sexta-feira, junho 29, 2007

Canárias, Abril 2007


Clique aqui para ver as imagens que recolhi nas Canárias, terra de vulcões, em Abril 2007.


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quinta-feira, junho 28, 2007

A Travessia do Deserto

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quarta-feira, junho 27, 2007

Goodbye, mister socialism
















Eduardo Prado Coelho, no Público de hoje, informa:

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António Negri publicou em 2006, na Feltrinelli, um livro a que deu o provocador título de Goodbye, mister socialism. Trata-se uma longa entrevista feita por Ralf Valvola Scelci, onde Negri expõe, de um modo sucinto mas incisivo, o seu actual pensamento político.
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Porquê este adeus ao socialismo? Porque segundo Negri as esquerdas tradicionais têm uma concepção muito simplificada das suas tarefas: aceitam o liberalismo capitalista mas procuram dar-lhe enquadramento social. E defendem acima de tudo os interesses sindicais dos que têm emprego.

Pode-se dizer que a sua grande obsessão é o emprego. Falta-lhe uma ideia de conjunto que integre as profundas transformações da sociedade contemporânea.

"Os socialistas perderam as referências colectivas."

E é aqui que os movimentos sociais (que são capazes da violência pontual, mas não sonham com a tomada de poder) entram em cena em nome de uma ideia inovadora do "comum". Hoje mobilizar a sociedade significa "entrar profundamente nas consciências".
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Noto, modestamente, a semelhança entre estas ideias e aquelas que tenho defendido nos últimos anos, quer em livro quer neste blog.
Fiquei muito interessado em ler o livro, o que farei em breve, para depois comentar.
Creio que a defesa deste tipo de teses explicará o súbito eclipse de Negri que ainda recentemente andava nas "bocas do mundo" (de certa esquerda).
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terça-feira, junho 26, 2007

Colecção Berardo

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sábado, junho 23, 2007

OPERACLICK



Eu gostei bastante da versão de Macbeth apresentada recentemente no Teatro de S. Carlos.

Fui descobrir uma crítica ao espectáculo no site italiano OPERACLICK (site que recomendo a quem queira estar a par do mundo da ópera a nível internacional).
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sexta-feira, junho 22, 2007

O Decálogo dos Condutores

O Vaticano divulgou recentemente o Decálogo dos Condutores, uma versão dos dez mandamentos para aplicação rodoviária, tentando contribuir dessa forma para o combate aos acidentes na estrada.

No sentido de acelerar os efeitos práticos desta medida foi nomeado um nuncio especial, o Cardeal Guido Ferrari, que iniciou em Lisboa um périplo europeu.

O cardeal, num gesto inédito, fez questão de usar um boné da Brigada de Trânsito, durante a bênção, para mostrar o seu desígnio de estabelecer uma cooperação intensa com a GNR.




Mais tarde reuniu com as Estradas de Portugal E.P.E. cuja denominação, segundo o cardeal, deveria nas novas circunstâncias ser modificada para Caminhos do Senhor E.P.E.
A proposta foi recebida no gabinete do ministro Mário Lino e vai ser estudada para averiguar do eventual impacto sobre a localização do novo aeroporto.

Para se deslocar até ao local das suas várias reuniões o embaixador do Vaticano não hesitou em montar um motociclo da BT, mitra ao vento, com o intuito de avaliar a potência dos meios usados pelas forças de segurança.




Antes de deixar o nosso país Monsenhor Guido Ferrari tem ainda agendada uma reunião na Direcção Geral de Viação por forma a harmonizar a punição das contra-ordenações que, para além das coimas e da inibição de conduzir, deverá também vir a contemplar a penitência do terço.

Em complemento será apresentado um projecto inovador: o “Rodofessionário”.
O projecto do “Rodofessionário”, que ainda procura fontes de financiamento, prevê a colocação de um confessionário em todas as Operações STOP da GNR, para ser usado nos mesmos moldes que o balão da alcoolemia embora com carácter facultativo.
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quinta-feira, junho 21, 2007

Pas-de-deux fabuloso



O espantoso filme que se segue mostra um pas-de-deux apresentado pelo Circo de Ballet Chinês (Guangdong) no Festival de Circo de Mónaco.
A bailarina Wu Zhengdan dança em pontas sobre os ombros e a cabeça do bailarino, o seu marido Wei-Baohua.




