Concordo com quase tudo o que Ferreira Fernandes diz hoje no DN.
Mas o meu nacionalismo não me permite usar a nossa gloriosa história para pedir favores. O nosso orgulho deve servir-nos, isso sim, para aguentar todos os sacrifícios que forem necessários para não depender seja de quem for.
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Garret McNamara é só o último de uma linhagem secular: as ondas de Portugal tornam os homens grandes. Ontem, a capa do Times de Londres tinha uma imensa pincelada de verde. Dentro, falava-se do surfista e do recorde, mas o essencial estava na foto da capa: a nossa onda. Amanhã virão mais McNamaras para o nosso Himalaia em movimento, homens que passam. Mas as ondas ficam e repetem-se. O mais importante é que as nossas ondas não são daquelas atrações exóticas, como gôndolas em Las Vegas, compradas por fundos. Elas são autenticamente nossas, fundaram o Portugal que interessou ao mundo. Qualquer exposição sobre Portugal deveria abrir com uma parede larga e alta de 30 metros, a onda. E vendia-se, saindo de conchas ou headphones, os sons da onda de Portugal. A onda é o nosso ADN, o nosso destino e a nossa Mensagem. Pensávamos que era relação acabada, coisa antiga, mas ei-la que volta. Como que a reivindicar o que o outro queria para o pastel de nata, ser nossa bandeira, mas com muito mais substância. Peguemos no povo que é tudo o que não somos, os finlandeses das contas certas e da Nokia que nos atiram à cara. Mostremos-lhes a onda. Com eles perplexos, expliquemos: os clássicos tinham a palavra norte como sinónimo de longínquo e extremo. Eles eram o norte, isto é, remotos. Foi com as viagens dos portugueses, aumentando o mundo, que eles se aproximaram. No fundo, nós metemo-los na Europa. Quanto vale a nossa onda em royalties?
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