaram um rico sarilho de consequências imprevisíveis. De repente a formação do próximo governo deixou de interessar, vamos assistir a uma polarização e guerra sem quartel entre a esquerda e a direita em plena crise económica. Mesmo que seja verdade que F. Lima tentou, há 17 meses, publicar uma noticiazeca isso é ridículo face ao terramoto que foi desencadeado.

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segunda-feira, setembro 28, 2009

Sem a pesada herança

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Com a sua votação no Domingo os portugueses obtiveram um importantíssimo resultado: finalmente têm um Primeiro Ministro que não se pode desculpar com a herança deixada pelo governo anterior.
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Porque não se pode confiar em quase ninguém

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"Se pensarmos nisso, olharmos para o passado ou tentarmos recordar-nos, é provável que acabemos por descobrir que é raro existir alguém que não ponha um ideal ou uma entidade bastante impessoal e abstracta acima das suas relações com as outras pessoas.
Esse nobre conceito é reiterado espontaneamente em todos os tipos de situações e não só é aceite como também desperta reacções elogiosas e de admiração.
As pessoas que o manifestam são geralmente aplaudidas como exemplos de empenho, abnegação, altruísmo e até lealdade. É muito provável ouvi-lo também, com variações, da boca de futebolistas, políticos e guerrilheiros e, obviamente, de nacionalistas e religiosos de todas as crenças, cuja razão de ser é essa mesma.
Eu, por outro lado, considero-a uma afirmação perturbadora, para não dizer aberrante, e faz-me imediatamente desconfiar do seu autor.
Essas palavras implicam sempre que qualquer coisa, frequentemente algo que não existe ou é, no máximo, intangível ou invisível, está acima de tudo o resto e, naturalmente, das outras pessoas: Deus ou a Igreja, a Espanha, a Catalunha, a empresa, o partido, a ideologia, o Estado, a revolução, o comunismo, o fascismo, o sistema capitalista, a justiça, a lei, a língua, esta ou aquela instituição, uma escola, um jornal, um banco, a coroa, a república, o exército, um nome, este ou aquele canal de TV, determinada marca, o Barcelona ou o Real Madrid, a minha família, os meus princípios, o meu país."
No seu desbragado exagero esta tese do escritor Javier Marías, que pode continuar a ler AQUI, contém grandes ensinamentos sobre as raízes do fanatismo.
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domingo, setembro 27, 2009

Declaração de (não) voto

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Escrevo este post antes de serem conhecidos os resultados da votação para que não se diga que o faço por causa deles.
Escrevo por imperativo cívico, para afirmar que os resultados, sejam eles quais forem, ficarão inevitávelmente manchados por aquela que foi, provávelmente, a mais grave mistificação durante um período de campanha eleitoral desde que a nossa democracia atingiu a sua fase "civilizada".

Os factos

- A 18 de Agosto 2009 o Público incluiu uma abordagem das escutas com pretexto nas afirmações do PS de que haveria assessores de Cavaco a colaborar na preparação do programa do PSD. A tese implícita era que o PS só podia fazer tal tipo de afirmações se estivesse a vigiar os tais assessores.
- Cerca de um mês depois, a poucos dias das eleições legislativas, o DN publicou o conteúdo de um email enviado por um jornalista do Público a um colega em Abril de 2008. Nesse mail era mencionada uma reunião com Fernando Lima, assessor de Cavaco, em que ele pedira a divulgação pelo jornal das suspeitas da presidência relativamente a uma hipotética vigilância a que estaria submetida.
- Não se sabe quem, quando e por que meios obteve o referido email e como foi ele parar aos jornais.
- Não se conhece qualquer declaração do autor, nem de Fernando Lima, sobre os factos relatados no email.
- Apesar de todas estas incertezas e indefinições o artigo do DN deu origem a uma desefreada campanha mediática que se desenvolveu como se fossem inquestionáveis:
1) os factos relatados no email,
2) a ligação entre esses factos e o artigo do Público publicado 17 meses depois, em 18 de Agosto 2009,
3) o envolvimento de Cavaco, como mandante,
4) a inexistência de quaisquer escutas,
5) a inexistência de qualquer "asfixia democrática" como corolário da inexistência das escutas
- Esta campanha estendeu-se a todos os meios e, a partir desse momento, não houve qualquer outro tema relevante que conseguisse obter atenção e tempo de antena durante o que faltava da campanha eleitoral.
- Pela primeira vez na nossa história recente a luta política partidária usou meios que põem em causa a dignidade da função presidencial e que constituem um verdadeiro "julgamento mediático" do Presidente, com consequências imprevisíveis para o regime.

