sábado, novembro 29, 2008

Somos todos "chineses"

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Serralves mostra uma fascinante retrospectiva de Juan Munoz, artista espanhol falecido em 2001. A peça mais importante é uma "instalação" denominada "Many times".

Imagine-se um átrio grande onde grupos de pessoas se encontraram e conversam. Acontece que, como em muitos outros trabalhos de Munoz, todas as pessoas representadas são como que uma só; um "chinês" de um metro e quarenta que ostenta um sorriso enigmático e que veste roupas incaracterísticas. Cinzento dos pés à cabeça.

Os visitantes podem circular por entre os grupos como se em S. Apolónia, num passe de mágica, todos os passageiros ficassem "congelados" de repente e nós circulássemos entre eles, observando as suas expressões sem que eles nos vissem a nós.

É uma experiência muito interessante de aproximação a uma essência humana que se repete sem fim. As expressões, todas iguais, dos rostos só adquirem significado pela pose do resto do corpo e pela posição que cada figura ocupa dentro do grupo.

Recomendo vivamente.

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sexta-feira, novembro 28, 2008

Uma praga muito para além dos pinheiros

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"A erradicação do nemátodo do pinheiro em Portugal "já não será possível" e na região Centro estão afectados mais de cem mil hectares, foram ideias hoje defendidas no âmbito de um seminário, em Coimbra.
Na opinião do presidente da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais, Vasco Campos, a situação "é muito preocupante e não tem merecido a devida atenção".
"Na região Centro (onde foram detectados dois novos focos), são centenas de milhares de árvores, seguramente mais de cem mil hectares", declarou Vasco Campos aos jornalistas, após intervir no seminário sobre "Nemátodo da Madeira do Pinheiro - Que futuro para a floresta de pinho em Portugal". O nemátodo da madeira do pinheiro é uma doença causada por um verme microscópico transportado por um insecto que contamina as árvores por onde passa, afectando sobretudo a copa e os ramos. "
PÚBLICO, 26.11.2008

Quem, como eu, tem acompanhado desde 1999 a evolução deste problema e a inépcia dos "organismos competentes" não pode deixar de se sentir revoltado.
Há nove anos havia casos isolados, no distrito de Setúbal, que foram encarados com desleixo quando ainda era possível a erradicação da praga se se adoptasse medidas imediatas.

Depois, ao longo dos anos, foram aparecendo árvores afectadas cada vez mais a Sul pelo concelho de Grândola, até Sines pelo menos. Os abates das árvores "doentes", que deviam ter sido coordenados pelo Ministério da Agricultura, faziam-se com grande atraso e de forma errática.
Sei do que estou a falar pois vi pinheiros no meu próprio quintal na zona de Melides adoecer, definhar e morrer sem que as "entidades responsáveis", entretanto alertadas, tivessem reagido.

Quando a área afectada já era muito grande surgiu um plano para a isolar abatendo todos os pinheiros à volta da zona infectada numa faixa de pelo menos três quilómetros para inviabilizar a propagação. Era de tal maneira vasto e oneroso, este plano, que nunca mais se ouviu falar dele.

Depois foi o surgimento da praga no centro do país onde existem pinhais gigantescos. Agora parece já não ser possível qualquer acção eficaz e as consequências são brutais no plano económico e ambiental.

Anda toda a gente preocupada com assuntos que, quantas vezes, não valem um caracol e este crime é remetido para as páginas secundárias dos jornais.
Não me conformo com esta praga da impunidade.
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quinta-feira, novembro 27, 2008

A esquerda actual

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Aparentemente sem que haja vontade suficiente e consequente para que apareça um novo partido político à esquerda, várias personalidades com filiação partidária no PS, no PCP e no BE envolvem-se em debates e iniciativas públicas para buscar respostas para a crise social e económica.
Assim, a 14 de Dezembro, um domingo, decorre na Aula Magna, em Lisboa, um debate sobre Democracia e serviços públicos, que junta o deputado do PS Manuel Alegre, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, a deputada do BE Ana Drago, e a militante socialista e presidente do conselho executivo da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, Maria do Rosário Gama. No dia seguinte, dia 15 de Dezembro, à noite, no Hotel Zurique, também em Lisboa, realiza-se um debate plural sobre o tema Crise, oportunidade de viragem. Para onde queremos ir?, que reúne o ex-Presidente da República e enviado da ONU para luta contra a tuberculose, Jorge Sampaio, o deputado do PS António José Seguro, o ex-secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas e o economista Ricardo Pais Mamede.
Já na segunda-feira passada o deputado socialista Paulo Pedroso e o líder do BE, Francisco Louçã, estiveram juntos no lançamento do livro de Celso Cruzeiro, intitulado A Nova Esquerda - Raízes Teóricas e Horizonte Político.
O debate de dia 14 de Dezembro vem na sequência da iniciativa que juntou, em Junho, no Teatro da Trindade, em Lisboa, Manuel Alegre e o líder do BE, Francisco Louçã. Agora os proponentes do debate garantem que mantêm a vontade de "quebrar tabus" e querem debater com todos os que entendem que "a defesa de serviços públicos modernos e de qualidade é um valor essencial da responsabilidade da República".
Esta sessão decorre durante todo o dia e estará organizada em vários painéis. De manhã os temas são Economia e Educação. O primeiro é moderado por José Castro Caldas e tem como oradores João Rodrigues, André Freire, Alexandre Azevedo Pinto e Jorge Bateria. Já sobre Educação Paulo Sucena modera as intervenções de Cecília Honório, Nuno David, José Reis e Jorge Martins. À tarde, o painel sobre Cidades é moderado por Helena Roseta e tem a participação de Manuel Correia Fernandes, Pedro Soares, Pedro Bingre e Fernando Nunes da Silva. O debate sobre Trabalho tem moderação de Manuel Carvalho da Silva e conta com Jorge Leite, Elísio Estanque e Mariana Aiveca. Por fim, o painel sobre Saúde é moderado por António Nunes Diogo e tem a participação de Cipriano Justo, João Semedo, Mário Jorge e Manuel Correia da Cunha.
PÚBLICO, 27.11.2008
Perseguindo uma miragem ?
A referência ao lançamento do livro de Celso Cruzeiro, em que estive presente, parece-me descabida (ver no "brumas").
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Quem resiste à crise, e como.

