sexta-feira, novembro 04, 2016

O Estado a que isto chegou


O Estado a que isto chegou
A esquerda tem no seu ADN o sonho de criar um tipo de sociedade radicalmente novo. Quando eu cheguei à política, há mais de 50 anos, a utopia estava ainda bem viva.
Se considerarmos as brutais transformações tecnológicas das últimas décadas tal ideia em vez de utópica pode até ser vista como necessária.
No entanto a ressaca do desmoronamento da URSS produziu uma evolução noutro sentido.
Os partidos anteriormente revolucionários foram-se submetendo à lógica social-democrata e aos encantos do "estado social".
Hoje já ninguém fala de uma nova sociedade.
Isso foi substituído pela invasão dos centros do poder político em troca da manutenção da sociedade capitalista tal como ela é.
Imbuídos de um espírito pretensamente vanguardista os partidos de esquerda tratam de gerir o sistema tomando medidas para que ele, apesar de anacrónico, não seja demasiado insuportável.
De caminho engordam as estruturas do Estado, quantas vezes com amigos e colegas do partido, sugando a sociedade com impostos.
Gera-se então uma contradição fatal; a economia nem é verdadeiramente capitalista nem é outra coisa qualquer.
Por essas e por outras a economia estagna e ninguém sabe muito bem como pô-la a crescer.
O Estado mete o bedelho em tudo e atabafa com os seus milhares de regulamentos grande parte das iniciativas e empreendimentos.
Meio dúzia de génios, inventados nas juventudes partidárias, sentam-se nas cadeiras do poder como se pudessem e soubessem manipular as alavancas de uma economia cada vez mais complexa.
É no Estado que se cruzam os grandes negócios e, com a desculpa da retórica republicana, põe-se os cidadãos a pagar rendas às corporações, falências dos bancos, e todo o tipo de fraudes que diáriamente aparecem nos jornais (hoje é na Força Aérea mas também no SNS às dezenas, na Segurança Social, etc).
Vende-se aos cidadãos a ilusão de que o Estado, e o que é do Estado (por ex. a CGD) garante por natureza a prossecução do interesse público. Apesar de a realidade andar há décadas a mostrar o contrário.

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