Li algures que Akbar, Imperador Moghul do século XVI, disse qualquer coisa como: "As religiões estão todas erradas mas devem ser respeitadas" (cito de memória).
Concordo absolutamente. Akbar tinha nesta questão motivações que eu não tenho pois entre os seus súbditos contavam-se hindus e muçulmanos que lhe competia governar em harmonia.
Em desespero de causa tentou criar uma nova igreja, Ibadat Khana, respigando peças de cada uma das outras, mas os crentes nunca foram numerosos pois eram apenas os seus cortesãos mais próximos.
Convenhamos que a fé, qualquer que ela seja, ao introduzir entidades ou verdades indiscutíveis, acima e para além das regras da convivência civil, assume o carácter de ameaça à sociedade humana. Esse tipo de lógica só funciona quando há unanimidade o que, na sociedade humana, é anti-natural.
Todos sabemos que, por vezes, os crentes podem passar por longos períodos de tolerância para com os "gentios" mas, lá bem no fundo, a predisposição para a exclusão continua a existir e pode sempre reacender-se.
Nos últimos tempos tem havido uma certa agitação mediática acerca de quem persegue quem, se são os cristãos se são os ateus. Também se discute muito a tolerância da Europa para com as crenças intolerantes.
Entendo que se pode perfeitamente respeitar as crenças dos nossos concidadãos sem nunca omitir que as religiões são fontes de equívocos e de violências. Fingir que se considera o fenómeno religioso uma coisa positiva e desejável seria ceder ao oportunismo para evitar ser acusado, injustamente, de intolerância religiosa.
Do que ficou dito tem que resultar a subordinação das religiões, enquanto viverem no seio da sociedade, às regras de convivência que a sociedade tiver por estabelecidas.
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