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Eric Schmidt, CEO da Google Inc.'s eKai-fu Li, presidente da Google China

"Pequim, 25 Nov (Lusa) - O crescimento da economia chinesa em 2009 deverá descer para 7,5 por cento, o nível mais baixo dos últimos 18 anos, segundo as previsões divulgadas hoje pelo Banco Mundial. No último relatório trimestral sobre a economia chinesa, o Banco Mundial prevê que o crescimento, este ano, será de 9,4 por cento, (menos 2,5 pontos que em 2007), interrompendo um ciclo de 5 anos consecutivos acima dos 10 por cento. Segunda aquela previsão, a descida vai acentuar-se no primeiro semestre de 2009, acompanhando o abrandamento das exportações chinesas. A última vez que o Produto Interno Bruto chinês cresceu abaixo dos 7,5 por cento foi em 1990, um ano após a sangrenta repressão movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, que isolou internacionalmente o país."

"A porta voz do Google, Jane Penner, afirmou que a companhia planeia reduzir significativamente o número de trabalhadores em outsourcing, mas não prevê a redunção de funcionários directos.
«Estamos a pensar, há algum tempo, antes da fase mais grave da crise económica, em reduzir significativamente o número de contratações outsourcing», anunciou Jane Penner.
O Google recusou-se a especificar quantos trabalhadores serão dispensados,e também não informou o ritmo a que a companhia irá empreender tal acção.
A companhia terminou o terceiro trimestre com 20 123 empregados e cerca de 10 mil trabalhadores em outsourcing.
SOL 27.11.2008"

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quarta-feira, novembro 26, 2008

Ainda o Congresso Internacional Karl Marx (3)


Resolvi divulgar que a CULTRA disponibiliza online (aqui) os resumos das comunicações apresentadas no Congresso e que tinham sido publicadas também em papel para os congressistas.
Ao fazê-lo, e ao rememorar a experiência vivida no Congresso, ocorrerem-me sabe-se lá porquê as seguintes ideias interligadas:

- não vale a pena perder muito tempo a discutir se é possível, ou em que medida é possível, prever o futuro. Seja qual for a resposta a essa pergunta a verdade é que, todos os dias, cada um de nós tem inevitavelmente que tomar decisões que envolvem alguma antecipação de como o futuro será.

- alguém, não recordo quem, disse que os humanos se dividem em dois tipos base: os que acham que nada muda nunca, mesmo quando as transformações são profundas, e os que estão sempre a detectar mudanças mesmo quando estas são só epidérmicas ou cosméticas. Isso leva-me a pensar que o mais importante é sempre tentar perceber quais são as modificações que têm realmente importância.
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Manuela "Ferrero" Leite

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terça-feira, novembro 25, 2008

O que a TV me ensinou ontem

" Já tem dois anos, não foi motivo de contestação e as federações sindicais de professores assinaram. É o modelo de avaliação de desempenho dos professores do ensino particular e cooperativo que está previsto no contrato colectivo de trabalho firmado com a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular.
Este modelo prevê uma avaliação que pode ser anual ou de dois em dois anos, se assim for acordado com a entidade patronal. Prevê a auto e a hetero-avaliação.
Os professores são avaliados tendo em conta as suas competências para leccionar, mas também as competências profissionais, de conduta, sociais e de relacionamento. No caso dos trabalhadores com funções de coordenação ou chefia, é ainda objecto de avaliação as competências de gestão.
A direcção pedagógica é a única que não é avaliada, enquanto estiver em funções "o serviço é bom e efectivo", diz a lei.
Primeiro é pedido aos docentes que preencham um conjunto de 11 páginas de grelhas, em que auto-avaliam os seus conhecimentos científicos e didácticos, a promoção da aprendizagem pela motivação e responsabilização dos alunos, a capacidade de adaptação, comunicação, planeamento, se procuram informação e actualizam os seus conhecimentos.
O docente é ainda questionado sobre a avaliação dos alunos, se trabalha em equipa, o envolvimento com a comunidade educativa e a relação com os estudantes e pais. De seguida, inicia-se a avaliação, feita pela direcção pedagógica da escola. Pode haver uma reunião com o professor para esclarecer a classificação e fundamentá-la.
No final, o seu nível de desempenho pode ser "insuficiente", entre 1 e 2; "suficiente" com nota 3; "bom" com 4 e 5 valores. Se não for considerada suficiente para efeitos de progressão ou se o professor não concordar, pode recorrer." Público 22.11.2008


Curiosamente esta questão da avaliação dos professores no ensino privado, com anuência dos sindicatos, nunca é referida nos debates. No mínimo devia-se tentar perceber se teve alguma consequência nos resultados dos alunos.

Ontem no "Prós e Contras" para mim ficou claro que há uma questão de fundo que transcende a guerra contra a avaliação. Chama-se Estatuto da Carreira Docente, ECD para os amigos.
A tentativa de diferenciar os professores com base no desempenho e de estruturar a carreira com a criação da figura do professor titular são os grandes "crimes" do ECD.
Contra esses "crimes", num processo que se compreende embora seja um pouco irracional, convergiram todos os motivos de insatisfação que as precárias condições de trabalho e os complexos desafios do ensino provocam.

Os professores estão habituados a um tratamento em massa. São realmente a única profissão onde as pessoas são colocadas a partir de uma lista como se constituíssem um reservatório único (imagine-se o que seria a colocação dos pedreiros, médicos, em suma todas as profissões, feita desta forma). Claro que se sucedem os protestos nestas tentativas de fazer uma justiça impossível.

Este igualitarismo infantil estende-se ao repúdio dos professores titulares e de ser avaliado por eles. Os potenciais avaliados declaram a incompetência dos avaliadores procedendo portanto, eles próprios, a uma avaliação ad-hoc de quem os devia avaliar.
Os eventuais erros na nomeação dos professores titulares não são a causa do problema; se os titulares fossem outros a recusa seria justificada de outra maneira.

