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Escrevo este post antes de serem conhecidos os resultados da votação para que não se diga que o faço por causa deles.
Escrevo por imperativo cívico, para afirmar que os resultados, sejam eles quais forem, ficarão inevitávelmente manchados por aquela que foi, provávelmente, a mais grave mistificação durante um período de campanha eleitoral desde que a nossa democracia atingiu a sua fase "civilizada".
Os factos
- A 18 de Agosto 2009 o Público incluiu uma abordagem das escutas com pretexto nas afirmações do PS de que haveria assessores de Cavaco a colaborar na preparação do programa do PSD. A tese implícita era que o PS só podia fazer tal tipo de afirmações se estivesse a vigiar os tais assessores.
- Cerca de um mês depois, a poucos dias das eleições legislativas, o DN publicou o conteúdo de um email enviado por um jornalista do Público a um colega em Abril de 2008. Nesse mail era mencionada uma reunião com Fernando Lima, assessor de Cavaco, em que ele pedira a divulgação pelo jornal das suspeitas da presidência relativamente a uma hipotética vigilância a que estaria submetida.
- Não se sabe quem, quando e por que meios obteve o referido email e como foi ele parar aos jornais.
- Não se conhece qualquer declaração do autor, nem de Fernando Lima, sobre os factos relatados no email.
- Apesar de todas estas incertezas e indefinições o artigo do DN deu origem a uma desefreada campanha mediática que se desenvolveu como se fossem inquestionáveis:
1) os factos relatados no email,
2) a ligação entre esses factos e o artigo do Público publicado 17 meses depois, em 18 de Agosto 2009,
3) o envolvimento de Cavaco, como mandante,
4) a inexistência de quaisquer escutas,
5) a inexistência de qualquer "asfixia democrática" como corolário da inexistência das escutas
- Esta campanha estendeu-se a todos os meios e, a partir desse momento, não houve qualquer outro tema relevante que conseguisse obter atenção e tempo de antena durante o que faltava da campanha eleitoral.
- Pela primeira vez na nossa história recente a luta política partidária usou meios que põem em causa a dignidade da função presidencial e que constituem um verdadeiro "julgamento mediático" do Presidente, com consequências imprevisíveis para o regime.
Considerandos sobre uma história mal contada
- Um Presidente tem tão poucos meios e poder que manda um assessor pedinchar a um jornalista subordinado o favor de uma noticiazinha ? Por que é que ele não ligou ao Belmiro ou, já que dizem que o homem está a soldo, ao director do Público ? Porque é que falaria com um subalterno sujeitando-se a ser desmascarado ?
- Mesmo admitindo que tenha feito tal pedido, e admitindo que o artigo de 18 de Agosto do Público era consequência desse pedido, temos que concluir que só foi atendido 17 meses depois. O homem não tem mesmo influência nenhuma.
Conclusões
A meia dúzia de dias das eleições transformar isto numa coisa essencial é claramente uma manobra cujo beneficiado é, sem dúvida, o Partido Socialista.
O desafio a Cavaco, que só foi lançado para salvar in extremis estas legislativas, faz-nos a todos correr graves riscos de turbulência no momento de formar o novo governo. Neste tempo de enormes dificuldades e incertezas estamos perante o espectro da ingovernabilidade já que, na prática, se está a antecipar dois anos a luta pela Presidência.
Escrevo por imperativo cívico, para afirmar que os resultados, sejam eles quais forem, ficarão inevitávelmente manchados por aquela que foi, provávelmente, a mais grave mistificação durante um período de campanha eleitoral desde que a nossa democracia atingiu a sua fase "civilizada".
Os factos
- A 18 de Agosto 2009 o Público incluiu uma abordagem das escutas com pretexto nas afirmações do PS de que haveria assessores de Cavaco a colaborar na preparação do programa do PSD. A tese implícita era que o PS só podia fazer tal tipo de afirmações se estivesse a vigiar os tais assessores.
- Cerca de um mês depois, a poucos dias das eleições legislativas, o DN publicou o conteúdo de um email enviado por um jornalista do Público a um colega em Abril de 2008. Nesse mail era mencionada uma reunião com Fernando Lima, assessor de Cavaco, em que ele pedira a divulgação pelo jornal das suspeitas da presidência relativamente a uma hipotética vigilância a que estaria submetida.
- Não se sabe quem, quando e por que meios obteve o referido email e como foi ele parar aos jornais.
- Não se conhece qualquer declaração do autor, nem de Fernando Lima, sobre os factos relatados no email.
- Apesar de todas estas incertezas e indefinições o artigo do DN deu origem a uma desefreada campanha mediática que se desenvolveu como se fossem inquestionáveis:
1) os factos relatados no email,
2) a ligação entre esses factos e o artigo do Público publicado 17 meses depois, em 18 de Agosto 2009,
3) o envolvimento de Cavaco, como mandante,
4) a inexistência de quaisquer escutas,
5) a inexistência de qualquer "asfixia democrática" como corolário da inexistência das escutas
- Esta campanha estendeu-se a todos os meios e, a partir desse momento, não houve qualquer outro tema relevante que conseguisse obter atenção e tempo de antena durante o que faltava da campanha eleitoral.