Considerandos sobre uma história mal contada

- Um Presidente tem tão poucos meios e poder que manda um assessor pedinchar a um jornalista subordinado o favor de uma noticiazinha ? Por que é que ele não ligou ao Belmiro ou, já que dizem que o homem está a soldo, ao director do Público ? Porque é que falaria com um subalterno sujeitando-se a ser desmascarado ?
- Mesmo admitindo que tenha feito tal pedido, e admitindo que o artigo de 18 de Agosto do Público era consequência desse pedido, temos que concluir que só foi atendido 17 meses depois. O homem não tem mesmo influência nenhuma.

Conclusões

A meia dúzia de dias das eleições transformar isto numa coisa essencial é claramente uma manobra cujo beneficiado é, sem dúvida, o Partido Socialista.
O desafio a Cavaco, que só foi lançado para salvar in extremis estas legislativas, faz-nos a todos correr graves riscos de turbulência no momento de formar o novo governo. Neste tempo de enormes dificuldades e incertezas estamos perante o espectro da ingovernabilidade já que, na prática, se está a antecipar dois anos a luta pela Presidência.

Se por um lado este episódio revela uma hipotética tentativa canhestra da parte de Cavaco por outro expõe a potentíssima máquina mediática que conseguiu de uma penada, a partir de material clandestino e irrisório, substituir na campanha o julgamento do governo de Sócrates por um ataque ao PSD e ao Presidente da República.
Os portugueses podem portanto ter dúvidas acerca da competência conspirativa de Cavaco e dos seus assessores mas não podem ter qualquer dúvida sobre a existência algures de uma fábrica comunicacional capaz de transformar quase nada em quase tudo.
Eu, pela minha parte, passarei a interrogar-me sistemáticamente sobre toda e qualquer informação proveniente de tal fonte.

Através destas denúncias mútuas ao mais alto nível, que creio se irão intensificar, desaparece qualquer referêncial credível para os cidadãos.
Em suma, tudo isto é delirante e faz supor que realmente estamos a ser governados por seitas secretas em que nunca votámos.

O regime já de si tão debilitado foi alvo, por obra e graça do fanatismo partidário, de um dos mais contundentes ataques da sua história.
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O dever cívico

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O bom povo português que ontem encheu as bancadas da Luz e do Dragão é o mesmo que hoje, com igual determinação clubística, ponderação e discernimento estratégico, vai às urnas escolher a doutora ou o engenheiro.

Bem haja.

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sábado, setembro 26, 2009

Presunto e abanico

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Ao ler o Publico.es descubro finalmente o porquê das reservas de Manuela relativamente a nuestros hermanos:
"Hace una semana, las encuestas para las elecciones generales de mañana indicaban un empate técnico entre los dos grandes partidos, un cuadro que cambió radicalmente al desmoronarse las acusaciones de un presunto espionaje al presidente conservador, Aníbal Cavaco Silva, que habría sido ordenado por el primer ministro socialista, José Sócrates."
Nunca me passou pela cabeça que um presunto estivesse envolvido, como espião, nas escutas ao senhor Presidente. Se eles o dizem...
De notar também que consideram Sócrates não só favorito como, o que é muito mais arrojado, até mesmo socialista.
Mas a sobranceria dos espanhóis é ainda mais grave na forma como caracterizam a política no nosso país:
"El abanico político portugués, además de ser amplio, se presenta confuso."
Volta Manuela, estás perdoada.
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UTOPIA

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Era uma vez um país tão igualitário, tão igualitário, que o Presidente quando queria publicar mandava o assessor pedir por favor ao porteiro do jornal.

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Dia de reflexão

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A campanha acabou. Os golpes e contra-golpes de bastidores levam-nos a suspeitar que, nesta aparência de democracia, somos de facto governados por seitas secretas que desconhecemos. Aqueles em que se vota amanhã são meros testas de ferro ?

