Um grupo de personalidades portuguesas entregou uma carta aberta a pedir a demissão de primeiro-ministro Passos Coelho.
O ex-Presidente da República, Mário Soares, é o primeiro subscritor da carta que é assinada por várias figuras públicas dos mais diversos quadrantes da sociedade.
Além de Mário Soares, subscrevem a carta nomes como Álvaro Siza Vieira, Adelino Maltez, Valter Hugo Mãe, Pilar del Rio, Vítor Ramalho, bem como os deputados socialistas João Galamba, Inês de Medeiros, Pedro Delgado Alves e Pedro Nuno Santos.
O documento, que foi entregue esta quinta-feira ao primeiro-ministro com cópia para Cavaco Silva, exige que Passos Coelho retire, do actual estado em que o país se encontre e depois da aprovação do Orçamento para 2013, “as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão ao Senhor Presidente da República, poupando assim o país e os portugueses ainda a mais graves e imprevisíveis consequências”.
Os signatários da carta consideram que “os eleitores foram intencionalmente defraudados”, uma vez que as medidas previstas no programa eleitoral do PSD e no programa de governo foram excedidas, como reproduz o Orçamento do Estado do próximo ano.
Para os que exigem a demissão de Passos Coelho, o OE 2013 é “iníquo, injusto e socialmente condenável” e traduz uma política “está a fazer caminhar o país para o abismo” e a acabar com “toda e qualquer esperança”.
Jornal "I", 29.11.2012
Prezadas personalidades,
como vivemos em democracia (lembram-se?), o melhor é tratar de preparar uma alternativa de governo capaz de convencer os portugueses, em vez de repetir a lengalenga dos malefícios da austeridade.
Não há cão nem gato que não nos explique aquilo que já todos sabemos, que a austeridade reduz o poder de compra e que isso leva ao fecho de certas empresas e que portanto aumenta o desemprego. Mas cabe perguntar se essas empresas e esses empregos só existiam com base no endividamento galopante do Estado que costumava acontecer.
Qualquer pessoa vê isso. O que é preciso é alguém que apresente uma solução política e de governo que convença os portugueses que, sem endividamento e sem austeridade, garanta os níveis de emprego anteriores à crise (é bom não esquecer que o desemprego aumentou constantemente mesmo antes de a crise se iniciar).
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