sexta-feira, novembro 16, 2007

Continuamos a ignorar as causas dos acidentes

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Na sexta-feira 2 de Novembro ocorreu o trágico atropelamento junto ao Terreiro do Paço. Na segunda-feira seguinte, 5 de Novembro, mais dois terríveis acidentes em Tires e na A23 fizeram disparar, anormalmente, em poucos dias, o número de mortos para 45.Faz hoje duas semanas e continuamos sem saber o que realmente aconteceu.

A extraordinária cobertura mediática explica-se pela violência dos acidentes com desmembramento dos corpos, pelo envolvimento de idosos e crianças e pela existência de relações de parentesco entre as vítimas. Mas não têm surgido descrições objectivas e explicações racionais para o que realmente aconteceu. "As causas do acidente estão a ser estudadas" e receamos que nunca venham a ser claramente enunciadas para o grande público.

Esse enorme vazio propicia as teorias fantasiosas e os exageros de quem pretende aterrorizar a população apesar de saber que esta "semana negra" não tem qualquer significado estatístico. Tem-se feito uma exploração despudorada dos sentimentos dos portugueses, usando as vítimas como bandeiras de propaganda, apesar de tal ser moralmente inadmissível.Em vez de se estudar as causas dos acidentes e procurar os remédios em conformidade tem-se feito da culpabilização abstracta dos cidadãos comuns a chave que tudo justifica.
Cada vez que morre um português na estrada há fornecedores de radares e de lombas e "especialistas" consultores que aumentam as suas previsões de vendas.

A verdade é que os acidentes de viação em Portugal estão em linha com o nosso nível de desenvolvimento económico e social. Têm mesmo vindo a reduzir o seu número de forma continuada e acentuada nos últimos anos. De acordo com estudos universitários recentes morrem três vezes mais pessoas por ingestão exagerada de sal do que em acidentes de viação.

O que importa é compreender para prevenir, desdramatizar em vez de culpabilizar.Na prevenção dos acidentes rodoviários o mais importante é o "como" e o "porquê" e não o "quem". As causas e não as culpas. Não é possível prevenir o que se desconhece ou aquilo que não se compreende.

Os abaixo-assinados vêm por esta forma exigir que a Autoridade Nacional de Prevenção Rodoviária ponha cobro à presente indefinição e avance com relatórios para cada um dos acidentes, em que fiquem claramente estabelecidos os aspectos factuais, apurados e confirmados, os factores propiciadores ou causadores e o grau da sua influência.
Estes relatórios devem tornar-se obrigatórios sempre que há vítimas graves e ter publicação na internet. Todos os cidadãos poderão dessa forma esclarecer-se sobre os acidentes ocorridos e aprender a evitar os factores de risco.


Se concorda assine a petição on-line AQUI


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2 comentários:

Anónimo disse...

Esta nao assino. Estou-me borrifando para as causas (estas e as outras dezenas de milhares por ano), há uma data de gente cujo trabalho é fazer precisamente isso. Alias o facto de ter morrido gente atropelada nao me faz mudar de opiniao sobre alguns ridiculos limites de velocidade. Acho é que a lei deveria ser muito mais rigorosa e pesada e rapida para quem tem responsabilidade no acidente por excesso de velocidade, por alcool, droga, etc.
Por exemplo, quem atropelar alguem mortalmente e estiver bebedo deve levar com homicidio involuntario, mesmo que seja a 30 à hora.

F. Penim Redondo disse...

Compreendo, mas...

A verdade é que aqueles cujo "trabalho é fazer precisamente isso" não o fazem.
Não existem em Portugal estatísticas das causas dos acidentes.
Por isso é tão difícil fazer uma discussão racional sobre as medidas a tomar.

Esta situação serve aqueles que querem manter a discussão ao nível do choradinho e que descarregam todas as culpas no incumprimento dos desadequados limites legais de velocidade.