domingo, outubro 31, 2010

O novo petróleo?

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O fato de esse incidente opor China e Japão é muito eloquente, por um lado, por causa das relações execráveis entre os dois gigantes econômicos, por outro lado, e principalmente, porque essas terras raras pontuam as relações comerciais Japão-China.
Para compreender a questão, é preciso saber o que são terras raras.
São minerais não ferrosos que incluem 17 variedades de elementos químicos. Sua lista se assemelha a um poema surrealista: lantânio, neodímio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio e lutécio.
Para que servem? Para a alta tecnologia - por exemplo, a dos ímãs que transformam a energia elétrica em energia mecânica. Encontramos essas terras raras em todos os produtos high tech, celulares, trens-bala, iPods, fibras óticas, painéis solares, etc.
É aqui que encontramos de novo o Japão e a China. De fato, o campeão desses produtos de alta tecnologia é o Japão que, não dispondo de recursos naturais, baseia sua economia nas indústrias de ponta. Ao contrário, os chineses, que não dominam a alta tecnologia, são os maiores produtores de terras raras. Os dois países se complementam.
Portanto, se a China quiser pressionar o Japão, bastará que limite suas entregas de terras raras, como a Rússia, quando a Ucrânia faz má-criações, fecha seus gasodutos ou oleodutos.
Manobras. Isso significa que a China possui todas as terras raras do planeta? Não, ela sabe manobrar. Em 1992, o líder chinês Deng Xiao Ping quis que lhe explicassem a história das terras raras. Deng tinha 87 anos, mas tinha um espírito muito vivo, e concluiu: "O Oriente Médio tem óleo. A China terá as terras raras". Desde então, a China produz terras raras a preços imbatíveis. Ela conseguiu asfixiar a concorrência, de modo que outros países abandonaram a exploração de terras raras, a ponto de hoje Pequim ter praticamente o monopólio.
Estadão.com.br, 30.10.2010

A China concentra 97% da produção mundial dos metais de terras raras segundo a Associated Press.


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sábado, outubro 30, 2010

Produtividade

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Fotografias de Alain Delorme, feitas em Xangai em 2009 e 2010

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Haverá alguma relação entre esta produtividade chinesa e o enorme crescimento da sua economia e do saldo positivo da sua balança comercial? Responda quem souber.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Vias nadáveis

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Depois do enorme investimento nas "vias cicláveis", para fomentar o ciclismo inexistente, a CML lançou agora as "vias nadáveis" para fomentar a prática da natação.
É, valha-nos isso, mais barato pois basta não fazer nada e esperar pelas chuvadas de Outono.

Da mão-de-obra barata para o petaflop barato

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A China apresentou hoje, durante o National High Performance Computing (HPC China 2010), em Pequim, o supercomputador mais potente do mundo.
Chamado de Tianhe-1A, a máquina tem capacidade de processamento de 2,507 petaflops, medidos por meio do software Linpack.
Para atingir o novo recorde de performance, o Tianhe-1A conta com 14 336 processadores Intel Xeon, GPUs Nvidia Tesla M2050, 103 armários e pesa 155 toneladas.

O equipamento foi desenvolvido pela Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa (NUDT), na China, com custo de 88 milhões dólares. Em operação, ele consome 4,04 megawatts de eletricidade.
O Tianhe-1A derrubou o recorde anterior do Cray XT5 Jaguar, que é usado pelo Centro Nacional dos EUA para Ciências da Computação, no Oak Ridge National Laboratories. O Cray XT5 Jaguar é capaz de processar até 1,75 petaflops.
O Tianhe-1A vai operar com um sistema de código aberto e será usado para realizar cálculos científicos em larga escala.
Info.abril.com, 28.10.2010

Não, ainda não se sabe quando estará à venda numa "loja do chinês" perto de si.
Mas estamos a assistir a uma séria tentativa de passar da mão-de-obra barata para o petaflop barato.
Foi certamente nesta enorme potência de cálculo que se baseou a opinião da vice-ministra dos Negócios Estrangeiros chinesa, Fu Ying, que a propósito de uns empréstimos a Portugal afirmou: «Acreditamos que as medidas tomadas pelo Governo português conduzirão à recuperação dos sectores económico e financeiro de Portugal».
Trata-se de um inesperado, e exótico, apoio às medidas de austeridade de Sócrates ou apenas de uma forma muito rentável de aplicar as gigantescas reservas financeiras chinesas?
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quinta-feira, outubro 28, 2010

Os frescos de Santa Águeda

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A Capela de Santa Águeda/Ermida de São Neutel está situada nos arredores de Vila Nova da Baronia.
Propriedade da Igreja Católica, inclui azulejos e o retábulo do Século XVI no altar-mor.
Integrada no Herdade dos Aires é rodeada por terrenos agrícolas. Várias construções (outrora funcionando como casas dos romeiros) rodeiam a capela a Norte e Sul. Nas imediações um palanque com espaldar em madeira decorado com pinturas recentes representando o orago, onde se realizam os festejos anuais.
A sua construção é do início do Século XVI e dedicada a Santo Eleutério, Papa de 174 a 189, cujo nome por corruptela popular se transformou em São Neutel, personagem hagiográfica lendária. Em 1570 é executado o retábulo-mor, no Século XVII a construção da galilé e em 1755 a construção do portal, após o terramoto quando a ermida recebeu então o onomástico adicional de Santa Águeda, santa de grande devoção local, provocando uma implantação humana em redor, que deu origem à aldeia de São Neutel, de que subsistem as casas existente em redor do templo.
Possui um notável conjunto de pinturas murais nos alçados e coberturas (ver aqui).

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terça-feira, outubro 26, 2010

Um país (re)ciclável

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As vias cicláveis estão na moda. Em Lisboa, onde falta tanta coisa, a Câmara precipitou-se na sua construção.
Na avenida do Brasil, por exemplo, com grandes custos e incómodos, lá surgiu uma longa faixa vermelha que rouba espaço aos passeios em frente ao Júlio de Matos e ao LNEC. Nunca lá vi, nas minhas passagens frequentes, qualquer ciclista.
Esta apologia bem-pensante antecipou-se a qualquer necessidade real; antes de haver ciclistas com problemas criou-se uma solução para eles. Como se os recursos abundassem e pudessem ser malbaratados.
Noutras circunstâncias haveria um movimento de cidadãos contra os riscos de quedas e fracturas expostas. Ou então protestando contra uma infraestrutura que discrimina os velhos e os incapacitados. 
Funcionamos assim, por entusiasmos fátuos, construindo os castelos de areia de uma modernidade inadaptada.