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terça-feira, junho 19, 2007

Devolver a palavra ao povo



A confusão autárquica em Lisboa e a convocação de eleições, com Carmona e parte da vereação arguidos num processo, foi apenas o culminar de um longo estertor de acções e omissões em que quase todos os partidos estão comprometidos.

Quando as principais forças políticas tomaram finalmente a decisão de derrubar o executivo insistiram num mote de belo efeito: “devolver a palavra ao povo”. Não como uma inevitabilidade para a qual tinham contribuído mas sim como uma receita infalível para a resolução do imbróglio.

Cabe então perguntar se as eleições que se aproximam nos permitem, ao menos, ter a esperança de que os problemas de Lisboa se resolvam ?
Infelizmente, à luz das primeiras sondagens, a resposta a esta pergunta parece ser NÃO. Vejamos porquê:

- Tínhamos uma câmara apoiada por uma maioria na Assembleia Municipal. Agora parece que vamos ter guerra entre as duas instituições.

- Tínhamos uma maioria possível, na Câmara, pela simples aliança de dois partidos da mesma área política. Agora não se vislumbra o contorno de uma nova maioria.

- Tínhamos cinco partidos que se digladiavam na Câmara. Agora teremos quatro ou cinco partidos e mais dois independentes que o são em conflito com os partidos. Não parece mais fácil de conciliar.

- Tínhamos um Presidente independente embora eleito nas listas de um partido. Agora teremos um Presidente que é um alto dirigente partidário, ex-ministro, autor de leis autárquicas controversas e favorável à Ota.
Parece assim provável a invasão da Câmara pelas guerras contra o Governo do PS e portanto as convergências na Câmara, dadas as divergências a nível nacional, serão ainda mais difíceis.

São dados como certos no executivo camarário António Costa, Negrão, Carmona, Roseta, Ruben e Sá Fernandes. Eis então o que falta decidir :

- O Ruben levará com ele algum camarada ?
- O “Zé” terá a companhia de algum bloquista ?
- O Telmo entra ou não entra ?
- O Negrão fica à frente do Carmona ?
- A Roseta fica à frente do “Zé” ?
- O Carmona e a Roseta elegem quantos acólitos ?
- O Costa terá maioria se se aliar ao Negrão ?

Se esta última hipótese acontecer voltam a mandar em Lisboa os dois partidos que votaram tudo o que foi decidido nos últimos anos.

“Devolve-se a palavra ao povo” para isto ?
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segunda-feira, junho 18, 2007

Nem Ota nem Alcochete


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sábado, junho 16, 2007

Músicas sobre Água



Exposição "Músicas sobre Água"
Reservatório da Patriarcal
Praça do Príncipe Real (mesmo ao lado do lago, umas escadinhas para se entrar num sonho)
De 2ª a Sábado das 10 às 18 horas (encerra Domingos e Feriados).
Telefone 213251624

sexta-feira, junho 15, 2007

Portuga de A a Z


Ver AQUI este profundo estudo sobre o PORTUGA.
Genial !

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quarta-feira, junho 13, 2007

França e Itália, análise retrospectiva




A 10 de Abril de 2006 a Renovação Comunista publicou um comunicado, cheio de optimismo, sobre as manifestações em França e as eleições em Itália:


Renovação Comunista

Comunicado

A Europa está hoje a viver um dia particularmente significativo no plano político. Em França, o governo de Chirac-Villepin foi obrigado a retroceder na lei sobre o Contrato do Primeiro Emprego (CPE), mercê da luta popular e das manifestações que têm trazido muitos milhões de franceses para a rua desde há várias semanas. Esta lei, particularmente gravosa para os jovens detentores do primeiro emprego, autorizava o despedimento ao fim de dois anos sem qualquer tipo de justificação. Uma forte mobilização dos jovens a que se juntaram os sindicatos e os partidos de esquerda obrigaram ao recuo da direita, abrindo espaço para a sua derrota nas eleições do próximo ano.

