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quarta-feira, novembro 30, 2011
A doença infantil da inflação
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Zelenka e Bach
Hoje assisti na Gulbenkian a um concerto excelente pelo Balthasar Neumann Choir and Ensemble, dirigido pelo Thomas Hengelbrock. Não só tocaram obras que muito estimo (Missa Dei Filii de Zelenka e Magnificat de Bach) como o fizeram de forma irrepreensível.
A junção de Zelenka e Bach no mesmo concerto é uma bela ideia se considerarmos os dados biográficos dos dois compositores. No princípio do século XVIII eles cruzam-se na corte de Augusto o Forte. Augusto acumulava as funções de Eleitor da Saxónia e Rei da Polónia e, por isso, decidiu fazer coexistir na sua corte as duas religiões, católica e luterana.
Jan Dismas Zelenka e Bach encontravam-se, em termos musicais, em barricadas religiosas distintas.
Há muito que aprecio Zelenka pela frescura e surpresa da sua música. Nós conhecemos demasiado bem os cânones de Bach, Vivaldi ou Handel ao ponto de podermos adivinhar o caminho que a música vai seguir mesmo quando nunca antes ouvimos a obra em causa.
Zelenka, um compositor cuja linguagem não tem paralelo que eu conheça, faz-nos tremer na sua imprevisibilidade de "cânone" que se manteve demasiado tempo na penumbra.
Veja mais sobre Zelenka- AQUI
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domingo, novembro 27, 2011
A invenção chinesa
Ainda há quem pense que a vantagem competitiva da China está na mão de obra barata mas trata-se de uma visão ultrapassada.
Agora a China vive principalmente da dimensão do seu mercado interno, que funciona como um buraco negro na atracção de investimentos de todo o mundo.
E quanto mais crescem esses investimentos mais cresce o mercado interno chinês o que motiva novos investimentos.
Por outro lado eles fizeram uma invenção muito importante.
Mercados regulados por um Estado, e um partido, que têm poder absoluto.
Isso dá-lhes uma vantagem enorme já que a regulação dos mercados em democracia é um quebra-cabeças insolúvel.
A luta de classes,ela própria, tem na China as formas e as dimensões que convêm à construção de um maior poder do Estado.
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A propósito da imagem:
D. João V tratava o homólogo chinês por “muito caro e amado amigo”, mas o protocolo da época exigia ainda mais cerimónia: “Muito poderoso imperador da China”, escreveu também o rei português numa carta a Yongzheng.
Curiosamente o início e o fim da dinastia Quing são quase coincidentes com a dinastia Bragança em Portugal.
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sexta-feira, novembro 25, 2011
Quimioterapia
O prémio Nobel da Economia em 2001 e antigo vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, afirmou na quinta-feira que as políticas de austeridade constituem uma receita para "menos crescimento e mais desemprego".
Dizer isto não será equivalente a dizer que a quimioterapia tem efeitos secundários muito fortes e perniciosos?
Mas será que queremos acabar com a quimioterapia?
Não basta fazer o que toda a gente faz, que é constatar os malefícios óbvios da austeridade ou dizer que seria muito melhor não ter que sofrer a austeridade. O que é necessário é demonstrar que a austeridade (ou a quimioterapia) é melhor não a fazer. Tanto a austeridade como a quimioterapia podemos escolher não as fazer. No caso da quimioterapia a ciência diz-nos quais são provavelmente as consequências. Não vejo é ninguém demonstrar, sem ser com generalidades, que podemos evitar a austeridade e ficar melhor depois disso.
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Roberto Huarcaya
Está no Palácio Galveias uma exposição do fotógrafo peruano Roberto Huarcaya ( http://
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quinta-feira, novembro 24, 2011
A EuroBronca dos EuroBonds
As bocas do Durão sobre os Eurobonds e as bocas do Cavaco sobre as capacidades impressoras de notas do BCE arrastaram a Alemanha para o pântano.
Os "mercados" agora receiam que a Alemanha venha a ter que pagar as dívidas todas dos PIIGS e, por causa disso, a Alemanha teve ontem dificuldade em financiar-se como costumava fazer.
Até agora tínhamos na Europa dois tipos de países; os mais ou menos falidos como Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália e os países que mereciam confiança, que tinham potencial para pagar o que deviam, com a Alemanha à cabeça.
Depois deste momento fatal não há na Europa ninguém que mereça respeito, a quem se empreste sem medo.
Foi pior a emenda do que o soneto.
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quarta-feira, novembro 23, 2011
Cinemas e teatros há 50 anos
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terça-feira, novembro 22, 2011
As pedras de PETRA
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sábado, novembro 19, 2011
Sem tempo e sem saída
"IN TIME", traduzido em Portugal para "Sem Tempo", é um filme de Andrew Niccol sobre uma distopia situada no ano 2161. Aos 25 anos todos os homens e mulheres vêem iniciar-se uma contagem decrescente no relógio que lhes foi implantado no braço e que, se nada fizerem, provocará a sua morte ao fim de um ano.
Para o evitar é preciso trabalhar e ganhar mais "tempo de vida", a moeda corrente em tal mundo. Enriquecer é, por consequência, acumular tanto tempo potencial de vida que dispense o seu detentor de uma permanente correria pela sobrevivência e fazer todo o tipo de transacções com essa espécie de novo dinheiro. É possível aos ricos viver durante séculos, ou milénios, mantendo sempre a aparência física dos 25 anos, de quando o relógio começou a desandar.