A grande questão subjacente é a negação de qualquer sistema hieráquico por parte dos professores. Tal negação, como se tem visto, vai até ao nível da ministra.
E eu pergunto: como é que estas pessoas para quem a autoridade e a responsabilidade hierárquica são repugnantes podem exigir o bom comportamento dos alunos ?
Talvez seja essa a explicação para a indisciplina que aflige as escolas.
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25 de Novembro - o prólogo e o epílogo

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Foi o dia em que o Almirante Pinheiro de Azevedo, bichanado por Mário Soares qual ponto num teatro, disse ao povo que o fumo "é só fumaça".
Os mesmos, e mais o Sá Carneiro, também disseram que "o povo é sereno" e, para o bem e para o mal, talvez excessivamente, a verdade é que nunca mais deixou de ser (com excepção dos professores que substituíram a ditadura do proletariado pela impunidade do professorado).
A 25 de Novembro eu e os meus companheiros esperámos quase toda a noite, nas imediações de um certo quartel, que nos distribuíssem as armas. Conforme o planeado.
Alta madrugada vieram dizer-nos qualquer coisa que me soou a "a Revolução falhou" ou "o 25 de Abril acabou", o que para nós era quase a mesma coisa.
Só me lembro das lágrimas a correr-me na cara enquanto conduzia pela segunda circular.
Eu estaria certamente tentar uma revolução impossível, eu estaria talvez equivocado mas aquelas lágrimas não.
Nunca mais as esquecerei.
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segunda-feira, novembro 24, 2008

China, a nova revolução

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No dia 29 de Novembro, pelas 16 horas, serão inauguradas duas exposições de fotografia no Palácio da Relação, no Porto. Trata-se de uma iniciativa do Centro Português de Fotografia.

Esta prestigiada instituição trouxe a Portugal o acervo de um grande fotógrafo chinês, Li Zhengsheng, que documentou os conturbados anos 60 na China. Esta exposição, denominada "O Livro Vermelho de um Fotógrafo Chinês", que já foi apresentada nos mais importantes museus e centros de arte em todo o mundo, chega assim a Portugal pela mão do CPF.

Vou também colaborar nesta iniciativa mostrando, num hipotético contraponto, imagens que recolhi na China em 2006. A exposição intitula-se "China, a nova revolução".

Partilhar o espaço com um fotógrafo como Li Zhengsheng constitui para mim uma grande honra e motivo de satisfação.



clicar nas imagens para ampliar
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1000

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Este é o milésimo post do DOTeCOMe_Blog. Ocorre cinco meses depois de o blog ter festejado o seu quarto aniversário. É ocasião para agradecer aos que aqui têm escrito, mesmo que só através de citação, e aos que aqui têm vindo ler.

Não foram própriamente 1.000 golos à Pélé mas, enfim, faz-se o que se pode...

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domingo, novembro 23, 2008

CARA Left

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"Por sobre tudo isto há um murmúrio de vozes a que ninguém liga quase nada. São as vozes dos jornais, da política, as nossas vozes, que contam muito menos do que imaginamos. São pouco mais do que um murmúrio, visto de baixo como alheio e hostil - no fundo somos "nós" que governamos - e visto de cima como decisivo e importante.
Vale muito pouco para a vida comum da maioria das pessoas e valerá muito menos se se afundar em irrelevâncias, se engolir tudo o que o Governo quer que engula, se se tornar numa patrulha política do pensamento - será que fui racista ao falar do ucraniano? Será que posso descrever os "jovens" assim? Será que estou a favor da evasão fiscal das pequenas e médias empresas? Será que tenho que fazer a rábula da "esperança"? Há de facto muito pouca paciência para estas patrulhas do pensamento que proliferam em tempos de crise."
Público 22.11.2008

Este desabafo, pungente, de Pacheco Pereira é um sinal inequívoco do aprofundamento da crise.

Se um VIP dos jornais, um membro do "Jet Set" mediático e do "beautiful people" dos comentadores se queixa da "patrulhas do pensamento" que diremos nós !?
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EURO piano, piano...


"A Europa lança sua biblioteca virtual e, impulsionada pela França, quer acabar com a supremacia da Google na Internet. Nesta quinta-feira, 20, Bruxelas colocou no ar seu site que pretende ter, em dois anos, mais de 10 milhões de obras digitalizadas e disponíveis a todos de forma gratuita. O projeto tem uma ambiciosa meta de ser o que a biblioteca de Alexandria foi no passado: o maior acervo de obras de todo o mundo."
Afinal parece que a popularidade foi fatal para a EUROPEANA, o nome do ambicioso projecto.
Uns meros dez milhões de acessos por hora deram cabo do site.
Assim não vamos lá. Enfim, uma anedota.
Lá para as bandas do GOOGLE foi concerteza uma barrigada de riso...

Vá ver para crer em: http://www.europeana.eu/portal/
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sábado, novembro 22, 2008

A oligarquia das corporações

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Esta imagem, publicada em 1911 pelo Industrial Worker mostra como, naquela época, era vista a pirâmide social. Talvez esteja na altura de a reformular por forma a integrar o fenómeno actual das corporações.
As corporações são grupos sociais que se caracterizam pela uniformidade de interesses profissionais ou económicos e pela influência determinante em serviços ou actividades sensíveis ou críticas. Encontram-se nesta categoria os farmacêuticos, os médicos, os militares, os professores, os magistrados e os camionistas por exemplo.
A influência das corporações não tem necessáriamente a ver com poder económico. As classes burguesas tradicionais continuam sem dúvida a exercer na sociedade o poder da sua riqueza. A limitação e controle desse poder, sem dúvida insuficientes, não são objecto deste texto mas esse facto não deve ser invocado para desculpar as corporações.
As corporações conseguem para os seus membros uma influência nos centros de decisão, e as consequentes vantagens profissionais e económicas, que não estão ao alcance da generalidade dos cidadãos. E conseguem-no através da ameaça, mesmo que velada, de fazer perigar os serviços ou actividades cuja realização delas depende.
Nos últimos anos a sociedade portuguesa assistiu a um sem número de querelas, manifestações, greves e boicotes desencadeados pelas corporações contra as decisões do Governo e do Estado ao mesmo tempo que desapareciam as notícias sobre as lutas dos trabalhadores contra os seus patrões privados, estas sim as formas por excelência da luta de classes. Sem correr o risco do despedimento, aproveitando a proximidade dos centros de decisão, tirando partido da sucessão dos governos, as corporações vêm acumulando privilégios enquanto que o grosso da população empobrece e se afasta da democracia.
No espaço público as corporações têm tratamento de luxo. De tal forma que por vezes criam a ilusão de que não há povo para além delas. A educação é discutida pelos professores e a saúde pelos médicos, por exemplo, como se esses serviços não interessassem ao conjunto da população e como se a opinião dos outros portugueses fosse dispensável ou mesmo indesejável.
Estamos assim perante um sistema duplamente viciado. Não só os serviços são enviesados por forma a responder, em primeiro lugar, aos interesses das corporações que os prestam como se obriga o conjunto dos cidadão a pagar, com os seus impostos, toda a sorte de ineficiências, regalias e condições excepcionais.
O caso recente da avaliação dos professores como antes o da saúde, que acabou na demissão de Correia de Campos, excedem em muito a sua importância imediata. Revelam uma contradição do sistema democrático que urge esclarecer sob pena da sua destruição. A "corporação dos deputados", a única que o conjunto dos portugueses, bem ou mal, realmente escolhe, está cada vez mais impotente para resistir à chantagem das corporações "não eleitas" e, como se tem visto, usa frequentemente tais chantagens como arma de arremesso na luta partidária.
A discordância e oposição às decisões de orgãos de soberania são legítimas mas não se podem eternizar. Têm que obedecer a regras muito claras que não tolerem a desobediência a partir do momento em que as leis tornem as decisões políticas definitivas. Tais leis terão então que ser incondicionalmente acatadas sob pena de esboroamento da autoridade democrática do Estado.
Façam-se as alterações legislativas que for necessário e tenha-se a coragem de responder sem hesitar, seja qual for o preço eleitoral a pagar, a qualquer desafio das corporações à autoridade do Estado democrático.
Se tal não acontecer caminharemos para a ingovernabilidade, a oficialização de castas e a oligarquia das corporações.
Depois o caos e uma nova ditadura.
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sexta-feira, novembro 21, 2008

