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Em Setembro, ainda antes de se conhecerem os resultados das Legislativas, avisei (aqui) que o PS estava a abrir uma caixa de Pandora, e que pagaria um preço elevado pela publicação no DN do email clandestino contra Cavaco.
Para conseguir, in extremis, a vitória eleitoral acharam muito bem que se publicasse um email clandestino, que apenas continha a opinião do seu autor contra o Presidente, e que descrevia uma alegada tentativa algo canhestra de um assessor para plantar uma notícia no jornal Público.
Na altura o caso foi pretexto para uma campanha mediática que recorreu a todos os exageros e que arrastou o nome de Cavaco pela lama. Esses que então semearam ventos queixam-se agora das tempestades.
Agora acham mal que se publiquem conversas telefónicas, cuja escuta foi ordenada por um juiz, e que mostram uma autêntica conspiração para subverter, com suporte directo ou indirecto de dinheiros públicos, grupos inteiros de comunicação social.
Agora já invocam o direito ao bom nome, que antes não respeitaram, e o recato da privacidade, que antes subordinaram ao "interesse público".
É uma incoerência completa. É caso para dizer que têm o que merecem.
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sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Pandora
Publicado por
F. Penim Redondo
Hora da publicação: 12:22
Etiquetas: face oculta, Fernando Penim Redondo, justiça-leis, media-jornalismo
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2 comentários:
Caro amigo Fernando,
Reconheço grande coerência nos pontos de vista que tens vindo a revelar acerca de toda a indesejável tramóia em que o País infelizmente caiu.
Talvez porque também pretendo ser coerente, mais uma vez não vejo as coisas como tu. Porque prezo as opiniões dos meus amigos, aqui vai o meu contributo:
1. O romance não esclarecido das hipotéticas escutas a Cavaco, teve origem, de acordo com o que conheço, na inesperada comunicação do PR ao País, com aquela dramática exposição que fez em horário nobre da TV. A esse episódio referes-te como "uma alegada tentativa algo canhestra".
2. Acerca da sequência de episódios das mais recentes escutas, envolvendo o PM e pessoas a ele ligadas, usas a expressão "que mostram uma autêntica conspiração para subverter, com suporte directo ou indirecto de dinheiros públicos, grupos inteiros de comunicação social".
Registo a espantosa diferença de juízos de valor – uma (a que defende o PR) é, para ti, uma “alegada tentativa” (ainda por cima “canhestra”. A outra (atacando o PM), para ti, “mostra uma autêntica conspiração”.
Para mim, são ambas hipotéticas até prova em contrário. São acusações (ainda) não provadas.
Arrisco, contudo, pensar que acharás, à semelhança do que dizes na parte final do teu texto, que estou a ser duma "incoerência completa".
Mas eu penso que não. Não consigo ter uma bitola para um caso e outra para o outro.
A actividade política feita assim desgosta-me. Entristece-me. Gosto tanto do meu País…
Um abraço.
Caro Vitor,
também prezo a tua opinião e aqueles que me conhecem sabem que nunca ostracizo ninguém por pensar de modo diferente (o contrário acontece regularmente).
O caso das "escutas a Cavaco" não teve origem na "dramática exposição que fez em horário nobre da TV". De certa forma esse foi o epílogo.
No caso do Cavaco não havia nenhum registo sonoro ou escrito que lhe fosse atribuído ou mesmo ao Fernando Lima seu assessor. A única coisa que existia era um mail escrito por outrém, 17 meses antes,relatando um pretenso encontro com Fernando Lima que nunca foi confirmado.
No caso Sócrates há gravações do próprio e de uma miríade de amigos dele e colaboradores próximos fazendo planos e combinações.
Qualquer dos casos chega à comunicação social por meios tortuosos e criticáveis mas o envolvimento directo dos visados, num caso e no outro, é totalmente diferente.
A gravidade dos dois casos também é completamente diferente.
O Cavaco, na pior das hipóteses, teria mandado um assessor mendigar a publicação de uma notícia que, se teve algum sucesso, só se terá verificado 17 meses depois (por isso é que é canhestra).
Sócrates e os seus colaboradores não pretendem publicar apenas uma noticiazita, eles falam sim de comprar grupos de comunicação.
Sócartes ou os seus colaboradores não falam com um jornalistazeco, eles interpelam os donos dos jornais e ordenam-lhes que metam os directores na ordem.
Qualquer pessoa vê a enorme diferença de escala e de gravidade entre os dois casos.
Ora se no caso de Cavaco se chegou ao ponto de sugerir a demissão voluntária ou a sua morte política o que se devia então fazer no caso de Sócrates que é bem mais grave ?
Gostava que percebesses que eu até apreciei e apoiei muitas coisas feitas pelo Sócrates (na saúde, no caso dos professores, na tecnologia, etc).
Eu até acho que neste momento não há nenhuma alternativa credível para o substituir no curto prazo.
Mas isso não me pode levar a pactuar com jogadas perigosas e com mentiras sistemáticas.
Os casos que o envolvem já são demasiados e os anticorpos que ele gerou já são excessivos e os amigos que ele escolhe são péssimos.
Estou convencido de que o tempo dele acabou mas será lamentável que ele, por falta de bom senso, acabe por sair desprestigiado e pela porta pequena.
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