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segunda-feira, outubro 25, 2010

O Alandroal é Portugal

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Alandroal por Maluda, Óleo sobre tela, 1988, 54×65cm




Sejam bem-vindos ao Alandroal. Um concelho alentejano lindíssimo e de que recomendo a vila de Terena e uma visita ao seu castelo. Agora, alguns dados sobre o Alandroal: o concelho tinha, no censo de 2006, exactamente 6187 almas (infelizmente, é provável que o número tenha diminuído e não aumentado).
Para assistir devidamente os seus 6187 habitantes, o concelho tem nada menos do que dezasseis freguesias e a Câmara Municipal emprega 220 funcionários, mais a vereação — ou seja, um funcionário camarário para cada 28 habitantes.
Para poder alimentar este exército camarário seria de supor que a Câmara gozasse de uma privilegiada situação a nível de receitas. Não, infelizmente: segundo nos informa o “Diário de Notícias”, o município sobrevive “praticamente sem receitas próprias”, que não as que recebe das transferências do Orçamento do Estado.
Uma visita à terra mostra-nos porquê e explica-nos que há bens que vêm por mal: lá isolado, em plena planície, longe da costa e de Alquevas, o município não pode acrescentar às verbas do OE as que resultariam do imposto municipal sobre imóveis referente a urbanizações e aldeamentos turísticos, marinas e campos de golfe que não tem. O Alandroal está assim preservado dos PIN e do desvario urbanístico e paga por isso um preço, pois que a lógica do ordenamento do território em vigor estabelece que quem mais constrói, quem mais construção autoriza, mais dinheiro tem.
O Alandroal vive, pois, exclusivamente à custa dos contribuintes. Note-se: não são os habitantes (que, esses gozam de outros apoios sociais): é o próprio concelho. Ora, isto é meio caminho andado para a desgraça e para a irresponsabilidade: é sabido que quem vive de gastar o que não tem, não lhe dá o devido valor. Não admira, pois, que, entre 2001 e 2009 e ao ritmo de três milhões por ano, o concelho tenha acumulado uma dívida de 28 milhões de euros (4525 por habitante, a acrescer aos cerca de 13.000 que cada português deve em nome da República).
Em 2008, o município, liderado por um socialista, excedeu em dois milhões os limites de endividamento fixados na lei, e, em 2009, ano de eleições autárquicas, triplicou a derrapagem, ultrapassando em mais seis milhões os limites legais de endividamento. Chegou agora a factura: conforme estabelecido, a lei penaliza o seu endividamento além dos limites, cortando-lhe 10% nas transferências do OE. O novo presidente da Câmara queixa-se, e com razão, de “estarem a ser penalizados por decisões tomadas no passado”. E queixa-se, sem razão, de que, se o Governo aplicar a lei, não terá dinheiro para pagar os subsídios de Natal à sua legião de funcionários. E não vê outra solução que não a de cortar no “que não é fundamental: iluminações de Natal, festas, horas extraordinárias e ajudas de custo”. Realmente, pensando que temos mais de 300 municípios e alguns deles na mesma situação do Alandroal, também não vejo outra solução... Só não percebo é por que razão foi preciso esperar até quase ao final do ano para se darem conta... das contas. E, francamente, custa-me a entender como é que, com um funcionário por cada 28 habitantes, ainda é necessário pagar horas extraordinárias, e como é que, com 4525 euros de dívida pesando nas costas de cada munícipe, ainda sobra dinheiro para festas.
Se quer saber como é que chegámos onde chegámos, à iminência da bancarrota, é fácil: o Alandroal é Portugal.
Miguel Sousa Tavares
Expresso, 23.10.2010
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Prólogos do Apocalipse

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Onze pessoas aterrorizadas atiraram-se da janela de um segundo andar para fugir ao que pensavam ser o diabo. Na sequência da queda, sete ficaram feridas, três das quais crianças. Entre estas, um bebé de quatro meses acabou por morrer.

Tudo aconteceu sábado à noite em La Verrière, nos arredores de Paris, em França.

E o diabo era, afinal, o pai de uma das crianças.
Os resultados das primeiras investigações dão conta de que "13 pessoas estavam a ver televisão quando, por volta das 03.00 da manhã, um dos ocupantes do apartamento ouviu o filho a chorar", conta Odile Faivre.
A procuradora adjunta do Ministério Público de Versailles avança que o pai do bebé, totalmente nu e ainda algo ensonado, "se levantou para preparar o biberão" quando a mulher , ao vê-lo, terá gritado: "É o diabo, é o diabo!"

A cunhada do homem em causa feriu-o gravemente na mão com uma faca e expulsou-o do apartamento. Quando ele tentou entrar novamente em casa, "os outros ocupantes puseram-se em fuga, em pânico, e, com medo do diabo, saltaram pela janela".

A responsável do Ministério Público avançou, porém, existirem ainda muitos pontos obscuros na história. Mas, adianta, com base nas investigações feitas pela polícia, que "nenhuma sessão espírita foi realizada no apartamento e também não foi ali encontrada qualquer substância alucinogénica."

Diário de Notícias 24.10.2010

Sucedem-se os sinais de um apocalipse eminente.
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domingo, outubro 24, 2010

Matti e o novo Puntilla

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O Teatro Aberto mostra a inesquecível peça de Brecht, com excelentes actores e excelente encenação.
É a história de um patrão umas vezes generoso, quando está bêbado, e outras tirânico, quando está sóbrio. É difícil perceber em que modo se torna mais insuportável.
Esta fábula, que marcou o século XX, tornou-se anacrónica num tempo em que os trabalhadores cada vez mais se confrontam com as grandes empresas e com o próprio Estado.
Precisávamos de um novo Brecht que tratasse destes novos patrões sem rosto, que não se metem nos copos. Talvez assim a retórica da esquerda acabasse por reconquistar um sentido actual.

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sábado, outubro 23, 2010

Enquanto nós discutimos o Orçamento...

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A China inaugura mais uma linha ferroviária de alta velocidade (TGV) na próxima terça-feira, reforçando a posição de líder mundial do setor com uma rede que, em menos de uma década, ultrapassou os 7.000 quilómetros de extensão.