Suspensão da democracia ou democracia da suspensão ?

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A Dra. Manuela escorregou numa frase e "caíu o Carmo e a Trindade". Há vários dias que só se ouve falar na "suspensão da democracia".
Todos os partidos da oposição, do bolorento CDS ao fracturante BE, reclamam a suspensão da avaliação dos professores. É a "democracia da suspensão" em que se propõe a um governo democrático, legítimo, que submeta o Estado a uma classe profissional.
Qual das duas suspensões será mais grave ?
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quinta-feira, novembro 20, 2008

Ainda o Congresso Internacional Karl Marx (2)


O meu amigo Jorge Nascimento Fernandes teve paciência, como é habitual, para escrever no Trix-Nitrix uma extensa apreciação do Congresso Internacional Karl Marx que intitulou "Um marxista perdido num Congresso sobre Marx ". Recomendo a sua leitura.
Com isso motivou-me para dar ao que ele escreveu algumas achegas de ordem pessoal. Aqui vão.
Penso que não foi surpresa para ninguém que "por trás" do Congresso havia uma grande influência do BE e não me parece que isso fosse um problema. É de saudar que o BE tenha tido capacidade e visão para realizar uma iniciativa de indiscutível interesse e que captou as atenções muito para além do seu raio de acção habitual.
Pessoalmente considero a minha participação como uma experiência bastante interessante e estimulante embora em certos momentos, especialmente no primeiro dia, eu tenha duvidado de que tal acontecesse. Porquê ?
1. Algumas sessões decorriam em ambientes inadequados, com as pessoas sentadas pelo chão, que me faziam rejuvenescer até aos meus já longínquos tempos de universidade de meados dos anos 60. Não creio que isso ajude a ser mais marxista embora pareça haver quem tal pensa.
2. Formalmente as comunicações eram quase todas lidas em tom mais ou menos monocórdico, agravado em muitos casos pelo fraco domínio da língua utilizada. Quase não houve recurso à projecção de imagens ou tópicos o que obrigava os participantes a um esforço enorme de atenção.
3. No plano dos conteúdos havia uma larga maioria de comunicações que consistiam em trabalhos académicos, num plano de mera especulação teórica, que abordavam questões bastante laterais ou remotas relativamente ao plano da transformação da realidade. Comparações entre filósofos eram a modalidade mais comum.
4. Os debates no fim de cada painel cosntituíram uma extraordinária montra sobre a diversidade existente no terreno e sobre os inenarráveis anacronismos que teimam em não desaparecer (por exemplo, ouvi um participante, com um ar saudavel e instruído, dizer que o socialismo se teria realizado em Portugal se os operários da construção que cercaram a Assembleia da República durante o PREC a tivessem tomado de assalto).
5. Muitos dos temas dos painéis obedeciam à agenda fracturante que está na moda e só com muito boa vontade se conseguia estabelecer uma ligação com Karl Marx. Em contrapartida o tema "Transição" não existia o que não deixa de ser revelador.
Concluindo: mesmo com todos os seus defeitos o Congresso foi importante e constitui uma novidade no nosso panorama político, tão dado a concentrar o esforço teórico na análise da última gaffe da Dra. Manuela, que importa continuar.
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A Nova Esquerda

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"O essencial da resposta a dar por uma esquerda nova, na difícil hora que atravessamos, passa pois pela questão de saber ler os sinais que a realidade de hoje lhe aponta: a urgência da construção de um programa emancipatório que constitui a sua identidade matricial, mas agora despido da certeza, do determinismo e da universalidade, tão só passível de ser desenhado no quadro da probabilidade, da contingência e da historicidade. Tal implica uma revisão do projecto ou horizonte de transformação social, uma disponibilidade para o estudo, identificação e caracterização dos actuais agentes sociais e dos critérios da sua dinâmica de confronto, uma reponderação dos contextos onde se criam e desenvolvem as situações de exploração e de dominação e a descoberta das formas instrumentais dos novos sentidos emancipatórios."


"A nova Esquerda", o livro de Celso Cruzeiro editado pela Campo das Letras, será apresentado em Lisboa no dia 24 de Novembro, na Biblioteca Museu República e Resistência, Espaço Cidade Universitária.
Participam na sessão, que se inicia às 18:30, Francisco Louçã, Paulo Pedroso e Paulo Fidalgo.
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quarta-feira, novembro 19, 2008

Ainda o Congresso Internacional Karl Marx




No Congresso Internacional Karl Marx, que teve lugar de 14 a 16 de Novembro na Universidade Nova, apresentámos uma comunicação intitulada "Do Capitalismo para o Digitalismo". Tratava-se de desenvolver as teses do nosso livro com o mesmo nome.

