segunda-feira, maio 20, 2024

Tratado para acabar, de vez, com uma discussão estúpida.


Tratado para acabar, de vez, com uma discussão estúpida.
Decidi proceder à exegese minuciosa do discurso que tem paralisado o país, de comoção, nos últimos dias. Dois singelos parágrafos bastaram para despromover ao segundo plano o aeroporto, a redução do IRS, as polícias, os professores e outras classes carenciadas.
A bolha política exige, no entanto, saber se a liberdade de expressão contém, ou não, o direito ao despautério e às ofensas imateriais.
Debruçado sobre o texto o que é que eu encontro:
1. O Ventura acha que nós estamos abaixo de cão (sem ofensa) pois só fazendo um grande esforço alcançaremos o nível de turcos, chineses e albaneses.
2. Nada diz sobre os aeroportos de Pequim e de Tirana mas assevera que o de Istambul só tardou cinco anos.
3. Menciona aquilo que, em sua opinião, é voz corrente sobre a falta de laboriosidade dos turcos. O Ventura parece querer contrariar tal ideia preconceituosa precisamente com base na realização do supracitado aeroporto.
4. Notem que o Ventura não se atreveu a mencionar a laboriosidade dos chineses ou dos albaneses. A dos chineses porque toda a gente sabe que têm as lojas abertas mesmo em domingos e feriados. Quanto aos albaneses creio que, já de há muito, ninguém faz ideia do que lá se passa.
5. É verdade que as generalizações são sempre problemáticas; os orientais nem sempre são lentos e os rurais podem não ser imprevisíveis. Mesmo os espanhóis, com quem detesto viajar pois receio a queda do avião em consequência da barulheira, devem também em certos casos ser pessoas normais (sem ofensa).
6. Conclui-se então que não houve racismo pois os turcos são tão caucasianos como nós e que os únicos ofendidos são os portugueses por causa das acusações de inépcia.
7. Assim sendo recomendo a todos os portugueses que não votem Chega nas próximas eleições

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