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sexta-feira, setembro 25, 2009

Ninguém quer a China



A Liga Espanhola de Futebol (LFP) está a considerar a possibilidade de voltar a realizar grande parte dos jogos do escalão principal às três da tarde. Porém, a intenção não passa tanto por agradar aos adeptos mais apegados às tradições, mas antes pela necessidade de conquistar novos mercados, em especial o asiático. A antecipação de jogos para o prime time televisivo em países como a China é o caminho apontado pelo director geral da Liga, Francisco Roca.
Esta notícia recente é bem esclarecedora da atenção que "nuestros hermanos" dedicam à grande potência asiática em ascensão. Na nossa campanha eleitoral, onde o sentimento anti-espanhol até teve afloramentos, ninguém se refere à China. Porquê ?
A China é um exemplo inconveniente quer à esquerda quer à direita.

À esquerda porque mostra que um partido comunista, mesmo omnipotente como é o chinês, teve que reconhecer que precisava dos mecanismos capitalistas para relançar o crescimento económico.
Considerando que a sociedade é um barco e que o estado é o casco, por mais forte que o casco seja há que perguntar qual é o motor se quisermos que o barco siga em frente. Os chineses montaram um motor capitalista num barco cujo casco é fortíssimo e continua a ser assegurado pelo Partido Comunista da China. Reconheceram portanto que não existe, para já, nenhum motor mais eficiente.

À direita a China causa outro tipo de engulhos. A tese de que o modelo ocidental de democracia parlamentar é o único que permite que o mercado funcione é desmentido pela experiência chinesa. O mercado imenso que é a China neste momento tem uma dinâmica imparável e a China enriquece todos os dias mesmo quando os outros países mirram sob a crise.
Em democracia sobrevive-se a curto prazo prometendo tudo a todos, mesmo que tal seja impossível; o governo chinês está livre desse fardo e pode concentrar-se no futuro.
Os recursos financeiros da China permitem-lhe até andar pelo mundo a comprar empresas e recursos naturais aproveitando estarem ao "preço da chuva".

Por tudo isto os nossos políticos procedem como se nada estivesse a acontecer a Oriente, nem sequer fazem como os espanhóis e brasileiros que tentam desesperadamente aproveitar, ao menos, o potencial de um mercado gigantesco.
Por cá ninguém quer a China mas a realidade far-nos-á uma grande partida mais dia menos dia.

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quinta-feira, setembro 24, 2009

Avante ou avançar ?

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Acabo de me cruzar com uma uma arruada (ou avenidada pois foi na Av. da Igreja) da JS, comandada para meu espanto pelo bisonho Vitalino "apanha as" Canas.
O homem, em pessoa, parece um daqueles tipos que ficaram até muito tarde nos escuteiros mas que, neste caso, usa fato com colete mesmo sob 29º de temperatura.
Um simpático jovem ofereceu-me a simpática raquette que figura neste post um adereço que, suponho eu, a JS recomenda ao povo para enxotar os problemas que o afligem.
Ao receber a oferta eu gritei: "Avante Portugal !", para testar o jovem. Ele, prevenido e bem formado, percebeu a provocação e respondeu: "Avante não, avançar !".
Talvez avante e avançar não sejam assim tão diferentes. Quando me meti no carro ouvi, no noticiário, que uma aliança pós-eleitoral entre o PS e o PCP começa a estar em cima da mesa.
Creio perceber que o Eng. Sócrates quer ver se arranja forma de evitar o Dr. Louçã, que ele considera, sabe-se lá porquê, um chato.
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quarta-feira, setembro 23, 2009

