quinta-feira, maio 31, 2012

O problema é a caixa e não a taxa

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Como muita gente previa, a retórica acerca do aumento do IVA dos restaurantes encobria um outro problema: a fuga ao fisco em larga escala. IVA cobrado aos clientes mas não entregue ao Estado.

A introdução de novas máquinas registadoras, em muitos casos fez passar o IVA não de 13% para 23% mas sim de 0% para 23%.

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quarta-feira, maio 30, 2012

AS SECRETAS





O omnipresente "caso das secretas" é apenas um pretexto para discutir indirectamente outras coisas e, por causa disso, os portugueses têm a sensação de não perceber muito bem o que verdadeiramente está em jogo.

O que surge nos meios de comunicação está óbviamente enviesado pelas guerras dos grupos privados contra a privatização da RTP, a cargo do Relvas, e pelas guerras dos tais grupos entre si.
Por outro lado o "caso das secretas" é uma sorte grande para o AJ Seguro, a quem vinham faltando bons temas para além da sua cruzada pelo "crescimento". Ao contrário do PCP e do BE, que ainda não esqueceram os tempos da repressão e vêem as polícias como instituições perigosas a abater, o PS quer apenas tirar partido tacticamente dos embaraços do governo (se algum dia se puxar pelo fio das organizações secretas na sociedade portuguesa o PS até é capaz de ter alguns problemas).
Ou seja, ninguém está realmente preocupado com os segredos de Estado. Nem com a complicadíssima questão de garantir a transparência de organizações que, por definição, têm que ser opacas.


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terça-feira, maio 29, 2012

Relvado



O Sócrates foi acusado de ter uma licenciatura falsa, de ter assaltado uma estação de TV, de ter recebido subornos no Freeport e de ter sido conivente com o sucateiro dos robalos. No entanto só saltou do governo porque levou o país à falência e o dinheiro se acabou.
Acham que vale a pena perder tempo com Relvas?



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domingo, maio 27, 2012

A SYRIZA em cima do Bolo



Esta descrição, publicada no Expresso de ontem, da inenarrável fragmentação da esquerda grega, já de si um sinal de desorientação e de irresponsabilidade, transforma uma hipotética vitória do Syriza num pesadelo.
Só um ingénuo, ou um fanático, pode acreditar sinceramente que tal amálgama consiga formar um governo, quanto mais mantê-lo operacional e consequente.
Por isso, os sinais que nos vêm da Grécia não são prenuncio do aprofundamento da democracia mas sim ameaças à sua sobrevivência.

sexta-feira, maio 25, 2012

Os limites do Capitalismo

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in EXPRESSO Actual, 19.05.2012



Um texto e um livro importantes. 
Jappe defende nele algumas teses que eu já tinha enunciado em 2003, embora com uma lógica diferente (no livro "Do Capitalismo para o Digitalismo").
Em vez da fórmula genérica "lucro obtido em cada produto cada vez menor" como explicação da crise actual do capitalismo, indicada por Jappe, eu defendo que o desaparecimento do trabalho vivo no acto da produção põe cada vez mais em causa a sustentabilidade da procura.
Esse efeito foi mascarado por doses maciças de crédito, para permitir gastar já hipotéticos rendimentos futuros, mas esse processo conduziu à crise actual cuja saída ninguém parece conhecer.

quarta-feira, maio 23, 2012

SEMPRE NA VANGUARDA


Portugal, nas palavras de Seguro, "foi o primeiro na UE a adoptar adenda para o crescimento”.
Na sequência desta iniciativa revolucionária do PS aguarda-se nova proposta, desta vez no âmbito constitucional.
A Constituição passará a proibir crescimentos anuais do PIB inferiores a 5%.

terça-feira, maio 22, 2012

Prognósticos só no fim do jogo

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Vítor Constâncio não antecipa saída da Grécia da zona euro (ver aqui)


Desde quando é que ele antecipa alguma coisa de útil ?
Qualquer dia, quando os alemães perceberem que vão ter que acorrer a uma série de países falidos, é a Alemanha que sai do Euro e não a Grécia.
Goste-se ou não se goste da senhora Merkel é preciso reconhecer que a Alemanha é dos poucos países da zona euro que sabe o que faz e que não está em bancarrota.
Por isso, para a Alemanha, a Europa está a tornar-se num peso indesejável, um conjunto de más companhias.
Quando a Alemanha se baldar a quem é que o senhor Hollande vai exigir "mutualização da dívida" ?
Esta gente não se enxerga...