Aqui fica, para quem possa estar interessado, uma reprodução das imagens de suporte da comunicação (para ver em full screen clicar aqui)

MISS MILU


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Ponho-me a pensar sobre como reagirá este professor no dia em que os alunos, que o viram desfilar na televisão, lhe entrarem pela sala de aula com um cartaz em que seja ele próprio o caricaturado (como jumento, por exemplo).
Não sei o que concluir.
Hoje, junto ao Oceanário da Expo, passava uma turma com a sua professora naquilo que seria, penso eu, uma visita de estudo.
Na imediações de uma casa de banho pública existente no local um dos alunos gritou a plenos pulmões:

Stôra vou cagar !!

A mensagem dele, e o significado deste singelo episódio, são ambos brutalmente claros.

Manuela é muito ouvida na China

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"Pequim, 18 Nov (Lusa) - O governo chinês decidiu não subir o salário mínimo para "ajudar as empresas a vencer a crise financeira global", anunciou hoje o jornal China Daily.
A decisão ilustra a crescente preocupação da liderança chinesa acerca dos efeitos da crise, que como reconheceu há uma semana o próprio primeiro-ministro, Wen Jiabao, "são piores do que se esperava".
"O movimento para aumentar o salário mínimo foi suspenso", noticiou o China Daily, citando o Ministério dos Recursos Humanos e Segurança Social chinês. Segundo a mesma fonte, a "primeira prioridade é estabilizar o mercado de trabalho e pedir às empresas para não fazer despedimentos em massa".
O salário mínimo, cujo valor varia de região para região, foi criado na China há apenas uma década e meia.
Em Pequim e Xangai, as principais cidades do país, o salário mínimo é de 800 yuan (cerca de 90 euros) e 960 yuan (110 euros), respectivamente."
LUSA, 18.11.2008

terça-feira, novembro 18, 2008

Thick as a brick

Eu apoiei e assinei a petição "LISBOA É DAS PESSOAS. MAIS CONTENTORES NÃO!".
Ontem o "Prós e Contras" deixou-me insatisfeito. O MST adoptou um estilo em que a facilidade de expressão, e de criar imagens agressivas, se volta contra o próprio autor.
Por vezes quase parecia tratar-se de uma embirração particular.
Por outro lado defender que os contentores, na quantidade actual, podem continuar e até que são absolutamente necessários parece-me que inviabiliza a luta contra a extensão do terminal.

O que mais me chocou foi, no entanto, ter-se passado ao lado do aprofundamento de várias questões que me parecem essenciais:

- qual é o destino dos contentores que desembarcam em Lisboa ?
- qual é a proveniência dos contentores que embarcam em Lisboa ?
- que mercadorias são transportadas nos contentores ?
- quantas empresas e quantas pessoas trabalham para este tráfego ?
- a actividade dessas empresas depende de o terminal ser em Lisboa ou usam tecnologias que também podiam ser aplicadas a um terminal em Setúbal, por exemplo ?
- quanto é que a Administração do Porto de Lisboa recebe de taxas pelo movimento portuário ?
- quanto dessas taxas é aplicado em Lisboa e em favor dos cidadãos da cidade ?

Eu tenho muitas dúvidas acerca da “necessidade de uma actividade portuária em Lisboa”. Cheira-me a chavão mal fundamentado. A maior parte das mais importantes cidades europeias não tem porto e isso não as impede de ser abastecidas e de prosperarem.
A competitividade das cidades agora é de outro tipo, mais soft, como os cruzeiros por exemplo.
O charme romântico dos portos com a sua labuta, com os seus trabalhadores, foi substituído pela maquinaria gigantesca e pelos “paralelepípedos” mas continua no imaginário de muita gente.

Se os contentores se destinassem ao Terreiro do Paço eu aceitaria o terminal em Alcântara mas se, como penso, grande parte dos contentores se destina às plataformas logísticas que rodeiam a cidade então talvez chegassem lá mais depressa (evitando os congestionamentos) e mais barato se desembarcados em Sines ou Setúbal (o Poceirão e o Aeroporto até estão na margem Sul).

O porto de Sines tem condições de acesso excepcionais e está a tornar-se um importantíssimo terminal de abastecimento da Península uma vez que se conclua a ligação ferroviária directa a Espanha. Está ligado por uma descongestionada autoestrada e por comboio ao novo aeroporto e à plataforma logística do Poceirão.

Começo a convencer-me de que o projecto de Alcântara se destina essencialmente a evitar que as receitas da Liscont e da APL sejam desviadas para Sines. Toda esta discussão acerca dos panoramas de Lisboa pode não passar da fachada de uma guerra de concorrência entre a Administração do Porto de Lisboa (e a Liscont) e a Administração do Porto de Sines ou de Setúbal (e as empresas que lá operam).

Eram estas questões que eu gostaria de ver esclarecidas...

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segunda-feira, novembro 17, 2008

A Guerra Civil da irresponsabilidade

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Excerto de "Guerra nas Estradas: na berma da antropologia" de Manuel João Ramos no livro "Retóricas Sem Fronteiras", Celta 2003, pp 167-180 (ler aqui o texto completo)

As guerras civis são dos mais horrendos fenómenos sociais. Costumam produzir incontáveis mortos e dar lugar aos actos mais brutais de perseguição e tortura de vizinhos, ex-amigos, parentes e concidadãos.

Por isso sempre me revoltou a forma irresponsável como certas pessoas e instituições, na esteira desta "invenção" da ACAM, comparam os acidentes rodoviários a uma guerra civil.

Pelo texto publicado mais acima é possível perceber que a introdução da expressão "guerra civil nas estradas" foi um acto premeditado de manipulção da opinião pública. Para conseguir passar a sua "mensagem" os autores não se coibiram de induzir a ideia de que os condutores, tal como os combatentes nas guerras civis, matam os seus concidadãos de forma consciente e deliberada.

Mesmo que se considere que o combate à sinistralidade rodoviário é uma questão muito importante não é possível admitir tão repugnante deturpação da realidade e tão doentio ódio aos automobilistas.

