terça-feira, outubro 01, 2024
quinta-feira, agosto 22, 2024
segunda-feira, agosto 12, 2024
Deixemos a baixa como sala de visitas
Deixemos a baixa como sala de visitas,
onde recebemos e confraternizamos com os estrangeiros que nos procuram. Ninguém leva as visitas para o quarto de dormir.
Lisboetas a viver na Baixa seriam sempre uma ínfima minoria de endinheirados.
Passei ontem a tarde na Baixa. Fui visitar o MUDE. Os estrangeiros dão à Baixa um ar de festa, não me incomodam nada.
Vivo na freguesia da Portela e Moscavide. Tenho jardins, estacionamento e calma. Quando me quero divertir vou à Baixa onde não gostaria de viver (mesmo antes de haver lá muitos turistas)
terça-feira, agosto 06, 2024
O centro de Lisboa como “mito urbano”
O centro de Lisboa como “mito urbano”
Partidos jovens, ou influenciados por jovens, falam constantemente de um mítico “centro de Lisboa” e propõe-se voltar a um tempo bucólico que não existiu.
Culpam os turistas e o “alojamento local” da “gentrificação”, como se a Baixa tivesse sido alguma vez um bairro popular onde as vizinhas pediam salsa umas às outras pela janela.
Por acaso trabalhei numa loja da Rua Augusta nos anos cinquenta e nunca vi tal coisa. Em Alfama, Mouraria e quejandos esse mundo existiu mas até há pouco tempo não passava pela cabeça a ninguém ir morar para aquelas casas decrépitas, sem comodidades.
Na baixa os bancos tomaram conta de quarteirões inteiros e ninguém tinha dinheiro para comprar lá uma casa, mesmo que quisesse viver no meio do frenesim.
As pessoas da classe média, do funcionalismo, procuravam casas modernas em ruas desafogadas nas avenidas novas, na Avenida de Roma ou em Alvalade.
Os menos endinheirados, os pequenos lojistas, os pequenos empregados e caixeiros, iam para mais longe.
Os meus pais foram para a Alameda das Linhas de Torres para viverem numa casa moderna.
Eu próprio, nos anos setenta, com dois bons ordenados da IBM, fui viver para a Urb da Portela, entre Moscavide e Sacavém.
Se alguém me tivesse então sugerido o “centro de Lisboa” teria soltado umas boas gargalhadas.
Haja pachorra
terça-feira, junho 25, 2024
segunda-feira, maio 20, 2024
Tratado para acabar, de vez, com uma discussão estúpida.
terça-feira, maio 07, 2024
sexta-feira, abril 26, 2024
sexta-feira, abril 05, 2024
O Adeus de Costa
O Adeus de Costa
Neste dia em que Costa se despede do cargo de Primeiro Ministro, depois de 8 anos de governos, decidi partilhar o que considero ser o seu pior legado; a emergência e crescimento do Chega.
Existindo partidos populistas de direita em países europeus há décadas faz sentido perguntar por que razão em Portugal isso aconteceu precisamente em 2019.
O partido de André Ventura foi criado na fase final do "governo da Geringonça". A tempo de umas eleições legislativas que tiveram o mais pequeno número de votantes do século XXI, o que pode legitimamente ser visto como resultado de uma sensação de impotência dos eleitores.
Quatro anos antes, em 2015, António Costa tinha quebrado um conjunto de práticas políticas como, por exemplo, aceitar o governo da força mais votada e eleger para presidente da AR o candidato da força mais votada.
Tais rupturas tiveram inúmeras consequências como ainda recentemente se verificou na eleição da presidência da AR; o que teria sido "normal" era o PS votar Aguiar-Branco logo na primeira votação, como era tradição.
O arranjo parlamentar que permitiu o "governo da Geringonça" levou a uma descrença no sistema eleitoral, um desencorajamento do voto, a sensação de que não bastava ter mais votos, a ideia de que nessas condições a direita dificilmente voltaria ao poder.
Quando se olha para os resultados eleitorais de 2024 tais temores parecem ridículos; ficou demonstrado, ao fim de oito anos, que a "aliança à esquerda" não constituía uma solução duradoira; foi um mero estratagema conjuntural que conduziu ao afundamento nas urnas dos parceiros do PS na Geringonça.
Mas o PS não se limitou a criar condições para o surgimento do Chega, passou os últimos anos a desejar e propiciar o seu crescimento convencido de que Ventura engordaria só à custa do CDS e PSD.
