Eduardo Prado Coelho, no Público de hoje, informa:
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António Negri publicou em 2006, na Feltrinelli, um livro a que deu o provocador título de Goodbye, mister socialism. Trata-se uma longa entrevista feita por Ralf Valvola Scelci, onde Negri expõe, de um modo sucinto mas incisivo, o seu actual pensamento político.
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Porquê este adeus ao socialismo? Porque segundo Negri as esquerdas tradicionais têm uma concepção muito simplificada das suas tarefas: aceitam o liberalismo capitalista mas procuram dar-lhe enquadramento social. E defendem acima de tudo os interesses sindicais dos que têm emprego.
Pode-se dizer que a sua grande obsessão é o emprego. Falta-lhe uma ideia de conjunto que integre as profundas transformações da sociedade contemporânea.
"Os socialistas perderam as referências colectivas."
E é aqui que os movimentos sociais (que são capazes da violência pontual, mas não sonham com a tomada de poder) entram em cena em nome de uma ideia inovadora do "comum". Hoje mobilizar a sociedade significa "entrar profundamente nas consciências".
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Noto, modestamente, a semelhança entre estas ideias e aquelas que tenho defendido nos últimos anos, quer em livro quer neste blog.
Fiquei muito interessado em ler o livro, o que farei em breve, para depois comentar.
Creio que a defesa deste tipo de teses explicará o súbito eclipse de Negri que ainda recentemente andava nas "bocas do mundo" (de certa esquerda).
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quarta-feira, junho 27, 2007
Goodbye, mister socialism
Publicado por
F. Penim Redondo
Hora da publicação: 22:13
Etiquetas: Fernando Penim Redondo, livros-revistas, politica2007, teses-textos
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3 comentários:
Mas tu já te deste ao trabalho de ler o livro do Negri que eu te ofereci, Império?
Na altura tinha-te referido que em alguns pontos era possível que tivesse afinidade com as tuas ideias, dado que o Império para ele era a nova sociedade em rede e não os “velhos” imperialismos dos marxistas. Diga-se de passagem que a esquerda mais consequente o tinha criticado bastante. Só o Prado Coelho, numas críticas que tinha no suplemento literário do Público, lhe tinha feito referências entusiastas e depois alguns jovens um pouco deslumbrados com estas novas teorias.
Mas como tu não ligas ao que os teus amigos dizem, foi preciso o Prado Coelho vir fazer referência a um novo livro para que tu ficasses entusiasmado com o autor.
Eu já conhecia as teses do Negri, pela internet, antes de o próprio livro (Império) sair.Não estou entusiasmado nem deixo de estar.
O que eu estou é a achar piada e similitude à forma como ele descreve a "esquerda mais consequente". Parece que, tal como eu, a considera pouco consequente.
As esquerdas "tradicionais" e as "novas" partilham ainda outra obsessão: a da "discriminação positiva" e o apoio estatal aos que de alguma forma estão fora do sistema quer a sua condição de "outsiders" seja ou não de sua própria responsabilidade.
Ainda recentemente a imprensa deu conta de como na Alemanha surgiu uma nova "classe social", a dos que vivem dos subsídios do Estado que lhes proporcionam rendimentos familiares que ultrapassam os 2000 euros.
Acrescentava-se também que essas familias tinham frequentemente comportamentos anti sociais, apoiavam movimentos extremistas de direita, tinham um nível cultural muito baixo e viviam numa euforia de "consumismo" de produtos de baixo preço e pior qualidade, tipo "loja dos 300".
É um exemplo de como tais politicas não fomentam nem a justiça, nem a igualdade , nem a integração social.
Apenas integram os "pobrezinhos" como consumidores. Mas afinal o sistema vive disso, não é?
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