Sobre o estado da Escola Pública




Quem possa ter dúvidas sobre a degradação a que chegou a Escola Pública bastar-lhe-á observar as recentes manifestações dos professores.
A imagética, as "mensagens" e os estribilhos seleccionados, a qualidade da linguagem e o teor das declarações da maior parte dos professores entrevistados pelas televisões são absolutamente elucidativos.
É com apreensão que imagino a formação da minha neta a ser entregue nas mãos deste tipo de pessoas.
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Pensamento de Marx continua a ser conhecido por clichés

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No último dia do Colóquio Internacional Karl Marx, que terminou ontem na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, José Barata-Moura elogiou a iniciativa que reuniu 150 investigadores nacionais e estrangeiros ao longo de três dias, notando que ela permitiu ler, debater e analisar o pensamento de Marx, "que continua a não ser bem conhecido ou a ser apenas conhecido por clichés que o deitam abaixo ou que o louvam". "Espero que a prática do estudo se enraíze e se desenvolva", disse ao PÚBLICO o ex-reitor da Universidade de Lisboa, no final da sua comunicação sobre "materialismo e dialéctica".
Na concorrida "lição" de Barata-Moura, professor da Faculdade de Letras, o orador lembrou uma frase de Marx, confidenciada a um amigo em 1843, na qual o filósofo alemão explicava que não era a sua intenção "antecipar dogmaticamente o mundo". "Queremos encontrar, a partir da crítica do mundo velho, o mundo novo", citou. Ao longo de 30 minutos, Barata-Moura "esmagou" a assistência com uma intervenção que sustentou o contraste entre Marx e o idealismo hegeliano. "Os campeões da ideologia, contra os quais Marx e Engels investem, não se convertem em objecto de reparo por serem os produtores de representações da consciência social. São atacados por considerarem o mundo dominado por ideias e por encararem as ideias como princípios determinantes, susceptíveis de revelar o mistério do mundo." Marx rejeita esta "autonomização das ideias em relação à materialidade do viver", uma vez que, explicou, "a consciência é o ser consciente" e "o ser dos homens é o seu processo de vida real".
A elevada afluência de público nos três dias do colóquio acabou por exceder as expectativas dos organizadores, notou o historiador Fernando Rosas, membro da comissão organizadora. Esta adesão reflectiu, afinal, aquilo que se pode encontrar na imprensa mundial, onde a análise das teorias marxistas está na ordem do dia. Mesmo em publicações insuspeitas como o jornal The Financial Times e as revistas Standpoint e The Spectator - foi nesta última, aliás, que o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, escreveu, em Setembro último, um artigo de opinião no qual defendeu que Marx tinha razão, ainda que "parcial", sobre o capitalismo. Numa altura em que os livreiros alemães afirmam ter vendido mais obras de Marx nos últimos dois meses do que nos últimos dois anos, Rosas reiterou que o colóquio pretende ser um "fórum fundador" de debate sobre a actualidade do marxismo. Neste sentido, o Instituto de História Contemporânea (IHC) quer repetir o encontro científico em torno da "galáxia marxista", organizando colóquios bienais. Utilizando a instituição universitária como pólo de ligação a outras iniciativas e organizações, o IHC poderá avançar com a criação de um espaço, semelhante a um think tank mas com uma "participação aberta", que preencha as lacunas da "reflexão teórica à esquerda". "Poderá ser um local de reflexão regular e institucionalizada, regida por uma agenda prática e teórica."

Público, 17.11.2008

João Abel Manta

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domingo, novembro 16, 2008

Um Império embalsamado, ou seja, virtual

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O GOOGLE já nos permitia viajar no espaço sem fazer log off.
Agora vai ainda mais longe e permite-nos também viajar no tempo. Nada mais nada menos do que à Roma imperial (veja o vídeo).

Aproveite para ver o antigo Império antes que o Império actual, e estas maravilhas tecnológicas, se afundem no caos.

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Stop The Press !!!



"O presidente do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, apresentou ontem a demissão do cargo que ocupava desde 2003, no início da reunião do conselho geral do partido. Contudo, esta demissão só se tornará efectiva depois do congresso eleitoral, previsto para Janeiro do próximo ano.
Manuel Monteiro abandona a presidência do PND para se dedicar em exclusivo à candidatura ao distrito de Braga, numa lista independente, nas próximas eleições legislativas. "Esse objectivo não é compatível com as obrigações normais de um líder de um partido -, afirmou Manuel Monteiro, numa reunião, ontem, em Santa Maria da Feira.
Antigo presidente do CDS-PP, Manuel Monteiro, de 46 anos, é, desde 2003, líder do PND.
Neste encontro ficou decidida a data do próximo congresso, tendo sido debatida a situação económica do partido e a estratégia política para o próximo ano. O conselho geral ainda tomará hoje uma posição política sobre as multas aplicadas ao partido pelo Tribunal Constitucional. "

Público 16.11.2008

A notícia que todos esperávamos e que não deixa ninguém indiferente...

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Só restarão vencidos

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"Seja qual for o desfecho final desta interminável batalha entre os professores e a ministra da Educação (e se algum dia houver desfecho...), parece que só restarão vencidos. Para começar, a ministra, derrotada politicamente e desacreditada perante os seus próprios pares; os professores, cuja guerra, apesar de tanta cobertura e apoio mediático, não convenceu ainda a maioria da opinião pública e, sobretudo, os pagadores de impostos para o ensino: até podem vir a ganhar circunstancialmente a batalha contra a ministra, mas o que passará para fora é que se bateram pela manutenção tal qual de uma situação que, em muitos aspectos, é insustentável; e perderão também os pais e alunos, com a sensação de que, por razões certas ou erradas, a primeira verdadeira reforma que se tentou no ensino não universitário falhou e tão cedo ninguém se atreverá a tentar outra. Fica tudo ou quase tudo como dantes- o que quer dizer que fica pior para o futuro.

Miguel Sousa Tavares. Expresso, 15.11.2008

sábado, novembro 15, 2008

O fim da estrada ?

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"Segundo o The Wall Street Journal, Obama, que se reuniu segunda-feira durante duas horas com Bush, no âmbito do processo de transição do poder, abordou a situação precária do sector automóvel e pediu que actue com rapidez para evitar que ela piore. O pedido do Presidente eleito produz-se num momento em que o Congresso começou a mover-se para garantir à indústria automóvel de Detroit acesso aos fundos federais do plano de resgate do Governo, avaliado em 700 mil milhões de dólares.