A nova linha, um troço de 202 quilómetros entre Xangai e Hangzhou, é também o palco do novo recorde mundial de velocidade: 416,6 kms/hora.
Nos testes realizados o mês passado, o mais moderno “tgv chinês”, o “CRH380A”, excedeu em 22,3 Kms/hora a marca alcançada no verão de 2008 na primeira linha férrea chinesa de alta velocidade, que liga Pequim a Tianjin.
O engenheiro-chefe do Ministério dos Caminhos de ferro, He Huawu, anunciou esta semana que a China está a desenvolver um comboio ainda mais rápido, capaz de atingir 500 kms/hora, a velocidade de alguns aviões pequenos.
“Queremos liderar o mundo na construção ferroviária de alta velocidade”, disse He Huawu num fórum internacional da especialidade em Wuhan, centro da China.
O “CRH380A” que vai operar na linha Xangai-Hangzhou – um comboio «made in China» com oito carruagens e capacidade para 500 passageiros – atinge os 350 kms/hora ao fim de apenas dez minutos.
Segundo a previsão das autoridades, cerca de 80 milhões deverão viajar anualmente naquela linha, que liga a “capital económica da China” à capital da província de Zhejiang, uma das mais prósperas do país.
No final de setembro, a China já tinha 7055 quilómetros de via-férrea de alta velocidade, devendo chegar aos 13 000 quilómetros em 2012 – mais do que toda a rede existente hoje no mundo inteiro.
Em 2009, o Japão e a França – os outros países que mais têm investido neste domínio – tinham, respetivamente, 2000 e 1900 quilómetros.
Pelos patrões da International Union of Railways, organização com sede em Paris, a alta velocidade corresponde a mais de 200 kms/hora.
Entre os dez mil quilómetros em construção na China destaca-se a linha Pequim-Xangai, com 1318 quilómetros, uma empreitada que no ano passado empregava cerca de 110 000 trabalhadores e cuja abertura está prevista para 2012
A viagem entre as duas principais cidades do país passará a demorar menos de cinco horas, metade do tempo atual.
He Huawu prevê que “num futuro próximo, a rede chinesa de alta velocidade atingirá 50 000 quilómetros de extensão, ligando todas as cidades com mais de 500 000 habitantes”.


Diário Digital /Lusa

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sexta-feira, outubro 22, 2010

Variações

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Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar


Já toda a gente percebeu que vamos ter que mudar de vida. Que as políticas e práticas das últimas décadas foram, no mínimo, irresponsáveis e inconsequentes. Que vamos ter que encontrar novos actores, novo texto e nova encenação para podermos construir um futuro com dignidade.
Por isso não consigo compreender como o "circo mediático" se continua a ocupar dos fait-divers da aprovação do orçamento e, mesmo a esse nível, se fale mais dos aspectos processuais e psicológicos do que da substância das propostas e soluções.
Tem que haver alguém que, com revisão constitucional ou sem ela, faça uma ruptura com o passado e apresente aos portugueses uma nova visão da nossa economia e da nossa política. Para que seja possível acreditar que ainda há soluções e saídas possíveis.
Toda a pressão sobre o PSD para que aprove o OE 2011 parece pretender, no essencial, que tal ruptura não se dê e que tal alternativa radical não surja.
Mas os que fazem tal pressão deviam saber que se a alternativa não surgir de dentro dos partidos do regime acabará por eclodir contra o regime.

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quinta-feira, outubro 21, 2010

O offshore está offside

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São cerca de 600 os contribuintes chamados a provar a origem das verbas enviadas para paraísos fiscais em 2009.

A Direcção-Geral dos Impostos está a investigar as transferências para off-shores de contribuintes singulares que não declararam rendimentos que justifiquem essas operações.

A acção de fiscalização, a nível nacional, abrange cerca de 600 contribuintes responsáveis por transferências, em 2009, para paraísos fiscais na ordem dos 55 milhões de euros, e que estão já a ser chamados para justificar as mesmas.

A notícia foi ontem avançada pelo Correio da Manhã e dava conta que, dos 600 contribuintes referenciados pela banca como tendo enviado verbas para territórios com regimes de tributação privilegiada, colectados como trabalhadores independentes, cerca de 500 "não tinham qualquer actividade conhecida ou não entregaram a declaração de rendimentos referente a 2009".


Ver o artigo no DN, 21.10.2010


Foi preciso o país chegar à bancarrota para se lembrarem de fiscalizar o óbvio.

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866 milhões de euros para contar 1.300 milhões de chineses



A China vai contar a sua população entre 01 e 10 de novembro, num censo de porta-a-porta que se realiza uma vez por década e que mobilizará este ano cerca de seis milhões de pessoas e uma despesa estimada em mais de 866 milhões de euros.
No último censo, em 2000, a China tinha 1 265 830 000 habitantes, mas 1,8 por cento da população (quase 23 milhões) não foi contabilizada, disse hoje o diretor do departamento de demografia do Instituto Nacional Estatísticas, Feng Nailin.
Pela primeira vez, serão também abrangidos os estrangeiros e os “compatriotas de Hong Kong, Macau e Taiwan”.
Cada recenseador será responsável por “um bloco de 250 a 300 pessoas”, através de mais de 300 cidades e 680 000 aldeias, indicou Feng Nailin.
Segundo o mesmo responsável, a operação está orçada em oito mil milhões de yuan (cerca de 866,5 milhões de euros) e os resultados vão demorar um ano a processar.
As “maiores dificuldades” dizem respeito aos trabalhadores migrantes, estimados em cerca de 200 milhões, e ao “receio” de muitas famílias de serem multadas se declararem a existência de um segundo filho, reconheceu o responsável.
Em julho passado, a ministra Li Bin, diretora da Comissão Nacional da População e Planeamento Familiar, estimou que em 2015 a China chegará aos 1400 milhões – mais 80 milhões que no final de 2008 – e, pela primeira vez, a maioria viverá em cidades.
Nos primeiros 30 anos de governo comunista, até ao final da década de 1970, a população quase triplicou, para cerca de mil milhões, mas o crescimento caiu 40 por cento com a política de “um casal, um filho”, imposta em 1980.
Pelas estimativas do Instituto de Estatisticas da China, no final de 2009, o país tinha cerca de 1340 milhões de habitantes - mais de um quinto de toda a Humanidade.

Diário Digital /Lusa

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quarta-feira, outubro 20, 2010

ZÉMAX

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Capucho sugere «mediador» para acelerar acordos PS-PSD

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Alfredo Luz

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Alfredo Luz tem, na Galeria São Francisco à Rua Ivens, uma belíssima exposição de pintura. Para ver.



 
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terça-feira, outubro 19, 2010

Fetichismo

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Orçamento de Estado,
Orçamento deste Estado,
Orçamento des-tEstado,
Orçamento detEstado.
Um caso de fetichismo colectivo.


