sábado, outubro 24, 2009

As grandes fortunas viajam muito

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O dinheiro das fortunas portuguesas colocado nos paraísos fiscais para escapar aos impostos não pára de aumentar. Só até Agosto, foram mais de nove mil milhões de euros, diz o Banco de Portugal. Louçã diz que está aqui a prova que a crise orçamental "é uma farsa".
"Se temos 9 mil milhões de euros que não vão pagar impostos para 'offshores', quer dizer que é uma farsa toda a grande crise orçamental do país, porque isso é mais do que o dinheiro suficiente para corrigir o excesso do défice orçamental e é por isso que não aceitamos que nos digam que não há recursos para uma melhor educação ou para reduzir as taxas moderadoras na saúde e acabar com a injustiça social em relação aos desempregados", afirmou Louçã em declarações aos jornalistas sobre o futuro governo.
O montante do dinheiro aplicado este ano em off-shores corresponde a 5,5% do PIB nacional e revela um crescimento de 47,4% em relação a igual período do ano passado. A duplicação das aplicações enviadas para offshores entre Fevereiro e Março - de 646 milhões de euros para 1,3 mil milhões - coincide com o período do pagamento de dividendos por parte de muitas empresas.
Partilho absolutamente a indignação de Louçã acerca desta descarada (e tolerada) fuga aos impostos que a todos nós penaliza.
Só é pena que Louçã não veja que, precisamente por causa desta expatriação dos capitais, as propostas do BE para agravar a taxação das "grandes fortunas" mais não farão, se adoptadas, do que aumentar carga fiscal da classe média. A classe média que não tem condições para mandar as suas modestas fortunas para os paraísos fiscais.
Aproveito para acrescentar que as definições de "grandes fortunas" que vêm sendo anunciadas pelo Bloco constituem autênticas anedotas. Louçã parece ter uma ideia muito vaga do que é ser rico.
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