...Enquanto Obama e Bush se encontravam reunidos, os assessores no novo presidente debatiam com os líderes do Congresso a melhor forma de Washington ajudar de imediato o sector automóvel e a possibilidade das duas câmaras (Senado e Câmara dos Representantes) aprovarem na próxima semana um novo plano de estímulos económicos. Estas decisões foram debatidas no dia em que surgiram as notícias de que a General Motors comunicou às autoridades a intenção de despedir 5.000 pessoas e perdeu na Bolsa de Nova Iorque 22,9 por cento, descendo a níveis nunca vistos desde 1946."

SIC, 11.11.2008

As dificuldades da indústria automóvel ganham prioridade na agenda política dos democratas no momento em que surge na imprensa a intenção da General Motors de despedir 5.000 pessoas. Obama beneficiou para a sua eleição de uma forte escora por parte dos sindicatos do sector e deverá agora concentrar boa parte do seu esforço para evitar o colapso das principais marcas: GM, Ford e Chrysler.

No caso de falência dos três gigantes, os analistas apontam para um cenário catastrófico, com a perda de três milhões de postos de trabalho e custos para ajudas locais, estatais e federais calculados nos 156,4 mil milhões de dólares.

RTP 11.11.2008

sexta-feira, novembro 14, 2008

Estranho país os States...

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"Numa altura em que a taxa de desemprego na América chega aos 14 porcento, a chegada de uma nova administração a Washington pode ser uma esperança para muitos americanos à procura de trabalho. A mudança de Bush da Casa Branca para o seu rancho no Texas vai abrir cerca de oito mil vagas de emprego no Governo federal, de acordo com um inventário recentemente publicado em livro.
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O New York Times teve acesso ao questionário de sete páginas que a equipa do presidente-eleito está a enviar a todos os que querem fazer parte do Executivo que entra em funções a 20 de Janeiro, e deu o seu veredicto: para trabalhar com Obama é "preciso vasculhar o baú de recordações e não encontrar nada comprometedor".

O questionário de selecção inclui 63 perguntas de carácter pessoal e profissional - algumas dizem respeito à vida dos cônjuges e filhos maiores - a que a maioria dos candidatos não saberá responder sem fazer uma viagem ao passado para desenterrar documentos que provam os seus feitos e erros da última década.

Do extenso lote de perguntas, só alguns pequenos pormenores são descartados. Por exemplo, não é necessário entregar as multas de trânsito abaixo dos 50 dólares (40 euros). Em contrapartida, pede-se aos candidatos que revelem os seus pseudónimos na Internet e indiquem se são proprietários de armas de fogo.

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Os que ultrapassarem este obstáculo do extenso questionário terão ainda terão de passar sem mácula nas detalhadas investigações do FBI e do Departamento de Ética a seu respeito. Só então poderão ser considerados para trabalhar com o futuro Presidente, num dos milhares de cargos da nova administração.

Entre os empregos disponíveis estará o de arquitecto do Capitólio, o de director da Associação de Amizade entre o Japão e os EUA, e o de presidente da comissão de mamíferos marinhos.

Os salários mais altos ultrapassam os 220 mil dólares. O cargo mais modesto é um part-time para investigador do Árctico que receberá só 571 dólares."
DN, 14.11.2008

Os States são um estranho país. Eles acreditarão mesmo que alguém, com mau carácter, vai responder sinceramente e com verdade ao tal inquérito ? e se mentir ? será que eles conseguem realmente entalar o mentiroso ?
Este inquérito feito nos States por um presidente muito liberal se fosse feito em Portugal desencadearia uma tempestade bem-pensante. No mínimo seria considerado pidesco...
Estranho país os States...
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Avaliar o estado da nossa democracia ?

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Comecei a trabalhar para uma empresa americana, líder mundial no seu ramo, no ano de 1970. Já nessa época, há 38 anos portanto, a referida empresa praticava um sistema de avaliação anual dos seus empregados em todo o mundo, que a certo ponto eram mais de trezentos mil. 

Enquanto empregado avaliado, e enquanto membro da Comissão de Trabalhadores muitas vezes chamado a aconselhar e a defender outros trabalhadores, convivi durante muitos anos com o complexo sistema de avaliação cujas vantagens e defeitos conhecia profundamente. 

As regras do sistema eram basicamente estas: 

- Todos os empregados eram avaliados pelo respectivo chefe que, no início de cada ano, lhes propunha, discutia e atribuía objectivos a cumprir, quantitativos e qualitativos.

- O chefe tinha obrigação de fazer reuniões de aconselhamento se e quando verificasse que o desempenho do subordinado era insatisfatório.

- No fim de cada ano fazia-se uma reunião em que o chefe explicava ao subordinado a classificação atribuída em cada um dos objectivos estabelecidos.

- O empregado avaliado podia, em caso de discordância, apresentar recurso da classificação para o chefe do chefe e, se isso o não satisfizesse, para toda a hierarquia até ao quartel-general da empresa nos Estados Unidos. Estes recursos produziram a reversão das classificações em número apreciável de casos.

- A classificação, de 1 a 5, era um dos parâmetros principais na determinação do aumento do vencimento e de eventual promoção.

- A classificação de 5, a pior de todas, quando reiterada era considerada suficiente para desencadear os mecanismos tendentes ao despedimento.

- O sistema era regido por um extenso “código” publicado.

 

Este sistema de avaliação, que durante muitos anos produziu bons resultados apesar dos erros e injustiças pontuais, claudicou quando cessou uma condição básica de funcionamento; a empresa deixou de ter recursos para poder premiar os bons desempenhos através dos aumentos anuais e das promoções por mérito. 

Perante toda a agitação actual à volta da “avaliação dos professores” fico perplexo com vários aspectos: 

1.      Alguém acredita que é possível implantar um sistema de avaliação condicionado à “autorização” de quem vai ser avaliado ?

2.      Alguém acredita que é possível desenhar um sistema de avaliação que contemple as opiniões de vários milhares de sujeitos passivos da avaliação ?

3.      Alguém acredita que funcione uma avaliação em que o avaliador não seja, simultâneamente, quem supervisiona o trabalho e quem propõe os aumentos da remuneração ?

4.      Alguém acredita que é possível obter resultados de um sistema de avaliação em que as pessoas não saibam à partida, claramente, quais são os prémios e os castigos ?

5.      Alguém acredita que é possível implantar um sistema de avaliação sem um grande esforço administrativo e de formação ?

