sexta-feira, julho 11, 2008

Tudo o que nunca deve perguntar a um português.

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Os portugueses surgem no segundo lugar entre os cidadãos dos 27 Estados-membros da União Europeia que afirmam ter “dificuldades em pagar as contas ao fim do mês”, com 71 por cento de respostas afirmativas, valor só ultrapassado pelos búlgaros e muito acima da média europeia, de 47 por cento.
De acordo com o relatório nacional divulgado hoje, e elaborado a partir dos dados do Eurobarómetro da Comissão Europeia relativo à Primavera, aquela percepção não é manifestada apenas pelos “sectores habitualmente mais vulneráveis da população”, mas também pela “classe média dos trabalhadores urbanos do sector dos serviços”.
Público, 11.07.2008

Alguém tem que explicar aos responsáveis pelo Eurobarómetro que aos portugueses não se pode fazer este tipo de perguntas. Em Portugal dizer que se tem "dificuldades em pagar as contas ao fim do mês" não é o mesmo que noutros países, é o tipo de coisas que não vale a pena perguntar pois qualquer cidadão que se preze terá pejo em afirmar o contrário. Mesmo que se chame Belmiro de Azevedo. Cheira a bravata, a gabarolice.
Sejamos sinceros, há alguém a quem não custe, que não tenha dificuldade em pagar as despesas ? Ver o nosso rico dinheirinho a abandonar-nos para sempre ? Eu gostava era de saber quem são os 29% que, ao abrigo do confortavel anonimato, tiveram o desplante de não declarar dificuldades...

Este tipo de perguntas leva o português médio, herdeiro de séculos de dissimulação, a tentar perceber o que mais pode agradar a quem lhe faz a pergunta e nem lhe passa pela cabeça revelar o que intimamente pensa.

É por isso que perguntas como "É o catolicismo uma das marcas identificadoras da portugalidade ?" e "Considera correctas as relações homossexuais ?" deram, recentemente, origem aos maiores equívocos e imerecidos protestos.

Portanto é melhor pensarmos duas vezes antes de desatar a tirar conclusões de estatísticas deste tipo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Outros exemplos de perguntas que não vale a pena fazer pois só servem para baralhar a estatística:
"Como vai o negócio?"
"Como vai de saúde?"
"Este governo é melhor ou pior que os anteriores?"
"A vida vai melhorar?"