Não é difícil perceber nesta história uma translação metafórica da sociedade actual baseada no assalariamento. De facto a engenhosa situação que o filme inventa não é mais do que a concretização futurista da tese de Marx segundo a qual o salário está "socialmente calibrado" para permitir a renovação da força de trabalho:
“Poderia responder com uma generalização e dizer que, tal como com todas as outras mercadorias, também com o trabalho, o seu preço de mercado, a longo prazo, se adaptará ao seu valor; que, por conseguinte, apesar de todos os altos e baixos e faça o que fizer, o operário só receberá, em media, o valor do seu trabalho, que se resolve no valor da sua força de trabalho, o qual é determinado pelo valor dos meios de subsistência requeridos para o seu sustento e reprodução, o qual valor dos meios de subsistência é finalmente regulado pela quantidade de trabalho necessário para os produzir (Salário, Preço e Lucro, trad. portuguesa, Ed. AVANTE, 1983, pag.. 65-67)”.
No filme, os trabalhadores em vez de ser pagos com dinheiro que lhes permita comprarem a sua subsistência são pagos directamente em tempo.
O filme tem uma fase descritiva inicial bem organizada e que prende o espectador à expectativa. Mas o autor, depois de mostrar o cerne da inventiva, parece desamparado sem saber como prosseguir e concluir o enredo criado.
Passa então para um registo de tipo policial, com laivos de Robin dos Bosques que rouba tempo ao ricos para dar aos pobres e reminiscências de Bonny and Clyde (o herói da fita anda a roubar na companhia da elegante filha do vilão rico).
Não há ninguém que tente parar, quanto mais reverter, os ponteiros do relógio fatídico. Na ficção, como na vida real, falta imaginação para travar a injustiça.
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quinta-feira, novembro 17, 2011
A Guiné como eu a vi; 40 anos depois
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O planeta China
Até há uma dúzia de anos o cidadão ocidental médio considerava o nosso planeta constituído pela Europa e os Estados Unidos, circundados por umas cenas exóticas onde por vezes se ía a banhos. Nada de muito importante, nada especialmente relevante.
As voltas da história são traiçoeiras e hoje, quando se vê um filme como "Histórias de Shanghai" de Jia Zhang-ke, tem-se a sensação de ver emergir, ao lado da Terra, um outro planeta muito grande que não se sabe se seguirá paralelo ou se entrará em rota de colisão.
Como podem ter estado na penumbra tais dramas e tragédias, o século XX inteiro destas mil milhões de pessoas?
domingo, novembro 13, 2011
O que é que nós não estamos a perceber?
Se é o "capitalismo internacional" o promotor do referido entorse à democracia na Itália, como na Grécia, é caso para perguntar se Berlusconi, e mesmo Papandreou, não são lídimos expoentes desse mesmo capitalismo.
Como se tudo isto não bastasse temos também os bancos portugueses a acusar o governo mais "neo-liberal" de todos os tempos de querer nacionalizá-los.
O que é que nós não estamos a perceber?
Hora da publicação: 12:08 1 comentários
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sábado, novembro 12, 2011
O mito da equidade
Sucedem-se os protestos e as manifestações dos mais variados grupos sociais. Agora até os militares. Mas um dos grupos mais vulneráveis, os reformados e idosos, por razões físicas imperativas, numa clara falta de equidade, não tem as mesmas oportunidades de se manifestar.
Cada grupo social considera-se o mais atingido e o mais desrespeitado.
Todos acham que a austeridade devia ser para os outros ou, dito de outra forma, que não há equidade. Nem sequer percebem,que estamos todos ligados, para o bem ou para o mal.
Quando, por exemplo, um grupo, os funcionários e os pensionistas, fica sem o subsídio de férias e de Natal há outro grupo, os lojistas, que fica na ruína por falta de vendas e outro grupo, os caixeiros, que fica no desemprego em consequência do fecho das lojas, e outro grupo, os senhorios (que até podem ser também funcionários ou pensionistas), que deixa de receber a renda do aluguer e assim sucessivamente.
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terça-feira, novembro 08, 2011
Não pagamos!!!
Penso que há um equívoco quando se diz "não pagamos", como se fosse uma solução. É que nós ainda não estamos a pagar nada, estamos apenas a tentar reduzir o ritmo de crescimento da nossa dívida.
Portanto parar os sacrifícios actuais significa apenas deixar a dívida continuar a crescer descontroladamente. Mas essa via tem um pequeno problema: para a dívida continuar a aumentar tem que haver alguém que nos empreste dinheiro, o que não acontecerá em tais circunstâncias.
Em síntese, ou nós aprendemos a viver com menos, a empobrecer controladamente ou, em alternativa, há alguém que nos fecha a torneira e empobrecemos à bruta e no meio do caos.
Convém estar consciente de que, no fundo, é uma destas duas coisas que podemos escolher.
SNS - alternativas ao marasmo
(texto publicado no DN, 08.11.2011, por José Correia, médico)
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domingo, novembro 06, 2011
A semelhança e a diferença
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sexta-feira, novembro 04, 2011
A culpa é dos mercados
Hoje em dia tornou-se comum invectivar os mercados; "estou careca e a culpa é dos mercados que, com a sua ganância de curto prazo, inviabilizararam a investigação contra a calvicie", "o meu cão mordeu no vizinho e a culpa é dos mercados que tornaram as rações demasiado caras e impossibilitaram a correcta alimentação do animal", etc, etc. Mas reduzir as causas dos nossos males aos mercados não leva a parte nenhuma, é uma explicação preguiçosa e que não explica nada. Até porque "os mercados" são um inimigo demasiado indefinido e deslocalizado.
Hora da publicação: 12:38 0 comentários
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OBAMA EXPLICA A MERKEL
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quarta-feira, novembro 02, 2011
O referendo grego
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