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Eu não podia deixar em claro que amanhã, transcorrido menos de um mês sobre as eleições europeias, teremos o "início de uma nova era para os pepinos curvos e as cenouras nodosas".
A alteração da legislação que entre amanhã em vigor é mais uma prova da utilidade e clarividência das regras comunitárias.
"... está previsto o grande regresso: pepinos curvos, alhos pequenos, cenouras nodosas vão voltar a conquistar o seu lugar nas bancas. Entram em vigor as novas regras que permitem a venda de frutos e produtos hortícolas “deformados”.As regras comuns de calibragem na União Europeia foram impostas há várias décadas pelos Estados-membros. Mas no final do ano foi anunciado que as normas de comercialização específicas para 26 produtos iam ser revistas. Os couves-repolho já não têm que ser perfeitas. Os damascos, alcachofras, espargos, abacates, também não... beringelas tortas também têm direito a ser compradas. Mariann Fischer-Boel, comissária europeia responsável pela agricultura e pelo desenvolvimento rural, não poupou nas palavras quando, no dia 12 de Novembro, foram revistas as imposições que arredavam dos mercados estes produtos: “Esta decisão marca o início de uma nova era para os pepinos curvos e as cenouras nodosas. Trata-se de um exemplo concreto dos nossos esforços para eliminar burocracia desnecessária”Boel justifica a mudança com a actual conjuntura económica de “preços elevados dos produtos alimentares e de dificuldade económicas generalizadas” – “Não tem qualquer sentido eliminar produtos de perfeita qualidade apenas porque têm uma foma ‘errada’.”
Público 26.06.2009
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terça-feira, junho 30, 2009
Pepinos curvos e cenouras nodosas - uma nova era
segunda-feira, junho 29, 2009
Duas exposições na Baixa
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No depuradíssimo espaço Chiado 8, da Companhia de Seguros Fidelidade, está a exposição "Pinóquio", de Jorge Molder. As obras, que versam o tema da máscara que esconde mas revela, estabelecem com o espaço um belíssimo diálogo.
Um pouco mais abaixo, até 30 de Junho, é na Galeria do Governo Civil de Lisboa que expõe José Manuel Simões. Uma série dedicada à manipulação cromática das geometrias urbanas.
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domingo, junho 28, 2009
Futilidades
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António Barreto (Retrato da Semana no Público, 28.06.2009)
Um conjunto de argumentos põe em relevo as vantagens partidárias. Se os votos forem separados, ganham uns partidos, se forem no mesmo dia, ganham outros. A mesma coisa, ou parecida, se as legislativas se realizarem antes ou depois das autárquicas. Quer isto dizer que ninguém tem legitimidade para preferir uma data ou uma ordem: imediatamente lhe saltam em cima com acusações de interesses ilegítimos e de oportunismo. Quem assim faz esquece-se de que os argumentos são totalmente reversíveis.
Outro argumento é o dos custos. Nem sempre se percebe se estamos a falar de custos directos para os votantes, despesas para os partidos ou encargos públicos. De qualquer modo, quem alude aos custos está em geral a pensar nos interesses dos partidos. Com efeito, quem quer as eleições separadas garante que a democracia bem merece um punhado de euros, enquanto os que desejam actos conjuntos referem a poupança assim obtida. É, no entanto, certo que a despesa ou a poupança não parecem um argumento muito forte.
O aparentemente mais sério argumento é o da abstenção ou da participação. Também neste domínio, a consistência não é visível. Juntar eleições, para uns, significa mais participação; separá-las, para outros, teria o mesmo efeito.
Não consta que haja solidez nas razões apontadas. Nem sequer estudos concludentes. A única dúvida razoável é a que alude ao cansaço: maçados com duas deslocações seguidas à distância de uma ou duas semanas, os eleitores poderiam optar por apenas uma. Mas são meras suposições. Além de que não se sabe muito bem se seria a primeira ou a segunda a sofrer dessa terrível fadiga. Como não se sabe se o cansaço é argumento mais importante do que a natureza das eleições e o que está em causa. Apesar de anónimas e limitadas aos emblemas dos partidos, as legislativas chamam mais eleitores. Mas as "grandes figuras" municipais também têm algum efeito. Reflexão tortuosa é a que se apoia na previsão das intenções dos eleitores. Nas autárquicas, diz-se, os cidadãos querem escolher um presidente de câmara e bater no Governo. É estranho, mas é o que consta. Nas parlamentares, os mesmos eleitores esquecem tão vis desejos e designam racionalmente o Governo que preferem. As estatísticas eleitorais sugerem alguma coisa, nomeadamente o facto de poder haver diferenças na orientação de voto entre as duas eleições, assim como uma maior presença do PSD nas autarquias (o que não é uma regra absoluta). Mas não são constantes que permitam certezas.
