quarta-feira, outubro 17, 2007

Dar a mão à palmatória ou o braço a torcer


Reconheço que me precipitei na apreciação que fiz do Luís Filipe Menezes. É evidente, tal como sublinhei nos meus posts, que o PSD já tinha ensaiado no tempo do respeitável Cavaco Silva um ataque pela esquerda ao PS e que lhe tinha, na altura, rendido dividendos eleitorais. Pensava eu, por algumas afirmações do dito senhor, que essa táctica iria agora ser novamente ensaiada. Por outro lado, algumas avis raras do comentário nacional tinham partido em cruzada contra o populismo e o pertenço esquerdismo do novo presidente do PSD o que me indignou e me fez sair em sua defesa.
Quando, depois do Congresso, o senhor começou a falar viu-se o caminho que iria traçar e esse é já bem perigoso, porque junta a fome (da direita) com a vontade de comer (do PS-Sócrates). Ou seja, apesar de continuar a falar da insensibilidade social do PS, o que propõe é uma nova Constituição, o projecto reaccionário que a direita sempre acalentou. Penso que não vai contar com a aquiescência do PS, seria muito escandaloso, mas uma revisãozinha que facilite os despedimentos contará com certeza com a sua colaboração e por aí fora até que a Constituição seja completamente desvirtuada.
As privatizações propostas e o reforça da componente neoliberal será também do agrado do PS-Sócrates. Portanto, temo bem que estejamos numa nova arrancada direitista, em que o PS, para não deixar nas mãos do PSD todas as propostas de direita, irá ceder, como é seu costume, naquilo que verdadeiramente interessa ao patronato.

1 comentário:

F. Penim Redondo disse...

É bonito penitenciares-te.

O Menezes resolveu usar uma táctica comum: se o PS quer fazer política "de direita" então o PSD leva as suas propostas ainda mais longe, entrando pela própria questão constitucional.

O lado mais populista está em querer convencer as "vítimas de Sócrates" de que pode salvá-las apesar de baixar a despesa.
A demonstração é difícil mas, em política, a maior parte das vezes as pessoas acreditam naquilo em que querem acreditar.
Foi o que se passou na vitória de Sócrates.