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O motorista invisível

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A Google quer definitivamente sentar-se no banco do motorista de nossos automóveis. É o que mostra a retomada do projeto 'Pribot', com modelos Toyota Prius repletos de sensores, radares e muita tecnologia embarcada para garantir que os motoristas humanos são dispensáveis — os veículos já rodaram mais de 225 mil km, incluindo 1,6 mil km sem motorista.
Para garantir total segurança em caso de falha dos sistemas, os carros contam com um 'motorista' treinado e um engenheiro de software que monitora tudo, em tempo real, no banco do carona. Os testes que acabaram de ser realizados foram feitos na Lombard Street, em São Francisco, e na California Highway One, estrada que vai até Los Angeles.
De acordo com Dr. Sebastian Thrun, diretor do Laboratório de Inteligência Artificial de Stanford, engenheiro do Google (co-inventor do Google Street View) e vencedor da corrida de 2005 de carros dirigidos por robôs da Agência de Projetos Avançados de Defesa (Darpa), a intenção da Google é contribuir para reduzir em mais de 50% o número de acidentes causados por falhas humanas.
Ele afirma que até mesmo quem acha o projeto avançado demais para a realidade atual da maioria dos países há de concordar que os estudos feitos pela empresa podem, no mínimo, ajudar a criar dispositivos que assumam, de maneira segura, o comando do veículo em situações de risco, como, por exemplo, aqueles segundos na hora de ligar o som do carro ou em infrações como beber, comer ou enviar mensagens de texto ao volante.
Os Toyota Prius da Google respeitam limites de velocidade dos locais por onde passam, sinais de trânsito, placas de advertência, bem como a distância segura em relação a outros carros e a presença de obstáculos. Veja como no box ao lado. Na coluna 'Segurança', na página 3, o que foi debatido em Paris sobre o futuro da mobilidade.
- Um sensor rotativo no teto escaneia mais de 61 metros em todas as direções para gerar um mapa tridimensional preciso de tudo o que está ao redor do veículo.
- Câmeras montadas próximas ao retrovisor interno detectam as luzes dos sinais de trânsito e ajudam os computadores a bordo a reconhecerem obstáculos móveis como, por exemplo, pedestres e ciclistas.
- Quatro radares convencionais automotivos, três na dianteira e um na traseira, ajudam a determinar a posição de objetos distantes.
- Um sensor, montado na roda traseira esquerda, é responsável por medir pequenos movimentos feitos pelo carro. Com isso, ele contribui para localizar de maneira bastante precisa a posição do automóvel no mapa.


O DIA Online, 14.10.2010


Aqui está uma contribuição decisiva, não retórica, para a segurança rodoviária.

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Ex-votos da Senhora D'Aires

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Na Senhora D'Aires, de ao pé de Viana (Alentejo), têm-se feito e pago muitas promessas.
Veja AQUI uma reportagem dos ex-votos populares.

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segunda-feira, outubro 18, 2010

Assaltumbanco

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O espectáculo a que ninguém fica indiferente, um prodígio de criatividade que é também uma lição de vida.
A resposta aos desafios do momento presente. Leve a família toda e volte mais rico para casa.

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A assobiar para o ar

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O que mais me espanta na situação actual é a preocupação em impedir a crise desta semana, em tentar enganar "os mercados" nem que seja mais uns dias aprovando um orçamento qualquer.
Já nem falo do passado. Não há responsáveis? Onde estiveram os deputados durante todos os anos em que se cavou o buraco actual? Não é para isso que pagamos um "regime democrático"? E os partidos "à esquerda", que tanto se mobilizam em defesa de certas corporações, porque não fizeram a insurreição enquanto o país ainda não tinha sido totalmente delapidado?
Onde estava o juiz Carlos Moreno, que agora escreveu um livro, durante estes anos todos? Só o casmurro do Medina Carreira, honra lhe seja feita, é que gritou que vinha aí o lobo. E vinha mesmo.
Mas há que falar do futuro. Não haverá futuro enquanto não percebermos como, e porquê, caímos neste atoleiro. Para evitar repetir os mesmos erros.
Para haver um futuro alguém tem que ter a coragem de romper com o marasmo do sistema. Alguém tem que assumir um projecto de futuro em que seja possível acreditar e, à luz dele, determinar todos os sacrifícios que forem necessários.
Isto não vai lá pelo método habitual, com troca de favores nos camarins e depois assobiar para o ar para o "mercado" ver.

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domingo, outubro 17, 2010

Os frescos do Alentejo

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Passei o sábado a visitar os frescos alentejanos. Vila nova da Baronia, Santa Águeda, Alvito, Senhora de Aires de ao pé de Viana e São Cucufate.
Um dia bem passado.

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sexta-feira, outubro 15, 2010

quinta-feira, outubro 14, 2010

Rui Palha - para redescobrir as ruas de Lisboa

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Rui Palha, um grande fotógrafo das gentes de Lisboa, acaba de publicar o seu livro "Fotografias de Rua".
Já está à venda na Livraria Barata e é a sua oportunidade para descobrir o fotógrafo e redescobrir a cidade.
Recomendo absolutamente.

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O atraso e o esgotamento do regime



Acontece que, enquanto a política se fez segundo um modelo que combinava a distribuição daquilo que não se tinha com a fuga (em geral "em frente"!) ao que incomodava, tudo parecia fácil. Mas agora, que as coisas mudaram, a incapacidade política revelou-se de um modo tão estrondoso como evidente.
Esta incapacidade é bem clara no impasse actual: por um lado, exibe-se um optimismo todo feito de deslumbramento tecnológico e de virtualidades mediáticas, que vive ao sabor dos movimentos quase infinitesimais das estatísticas mais irrelevantes. Mas ao mesmo tempo insiste-se, por outro lado, no fatalismo mais paralisante: "ninguém previu", "não há alternativas", "a culpa é da crise internacional", etc. Com o optimismo, procura ganhar-se em tempo o que se perde em acção, com o fatalismo, procura ganhar-se em impunidade o que se esconde de irresponsabilidade.
De resto, que classe política, que não fosse dominada pelo arcaísmo das suas ideias e pelo egoísmo dos seus interesses, poderia, há um ano, ter pensado - um só segundo que fosse! - que seria possível lidar com a mais grave crise que Portugal enfrentou desde 1974, com um governo minoritário?
Mais: que outra classe política poderia, de um modo tão inconsciente, ter completamente esquecido a lição das experiência minoritária de 1995/2001, e o "pântano" a que ela conduziu? (Compare-se, a propósito, com o que recentemente - em situação análoga - aconteceu em Inglaterra).
Manuel Maria Carrilho, DN 14.10.2010


MMC deixou-se de rodriguinhos e resolveu atacar a fundo.
No seu caso pode sempre perguntar-se em que medida o faz por despeito mas a justeza das suas críticas é indubitável.
Se virmos bem é o próprio regime que ele põe em causa pois, como quase todos os críticos, não apresenta nenhuma ideia séria para o rectificar.
O que é verdadeiramente trágico no momento presente não é a novela do Orçamento mas sim termos a certeza de que o actual governo, e o que ele representa, devem ser varridos do poder e não vermos quem, nem como, pode constituir uma alternativa que nos devolva a esperança colectiva.
Não há sintoma mais claro do esgotamento do regime.
E ainda há quem ache que é inútil, ou mesmo perverso, "mexer" na Constituição.
Santa ingenuidade...