O último dos argumentos é o mais brutal. Juntar eleições teria como efeito criar a confusão nos eleitores. Já desorientados com a existência de três boletins de voto (freguesia, assembleia municipal e vereação camarária ou presidente da câmara), ficariam completamente perdidos com a eventualidade de terem de lidar com quatro. Muitos votos ficariam assim perdidos. Brancos e nulos, possivelmente. No partido errado, com certeza.
É comovedor este desvelo dos partidos e de alguns comentadores encartados. O esforço que fazem para cuidar dos pobres cidadãos, tão vítimas de manobras, tão deficientes mentais e tão incapazes de decidir por si! A minuciosa atenção que prestam aos eleitores, tão frágeis e vulneráveis, que perdem literalmente a cabeça perante quatro boletins de voto! Se repararmos bem, quase todos os argumentos conduzem ao mesmo: a incapacidade dos eleitores, a sua falta de discernimento, o seu cansaço fácil e a rapidez com que se confundem. Na verdade, esta discussão ridícula tem um só objectivo, o de começar a arranjar explicações para os fenómenos que os incomodam: derrotas eleitorais e elevadas taxas de abstenção. Na noite (ou nas noites) das eleições de Outubro, já sabemos qual a justificação que mais vezes se vai ouvir: a data das eleições é a culpada.
A propósito das datas e seguramente em consequência da abstenção nas europeias, já começou a ladainha piedosa dos que querem o bem dos cidadãos e a nobreza da democracia. Já se ouvem propostas para "melhorar o sistema" e dar novo "tónus" à democracia. Em vez de se inquietarem com a fictícia democracia europeia e a inutilidade do Parlamento Europeu, propõem que o voto seja obrigatório! Em vez de pensarem na reformulação de alguns processos, designadamente no voto pessoal, sugerem punições para quem escolhe abster-se! Preparemo-nos, pois, para a próxima revisão da Constituição. Lá veremos dispositivos para reforçar a democracia. Sempre com um denominador comum: a cegueira perante as deficiências do nosso sistema e a vontade de resolver os problemas com normas legais e punitivas. Já agora, uma modesta contribuição: as eleições deveriam ser obrigatoriamente em dia de chuviscos. Mas não de mais, que levam as pessoas a ficar em casa, nem de menos, que deixam os eleitores ir à praia.
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sábado, junho 27, 2009
A desforra das corporações
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sexta-feira, junho 26, 2009
Blue met green in black
Hora da publicação: 08:54 0 comentários
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quarta-feira, junho 24, 2009
AFARI
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Ocorreu-me tudo isto recentemente quando bebia uma limonada na Rua Nova do Almada, exactamente como há 50 anos, num cafézito junto à Boa-Hora que, dizem os jornais, está em perigo de vida. A limonada, excelente, lembrou-me aquelas que eu bebia quando era mandado entregar uns pacotes mais acima, na Instanta do Chiado (suponho que eram negativos para revelar ou coisa quejanda).
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segunda-feira, junho 22, 2009
A loucura dos 'OUTDOORS'
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Hora da publicação: 16:52 0 comentários
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Primeiro Airbus A320 fabricado na China
A companhia de aviação Sichuan Airlines vai receber o primeiro avião produzido na fábrica de Tianjin, a única fábrica da Airbus fora da Europa, precisa a agência noticiosa, acrescentado que uma cerimónia marcará esta entrega.
Dez aviões de médio porte A219/320 serão entregues até ao final do ano e a fábrica vai começar a produzir quatro aparelhos por mês antes do final de 2011, indica ainda a AFP.
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domingo, junho 21, 2009
Super Oba(Man)
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Hora da publicação: 12:59 0 comentários
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sábado, junho 20, 2009
Galileu na China pela mão dos portugueses (2)
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Já há algum tempo tínhamos aqui falado neste tema. Regressamos para divulgar a publicação de um novo texto sobre a matéria, que recomendamos:
Chama-se Sumário de Questões sobre os Céus. É um documento de 100 páginas, com prefácio. E a estrutura do texto vem no formato de perguntas - colocadas por um chinês - e de respostas - dadas por um ocidental com conhecimento de astronomia.