- Pela primeira vez na nossa história recente a luta política partidária usou meios que põem em causa a dignidade da função presidencial e que constituem um verdadeiro "julgamento mediático" do Presidente, com consequências imprevisíveis para o regime.
Considerandos sobre uma história mal contada
- Um Presidente tem tão poucos meios e poder que manda um assessor pedinchar a um jornalista subordinado o favor de uma noticiazinha ? Por que é que ele não ligou ao Belmiro ou, já que dizem que o homem está a soldo, ao director do Público ? Porque é que falaria com um subalterno sujeitando-se a ser desmascarado ?
- Mesmo admitindo que tenha feito tal pedido, e admitindo que o artigo de 18 de Agosto do Público era consequência desse pedido, temos que concluir que só foi atendido 17 meses depois. O homem não tem mesmo influência nenhuma.
Conclusões
A meia dúzia de dias das eleições transformar isto numa coisa essencial é claramente uma manobra cujo beneficiado é, sem dúvida, o Partido Socialista.
O desafio a Cavaco, que só foi lançado para salvar in extremis estas legislativas, faz-nos a todos correr graves riscos de turbulência no momento de formar o novo governo. Neste tempo de enormes dificuldades e incertezas estamos perante o espectro da ingovernabilidade já que, na prática, se está a antecipar dois anos a luta pela Presidência.
Se por um lado este episódio revela uma hipotética tentativa canhestra da parte de Cavaco por outro expõe a potentíssima máquina mediática que conseguiu de uma penada, a partir de material clandestino e irrisório, substituir na campanha o julgamento do governo de Sócrates por um ataque ao PSD e ao Presidente da República.
Os portugueses podem portanto ter dúvidas acerca da competência conspirativa de Cavaco e dos seus assessores mas não podem ter qualquer dúvida sobre a existência algures de uma fábrica comunicacional capaz de transformar quase nada em quase tudo.
Eu, pela minha parte, passarei a interrogar-me sistemáticamente sobre toda e qualquer informação proveniente de tal fonte.
Através destas denúncias mútuas ao mais alto nível, que creio se irão intensificar, desaparece qualquer referêncial credível para os cidadãos.
Em suma, tudo isto é delirante e faz supor que realmente estamos a ser governados por seitas secretas em que nunca votámos.
Em suma, tudo isto é delirante e faz supor que realmente estamos a ser governados por seitas secretas em que nunca votámos.
O regime já de si tão debilitado foi alvo, por obra e graça do fanatismo partidário, de um dos mais contundentes ataques da sua história.
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4 comentários:
Não tenho a menor dúvida que estamos a ser governados por seitas secretas! Há já muito tempo que me apercebi da potentíssima máquina de agitação e propaganda que apoia este governo centrado no Sócrates. O que me espanta é ver certas pessoas que eu ainda ingenuamente, acreditava como puras, renderem-se assim à força da máquina partidária - falo por exemplo de Manuel Alegre.
Já lá vão 9 jornalistas com processos!
O professor que no ISEL teve a ousadia de chumbar Sócrates, veio a ser despedido da Brisa onde era director há quase duas dezenas de anos. A nova administração desta empresa concessionária das auto-
estradas portuguesas, nomeada após as eleições de 1995 e liderada, aliás, por outro professor do ISEL e de Sócrates, o Dr. Manuel van Hoff Ribeiro, que lhe atribuíu em 1996, a nota de 18 valores... Ver página 322 do livro disponível aqui: http://www.lulu.com/content/7672029, onde se fala precisamente dessas seitas secretas.
Os PPR do Louçã: Eu assisti ao debate entre Sócrates e Louçã em que se levantou essa questão. O Louçã disse que era contra os PPRs porque eles não eram rentáveis (ele fez as contas e apesar do benefício fiscal, rendiam menos que um simples depósito a prazo) e ao não serem rentáveis eram um engodo enganoso para os cidadãos que não faziam as contas. Por outro lado, ao defender a gratuitidade da saúde e educação, deixava de haver despesas dessas a descontar no IRS. O Socas a partir daí embandeirou em arco e sem deixar mais falar o Louçã, desatou a berrar que o BE era contra os benefícios fiscais e contra os PPRs. E os jornais só deram eco aos berros do Socas, nunca às razões, que fazem todo o sentido, do Louçã. Eu própria nunca tinha feito as contas e fui no engodo dos benefícios fiscais dos PPRs. Eu também tive PPRs e não farei mais nenhum. O dinheiro fica lá retido muitos anos e ainda por cima, globalmente rendem menos que outras aplicações. Dar lucros aos bancos privados e prejudicar e enganar o cidadão comum é outra das marcas deste governo, como se vê no caso dos certificados de aforro.
Pois... o tal prof. Manuel van Hoff Ribeiro, que safou o Sócrates e o passou com uma nota excelente na tal cadeira em que tinha chumbado, foi posteriormente nomeado presidente do Conselho de Administração da Brisa, presisamente donde tinha sido despedido e perseguido o prof. que o tinha chumbado... curioso, não? Por curiosidade também Van Hoff Ribeiro era também um destacado membro da Maçonaria... mais palavras para quê?
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