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quarta-feira, outubro 13, 2010

A democracia e a ópera

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A democracia parlamentar e a ópera, como passatempos dos ricos, têm muito em comum.
As encenações são demasiados caras, os cenários são exagerados e o guarda roupa é espampanante.
É no salão nobre, ou nos "passos perdidos", que se fazem os melhores negócios mas, para acalmar o povo, há transmissões em directo para um ecran "no largo" ou nas nossas casas.
Vivem ambas das tragédias e dos golpes de teatro mas, quando saímos, emocionados, o pedinte da esquina continua exactamente na mesma esquina.

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terça-feira, outubro 12, 2010

O meu Prémio Nobel da Paz

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Liu Wei é o meu Prémio Nobel da Paz

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PEC 3,5

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Ontem tivemos um PEC (Pró E Contras) 3,5. Três ex-presidentes e um reitor, este num ingrato papel de trintanário.
Nesta encruzilhada, sem saber o que fazer, voltámos aos oráculos do regime. E eles deram a receita: remendar o centrão, ou seja, mais do mesmo como não podia deixar de ser.
Talvez não sejam as pessoas certas para falar do futuro mas podiam ter explicado por que é que, com o seu beneplácito, chegámos onde estamos. Poder podiam, mas não era  a mesma coisa.
Enquanto assistia ao programa perguntava a mim próprio quantos portugueses se atreveriam a entregar a estes homens, confiadamente, a gestão de uma parte significativa do seu património pessoal.

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segunda-feira, outubro 11, 2010

Notícia desonesta



Lisboa, 09 Out (Lusa) - A China é o país que, anualmente, executa mais pessoas, superando a soma de execuções de todas as outras nações que aplicam a pena capital, revela a Amnistia Internacional, na véspera do Dia Mundial contra a Pena de Morte.

Esqueceram-se de dizer que a China tem uma população pelo menos duas vezes maior do que todos os outros países que aplicam a pena de morte no seu conjunto.
Assim se manipula vergonhosamente.

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domingo, outubro 10, 2010

Trata a Vida Por Tu Gal

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O mercado dos cursos de auto-ajuda e motivação está a crescer em Portugal. E hoje enfrenta uma prova de fogo inédita, garante Daniel Sá Nogueira. O motivador e guru é o responsável pela iniciativa que promete encher o Pavilhão Atlântico, em Lisboa, tornando as dez mil pessoas na plateia mais optimistas e confiantes.
"Trata a Vida Por Tu Gal", assim se chama o espectáculo que quer mostrar aos portugueses como podem ser mais positivos e alcançar os seus objectivos. Ainda há lugares livres, mas Daniel Sá Nogueira garante que a maior sala do País está praticamente esgotada.

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Diques de areia

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Desde o 25 de Abril que tem havido um aumento de interesse pela maçonaria?
Sim, duplicámos o número de maçons nos últimos dez anos. É natural que estejamos a crescer, mas não queremos muitos mais. Atenção que a maçonaria não é uma instituição de massas, como um partido político. Nós próprios não queremos ultrapassar um determinado número. Somos muito selectivos.
Como é feita essa selecção? Que tipo de pessoas procuram?
As elites académicas, culturais, políticas... As elites em geral. As pessoas não vêm directamente ter connosco. Em geral isso faz-se indirectamente, através de pessoas do GOL que já se conhecem. Determinado obreiro, "irmão" (termo maçónico), propõe uma pessoa das suas relações.
A maçonaria é reconhecida ainda hoje como ordem secreta. Apesar de vivermos num regime democrático, a maioria dos maçons não admite que o é. Porquê?
É a própria pessoa que pode, se assim quiser, comunicar que é maçon. Ninguém é obrigado a assumir-se, isso seria uma violação da liberdade de consciência. Ninguém tem de se declarar benfiquista ou sportinguista e portanto também não tem de se declarar maçon.
Manter a identidade maçónica em segredo é muito comum entre os magistrados. Nenhum se assume como maçon, mas há muitos magistrados que o são.
Existe um certo preconceito no poder judicial. Alguns magistrados não aceitam muito bem a maçonaria. E, com medo que a opinião publica os condene - baseada naquela ideia de que a maçonaria é como uma instituição tentacular, uma espécie de polvo, que controla as instituições de todos os poderes, o que é inteiramente falso - não o assumem. Isso pode criar desconfianças, suspeitas dentro do poder judicial relativamente à condição de maçon de determinado juiz ou procurador. Por isso a maioria prefere não revelar.
Como já disse, os maçons têm cargos preeminentes na sociedade, as suas decisões podem influenciar o futuro do país. É normal discutirem os problemas actuais e a melhor forma para os resolver?
Sim, tentamos dar o nosso contributo, tentamos formar os nossos membros para que consigam, dentro das actividades que exercem, resolver os problemas do país. Mas eu sou grão-mestre e não reúno aqui nem em lado nenhum com ministros, deputados e juízes que são maçons para lhes dar instruções sobre o que devem fazer no governo ou na magistratura. Algumas pessoas vivem obcecadas com essa ideia.
Há casos em que de recusa quando tentam recrutar para o GOL?
Sim, porque não têm interesse ou têm medo. Mas normalmente quando um maçon convida uma pessoa já sabe que existe uma certa probabilidade de ela aceitar. Primeiro há uma observação, conhecimento do carácter da pessoa, e logo depois é que se vê se essa pessoa tem apetência para este tipo de trabalho. Ser maçon exige uma apetência da própria pessoa para praticar aquilo a que chamamos uma espiritualidade laica, para uma reflexão sobre temas que têm a ver com o sentido da existência, o sentido da vida, sem terem de passar pelo crivo religioso. A maçonaria está acima das divisões religiosas e político-partidárias.