O ocidental era um padre jesuíta português, chamado Manuel Dias. E foi ele quem apresentou Galileu e as suas descobertas à China, em 1614, apenas três anos depois de o trabalho de Galileu ter sido publicado.
Há dez anos que Henrique Leitão, investigador do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, andava atrás deste documento e do contributo de Manuel Dias para o conhecimento da astronomia e dos achados de Galileu na China. Sabia da existência do documento, onde o jesuíta Manuel Dias contava como funcionava o telescópio de Galileu e o que o mestre italiano teria descoberto sobre as maravilhas do Universo.
"É um texto que está em todas as bibliotecas imperiais chinesas, o original é de 1615. Mas foi reeditado até ao século XIX, o que significa que teve imenso impacto na cultura chinesa. Notícias de que havia este texto existem desde o princípio do século XX. Mas nenhum português pensou: vamos lá ler o que vem aqui escrito."
(Ler o resto do texto no Público 19.06.2009)
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quinta-feira, junho 18, 2009
Nova esquerda
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quarta-feira, junho 17, 2009
Uma espécie de conceito de cidade
Hora da publicação: 18:26 0 comentários
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terça-feira, junho 16, 2009
O PS (e a esquerda) em maus lençóis
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Podemos definir o "voto solto", nas Europeias de 2009, como os novos votos ou os votos que mudaram a sua escolha relativamente às Europeias de 2004. Chegamos assim a 725.157 votantes (os 155.599 votantes adicionais em relação às europeias anteriores, mais os 569.558 perdidos pelo PS comparativamente com 2004).
É interessante notar que esses 725.157 votos se distribuiram em partes identicas pelos partidos à esquerda e pelos partidos à direita do PS cabendo a cada uma das alas cerca de 40% dos "votos soltos". Os 20% restantes foram parar aos partidos que previsívelmente não obteriam qualquer representação no Parlamento Europeu indiciando uma atitude imune às lógicas da utilidade, por parte de 145 mil desses eleitores.
Esta aparente simetria entre a esquerda e a direita, feita à custa do partido maioritário, tem no entanto consequências pouco simétricas. Os votos ganhos à direita esboçam uma maioria alternativa enquanto que tal não sucede à esquerda. Mesmo a improvável aliança de um dos partidos de esquerda (BE ou PCP) com o PS resulta mais fraca do que a aliança de direita (PSD+CDS). Tudo isto tomando como base as percentagens obtidas pelos partidos nas Europeias de 2009.
A verdade é que tudo isto não passa de uma miragem. Nas próximas legislativas irão às urnas mais dois milhões e trezentos mil votantes do que nas europeias, se se repetir a relação entre as europeias de 2004 e as legislativas seguintes de 2005.
Esse enorme número de votantes adicionais pode, em teoria pelo menos, dar a maioria absoluta a qualquer um dos principais partidos portugueses.
Apesar de ser esta a "realidade" quase todas as opiniões omitem esta questão. O PSD compreende-se que o faça, o Bloco também pois está a disfrutar da ascensão ao terceiro lugar na hierarquia dos partidos (apesar de ter tido menos de metade dos votos habituais do PCP nas legislativas de há 20 anos).
No caso do PS é mais estranho que tal aconteça.
Está portanto tudo em aberto e cabe aos partidos tentar ganhar o maior número de votos de quem se absteve, ou votou nulo, ou votou em branco ou votou em partidos sem representação parlamentar.
Mas essa luta vai fazer-se em condições adversas para o PS já que deixou criar esta sensação de que a maioria absoluta, sozinho, lhe está vedada. Tal sensação é reforçada pelo tipo de relações que o PS mantém com os partidos à sua esquerda e que torna uma aliança com eles pouco provável aos olhos da opinião pública.
É estranho que o PS não tenha percebido o beco em que se estava a meter. Já terá ficado claro, entretanto, que não é adoptando avulsamente "propostas fracturantes" que impedirá o Bloco de crescer. O BE está neste momento como uma criança que tendo ido à caixa das bolachas não consegue evitar voltar lá repetidamente. Neste "momento de glória" (que os números desaconselhariam) o céu parece o limite e já sonha certamente substituir-se ao PS na liderança de toda a esquerda.