Em Itália, de acordo com as projecções realizadas à boca das urnas, a União do centro-esquerda, liderada por Romano Prodi e de que fazem parte os Democratas de Esquerda e a Refundação Comunista, derrotou os partidos da direita liderados pelo actual primeiro-ministro Sílvio Berlusconi. Apesar da heterogeneidade político-ideológica da União, este resultado foi possível devido aos esforços de convergência desenvolvidos pelas forças democráticas que a constituem, que se apresentaram às eleições com um programa de recuperação económica e de melhoria dos benefícios sociais para os mais carenciados.

A Renovação Comunista saúda a luta dos democratas de todos os quadrantes ideológicos que em França e Itália conseguiram, com êxito, travar uma encarniçada escalada neoliberal das forças de direita, criando condições para o desenvolvimento de políticas alternativas que ponham cobro ao desmantelamento do Estado social.


Lisboa, 10 de Abril de 2006

A Comissão Permanente da Renovação Comunista



No dia seguinte publiquei uma reacção ao referido comunicado com o seguinte teor:



Pelo contrário quer o caso da França quer o da Itália revelam, de forma dolorosa, as debilidades da "esquerda".

Na França desencadearam uma luta extremamente aguerrida por um objectivo ridículo. O problema não é o CPE mas sim o facto de o "sistema" capitalista já não estar em condições de assegurar o sustento das novas gerações que insistem em ser assalariadas.

De caminho abriram caminho para o Sarkozy e fizeram mais uma demonstração da pusilanimidade e impotência de um Estado de quem, no entanto, tudo esperam.

Trata-se de uma vitória de Pirro de uma esquerda incapaz de "inventar" um futuro diferente para a sua juventude.
O que vai acontecer é que o patronato continuará alegremente a deslocalizar para a China e para a Índia...

Em Itália, onde não se chega a perceber se a política é para rir ou para chorar, a "esquerda" arregimentou uma molhada cuja única lógica parece ser o facto de todos odiarem Berlusconi, o que é pouco para um projecto.

Apesar disso não conseguiram ter uma vitória convincente contra um adversário que é uma anedota (ao menos em Portugal o Sócrates afinfou uma maioria absoluta à conta do Santana...)

Como é que alguém se pode congratular com tais exemplos ?


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Na altura fui, como é costume, mal compreendido.
Como se as minhas críticas fossem a causa dos problemas.

Passado pouco mais de um ano já é possível ver quem é que estava a ser realista na sua apreciação e quem é que estava a tomar os desejos por realidades.
A situação da esquerda em França e na Itália é desastrosa mas, como é habitual, ninguém parece interrogar-se sobre os erros que foram cometidos.
Quando é que nós começamos a aprender com os erros em vez de os varrermos para debaixo do tapete ?
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segunda-feira, junho 11, 2007

"Embarga Cá" Fernandes



Certos autarcas surgem nas eleições, de forma oportunista, brandindo a famigerada obra feita. "Embarga Cá" Fernandes foi o único que conseguiu fazer da obra desfeita um trunfo político.

Quem o quer ver é rodeado de projectos.
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domingo, junho 10, 2007

“Panaceia” Costa


Quer se trate dos fogos florestais, das morosidades da justiça ou da confusão das forças de segurança é ele o homem certo. Agora também para salvar a capital não se sabe bem de quê.

Remédio tão geral, para a calvície e para os calos e também para a comichão, era nos meus tempos baptizado como “banha da cobra”. Hoje é o “Panaceia” Costa.
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sábado, junho 09, 2007

Telmo, "O Desejado"



Aproveito também esta oportunidade para desmentir, formalmente, que o Paulo tenha tido que impor, à força, a minha candidatura. E muito menos ao Doutor Nobre Guedes.
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sexta-feira, junho 08, 2007

Roseta, Arquitecta "não dependente"



Ser candidato independente é, hoje em dia, um grande problema.
"Arquitecta Independente" facilmente se confunde com "Arquitecta pela Independente" e refutar esta última interpretação pode ser visto como um ataque ao Senhor Primeiro Ministro.
Pelo sim pelo não é melhor Roseta apresentar-se como "não dependente".
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quinta-feira, junho 07, 2007

Ruben, "O Navegador Solitário"



Tem estampada no rosto a felicidade das certezas.
"Navegar é preciso" mesmo quando não se sabe muito bem para onde.
Parece que não mas é um navegador cada vez mais solitário.
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quarta-feira, junho 06, 2007

Negrão, "O Voluntário"


Na escola punha sempre o dedo no ar para ir ao quadro e continuou assim pela vida fora.
Uma coisa temos que reconhecer: é um cavalheiro que nunca perde a compostura mesmo quando tem que fazer um frete a pedido do chefe.
Infelizmente para ele esta atitude é muitas vezes interpretada como subserviência.
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terça-feira, junho 05, 2007

Carmona, “O Regressado”


Foi ele quem disse “Não serei eu o primeiro a abandonar o barco, nem permitirei que me atirem pela borda fora”. No entanto, acabou por ir.