6.      Alguém acredita que um sistema de avaliação pode ser imune à subjectividade de quem avalia ?

7.      Alguém acredita que um sistema deste tipo é menos exigente para quem avalia do que para quem é avaliado ? 


Aquilo a que estamos a assistir é um gravíssimo atentado ao regime democrático.

Um governo legítimo embora pusilânime, fazendo uso das suas competências, estabelece regras que são espezinhadas impunemente por parte de uma classe profissional que usa a escola pública como refém. 

O sistema de ensino, que devia estar ao serviço de toda a população, que devia ser determinado pelo bem comum, é abusivamente condicionado no seu funcionamente por meros interesses corporativos que se entrelaçam com manobras de oposição política. 

Infelizmente este é apenas mais um caso ilustrativo da lógica e da força das “classes corporativas” no nosso país.

P.S. (15:45) Têm-se sucedido os lamentáveis episódios em que os alunos se divertem a arremessar ovos à ministra. Os sindicatos tentam demarcar-se dessas acções mas penso que terão muita dificuldade em o conseguir.

quinta-feira, novembro 13, 2008

CML quer desalojar moradores sem carências económicas

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"A Câmara de Lisboa vai votar hoje uma proposta segundo a qual os serviços municipais deverão determinar, até ao fim de Março de 2009, se os actuais moradores dos fogos do património disperso têm "razões socioeconómicas" para os ocupar. Se não se verificar essa necessidade, os moradores terão de desocupar os fogos, comprá-los ou arrendá-los em regime de renda livre. A proposta devia ter sido votada numa reunião extraordinária na semana passada mas acabou por ser retirada com o objectivo de incorporar sugestões feitas pela oposição. O mesmo aconteceu com o Regulamento dos Ateliers Municipais para as Artes, que também vai ser discutido hoje, numa reunião cuja ordem de trabalhos tem 103 propostas.
O documento relativo ao património habitacional determina que a Direcção Municipal de Habitação deverá proceder, no prazo de 45 dias, à elaboração do projecto de regulamento "que estabeleça os critérios de acesso" aos fogos da Câmara de Lisboa.
O objectivo é "garantir uma mais adequada e transparente gestão do património municipal", que engloba 26.684 fogos."
Público 12.11.2008


Parece que este escândalo está em vias de solução. Tentámos dar o nosso contributo para o efeito tratando o tema aqui, aqui e aqui e lançando a Petição Online "Para acabar com as casas de favor em Lisboa".

Só é pena que aqueles que andaram durante anos a defraudar a confiança neles depositada (presidentes e vereadores da CML envolvidos na distribuição) não sejam castigados.Agora urge estender esta medida a todos os municípios portugueses.
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1º Colóquio sobre Pavel

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(clique para abrir)


O resistente antifascista e o homem de cultura - uma homenagem no centenário do seu nascimento. 22 de Novembro às 16 horas, Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Cidade Universitária.

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quarta-feira, novembro 12, 2008

Foi você que pediu um Magalhães ?


"Let us be the generation that reshapes our economy to compete in the digital age. Let's set high standards for our schools and give them the resources they need to succeed. Let's recruit a new army of teachers, and give them better pay and more support in exchange for more accountabilitty. Let's make college more affordable, and let's invest in scientific research, and let's lay down broadband lines through the heart of inner cities and rural towns all across America". Presidential Announcement Speech in Springfileld, IL 02/10/07
É uma verdadeira injustiça dizerem que Sócrates imita Obama, como fica patente o inverso é que é verdadeiro. Choque tecnológico, "accountability" (ou seja, avaliação) dos professores, enfim, está lá o arsenal todo.
Com mensagens copiadas de Sócrates, que em Portugal alimentam centos de anedotas, o novo Presidente americano conseguiu tornar-se a esperança do mundo. Mais um sinal do apocalipse...
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Quem regula o regulador ?

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"O departamento de supervisão bancária (DSB) do Banco de Portugal (BdP) possui apenas 60 técnicos, chefiados por uma dúzia de dirigentes, para acompanhar cerca de 320 instituições financeiras, das quais 39 são bancos. O banco central tem cerca de 1700 funcionários"
"Os cerca de 60 técnicos têm à sua guarda um conjunto significativo de instituições. São 39 bancos, 21 instituições financeiras de crédito, 35 sucursais de instituições com sede na UE, 29 sociedades gestoras de fundos de investimento imobiliário, 19 sociedades gestoras de fundos de investimento mobiliário, 21 agências de câmbios, 106 caixas de crédito agrícola, 14 sociedades gestoras de patrimónios. E ainda uma trintena de instituições, como caixas económicas, compras em grupo, corretoras, factoring, garantia mútua, sociedades de investimento, gestoras de cartões de crédito, financeiras de corretagem. " Público 12.11.2008

Os outros 1640 funcionários "coçam" o quê ?
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O homem Steve Jobs

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Nunca tive produtos da Maçã, não sou maníaco da Apple, mas estas três histórias de vida de Steve Jobs, que um amigo me enviou, tocaram-me.
Por trás de um "grande homem" há sempre apenas um homem.
Ver AQUI





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terça-feira, novembro 11, 2008

É de mestre...

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"O governo regional da Madeira decidiu administrativamente, por portaria, avaliar com “bom” os professores em exercício no arquipélago.
“Para todos os efeitos de avaliação do desempenho dos docentes contratados, de transição ao 6º escalão e progressão na carreira dos docentes do quadro, o tempo de serviço prestado nos anos escolares 2007/08 e 2008/09, considera-se classificado com a menção qualitativa de Bom”, determina o artigo 1º da portaria 165-A/2008, publicada a 7 de Outubro na II Série do Jornal Oficial da região. O segundo e último artigo adianta que “o presente diploma entra imediatamente em vigor”. "

Público 11.11.2008

É isto que queremos ?

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segunda-feira, novembro 10, 2008

Governo para 2009

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Apresentamos em exclusivo e em primeiríssima mão o Governo para 2009:




























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Ministros (da esquerda para a direita e de cima para baixo): Cultura, Economia, Finanças, Obras Públicas, Educação, Negócios Estrangeiros, Justiça, Defesa, Trabalho, Agricultura, Saúde e Reforma Administrativa

Este é um Governo que não só dispensa maçadoras eleições como garante, à partida, uma completa paz social. Por razões de austeridade prefere funcionar sem primeiro-ministro.