OS DEZ ERROS DE COSTA
por Rui Rocha
1º A aliança, por motivos puramente oportunistas, com propostas políticas que não têm qualquer compromisso com os elementares princípios democráticos;
2º A colagem ao velho PS, representante dos piores vícios do Bloco Central, com Carlos César e Ferro Rodrigues, que Costa não só afastou mas promoveu a cargos de grande visibilidade, como figuras que os personificam;
3º A colagem ao PS socrático, mais uma vez não estabelecendo qualquer faixa de protecção entre a sua liderança e personagens profundamente conotadas com o desastre governativo e pessoal do antigo primeiro-ministro como Vieira da Silva ou João Galamba.
4º A normalização do nepotismo como forma de ocupação do Estado, evidente a todos os níveis da Administração, desde o próprio governo até à estrutura da Protecção Civil e de que se pode tomar como símbolo o percurso e a prática de Maria Begonha;
5º A entronização da ilusão, do expediente da manipulação e do embuste como forma de governação por defeito, iniciada com o slogan do fim da austeridade, continuada com a dissonância entre orçamento prometido e execução, aqui com recurso ao expediente das cativações, e concretizada como técnica recorrente como ainda agora se viu com a substituição do imposto sobre a gasolina pela taxa do carbono.
6º O desprezo pelo princípio da responsabilidade política, com a tragédia dos incêndios, Tancos ou Borba como expoentes de uma visão em que o poder político desaparece de cena deixando os cidadãos entregues à sua própria sorte;
7º A erosão acelerada da capacidade de o Estado assegurar as suas funções essencias, na Protecção Civil com evidência trágica, mas na Defesa, na Saúde e na Educação também com profundas consequências.
8º A degradação acelerada de infra-estruturas e transportes essenciais ao desenvolvimento do país, decorrente de anos consecutivos de ausência de investimento que o governo de Costa não só não resolveu como agravou, nomeadamente, com a política de cativações.
9º A incapacidade de assegurar reformas políticas e económicas estruturais que lancem as bases de um desenvolvimento sustentado, limitando-se o exercício governativo a uma gestão táctica do ciclo económico e dos interesses sectoriais e profissionais.
10º O agravamento do fosso entre funcionários públicos e trabalhadores do sector privado, aqueles cada vez mais com esquemas de benefícios e remunerações francamente mais favoráveis.
O ciclo económico e as baixas expectativas iniciais relativamente ao seu governo têm permitido a António Costa prosseguir a sua marcha apesar destes erros e é muito provável que não afectem, sequer, a performance eleitoral do PS durante o ano de 2019. Será no entanto por estes erros que Costa responderá quando a conjuntura menos favorável que se aproxima fizer aparecer os primeiros sinais de descontentamento.