António Reis, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) ao jornal I, 09.10.2010
 

Qualquer grupo de pessoas, unidas por uma crença de verificação impossível, ligadas por códigos de fidelidade apertados, pode obter resultados surpreendentes e muito acima da sua representatividade ou peso relativo.
Esta tese tem sido demonstrada, pela vida, vezes sem conta.
Assim se explica, por exemplo, como uma célula partidária composta por uma dúzia de militantes consegue controlar e determinar a comissão de trabalhadores numa empresa com centenas de empregados ideológicamente distanciados.
As células dos partidos comunistas usaram esse método por todo o lado, através das suas disciplinadas reuniões de planeamento e distribuição de tarefas, com  enorme eficácia.

A maçonaria aplica o mesmo método, mas num plano mais elitista, apostando na colocação de “pedras” em lugares chave da comunicação, da administração e dos orgãos de poder.
Nada de novo, portanto.

Quando, em certas raras circunstâncias, esta questão invade o espaço público é comum ouvir vozes que verberam as distorções da democracia que tais métodos podem acarretar, já que os cidadãos “organizados” dispõem de uma capacidade de intervenção social que não está ao alcance do cidadão comum, por norma isolado.
Mas essa é apenas uma faceta do problema.
Há porventura consequências mais graves resultantes do funcionamento de grupos institucionalizados que, no seu interior, proporcionam aos seus membros uma sensação de impunidade, ou superioridade, que os limita na capacidade de compreender os “gentios” e de olhar para a sociedade como um organismo vivo com a sua genética e o seu determinismo natural.
Ideais que seriam salutares e desejáveis quando exercidos por cada um dos cidadãos, na sua intervenção cívica, podem converter-se em pesadelos quando vigoram no seio de grupos institucionalizados que se auto-delimitam do exterior. Todos os defeitos do clubismo e do fanatismo, tão óbvios e tão ridicularizados no futebol, encontram terreno fértil mesmo que adoptem práticas mais sofisticadas.
As crenças comuns desses grupos tendem a ser sobrevalorizadas ao ponto de a realidade passar a constituir um empecilho das engenharias sociais.

Há sem dúvida uma contradição insanável entre o vanguardismo necessário ao progresso social e a democraticidade das opções e decisões. Mas existe também uma contradição entre o vanguardismo e os ritmos e modos passíveis de ser realizados num dado contexto histórico e numa dada situação sócio-cultural.
É muito fácil cair-se na luta pela conquista de posições de poder, a todo o custo, sem fazer o esforço necessário para compreender certas dinâmicas inelutáveis no âmbito económico e cultural. Como se a bondade das intenções, e a superioridade moral das soluções, bastassem para garantir o sucesso.

A história da primeira República, tão invocada nos últimos dias, é um bom exemplo desse erro. O mesmo poderá ser dito da revolução de Outubro e da URSS.
A República actual, em Portugal, parece estar a seguir o mesmo padrão. Não há ideais, por mais justos que sejam, que resistam à decadência económica e ao desmoronamento das instituições minadas pelo clientelismo e o proteccionismo dos confrades.
A história tem mostrado que tais experiências terminam sempre em longos períodos de retrocesso social e político.

Está por inventar um modo de actuação que garanta o desenvolvimento de novas ideias e de novas formações sociais com base na compreensão profunda dos limites naturais impostos pelo acumulado histórico presente na realidade social. Substituindo os grupos enquanto instituições por grupos dinâmicos de cidadãos que nascem para realizar projectos e que morrem quando já não são necessários.
Corrigindo e redireccionando as forças que espontâneamente se movem na sociedade, em vez de tentar estancá-las com diques de areia.
 
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sábado, outubro 09, 2010

Um barco chamado Portugal

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Um grupo de pescadores tenta levar para o mar um barco que ficou preso no porto de Tanmen, na província de Hainan. Chuvas torrenciais atingiram mais de mil localidades naquela ilha chinesa, informou a agência de notícias Xinhua.Fotografia:China Daily/Reuters

Faz-me lembrar um barco chamado Portugal, que também encalhou, mas sem o sentido gregário de entreajuda dos chineses.

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sexta-feira, outubro 08, 2010

Receita de Marques Mendes contra a obesidade

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A receita de Marques Mendes
para combater a obesidade


Ministério das Obras Públicas - 4

1. INIR (Instituto Nacional de Infraestruturas Rodoviárias)
a) Funções de Regulação (Parcerias Público-Privadas) e de Fiscalização da Rede Rodioviária Nacional;
b) São competências que já estão hoje na EP Estradas de Portugal e no IMTT (antiga Direcção Geral de Viação).
CONCLUSÃO: PODE SER EXTINTO.

2. GISAF (Gabinete Investigação e Segurança de Acidentes Ferroviários.
a) Funções de Investigação quando há acidentes ferroviários;
b) Funções que também estão na CP e na REFER (quando há um acidente ferroviário é a CP ou a Refer que trata do assunto).
c) Parece um instituto criado para colocar um socialista desempregado da gestão das EP dos Transportes (João Crisóstomo).
CONCLUSÃO: PODE SER EXTINTO.

3. NAER (Instituto para estudar e Conceber o Novo Aeroporto de Lisboa)
a) As suas funções podem perfeitamente passar para a ANA, EP (Empresa de Aeroportos e Navegação Aérea)
b) É uma racionalização óbvia e necessária.
CONCLUSÃO: ESTE SERVIÇO PODE SER EXTINTO.

4. Fundação das comunicações móveis (uma das centenas que existem – pendurada no Estado)
a) Tratou do computador Magalhães;
b) Estado nomeia os seus gestores (clientelas);
c) AR já propôs a sua extinção em relatório aprovado;
d) Governo fez vista grossa. O Governo gosta mais de reduzir salários que extinguir serviços.
CONCLUSÃO: PODE SER EXTINTA

Ministério da Agricultura - 3

1. No âmbito do PRODER (QREN da Agricultura) há 2 serviços:
a) Gabinete do Planeamento (Concebe Projectos e Gere o Programa); e o
b) IFAP (antigo IFADAP) – Paga e fiscaliza os apoios concedidos.
CONCLUSÃO: O Gabinete de Planeamento pode ser extinto e as suas competências passarem para o IFAP.É mais coerente, evitam-se sobreposições de competências e poupa-se dinheiro público.

2. Fundação Alter Real
a) Competências sem relevância para serem autonomizadas numa fundação pública;
b) Tem cinco administradores – presidente é o presidente da Companhia das Lezírias.CONCLUSÃO: A fundação pode ser extinta e as suas competências integradas na Companhia das Lezírias (hoje até já o presidente é o mesmo).

