sexta-feira, novembro 25, 2011

Quimioterapia

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O prémio Nobel da Economia em 2001 e antigo vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, afirmou na quinta-feira que as políticas de austeridade constituem uma receita para "menos crescimento e mais desemprego".
Dizer isto não será equivalente a dizer que a quimioterapia tem efeitos secundários muito fortes e perniciosos?
Mas será que queremos acabar com a quimioterapia?


Não basta fazer o que toda a gente faz, que é constatar os malefícios óbvios da austeridade ou dizer que seria muito melhor não ter que sofrer a austeridade. O que é necessário é demonstrar que a austeridade (ou a quimioterapia) é melhor não a fazer. Tanto a austeridade como a quimioterapia podemos escolher não as fazer. No caso da quimioterapia a ciência diz-nos quais são provavelmente as consequências. Não vejo é ninguém demonstrar, sem ser com generalidades, que podemos evitar a austeridade e ficar melhor depois disso.

5 comentários:

Anónimo disse...

Oh Fernando:

Esta terapia mata o doente.

É inevitável (!), dirás tu...

Mas, oh homem, fazer pior ou igual é impossível.
Há alternativa ao desastre nacional, a este Alcácer-Quibir para onde nos empurram. A nós e aos outros povos vítimas da estratégia do imperialismo.
Estava convencido que de tão claro isto se me afigura que compreendo mal que um homem com a tua inteligência, cultura e experiência não veja o mesmo que eu. Esta realidade é perceptível pelas pessoas comuns, em que me incluo, e pelos mais sábios.

Saudações

João Pedro

F. Penim Redondo disse...

A questão está em saber se este Alcácer-Quibir demora mais tempo, e dá maior sobrevivência, do que a morte "natural". Alguém acredita que é possível passar por isto sem sofrimento quando a decadência europeia e do ocidente em geral são evidentes? O que está a acontecer vai muito para além da tradicional luta de classes com que ainda nos entretemos.
Queremos enganar-nos a nós próprios fingndo que temos capacidade para inverter este desmoronar sem pagar um preço? Os tipos que caiem nos pântanos parece que se afundam mais depressa quando estrebucham.

Anónimo disse...

Pois, o que é a luta de classes ao pé da luta de civilizações, especialmente se mete louros e morenos dum lado e amarelos do outro?

o castendo disse...

Cada vez me surpreendes mais. Pela negativa. Como tu sabes, como poucos, esta crise da dívida pública começou pela ... dívida privada.
Basta ver o caso de Portugal. Em três anos (2008-2011) o Estado «meteu» só na banca e no off-shore da Madeira, em cash (fora os mais de 20 mil milhões em garantias...)mais de 12 mil milhões de euros.
Que tu tenhas passado a considerar que isto tem de ser assim, que a austeridade é inevitável, que a luta de classes é um entretém, acredita que o lamento profundamente. Já agora: o que há, neste contexto, para além da luta de classes?
A decadência, como tu sabes (ou sabias),não é da Europa e do ocidente (que raio de conceitos são esses?). É das classes possidentes da chamada Tríade (EUA, UE e Japão). Claro que não é possível passar «por isto» sem sofrimento. Em última análise até podemos ter uma guerra global.
Para terminar um conselho (de amigo): vai às tuas Obras Escolhidas de Lénine e pesquisa no índice remissivo «Dreyfus». Recordarás o que vale a pena lutar...

F. Penim Redondo disse...

António, em contrapartida eu preferia que tu me surpreendesses mais vezes e que não te agarrasses tão aficadamente a teses que já mostraram de forma eloquente a sua ineficácia.
Eu sou avesso a todas as formas de religião pois elas tornam impossível qualquer discussão racional. Os anátemas e a excomunhão foram sempre usados para impedir a emergência do novo, mas é precisamente do novo que o futuro necessita.