Por outro lado o PS parece ter subestimado o poder do binário PSD/Cavaco na questão das "obras faraónicas". Logo na noite das eleições Rangel introduziu a necessidade do adiamento não tanto para limitar as decisões do governo actual mas para insinuar a ideia de que após as eleições os decisores serão outros. Hoje mesmo o PS cedeu e deixou cair o TGV.
Temos portanto um PS, acossado à esquerda e à direita, lambendo as feridas que não soube evitar.
Os seus inimigos de direita exigirão cada vez mais alto que defina as suas alianças para lhe reduzirem o trunfo da governabilidade (se as não esclarecer) ou lhe roubarem mais eleitores ao centro (se as esclarecer).
Os seus inimigos de esquerda aumentarão a parada sempre que ele tentar aproximar-se pois, à falta de um programa executável, só lhes resta alimentar-se dos despojos da velha nave socialista enquanto esperam pelo momento revolucionário.
Não me peçam para prever o nosso futuro imediato mas, para já, não parece brilhante.
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Hora da publicação: 21:14 1 comentários
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segunda-feira, junho 15, 2009
Vacas e ovelhas desaconselhadas
Apesar do ar inofensivo, vacas, búfalos ou camelos são das maiores ameaças para o ambiente. A produção de carne e as emissões de gases destes animais contribuem em 18% para o aumento do aquecimento global. Mais do que o sector dos transportes (13,5%). A solução passa por mudar a alimentação do gado, mas também a nossa, reduzindo o consumo de carne.
domingo, junho 14, 2009
Orgulho Gay em Xangai
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Xangai (China), 13 jun (EFE).- A primeira festa do Orgulho Gay da China aconteceu hoje na cidade de Xangai, em um ambiente alegre e descontraído e com a esperança de que tenha sido "o primeiro passo em direção a algo maior" e a vontade de "fazer as coisas melhor no ano que vem", afirmaram os organizadores à Agência Efe.
Não houve carros alegóricos, como ocorre na maioria das cidades ocidentais, mas as duas mil pessoas que foram hoje a Xangai para celebrar o Orgulho Gay encontraram música, dança, jogos, desfiles de moda e uma cerimônia de casamento, em uma festa que invadiu a noite.
O desfile de hoje foi o fechamento de uma semana de atividades que só teve como incidente a intervenção, na quarta-feira, das autoridades locais, que obrigaram os organizadores a cancelar duas exibições de filmes e uma peça de teatro.
"Honestamente, não sabíamos o que esperar hoje das autoridades, mas não houve nenhum problema e estamos agradecidos por que tudo tenha dado certo", afirmou à Efe Kenneth Tong, membro da associação de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais de Xangai.
Hoje, a metade dos presentes à festa era estrangeiros, mas os chineses que compareceram se mostraram "esperançosos" com que o evento possa significar "algo importante" para o futuro. EFE
quinta-feira, junho 11, 2009
Dois portugueses "à Cavaco"
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quarta-feira, junho 10, 2009
Há cinco anos
terça-feira, junho 09, 2009
Por pau de canela e Marzagão
Porta do Mar, em Marzagão. Fotografada por mim em 1983
Considero excepcional o conjunto de construções e de palavras que os portugueses deixaram pelo mundo desde o Século XV.
Não me parece que o concurso para escolher as "sete maiores maravilhas" tenha grande interesse a não ser como forma de trazer este património para primeiro plano. Também acho deplorável, se não mesmo ridícula, uma petição que tenta misturar com o dito concurso uma espécie de "disclaimer" de arrependimento colectivo, sem perceber que esse tipo de questões se situa num nível diferente.
Quando vejo um forte construído a milhares de quilómetros da costa brasileira em plena amazónia, ou uma velha angolana numa igreja barroca de Luanda, ou um senhor Silva em Baçaim que já nem fala português, ou as ruínas de S. Paulo resistindo aos casinos de Macau, ou umas telhas portuguesas no Uruguai, ou a rua da Carreira em Marzagão, ou os dois fortes empoleirados em Mascate, sinto uma grande emoção. E podem crer que não sou dado ao patrioteirismo.