Agora que temos o "elefante" na AR, com base nos abstencionistas que a governação imprudente foi varrendo para debaixo do tapete, aqui-del-rei.
O Costa sai de cena com a questionável glória das "contas certas" depois da habilidade de transferir o "enorme aumento de impostos" dos directos para os indirectos, ou seja, "sem dor".
E de reduzir brutalmente o investimento, o que teve um impacto enorme na degradação da Educação, da Saude, da Habitação e até das Forças Armadas.
É caso para perguntar "ri de quê?".
domingo, março 31, 2024
EQUADOR
sexta-feira, março 22, 2024
A grande lição dos votos em Baleizão
quinta-feira, março 21, 2024
Política de ficção
quinta-feira, março 14, 2024
sábado, março 09, 2024
Vergonha
sexta-feira, março 08, 2024
E SE?
segunda-feira, fevereiro 05, 2024
Pobres Criaturas
sexta-feira, dezembro 15, 2023
REVER MELANCHOLIA
REVER MELANCHOLIA
Não foi por acaso que me lembrei de Melancholia, um filme de Lars Von Trier que é, antes de mais, uma enorme provocação.
Põe-nos perante a catástrofe eminente num tempo, como é o nosso, repleto de ameaças de catástrofe global.
Podemos interrogar-nos se já estamos a viver um filme idêntico sem nos dar conta.
Todos os dias, nos jornais, espreita a possibilidade da guerra atómica, pelo carregar do botão de um Putin qualquer.
Há também a ameaça omnipresente da hecatombe climática, que nos é escancarada em intervenções cada vez mais radicais dos militantes anti-sistema.
Num outro plano sentimo-nos à mercê de uma nova pandemia descontrolada que, a qualquer momento, pode ser desencadeada pela nova promiscuidade das espécies que o aquecimento global propicia.
E como se tudo isto não bastasse ainda temos todos a nossa catástrofe pessoal do envelhecimento e do fim da vida.
Ou seja, o problema de enfrentar uma catástrofe definitiva nunca está suficientemente longe e a necessidade de o encarar é uma questão permanente, mesmo quando tentamos pô-la para trás das costas.
A catástrofe mostrada neste filme não é uma catástrofe qualquer, é a irremediável e radical aniquilação da humanidade, de todas as formas de vida e da própria Terra, provocada pelo choque iminente com outro planeta significativamente chamado Melancholia.
Na medicina arcaica o termo "melancholia" era usado para designar aquilo que hoje chamamos estados depressivos.
O motivo imediato do filme é o casamento de Justine, uma jovem bastante "melancólica", que decorre num palacete opulento erguido numa extensa propriedade rural. De crise em crise, de episódio em episódio, a depressão de Justine leva ao abortar da festa e do próprio casamento.
Os convidados, e o próprio noivo, acabam por debandar, deixando Justine na companhia da irmã, do cunhado e de um sobrinho ainda criança.
Quando a inevitabilidade da colisão dos planetas se confirma, e após o suicídio do cunhado de Justine, às duas irmãs e à criança nada mais resta do que soltar os cavalos e aguardar a chegada do planeta Melancholia que se agiganta no horizonte.
A grande originalidade do filme, e a força do seu impacto, estão no tratamento intimista que adopta contra todos os clichés das superproduções holywoodescas.
A riqueza, o marketing (Justine é figura de proa numa agência de publicidade) e a ciência (incapaz de prever a trajectória dos planetas), os grandes ídolos pagãos do nosso tempo, são reduzidos a uma escala ridícula.
A dimensão da hecatombe e a inevitabilidade do seu desfecho transformam tanto o medo como a tristeza em coisas totalmente deslocadas e quase absurdas.
As imagens iniciais do filme, uma espécie de prólogo que permite diferentes interpretações, são como que uma premonição da destruição final, mostrada com uma beleza extrema e pungente. Cavalos afundam-se no solo e pássaros caem do céu, em câmara lenta e ao som da música de Tristão e Isolda.
A experiência de ver este filme é sem dúvida inesquecível e, no limite, uma catarse de todos os medos e inseguranças. Num plano quase religioso do tipo panteísta.
Pela sua ambição e intemporalidade constitui uma obra prima.
