sábado, julho 19, 2008

Fanatismo na rede

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Estamos a assistir, cada vez com maior frequência, à irrupção de episódios de fanatismo na blogoesfera, um espaço que à partida parecia ser o paraíso do debate.
São cada vez em maior número, ou pelo menos parece, os que se julgam detentores de uma verdade qualquer, urgente e inquestionável. A partir dessa ideia, que se lhes meteu na cabeça sabe-se lá como, sentem-se no direito de agredir quem quer que tenha o atrevimento de uma dúvida.
Não se trata de discordar ou rebater uma opinião contrária mas sim de rebaixar o interlocutor, atribuindo-lhe intenções sinistras e maldade objectiva. Segue-se o insulto, o anátema e o ostracismo.
Vem isto a propósito da minha experiência mais recente no blogue Água Lisa. Levantei dúvidas sobre um post crítico da China, que considero inverosímil, e fui surpreendido pela violência da reacção do autor do blogue (ver aqui). Os meus comentários posteriores, tentativas de esclarecimento, foram liminarmente obliterados pelo João Tunes.
Também recentemente, no "hoje há conquilhas...", fui citado e criticado pelo Tomás Vasques (ver aqui) sem possibilidade de me defender pois o dito blogue não aceita comentários.

Quer num caso quer no outro estamos perante assumidos defensores da liberdade e dos direitos cívicos, pelo menos é o que eles apregoam.
Os seus comportamentos dão-nos uma ideia mais exacta do tipo de democracia que defendem.

P.S. (escrito em 20.07) - João Tunes faz hoje no seu blogue uma nova referência ao "racismo chinês" com o intuito de branquear o seu comportamento descrito mais acima. O novo post intitula-se "JOGOS E PROBLEMAS" e é ilustrado com uma imagem assustadora de repressão que qualquer pessoa julgará corresponder a uma violência ocorrida na China. A verdade, que só é revelada nas últimas linhas do longo post, é que a imagem foi feita em França numa acção da "Amnistia Internacional". É nestas pequenas coisas, na falta de rigor quanto às mensagens difundidas mesmo que a favor de uma boa causa, que se revela a isenção de quem opina.

P.S. (escrito em 21.07) - Acabo de constatar que a fotografia mencionada no P.S. anterior foi entretanto correctamente legendada, o que saúdo.

5 comentários:

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

A vida é assim. Há de tudo.
Engraçado é alguns antigos sectários estalinistas, hoje grandes democratas, ex-militantes do PCP que não ousaram discordar e que apoiaram o que agora criticam, ou com isso pacturam, hoje anti-comunistas ferrenhos, não aceitarem o pensamento diverso e a opinião adversa, ainda que errados.
O autoritarismo, no caso, opinativo e sobre questões menores, parece estar-lhes na massa do sangue, qual atavismo de que não conseguem libertar-se. Até o facto de se prenderem aos pormenores, ao acessório, coisa típica dos departamentos de propaganda dos PCs, é demonstrativo de que não perderam os tiques.
As suas reflexões mostram-nos a sapiência tardia com que foram bafejados. Ao mesmo tempo, semelhante graça parece ter-lhes apagado o passado, no que se refere ao que então defendiam. O passado, a que frequentemente se referem e criticam, para eles, é sempre o passado dos outros, nunca o seu próprio passado. É acima de tudo esta ausência de memória autocrítica que os torna ridículos.
Espere um pouco, pode ser que a lucidez do comedimento paire sobre aquela cabeça e lhe apareça um pedido de desculpas, ainda que enviesado. Um tal vaticínio é temerário, dada a prática reiterada, mas sempre é uma leve esperança.
JMC.

F. Penim Redondo disse...

para o jmc,

O que eu acho mais curioso é não se darem conta da contradição entre o conteúdo dos posts em apreço, todos focados nas liberdades, e a sua atitude perante as opiniões diferentes expressas pelos seus leitores.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Depois de ler o teu post acrescentei um PS. ao último que escrevi, em que abordava um dos temas em que foste criticado.
Se tiveres ineressado, repara nessa actualização

Anónimo disse...

Bem prega frei Tomás. O que estraga tudo são as acções.
O meu mestre Platão pretendia edificar uma sociedade de pensamento único (República)e tem tido, ao longo dos s´wculos, muitos seguidores.
O que é interessante verificar é o facto de quem tanto fala de liberdade e das suas actividades anti-fascistas, como o autor do "Água Lisa" , utilizar os mesmos métodos dos coroneis do lápis azul.
Os velhos tiques estalinistas vêm sempre à tona.
O Santo Estaline mandava apagar das fotografias a imagem dos seus opositores. No "Água Lisa" apagam-se os comentários que não são elogiosos , ou concordantes com o pensamento do autor.
Discordar é que não é permitido. É considerado crime.
O que espanta é a crendice do autor, ao dar como verdadeiro tudo o que é publicado nos jornais.
Deve fazer parte daqueles que acreditaram na existência de armas de destruição massiva no Iraque, uma vez que a notícia apareceu em diversos jornais de referência.

Aristóteles

Anónimo disse...

Bom dia Fernando

Na essência, essa gente de facto não mudou assim tanto. Continua religiosa. Primeiro santificaram Cristo e acreditaram no seu Deus; posteriormente acreditaram em S. Marx Todo Poderoso; hoje acreditam na Santa Madre Democracia.

Mas, nesta coisa de crenças o JMC já explicou tudo.

Olá JMC !

O seu comentário merecia ser um post.

Cumprimentos a ambos.

nelson anjos