terça-feira, agosto 31, 2010

Claro como a água


A Google é a marca com melhor reputação entre os portugueses e a Luso é a marca nacional com melhor imagem, segundo um estudo que a Marktest vai lançar em Setembro e que se pretende tornar num barómetro anual.
O motor de busca registou a maior pontuação, atingido 87 numa escala de zero a cem.
Na lista das marcas em que os portugueses mais confiam, a marca Luso é a primeira nacional, posicionando-se no oitavo lugar da lista geral com 80 pontos.
Entre as cinco melhor posicionadas nesse ranking, três são de automóveis, com a Porsche a ocupar a segunda posição com 86 pontos, seguida da Mercedes e da BMW no terceiro e quarto postos, ambas com 85 pontos.
O estudo, realizado este ano pela primeira vez, teve como base entrevistas feitas em junho a 1400 pessoas entre os 15 e os 64 anos e residentes em Portugal continental, tendo sido apurada uma lista global das marcas e dez específicas para os sectores automóvel, de telecomunicações, da indústria Farmacêutica, de banca e seguros, de media, entre outros.
ver mais Público, 31.08.2010

Estas presidenciais das marcas, que antecedem as verdadeiras, proporcionam sondagens interessantes.
A Google, que disponibiliza ferramentas digitais utilíssimas a custo zero para os cidadãos, lidera o pelotão apesar de certos governos europeus, invejosos, lhe colocarem entraves absurdos.
É seguida por três marcas alemães de automóveis, os tais bens transaccionáveis,  que explicam por que é que a Alemanha continua a ser o motor da Europa.

Nós, "o país das uvas", brilhamos na água. Não é nada mau quando se anuncia a escassez universal do precioso líquido.
Infelizmente nunca conseguimos criar uma marca global neste domínio.
Ainda me lembro de, nos anos 60, em Bissau, se encontrar mais fácilmente água Perrier do que qualquer das águas nacionais. Era um colonialismo mandrião.
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6 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Fernando,
A água vem de fontes.
A Água de Luso vem das fontes de água no Luso.
A capacidade de produção é limitada pelo caudal das fontes.
Quando vejo uma "marca global" de água, cheira-me a água da torneira...
Seja como for, sugiro-te a "Água de Penacova", captada numa fonte poucos km afastada do Luso, em Penacova, e que é vendida no Minipreço com marca Dia (mas origem identificada) a um preço várias vezes mais barato que a do Luso.
Boas bebedeiras (de água, claro)!

F. Penim Redondo disse...

Manuel

não sei se sabes que houve um tipo em Nova York que criou um empresa de sucesso precisamente a vender água da torneira.
Até já se vende em Portugal se não estou em erro.
Como vês para ter uma água global basta o marketing adequado...

F. Penim Redondo disse...

Adenda ao meu comentário anterior:

TAP'DNY é o nome da tal empresa que podes investigar aqui

http://truthinhydration.com/

Manuel Vilarinho Pires disse...

Já conhecia a história, e acho-a uma ilustração genial do consumismo de elite...
Não consigo passar nas áreas chamadas de "gourmet" das grandes superfícies sem pensar nela!
Porque andam cheias de pessoas que seriam incapazes de comprar um queijo ou um chouriço a um lavrador, mas se prestam a pagar lá fortunas por produtos industriais apenas porque o facto de os adquirirem caros lhes oferece confiança sobre a sua qualidade, mesmo quando compram água da torneira!
De qualquer modo, conheço tanto o concessionário, como a fábrica, da água de Penacova, e podes adquiri-la com inteira confiança, se não tiveres vergonha de ser visto num Minipreço...
Mistérios da sociologia e, como dizes, do marketing...

Rosa Redondo disse...

Olá, Manuel!
A epidemia das marcas causa-me alergia. Perante as avalanches do marketing eu costumo reagir com tal desconfiança que corro o risco de até ser "injusta" com os produtos em causa!
Mas percebo bem porque é que isto acontece: é que havendo cada vez mais bens disponíveis no mercado e não sendo infinito o universo dos consumidores, todos os produtores de qualquer coisa procuram maneira de captar o nosso interesse.
E sendo assim, já que Portugal vive neste mundo, talvez não fôsse má ideia criar umas marcas globais que vendessem bem os nossos produtos.
A propósito de águas: também sou fã da água de Penacova!
Costumo comprar no Lidl, imagino que custa o mesmo que a %DIA.
De qualquer modo, não tenho nenhum MiniPreço ao pé de mim!
Um abraço
Rosa

Manuel Vilarinho Pires disse...

Olá Rosa!

De facto, aquilo que numa perspectiva micro-económica a publicidade procura fazer é transformar um mercado competitivo, em que os consumidores usufruem de preços baixos meramente à custa de compararem preços e comprarem ao fornecedor de preço mais baixo, num mercado monopolista, em que os consumidores (sentem que) não têm alternativa e só compram ao único fornecedor, que pratica preços mais altos para maximizar o seu lucro.
Ou seja, transformar uma economia de mercado numa economia monopolista que gera menos riqueza (os preços são mais altos e a actividade económica mais reduzida, obviamente), e maior assimetria na distribuição de riqueza (o monopolista tem mais lucro do que o agregado de fornecedores do mercado concorrencial teria, e os consumidores têm menos poder de compra por causa dos preços mais altos).
Por isso é que nos capitalismos mais puros e duros (nos EUA), o papel mais importante que o Estado desempenha na economia é o de garantir a concorrência.
Na economia de mercado os consumidores têm mais poder do que habitualmente pensam, porque são eles que escolhem a quem entregar o seu dinheiro, a quem enriquecem.
Se se abstêem de usar esse poder e se deixam ir nas cantigas do marketing, é mais por culpa deles do que do sistema, ou de quem, no sistema, aproveita esse facto para enriquecer à custa deles...

Um abraço,

PS: No Dia é mais barata do que no Lidl...