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segunda-feira, maio 21, 2012

terça-feira, maio 15, 2012

Os gregos voltam às urnas


Os gregos voltam às urnas

segunda-feira, maio 14, 2012

Cruzeiro EUROPA

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Estar na Europa, com a Alemanha e com a Grécia, é como embarcar num cruzeiro, a bordo de um petroleiro, na companhia de um pirómano e às ordens do comandante Schettino.




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sábado, maio 12, 2012

O ATOLEIRO DA SEMÂNTICA




O ATOLEIRO DA SEMÂNTICA



- Não sei quem disse não sei quê, e não devia ter dito
- Não sei quem disse não sei quê mas, na verdade, queria dizer não sei que mais
- Não sei quem acha que estamos no bom caminho
- Não sei quem acha que só lá vamos com novo empréstimo
- Não sei quem diz que já não podemos suportar mais sacrifícios
- Não sei quem diz que o desemprego é uma oportunidade
- Não sei quem afirma que estão a gozar com o povo
- Não sei quem promete acabar com a crise sem qualquer dor
- Não sei quem declara-se Holland(ês)
- Não sei quem até vai para a cabeça da manif para salvar o SNS
- Não sei quem manda a TROIKA à merda
- Não sei quem quer o empreendedorismo (só dizê-lo já é difícil)

até comecei a desligar o rádio do carro quando começam os noticiários.
Para evitar acidentes

quinta-feira, maio 10, 2012

Dispersão perigosa


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Na Grécia votaram cerca de 61.5% (a abstenção foi 38.5%) dos eleitores potenciais e o maior partido teve cerca de19% dos votos. Isto significa que o maior partido foi escolhido por menos de 12 dos gregos com direito a votar.
A tão incensada subida da esquerda, que obteve cerca de 17% dos votos corresponde, pela mesma ordem de ideias, a pouco mais de 10% dos cidadãos eleitores.
Os nove partidos mais votados nas eleições gregas foram votados por apenas 53% dos eleitores. Se isto não é disparate pegado, e uma irresponsabilidade, então não sei o que seja.
Claro que cá também temos o problema da abstenção e do seu efeito na representatividade, mas a questão não se coloca de forma tão dramática pois os vencedores nunca têm menos de 20% dos votos expressos. Para mim o essencial é a incrível dispersão dos votos, como se aquela gente estivesse num processo centrífugo que me parece assustador.
Ao contrário de alguma esquerda, que deita foguetes, eu acho que estes resultados na Grécia têm um grande potencial destruidor e de prólogo às aventuras ditatoriais.
Quando o direito de escolher e a liberdade de divergir se convertem, pelo menos aparentemente, num risco para a vida colectiva aparece logo alguém a defender que se acabe com esse direito e se limite essa liberdade.
Como a história mostra, tal tipo de teses, especialmente quando as pessoas sofrem dificuldades económicas, pode obter um sucesso fulminante.



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quarta-feira, maio 09, 2012

O senhor que se segue

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Na Grécia o Presidente Carolos Papoulias (??) vai nomeando partido atrás de partido para formar governo, num processo kafkiano que o desgraçado povo grego vai pagar com língua de palmo. 
Eu vi a reportagem, do dia das eleições, em que cada votante pegava em 26 papéis (um de cada partido) para depois escolher só um e metê-lo na urna. Percebi logo que, com um sistema tão abstrusio, havia uma alta probabilidade de os resultados serem como são. 
Se, por absurdo, o senhor Venizelos conseguisse formar governo acabava por ser o leader do partido que mais votos perdeu a converter-se em primeiro ministro.

segunda-feira, maio 07, 2012

Auroras Douradas


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Os gregos estão a pedi-las e, infelizmente, penso que vão tê-las.

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sexta-feira, maio 04, 2012

C'EST MAINTENANT









C'EST MAINTENANT
Tem sido este o slogan da campanha de François Hollande para a presidência da França. 

Receio que se venha a transformar, depois das eleições, em "Et maintenant que vais je faire?", revivendo Charles Aznavour.
Entretanto, entre nós, a provavel vitória de Hollande pode levar os dirigentes socialistas a perder completamente o contacto com a realidade. 

Acabo de ver a frenética Ana Gomes, na TVI 24, insinuar que a vitória de Hollande vai modificar a Europa e, presumivelmente, acabar com os tormentos da austeridade. Se isto é antes do homem ganhar imaginem o que se vai seguir...




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quarta-feira, maio 02, 2012

Dumping atrevido


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Esqueçam o Pingo Doce, são uns aprendizes
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