sábado, maio 22, 2010

Obra feita

.



Em média, o Estado português vai endividar-se a um ritmo diário de €30 milhões até ao final de 2013. São mais €44,2 mil milhões de dívida pública total entre 2010 e 2013. As contas são do BPI, num estudo a publicar em breve, onde actualiza as projecções de endividamento público já com as medidas de austeridade apresentadas pelo Governo. Dentro de três anos, a dívida estará acima dos 200 mil milhões e, se nada for feito, ultrapassa 600 mil milhões em 2040. Esta factura inclui não apenas dívida directa do Estado, mas também empresas públicas, regiões autónomas e municípios. São tidas em conta as parcerias público-privadas e as privatizações.
Expresso, 22.05.2010

Sou só eu que acho esta situação caricata ?
Andamos a discutir em tom dramático os recentes aumentos de impostos e os seus efeitos nos nossos bolsos em vez de discutir que, apesar desses nossos sacrifícios, o país vai continuar a afundar-se em dívidas.
Já que ninguém percebe como e quando vamos pagar o que devemos não seria altura de exigir que o Estado fizesse as adaptações necessárias para que a dívida, ao menos, deixasse de crescer ?
Não devíamos andar todos a discutir o que tem que ser feito para o Estado gastar, em cada ano, apenas o montante equivalente às suas receitas ?
Os governantes que, nos últimos 15 ou 20 anos, se têm gabado da "obra feita", que andaram a financiar as suas próprias carreiras sobrecarregando com dívidas as gerações futuras, não deveriam ser investigados e responsabilizados ? 
.




4 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Fernando, não és o único!

O Estado, como a tua casa ou a minha, só pode ter um valor sustentável de déficit anual: ZERO.
Pode sustentar anos em que incorre em déficit e recorre ao crédito, desde que compensados por outros anos em que obtém superavit para pagar esse crédito.
Tal como nós: adquirimos casa com crédito de longo prazo, porque tinha sentido diluir o custo da casa ao longo da sua vida útil, mas fômo-la pagando nos anos seguintes e agora está paga. Ou carro, com prazo mais curto. Mas se começarmos a pedir crédito para pagar à empregada da limpeza, vamos direitinhos para o abismo.
Esta crise pode ser enriquecedora se, com a pressão dela, se passar a considerar virtuoso um déficit de ZERO, em vez de um déficit de 3% que, ao fim de 30 anos, cria uma dívida do tamanho do PIB.
Há umas semanas tivemos uma discussão deste tipo no Facebook...
Um abraço

Saudoso disse...

" ... investigados e responsabilizados? " !!!

E depois de investigados e responsabilizados, como é que se fazia aparecer o dinheiro que falta? Quando é que os portugueses se deixam de andar à procura de bodes expiatórios e se concentram no que há a fazer para endireitar a situação?

Anónimo disse...

Só em JUROS do que o ESTADO pediu emprestado (sem contar com o que continua a pedir), diz quem sabe que são 2 milhões por dia, 60 milhões mensais, and so on...

Rogério G.V. Pereira disse...

Viram as sondagens que este mesmo Expresso publica?
A acreditar nelas, o eleitor:
-dispensaria bem qq investigação, ou não!
-estar-se-ia nas tintas para a sua responsabilização ou não!

Se vai pagá-las? Vai, lá isso vai
(Nª Srª de Fátima os acuda