A política tem razões que os técnicos, os realmente engenheiros e os arguidos desconhecem. Carmona foi apenas a consequência, mal tolerada, de um erro chamado Carrilho.

Regressa ao mundo dos vivos para assombrar os candidatos e os partidos que tentaram descarregar sobre ele todos os erros que em Lisboa se cometeram desde o Senhor D. Afonso Henriques.
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segunda-feira, junho 04, 2007

Pode-se vender a mãe para conquistar audiências?

A RTP 1, que faz gala em afirmar que defende o serviço público de televisão, no seu desmesurado desejo de aumentar as audiências em relação às privadas, não olha meios para obter mais espectadores para os seus programas. Assim, ontem, Domingo, depois do Telejornal, apresentou uma reportagem sobre o cabo da GNR de Santa Comba Dão, cujo julgamento começava hoje segunda-feira, que foi acusado de ter morto três raparigas daquela localidade. É um caso sórdido e patológico que teve, na altura própria grande repercussão mediática e inevitavelmente volta a ter com o início do seu julgamento. Qual era o principal motivo da reportagem, que mereceu primeiro referência no Telejornal, a entrevista em exclusivo na prisão ao cabo da GNR, que se afirmava inocente, depois de já ter confessado tudo na Polícia Judiciária (PJ), acusando um tio de uma das vítimas como o assassino das mesmas.
É evidente que esta sua entrevista era intercalada com afirmações de um inspector da Judiciária que rebatia as afirmações do referido cabo.
O que é grave é que na véspera do julgamento do cabo, este seja entrevistado pela Televisão para não só acusar a PJ de o ter obrigado a confessar, quando esta apresentou provas muito mais evidentes do que a sua própria confissão, como também para denunciar alguém que não está envolvido no processo, que tem de certeza o seu bom nome a defender e que vê a sua honra e reputação enlameadas. Hoje, pareceu-me ouvir um advogado da pessoa em causa dizer que iria pôr a televisão em tribunal. Acho muito bem e que o seu director e o jornalista responsável pela reportagem sejam acusados de difamação.
A televisão, lá porque uma pessoa não é importante, não tem dinheiro, nem estatuto social, permite que alguém, acusado de um crime grave, bolce aleivosias sobre a honra de outrem, só para fazer chicana com um caso mediático e obter por isso maiores audiências. Triste televisão.

domingo, junho 03, 2007

O estranho mundo de Zhang Yue

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Zhang Yue, vigésimo quinto na lista dos cem mais ricos da China segundo a Forbes, nasceu em Hunan há 41 anos. Foi o primeiro chinês a possuir um jacto privado.

A sua fortuna resultou da invenção e desenvolvimento, com o irmão Zhang Jian, de um novo tipo de ar condicionado. A sua empresa Broad Air Conditioning tornou-se uma enorme firma exportadora.

As instalações da Broad, uma cidade dentro da cidade de Changsha, também incluem uma piramide com 40 metros de altura e um palácio à moda de Versalhes, na opinião de uns, ou de Buckingham, segundo outros.




Os operários moram dentro do recinto da "Broad Town" e funcionam de forma surpreendente mesmo para quem, como eu, já tudo espera da gigantesca China.