3. No âmbito da Barragem do Alqueva há duas entidades:
a) a EDIA (190/200 funcionários) que tratou da construção da barragem do Alqueva; e a
b) GESTALQUEVA (trata do fomento do turismo na zona do grande lago)
c) Não há razão nenhuma para esta duplicação de organismos:
Primeiro: EXTINGUIR A GESTALQUEVA, colocar as competências na EDIA ou concessionar a privados (fomento do turismo);
Segundo: EMAGRECER A EDIA (já acabou a construção da barragem).

Ministério do Trabalho e da Segurança Social – 9

1. Há neste Ministério sete organismos consultivos (uma loucura):
• Conselho Nacional da Formação Profissional
• Conselho Nacional da Higiene e Segurança no Trabalho
• Conselho Nacional de Segurança Social
• Conselho Nacional do Rendimento Social de Inserção
• Conselho Nacional para a Reabilitação
• Conselho Consultivo das Famílias
• Comissão de Protecção de Políticas da Família
Minha Proposta:
• Extinguir todos (para estas tarefas existem direcções-gerais com as mesmas áreas de competência).

2. Ao nível de outros serviços – estes de natureza executiva - podem ser feitas várias outras extinções. Assim:
a) O Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério da Segurança Social pode integrar as competências do Instituto de Informática e do Instituto de gestão do FS Europeu (competências afins e sobrepostas). MENOS DOIS ORGANISMOS.
b) Dois institutos – o Instituto da Segurança Social e o Instituto Nacional para a Reabilitação podem ser extintos e as suas competências (hoje afins e sobrepostas) serem integradas na Direcção-geral da Segurança Social. MENOS DOIS ORGANISMOS

Mistério da Saúde – 3

1. Alto Comissário para a Saúde (Orçamento de 30 milhões de euros)
a) Criado por Correia de Campos no Governo Guterres;
b) Veio o Governo do Durão Barroso e extinguiu-o:
c) Voltou Correia de Campos no Governo Sócrates e voltou a criar;
d) O Alto Comissário – veja-se bem – tem estatuto de membro do Governo (sub-secretário de Estado)
e) CONCLUSÃO: Pode ser extinto e as suas competências passarem para a Direcção-geral de Saúde (actualmente são competências sobrepostas).
f) Se a moda pega passamos a ter o Alto Comissário da Justiça, da Segurança Social, da Economia, da Comunicação Social, etc. etc.
g) Haja Bom Senso. Temos de POUPAR, extinguindo este organismo inútil.

2. Conselho Nacional de Saúde – Mais um Conselho Consultivo
a) Orgão Consultivo do Ministério da Saúde
b) Não faz sentido. A D G Saúde faz na perfeição esse papel. É a sua competência legal.
c) Mais um serviço que pode ser EXTINTO

3. Instituto da Droga e da Toxicodependência
a) Ao nível central tem cinco coordenadores – Equiparados a directores-gerais.
b) Ao nível regional tem cinco directores regionais
c) Tem cerca de dois mil funcionários (1/3 nos Serviços Centrais) – Uma loucura
d) As suas funções são no domínio da Saúde Pública
e) Pode perfeitamente SER EXTINTO, as suas competências locais integradas nos Centros de Saúde e as suas competências centrais na DG Saúde (é área de saúde pública)
f) Área de Estudos (quando for o caso encomendar às Universidades e Centros de Investigação)

Ministério do Ambiente – 3

1. Na área do ambiente há três institutos importantes:
a) Agência Portuguesa do Ambiente;
b) ICN – Instituto Conservação da Natureza;
c) INAG – Instituto Nacional da Água
• Têm todos competências muito semelhantes e, nalguns casos, sobrepostas.
• Seria possível e desejável fundir tudo num único organismo – a Agência Portuguesa do Ambiente.
• É o exemplo inglês (apontado normalmente como referência)
• Poupa-se imenso:Passamos a ter um único instituto em vez de três
Passamos a ter uma única administração em vez de três
Passamos a ter uma única estrutura administrativa, de contabilidade e financeira, em vez de três
Passamos a ter um único orçamento em vez de três
Passamos a ter menos pessoal e menos encargos

2. Ao nível regional temos a seguinte estrutura sobreposta:
a) As Comissões de Coordenação Regional têm competências na área do ambiente;
b) As ARH – Administração Recursos Hídricos, mesmo assim, existem como estruturas autónomas (cinco ARH/ cinco concelhos de administração/ cinco orçamentos/ cinco estruturas administrativas). Os organismos mais BUROCRÁTICOS que existem em Portugal.
c) Podem extinguir-se as ARH e integrar as suas competências nas CCDR
GANHO DE POUPANÇA. GANHO DE DESBUROCRATIZAÇÃO

Ministério da Administração Interna - 18

1. Extinção de 18 Governos Civis
a) Hoje, os Governos Civis, não fazem qualquer sentido;
b) Estão desprovidos de competências;
c) As suas pequenas competências (de carácter administrativo e de concessão de licenças de exploração de estabelecimentos) podem passar para as Câmaras Municipais (com vantagem de proximidade para os cidadãos);
d) A sua extinção permite poupar significativamente (porque têm grandes estruturas de pessoal)
e) Servem de “sacos azuis” de vários governos
f) PSD em 2002 prometeu a sua extinção mas também falhou (não cumpriu) por falta de vontade política.

Ministério da Educação – 2

1. Três Institutos com Competências Duplicadas/Sobrepostas:
a) GAVE – Gabinete de Avaliação Educacional
b) GEP – Gabinete de Estudos e Planeamento
c) MISI – Gabinete Coordenador do Sistema Informático do ME (recolha de Informação)
CONCLUSÃO: Destes três serviços, dois PODEM SER EXTINTOS e concentrar competências num único.
Vantagens:
• São Menos Administradores
• Menos Assessores
• Menos Pessoal
• Menos Despesa
• Menos burocracia

2. Direcções Regionais de Educação – Emagrecer
• Em termos de dimensão estão a atingir proporções gigantescas.
• Quadros de pessoal aumentaram significativamente nos últimos anos.

Assembleia da República – 2

1. Comissão Nacional de Eleições:
a) Estrutura permanente encarregue de fiscalizar os actos eleitorais;
b) A seguir ao 25 de Abril podia justificar-se;
c) Agora não faz sentido ser uma Comissão Permanente;
d) ABSURDO – Funciona em Permanência (365 dias por ano) mas só tem competências quando há eleições (nos 30 dias antes das eleições);
e) Pode ser extinta e as suas competências integradas no STAPE (Secretariado Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, no MAI); ou quando muito, Ser uma Comissão Eventual (a funcionar só nos períodos eleitorais).