E o planeta Melancholia pode afinal ser apenas uma criação horrenda e metafórica da depressão profunda que esmaga Justine.
segunda-feira, outubro 02, 2023
sábado, setembro 30, 2023
CADERNO REIVINDICATIVO Dos Trabalhadores do Facebook (que somos todos nós)
Hora da publicação: 15:09 0 comentários
Etiquetas: digitalismo-pós_capitalismo, Fernando Penim Redondo
quarta-feira, julho 05, 2023
Viagem a Itália
Em Junho 2023 fiz a minha sétima viagem a Itália. A primeira foi em 1976, durante um mês, de automóvel. A segunda durou dois meses, em 1979, em trabalho. Seguiram-se outras visitas em 1991, 1992, 1998 e 2005.
Voltei agora por causa de uma neta, a quem queria mostrar por onde começar a folhear aquele enorme livro.
Desenrasco-me bem naquele país, e foi assim desde o primeiro dia, por ter visto muitos filmes italianos na minha juventude; o neorealismo, os grandes cómicos, e os "Antonionis" todos.
"Questa volta", pela primeira vez, parti de Portugal já com várias coisas reservadas (e em alguns casos pagas) pela internet. Aluguei carro, comprei bilhetes de combóio e de barco, reservei entradas em monumentos e, claro, reservei alojamentos.
Como já sou velho não tenho tanta paciência para aventuras e incertezas.
Há 47 anos andei por lá um mês sem saber onde dormiria na noite seguinte, sem cartões de crédito e sem telemóveis.
Resolvi entrar por Bolonha, ao centro, de onde podia dar um salto a Veneza, confortávelmente, de combóio. E depois partir de carro para sudoeste ao encontro de Florença, Pisa e Luca ou, mais para sul, Siena e San Gimignano. Em La Spezia fiz um pequeno cruzeiro para ver, pela primeira vez, o colorido das Cinque Terre debruçadas sobre o mar da Ligúria.
Já conhecia quase todos os lugares por onde passei excepto:
- La Spezia, cidade portuária no Mediterrâneo, sem comentários
- As "Cinque Terre", antigas aldeias de pescadores, agora transformadas em coqueluche turística; ruas estreitas apinhadas, praias escassas e com "areia de cascalho". Abaixo das expectativas criadas pelos folhetos turísticos. Salva-se a paisagem.
- Lucca. Esta excedeu as expectativas pela beleza das suas igrejas e pela encantadora praça oval que foi construída sobre os restos de um anfiteatro romano. É pena deixarem lá entrar camionetas de reabastecimento das lojas.
Mas também houve revelações nas cidades já conhecidas:
Bolonha
- O museu onde podemos, através de um dispositivo de "realidade virtual", visitar a cidade no tempo do império romano, na idade média ou no século XVIII.
- A basílica de S. Stefano, um encantador complexo de sete igrejas amalgamadas, cujo perímetro foi crescendo ao longo de muitos séculos.
Siena
- Tive finalmente a oportunidade de ver desfilar na Piazza del Campo as bandeiras das "contrade", uma espécie de confrarias dos nascidos em cada uma das 17 freguesias da cidade
San Gimignano
- Voltei a maravilhar-me com as suas torres medievais mas, desta vez, descobri os maravilhosos frescos do seu duomo. Fabuloso.
Pisa
- Subi, pela primeira vez, ao topo da famosa torre inclinada para mostrar à minha neta que ainda não estou arrumado.
Veneza
- Desta vez fui de combóio, a partir de Bolonha. Saí do combóio, atravessei uma pequena praça, tomei o vaporetto para a Piazza San Marco. Prático, e cómodo.
Em geral tive a sensação de menores multidões de turistas, talvez por ser ainda Junho.
O serviço nos restaurantes, e não só, pareceu-me descuidado e um pouco caótico.
Somos também surpreendidos por coisas um tanto arcaicas como lançar moedas numa gaveta para pagar a autoestrada. Ou então ter que indicar a matrícula do automóvel quando se tira um talão de estacionamento numa máquina de rua.
Mas a quantidade e qualidade histórica e estética é esmagadora.
sábado, junho 17, 2023
Impressões do Japão
quarta-feira, abril 19, 2023
segunda-feira, abril 17, 2023
quinta-feira, março 16, 2023
domingo, março 12, 2023
terça-feira, janeiro 31, 2023
Eutanásia
terça-feira, janeiro 10, 2023
A última vez que fomos felizes
Hora da publicação: 23:21 0 comentários
Etiquetas: curiosidades, economia-crises-ciclos, estatística-números