É melhor ver o “filme” AQUI
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sexta-feira, junho 01, 2007

A Greve Geral e a Ofensiva do Governo

Foto de Brigitte Boitel Bonfils

A Greve Geral de 30 de Maio tem sido objecto nos últimos dias de grandes discussões, acima de tudo sobre o alcance e o êxito obtidos. Para o Governo foi um fracasso, o que justifica a continuação da sua política, para o PCP, tal como para a corrente maioritária da INTER, foi "um poderoso aviso ao Governo", segundo noticia o Avante na primeira página de hoje (1/6/07).
Sobre estas duas perspectivas tem-se vindo a desenrolar toda a argumentação, que, como era de prever, encontra nos números que o Governo forneceu e os parciais que a INTER foi revelando a sua principal fonte de confrontação. Resumindo, o Governo afirma que a greve não foi geral mas sim parcialíssima e a CGTP a garantir que não era esse o seu objectivo, visto que pretendia mostrar unicamente o grande descontentamento dos trabalhadores.
Quanto a mim, sendo a apreciação do seu êxito ou fracasso um aspecto importante, e os números, pelo menos em termos mediáticos, um tema não despiciendo, penso que a principal conclusão política que se pode tirar desta greve é a excessiva intervenção do Governo, que parece ser um facto novo e de extrema importância.
Noutras ocasiões, já durante a maioria absoluta do PS, o Governo tem ignorado com olímpico desdém as greves da Função Pública, avançando com números facilmente contraditados ou afirmando mesmo que não se mete nessa discussão. Neste caso foi diferente. O Governo teve a preocupação, em todos os campos, de afrontar a greve e de a transformar, com dados reais ou fictícios, com conferências de imprensa à hora do almoço e do jantar e ainda com o Silva Pereira, à noite, na SIC Notícias, num fracasso para a CGTP e por tabela para o PCP e para o Bloco, o primeiro porque a marcou e o segundo por se sentir obrigado a apoiá-la. Segundo António Filipe no “Debate da Nação”, na RTP I, houve mesmo sete membros do Governo envolvidos nesta operação.
Nesta contra-ofensiva governamental houve de tudo. Os serviços públicos de transportes ameaçaram os trabalhadores e deturparam os serviços mínimos, na Função Pública houve alguns organismos que queriam elaborar listas nominais de grevistas, anuladas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados, e um Secretário de Estado fez de porta-voz das entidades patronais anunciando o resultado da greve nos privados. Para terminar, e sem descrever exaustivamente todas as ameaças que foram feitas, gostaria de chamar a atenção para um facto gravíssimo, que transforma os jornalistas em cães de guarda do Governo, ao interromperem uma conferência de imprensa de Carvalho da Silva para lhe pedirem números sobre a greve, quando momentos antes tinham ouvido com todo o respeito, como é prática corrente em todas as conferências de imprensa, os Secretários de Estado a darem a sua opinião sobre a greve.
Num momento de grande desgaste governativo, como sejam os casos, primeiro da licenciatura do Primeiro-Ministro e mais recentemente das declarações de Mário Lino ou da suspensão do professor Charrua, da DREN, em que Governo se tem limitado a resistir ou a fingir que não percebe, verificamos que, neste caso, este passou à ofensiva, tentou humilhar os sindicatos e ainda recorreu à UGT, que fez no dia a seguir à greve declarações perfeitamente provocatórias – "foi a menos participada de sempre das convocadas pela CGTP e demonstrou a arrogância daquela central sindical" –, para atacar a CGTP. Ou seja, o Governo preparou a ofensiva e está a explorar o sucesso da mesma.
Podemos dizer que o PCP, e a INTER por tabela, levado pelo seu desvio esquerdista e sectário, não foi capaz de compreender na ratoeira em que se meteu e transformou os êxitos, por todos reconhecidos, das últimas manifestações dos professores e dos trabalhadores em geral, numa jornada de luta de contornos e conteúdo mal compreendidos no conjunto da sociedade, facilitando de algum modo os ataques do governo e da imprensa alinhada.
Podemos concluir que o Governo escolheu a Greve Geral e a contestação dos trabalhadores como os seus inimigos principais e pretendeu, combatendo no terreno a paralisação e no campo ideológico promovendo a sua desvalorização e realçando o suposto apoio que tem da população para empreender as reformas de direita, acabar de vez com a contestação laboral. Estamos neste caso perante um velho problema do movimento operário em que a social-democracia, utilizando aqui a sua denominação histórica, aparece como a guarda avançada dos interesses económicos e do patronato, no fundo da direita, e a esquerda da social-democracia, obcecada com este inimigo, se deixa arrastar para o esquerdismo e o sectarismo. Temos pois que romper com este velho dilema.