2. CADA – Comissão Nacional de Acesso aos Documentos Administrativos
• Não faz sentido
• Pode ser extinta

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Uma provocação comercial

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Estamos a falar de um prémio Nobel da Paz.
A China está em guerra ?
A China está a melhorar ou a piorar no que toca ao respeito pelos direitos humanos ?
Depois de responder a estas duas perguntas, e de olhar para o mundo de conflitos e atrocidades em que vivemos, temos de concluir que a escolha de Liu Xiaobo para o prémio Nobel da Paz constitui uma provocação gratuita, integrada na guerra comercial em curso.
Liu Xiaobo pode até ser uma pessoa notável mas, neste caso, funciona como mero pretexto.

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O consumo "interno"

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Argumenta-se muito que a redução do rendimento disponível das famílias, por efeito das medidas de austeridade, terá um impacto negativo na actividade económica. Para avaliar esse impacto é necessário perceber como seria gasto o rendimento perdido dessa forma pelos consumidores.
Em Portugal, infelizmente, muito do consumo privado concorre para o aumento das importações, e o aumento do PIB de países terceiros, e não para o PIB nacional.
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Embraer decide fechar fábrica na China

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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP - A Embraer optou pelo fechamento da sua fábrica na China devido aos planos chineses de produzir seus próprios aviões. "Os chineses vão começar sua produção própria em 2011 e nos veem como concorrentes", disse Paulo Cesar de Souza e Silva, vice-presidente executivo para o mercado de aviação comercial da Embraer.
A empresa tem uma fábrica na China em associação com a Aviation Industries of China (Avic), para a fabricação do ERJ-145, de 50 lugares. A ideia da Embraer seria ter a autorização para construir um avião maior, de capacidade para 120 passageiros. Porém, a China está desenvolvendo aviões próprios. Segundo Silva, a última entrega de um ERJ-145 será feita em março.
O executivo afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta para o governo chinês sobre o assunto, mas não obteve resposta. "Não temos perspectivas de continuar a produção", disse.
Estadão.com.br

Agora a Embraer para além de deixar de vender na China vai ter, provavelmente, mais um concorrente de peso no mercado mundial.
Esperemos que esta reviravolta não lance por terra os nossos ambiciosos planos de criar em Évora uma "Autoeuropa dos aviões".

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quinta-feira, outubro 07, 2010

Das duas, uma



A subcomissão do Conselho da Europa (CE) vetou os três nomes apresentados por Portugal para o lugar de juiz do do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem porque "apenas um dos três candidatos reunia condições para o cargo". Foi isso mesmo que um deputado de Chipre - após os protestos do português Mendes Bota - disse na Assembleia do CE : "Quando há apenas um bom candidato devemos enviar a lista para trás. Se permitirmos que a lista fique, isso significa que estamos a deixar ao Governo fazer a escolha, e não à Assembleia."
...
O ministro da Justiça classificou mesmo de "incompreensível e inaceitável" a decisão da câmara. Alberto Costa lembrou as qualificações dos candidatos referindo que foram escolhidos por "um júri independente, integrado por representantes do Conselho Superior da Magistratura, do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, do Conselho Superior do Ministério Público e da Ordem dos Advogados".

Ler o artigo completo no DN, 07.10.2010

Das duas, uma: ou os candidatos foram mal escolhidos ou o Conselho da Europa tem que ser considerado incompetente ou, ainda pior, está de má fé.
Qualquer das duas hipóteses, e especialmente a segunda, são totalmente inadmissíveis e põem em causa a credibilidade de instituições que deviam merecer crédito.

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Afinal sempre há almoços grátis

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Tóquio, 5 out (EFE).- O Banco do Japão (BOJ) baixou nesta terça os juros virtualmente para zero, em um movimento inesperado e sem data para finalização que tenta escorar a recuperação econômica e resistir a persistente deflação japonesa.
Após a reunião mensal de dois dias, a entidade emissora decidiu por unanimidade baixar o preço do dinheiro a uma categoria entre zero e 0,1%, retornando a política de juros zero utilizada pela última vez entre 2001 e 2006.
A política de juros em zero tenta facilitar, até o extremo de oferecer "dinheiro de graça", que as entidades financeiras tomem emprestado e coloquem dinheiro em circulação na economia, um convite ao gasto e, portanto, a inflação.

Trata-se portanto de voltar ao tradicional "gaste agora o que talvez venha a ganhar no futuro".
Ainda há quem não tenha percebido que o endividamento é a tábua de salvação, inescapável, do capitalismo actual. A oferta de mercadorias da era das réplicas digitais, que é a nossa, é brutalmente superior à procura.
Isso obriga a uma fuga para a frente que não pode ter fim.
A "dívidas soberanas", tal como as plebeias, não são aberrações do sistema. São a sua normalidade.
Já falei sobre esta questão em 2003, num livro sobre o Digitalismo.

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quarta-feira, outubro 06, 2010

Complementaridade estratégica

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Em fins de 2009, o valor acumulado de investimentos chineses no Brasil foi de 400 milhões de dólares americanos. A partir de 2010, essa soma ultrapassou 20 biliões de dólares americanos e a China tornou-se o principal investidor estrangeiro no País. Empresas chinesas compraram quatro minas de minério de ferro, e tentam adquirir centenas de milhares de hectares de terra para o plantio de soja, além de investirem cada vez mais no sector do petróleo e do gás.
A CNOOC (China National Offshore Oil Company) está em negociações com o grupo EBX, do bilionário brasileiro Eike Batista. A Sinopec já investiu cerca de 1 biliões de dólares americanos na construção de gasodutos para a Petrobrás, compra de blocos para exploração offshore e agora adquiriu a Repsol Brasil. A Petro China está também de olho em activos brasileiros no petróleo e gás. As empresas de equipamentos e serviços da China também visam o mercado brasileiro do sector.
O Brasil necessita de capital para fazer crescer a sua economia e gerar empregos, enquanto a China necessita dos recursos estratégicos que são abundantes no país. A procura chinesa fez com que o Brasil pudesse pagar a quase a totalidade da divida externa e acumular 273 triliões de dólares americanos de reservas. Essas reservas ajudaram o Brasil a ser um dos últimos a entrar na recente crise económica e a ser um dos primeiros a sair da crise.
Ler o artigo completo em HojeMacau, 05.10.2010

Pessoas e capital, de um lado, recursos naturais do outro. A complementaridade destes dois gigantes tem potencial para determinar a economia mundial nas próximas décadas. É o que eu acho.
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