Chegou o
tempo da geração Wannabe
A geração Wannabe nasceu
apenas demasiado tarde, quando as grandes narrativas e as grandes utopias já
eram anacronismos.
Vive, por causa desse atraso
fatal, no frenesim de regressar ao passado e ao mundo dos Beatles e do PREC.
Não teve oportunidade de
combater o fascismo? então desata a gritar que vem aí o lobo, mal desponta um
ditador anedótico na TV Correio da Manhã.
Não estava lá quando se
lutou contra a guerra colonial? então pretende ver racismo, e racistas, em todo
o lado e tenta expurgar os livros de história
Não conseguiu participar nas
grandes lutas operárias e nas nacionalizações?
então faz discursos
inflamados contra qualquer actividade privada, por mais ridícula que seja.
Falhou o momento das grandes
utopias? então empenha-se nas "formas de luta" arcaicas como
manifestações e abaixo assinados, apesar de os patrões antigos há muito se
terem dissimulado nos refegos da internet e da globalização.
Estas e outras
infantilidades têm proliferado, com a conivência de muitos cuja experiência de
vida justificaria outro critério.
Como estão obcecados em
tentar viver a vida dos seus pais descuram totalmente uma visão, nova, do
futuro. Refugiam-se em temas fracturantes que, as mais das vezes, não pretendem
senão irritar os preconceitos de um povo que "não está à sua altura".
A sua aparente modernidade
deriva apenas dos gadgets que exibem, numa incoerência inadmissível, e cedência
aos potentados da tecnologia.
À falta de grandes ideais,
de grandes dramas e tragédias, pintam com exagero qualquer incidente minúsculo
e perseguem com fatwas qualquer deslize de linguagem.
A pouco e pouco este
radicalismo oco vai ocupando todo o espaço, meios de comunicação e mesmo os
centros de poder, com danos provávelmente irreversíveis.
De absurdo em absurdo
criarão tantos anticorpos que, esses sim, serão a antecâmara de novos
totalitarismos.
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