segunda-feira, fevereiro 16, 2009

MILK



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O filme "Milk" de Gus Van Sant conta a história de Harvey Milk (Sean Penn ), um homossexual que resolve "entrar na política" para defender os direitos civis dos marginalizados.
A acção decorre na cidade de S. Francisco, em especial no bairro Castro, na mesma época em que nós vivíamos o nosso PREC, em meados dos anos 70.
As razões de Harvey Milk, em resposta a prepotências e preconceitos inadmissíveis, não oferecem qualquer dúvida. É também notável a extensão da sua vitória, com a eleição para o San Francisco Board of Supervisors, embora ocorra numa cidade muito especial dada a anormal concentração de homossexuais que nessa altura se verificou. Mas os limites de tal experiência estão bem patentes no facto de, 30 anos depois, o "casamento gay" ter sido rejeitado em referendo na Califórnia.
Eu, como mero espectador, pese embora a excelente criação de Sean Penn, confesso que esperava mais do que esta mera homenagem a um homem e à sua luta. Um objecto que sem dúvida alimentará solidariedades e animará esperanças.
Mas os homossexuais surgem no filme como se a sua "orientação" sexual fosse uma espécie de forma de vida. Tem-se a sensação de que, com ou sem discriminações, essa forma de vida está longe de garantir que se fica gay.
Os episódios que nos são mostrados revelam também uma faceta que não é muito popular; um certo espírito de seita cuja força é levada até aos "corredores do poder".
Não aprendemos muito sobre a natureza dos caminhos que levam às várias formas de homossexualidade.
Por isso tenho muitas dúvidas de que os espectadores deste filme saiam com uma maior compreensão deste fenómeno, que continua a ser geralmente tratado de forma irracional, e mais preparados para lidar com esta "diferença" que insistem em nos fazer crer que não existe.
Essa transformação não há lei, nem exercícios clubistas tipo "Prós e Contras", que a consigam.
Ficamos portanto à espera de um filme genial que nos ensine, comova e desarme os preconceitos.
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