À ESPERA DE GODOT
Luis Menezes Leitão
Ionline, 05/05/2015
Foi seguramente uma coincidência feliz que o lançamento da candidatura de Sampaio da Nóvoa tenha ocorrido no Teatro da Trindade, onde passa a peça “à espera de Godot”. Na verdade, a política de António Costa cada vez mais parece o teatro do absurdo. Primeiro, o PS anuncia com pompa e circunstância uma nova política económica elaborada por 12 economistas qualificados, a qual, no entanto, situa o PS à direita, já que apenas modera a austeridade. António Costa diz que aquilo não é a Bíblia. Em seguida, o PS lança um desconhecido, Sampaio da Nóvoa, para Belém com um discurso claramente anti-austeridade. António Costa não comparece. Mas quando um jornalista escreve um artigo inócuo, embora crítico, António Costa manda-lhe um sms ameaçador, dizendo que não lhe admite “julgamentos de carácter”. Pelos vistos, António Costa está convencido de que pode ser eleito primeiro-ministro sem que o seu carácter seja julgado e escrutinado.
Se isto é assim, a campanha do PS vai parecer-se com o “à espera de Godot”. Toda a gente vai falar de António Costa sem que ele alguma vez apareça nesta peça. Os economistas surgiram com propostas por sua iniciativa, o candidato presidencial lançou-se sozinho, e António Costa, se alguma vez aparecer, será para ameaçar os jornalistas que se atreverem a falar dele. Pelos vistos, o PS, em lugar de uma campanha alegre, vai fazer uma campanha absurda. Mas, assim como Godot nunca chega, duvido que desta forma António Costa chegue a algum lado.
Sem comentários:
Enviar um comentário