Por que não vou votar

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Há dias o DN dizia que, há 17 meses, um jornalista disse que um assessor lhe dissera que o presidente havia dito que temia que escutassem o que eventualmente dissesse.
Este episódio remoto, um pouco ridículo, foi transformado no centro da campanha eleitoral e passou a dominar todos os noticiários e debates, o que é notável como manobra política.
Se por um lado revela uma hipotética manobra canhestra da parte de Cavaco por outro expõe a potentíssima máquina mediática do PS que conseguiu de uma penada, a partir de material clandestino e irrisório, substituir na campanha o julgamento do governo de Sócrates por um ataque ao PSD e ao Presidente da República.
A organização que esta operação pressupõe é de alto calibre e não funciona certamente na base da improvisação e da carolice. Se a isto juntarmos o caso da Manuela Moura Guedes, e não só, talvez a "asfixia democrática" invocada pela "outra senhora", ou pelo menos a asfixia do PSD, comece a fazer algum sentido.
Eu disse recentemente que uma coligação de direita não tem condições sociais para governar Portugal. Os factos recentes deram-me razão e mostram que um governo desse tipo seria trucidado pela máquina mediática do PS em três tempos, como sucedeu com Santana em 2005. De qualquer forma, como é óbvio, essa nunca seria a minha opção de voto.
Mas o PS, cujas tentativas reformistas têm muitos aspectos que eu aprecio, assusta-me enquanto cidadão. A sua capacidade para manipular a informação ultrapassa o razoável e causa-me uma certa repulsa.
A guerra com Cavaco, que só foi empolada para salvar in extremis estas legislativas, faz-nos a todos correr graves riscos de turbulência no momento de formar o novo governo. Neste tempo de enormes dificuldades e desafios estamos perante o espectro da ingovernabilidade já que estão a antecipar dois anos a luta pela Presidência.
À esquerda do PS o panorama é desolador. Não há uma ideia consistente de futuro e, à falta de uma proposta verdadeira alternativa, começam a proliferar os saudosismos e os radicalismos imbecis.
Numa bebedeira emocional preparam-se para reeditar os mesmos erros com que, em 1975, arruinaram o verdadeiro PREC.
Perante isto declaro-me impotente, tal como a generalidade dos cidadãos.
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terça-feira, setembro 22, 2009

Fábrica 798, Pequim

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From Beijing 798


No dia 20 de Setembro o DN noticiava:
Os edifícios da antiga fábrica da Oliva, em São João da Madeira, com arquitectura de autor nos anos 50 e 60, vão acolher indústrias criativas e actividades culturais, com a designação Oliva Creative Factory, incluindo um centro de arte contemporânea e dois núcleos museológicos.

Esta excelente notícia trouxe-me à memória a Fábrica 798, em Pequim, que visitei recentemente.

Trata-se de uma antiga fábrica de componentes para a indústria de armamento que depois de vários anos de abandono foi entregue aos artistas plásticos.
Hoje é uma das mais visitadas atracções turísticas da cidade. Lá estão instaladas inúmeras galerias de arte e exposições bem como lojas e cafés.
Veja mais imagens da Fábrica 798 clicando AQUI.
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domingo, setembro 20, 2009

O Campeonato

A campanha eleitoral tornou-se um campeonato dos espiões. Ficámos agora a saber que dirigentes do BE têm PPRs e acções de empresas capitalistas. Pelos vistos "quem se mete com o PS leva...".
A história das escutas no DN está mal contada e revela maquiavelismo. O Público cumpriu o "pedido do Presidente" dezassete meses depois ? Parece demasiada falta de respeito por parte de um jornal subserviente.
As actuações quer do Público quer do DN (quem lhe entregou o tal email ?)são ambas deploráveis e revelam a guerra reinante entre os gangs de assessores.
Sucedem-se, e provavelmente continuarão a suceder, os "escândalos"- caso Público, PPRs do BE, votos pagos no PSD, congelamento da carreira do juiz Rui Teixeira, emprego de MFL no Santander etc, etc. Não é estranha tanta coincidência de casos neste momento? há que perguntar a quem servem?
O que aparentemente se passou com o Público é diferente da habitual relação entre jornais e fontes no governo ou na presidência?
Eu como cidadão evitarei embarcar nesta divisão entre anjos e demónios.
Para já faço uma dedução: a investida contra o PR, com base no caso do Público, parece revelar que o PS prevê um governo da MFL apoiado por Belém em vez de um governo PS a necessitar da colaboração presidencial na sequência das próximas eleições.
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sábado, setembro 19, 2009

Os 60 anos da RPC

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No dia 1 de outubro a China vai comemorar os 60 anos da implantação da República Popular com um desfile que promete espantar o mundo.
Veja aqui uma série de fotografias sobre os preparativos.