É preciso ser tosco para não entrever uma gigantesca epopeia em tudo isto, para não ouvir os gritos de alegria e de dor que ecoram por todos os continentes como os grandes poetas (e músicos como Fausto e Vitorino) tão bem explicaram, para não perceber o elevadíssimo sentido humano e humanista dessa enorme aventura de cuja memória nunca cuidámos suficientemente e de que, alguns, parecem preferir envergonhar-se.
A esta escala não há, tanto quanto sei, nada que se compare. .
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Um motor pouco ortodoxo
Hora da publicação: 08:27 3 comentários
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segunda-feira, junho 08, 2009
O culpado é o povo ?
Não é possível continuar a ignorar os níveis de abstenção (55% na Europa e 63% em Portugal). Só votaram 44% dos europeus e vamos continuar a funcionar como se não tivesse acontecido nada ? Lamentamos e culpamos o povo de ter ido para a praia ?
Hoje todos os discursos se centram na recomposição do panorama político nacional propiciada pelos resultados, tratando assim as eleições de ontem como uma megasondagem para as legislativas.
Este comportamento irresponsável só acentua a sensação de inutilidade da participação e agravará a abstenção da próxima consulta europeia.
Os 63% que não votaram mandaram uma mensagem muito forte sobre a irrelevância da Europa ou sobre a sua própria impotência para a influenciar através do voto. Os 63% que não votaram são uma base enorme de recrutamento para eventuais aventuras populistas.
Entretanto o PSD celebra uma vitória que alcançou com os votos de apenas 11,8% dos recenseados e o PS lambe as feridas com menos de um milhão de votos.
Esta gente avança para os seus lugares no Parlamento Europeu sem uma hesitação ?
Qualquer político responsável deveria pelo menos prometer que, no Parlamento Europeu, será desencadeado um processo tendente a compreender as causas e encontrar remédios.
Omitir esta questão, ou lamentá-la apenas, é comprometer o futuro do projecto europeu.
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Hora da publicação: 08:33 0 comentários
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domingo, junho 07, 2009
Vote para fora cá dentro
Hora da publicação: 11:15 0 comentários
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Se vai votar não beba
Hora da publicação: 10:45 0 comentários
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Há mar e mar, há ir e votar
Hora da publicação: 10:20 0 comentários
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sábado, junho 06, 2009
Dom Giovanotto
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O São Carlos apresenta, até 14 de junho, uma nova encenação da autoria de Maria Emília Correia para o D. Giovanni de Mozart. O facto de a encenadora ser mulher, tão seduzida pelo herói como as cantoras em palco, constitui um óbvio motivo de interesse.
Maria Emília trata Don Giovanni com a mesma galante condescencência com que tratara, no Trindade, o Conde de "As Bodas de Fígaro". Para desespero de uma parte dos frequentadores de São Carlos a cenografia repete também aqui, embora menos adequadamente, uma estética colorida e que invoca a actual sociedade das compras por catálogo.
O Don Giovanni podia muito bem ser um galã de shopping e as meninas em topless as caixeirinhas por ele desencaminhadas. Não se venha portanto dizer que o tratamento do tema não é actual embora se possa dizer que há uma desvalorização do lado filosófico e mítico da história.
O elenco tem um ponto fraco em D. Elvira (Katharina von Bülow) e uma boa surpresa em D. Ana (Carla Caramujo). Don Giovanni (Nicola Ulivieri) e Leporello (Kevin Short) estão bem mas não conseguem entusiasmar.
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Hora da publicação: 10:53 0 comentários
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sexta-feira, junho 05, 2009
Quatro Coreógrafos
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quinta-feira, junho 04, 2009
A 20 anos de Tiananmen
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Qual foi a maior surpresa vinda do regime chinês nestes últimos vinte anos?
Se olharmos para trás e recuarmos a Tiananmen, acho que conseguiríamos imaginar este crescimento económico. Isso era concebível. Mas não se esperava que o sistema político fosse tão resistente como tem sido. Fizeram um trabalho impressionante de adaptação do seu autoritarismo. Saíram-se tristemente bem! E ao contrário do que poderíamos esperar também, tornaram-se numa grande potência sem criar uma tensão grande na região, ou nas grandes potências. Há tensões inevitáveis, mas a sua estratégia de apaziguamento tem sido muito bem sucedida. Seria de esperar o aparecimento de coligações de países asiáticos [contra a China], ou tensões mais sistemáticas com os EUA, mas na verdade, as relações melhoraram muito nos dois casos, fortaleceram-se. E este processo será agora muito mais difícil de interromper.
Consegue imaginar um regime democrático na China nos próximos 10 ou 20 anos?
Vinte sim, dez não! Será interessante ver a questão das transições políticas. Hu Jintao é o último líder a ser nomeado por Deng Xiaoping e depois teremos líderes que não receberam o aval dos fundadores da República Popular. Serão seleccionados por um processo que ainda é relativamente novo para um estado autoritário. A transição de Jiang Zemin para Hu Jintao foi um alto momento de transferência de poder. Se conseguirão ou não manter esta transição com sucesso é ainda uma questão. Acho que conseguirão, mas haverá uma diminuição de poder a cada ronda de novos líderes.
Como serão escolhidos?
Suponho que o processo venha a ser uma geração escolher a outra, pessoas que estão preparadas para receber a confiança do Partido e receber poder. Será como uma empresa que dá poder a um novo CEO, com os sucessores a serem escolhidos. É um processo difícil. Se olharmos para o grupo de potenciais líderes, qualquer um deles poderá perder a sua posição muito depressa, não tem uma posição de força nem a bênção de Hu Jintao. Provavelmente, haverá um enfraquecimento progressivo da próxima liderança. Mesmo Hu Jintao ainda tem de pesar as suas relações com Jiang Zemin. Haverá facções, necessidade de construir bases de poder, estarão numa posição mais fraca.
Será mais fácil assim ver as lutas internas do Partido?
Eles fazem um bom trabalho a manter isso à porta fechada, por enquanto. Mas a tensão virá se houver uma grande crise de política externa, uma séria crise económica. Quem deverá ter o poder numa situação destas? Quem conseguirá tomar decisões concertadas? De repente estas questões de autoridade e tomada de decisão vêm ao de cima com uma grande crise.A outra questão é: há neste momento uma classe média que é ainda de primeira geração. Saiu da pobreza e de um período em que as suas famílias eram pobres e eles também. Há de certa forma um sentimento de gratidão pelo que o Governo fez por eles, dando-lhes uma nova riqueza e um conjunto de liberdades. A segunda geração será um teste: será uma geração que apenas conheceu isto e que não estará grata, e terá mais expectativas em relação aos seus direitos e liberdades. Poderá pressionar mais o sistema político, e é possível que a nova classe média lute mais pelos seus direitos do que a actual. Isso será outro teste ao sistema.O Partido protege os interesses da classe média em detrimento da maior massa populacional; há uma “conspiração” de elite para proteger os interesses da classe média face aos mais pobres. Isso também já é uma tensão.
O que prevê para os próximos 20 anos?
Em dez anos ainda teremos uma coisa parecida com o sistema actual; em 20 haverá transições de liderança com a segunda geração da classe média a ser mais prevalecente... Em alguns aspectos, a China ainda é tratada como pertencendo a uma classe diferente por causa do seu sistema político. Não é tratada como as democracias mundiais. Para ser uma potência mundial de pleno direito, o seu sistema político terá de mudar. Quando a memória de Tiananmen desaparecer – que ainda está muito viva –, afastando as inseguranças que criou, e a velha guarda do Partido também, haverá mais possibilidades de vermos mudanças.
Extractos da entrevista feita pelo Público a Andrew Small, especialista em questões chinesas do German Marshall Fund dos EUA. (ver texto completo)
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Hora da publicação: 10:06 2 comentários
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terça-feira, junho 02, 2009
Socialismo precário
Hora da publicação: 15:46 0 comentários
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segunda-feira, junho 01, 2009
A legitimidade do amor
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Nunca pensei assistir a uma luta "progressista" para conseguir a sujeição das relações amorosas e dos sentimentos a um formalismo burguês como o casamento.
Se a questão é a igualdade entre hetero e homossexuais, então defenda-se o fim do casamento, o gay e o outro. Elimina-se o mal pela raiz.
Quando Ana Zanatti, este fim de semana, numa sessão do Movimento pela Igualdade, disse: "A plena legitimidade do amor está ainda por conquistar" é caso para perguntar se a "legitimidade do amor" é o casamento, mesmo admitindo o absurdo de o amor precisar de ser legitimado.
Essa concepção de cariz retrógrado é mais ao estilo de Bento XVI.
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