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Coabitação Democrática

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Um jornal que recebe dicas de um assessor presidencial e outro que passados dezassete meses, em plena campanha eleitoral, tem acesso a mensagens privadas de jornalistas do primeiro. O mais grave é que, por ganância eleitoral, resolveram esgrimir em público estes actos "triviais" que normalmente ocultam das nossas vistas.
É este o ambiente de guerra de gangs em que vivemos e não é só na Quinta da Fonte.

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sexta-feira, setembro 18, 2009

Ir ou não ir à missa

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Pensamento do dia:
Para ter sucesso e ser estimado em Portugal é imprescindível ir à missa (qualquer que ela seja).
Espíritos livres, críticos e independentes não são apreciados. Amen.
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Misantropo

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Estreou ontem nos salões do Palácio Marquês de Tancos este clássico de Moliére.Um texto e uma tradução magníficos servem um tema carregado de actualidade.
O teatro em todo o seu esplendor.
Ver mais aqui

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quinta-feira, setembro 17, 2009

Por que não gosto de campanhas eleitorais

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As campanhas eleitorais são uma bebedeira de emoções clubisticas, são o último lugar onde alguém, alguma vez, será esclarecido.
As campanhas funcionam com uma terminologia que põe a realidade entre parentesis, ai de quem não consiga distanciar-se; desviam a atenção daquilo que a experiência nos mostrou acerca dos candidatos no passado para aquilo que prometem no futuro.
As Campanhas eleitorais são como discutir o Relatório e Contas e o Plano de Actividades do Benfica nas bancadas do estádio durante um jogo contra o F.C. Porto.
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Mulheres do Hindustão em Alcácer

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A inauguração é amanhã, 18 de Setembro, pelas 17 horas
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terça-feira, setembro 15, 2009

A barbárie dos civilizados

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Na minha recente viagem a Pequim tive oportunidade de visitar o que resta do antigo Palácio de Verão destruído, saqueado e depois incendiado por forças do exército francês e inglês em 1860, durante as "Guerras do Ópio". É um episódio vergonhoso e revoltante.

O número de obras primas de todo o tipo que foram roubadas ou que se perderam é incalculável (as duas estatuetas que foram leiloadas recentemente pela Christies sob protesto da RPC são apenas um pálido exemplo).

Charles George Gordon, um capitão, de 27 anos de idade, nos Royal Engineers, escreveu:

Nós saímos, e, depois de o pilharem, queimaram todo o lugar, destruindo à maneira dos vândalos a maior parte da valiosa propriedade a qual não pode ser substituída por quatro milhões. Recebemos um prémio monetário de mais de £48 ... Eu tenho feito bem. A população [local] tem muitos civis, mas eu penso que os grandes nos odeiam, como devem depois do que fizemos ao palácio. Vocês dificilmente podem imaginar a beleza e magnificência dos locais que queimámos. Fez uma ferida no coração queimá-los; de facto, esses lugares eram tão largos, e nós estávamos tão pressionados pelo tempo, que não foi possível pilhá-los cuidadosamente. Quantidades de ornamentos em ouro foram queimadas, consideredos como latão. Foi miseravelmente desmoralizador trabalhar para um exército. (texto extraído da Wikipedia, elucidativo apesar da tradução deficiente)

Ainda hoje se sente a repulsa dos chineses pela violência colonial de que foram alvo, apenas há 150 anos, por parte daqueles que passam a vida a exigir a abertura e a moderação dos outros.



No museu que se encontra junto ao local dos antigos jardins está reproduzida uma carta, escrita por Victor Hugo, expressando indignação pelo vandalismo das forças francesas e inglesas.



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segunda-feira, setembro 14, 2009

O melhor das autárquicas (para já)

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Prémio "Diga bom dia com Mokambo"


Prémio "Suspense"


Prémio "Sem Espinhas" I:


Prémio "Sem Espinhas" II:


Prémio "Põe tua mão na mão do teu Senhor":


Prémio Figurantes:


Prémio "Mãos na massa":


Prémio "die hard":


Prémio Madre Teresa:



Prémio Carreira (Edição Dulpa):




E, finalmente, o cartaz mais sincero de todos:


Recebido por email, de autor desconhecido

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O dilema eleitoral






Regressei a Portugal quando, em teoria, a campanha eleitoral deve começar mas tenho a sensação de que já tudo foi dito antes de eu chegar.
Não resisto à tentação de dar o meu "contributo" para a confusão instalada.
Eu acho que estas eleições apresentam um verdadeiro quebra-cabeças a quem pense ir votar (aos outros já lhes basta a descrença sobre o futuro do país).
Falemos então do dilema eleitoral.
Uma maioria de direita, do PSD ou do PSD+CDS, não tem condições sociais para governar. A agitação sindical e as investidas da comunicação vão esfrangalhar qualquer governo desse tipo em três tempos. Não deve conseguir durar um ano, pelas minhas contas. Basta ver o que sucedeu ao governo de Santana Lopes.
Mas uma maioria por convergência à esquerda, por exemplo do PS com o BE, ao introduzir na área do poder forças vocacionadas para a contestação em roda livre, que não têm projecto próprio que não seja de negação, pode produzir resultados catastróficos. Talvez uma tal coligação seja a única hipótese de a direita voltar a ter uma base social de apoio para governar, de forma musculada.
Portanto, meus caros, só vos resta votar no senhor engenheiro e rezar para ele ter maioria absoluta. De todos os maus cenários de futuro que nos cercam esse é capaz de ser o menos mau.
Espero não vos ter desmoralizado em demasia, só o suficiente.
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domingo, setembro 13, 2009

O nosso Cristiano Globaldo

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Andei meia duzia de passos no aeroporto de Pequim, ainda meio a dormir depois de nove horas dentro do avião, e deparo com o nosso Cristiano Globaldo em grande estilo a mostrar a garrafa do champô.

Mal sabia eu então que haveria de voltar a vê-lo, durante dez dias, nas fachadas dos autocarros e nas televisões dos apeadeiros do metro.


É o milagre da globalização das imagens icónicas. A um menino português, ainda por cima nascido na ilha do doutor jardim, basta-lhe mostrar a face para até os chineses se precipitarem na direcção da drogaria.

Entretanto eu via-me aflito para eles perceberem que acabava de chegar de "pu tao ya" (que é a maneira que eles têm de referir o nosso país). É obra.

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sábado, setembro 12, 2009

Uma Revolução que chega à terceira idade ?

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Por estes dias, em Pequim, presenciei os frenéticos preparativos para as comemorações do 60º aniversário da República Popular da China.

Lamentavelmente não consegui vencer o bloqueamento do Blogger, nem do Twitter nem do Facebook. Por isso agora, que regressei, vou ter que relatar as minhas experiências em diferido.

No próximo dia 1 de Outubro os chineses vão, de novo, tentar espantar o mundo. Diz-se que 200.000 pessoas participarão cantando, dançando ou desfilando. Um espectáculo a não perder, ao menos na televisão.


O imenso mercado-formigueiro que é Pequim não exagera, nas ruas, os símbolos da Revolução.
Mas os retratos de Mao, em algumas montras e na exposição retrospectiva de 60 anos de pintura, parecem assistir atónitos ao pulular dos Business Centers e do Kentucky Fried Chicken.

Consegui em Pequim, apesar de tudo, ler na internet os nossos jornais e até ouvir as nossas rádios. Assim recebia ecos fragmentados da campanha política em curso.
Confesso que os debates me soavam ainda mais patéticos naquele mundo em que me encontrava.

Tinha estado em Pequim em 2006 e, passados três anos, senti uma enorme evolução. Não só nos espantosos edifícios (estádio olímpico, centro de artes performativas, torre da CCTV, etc) mas a todos os níveis.
Sente-se que estamos perante um país cada vez mais rico e os shows televisivos de exaltação nacional, de estilo impensável pelos nossos padrões, não parecem ser destituídos de razão aos olhos dos chineses.

Nas ruas tem-se uma sensação brutal de vitalidade, literalmente milhões de pessoas lutam árduamente, penosamente, pela sua sobrevivência e por uma vida melhor. Sessenta anos de socialismo ensinaram-lhes que o Estado não pode ser a solução para tudo e muito menos para a angariação do sustento de cada família. Eles trabalham sem rede mas com uma comovente dignidade.
Essa atitude de um povo que ignora a resignação e a dependência é, quanto a mim, a maior força da China.

Em Portugal quase todos os discursos, para ganhar as eleições, convencem o povo de que os direitos do Estado Social são viáveis, sem grandes sacrifícios, apesar de o país empobrecer todos os dias.
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