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quinta-feira, maio 31, 2007
Um novo emblema para Lisboa
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quarta-feira, maio 30, 2007
Margem Sul
Hora da publicação: 20:08 2 comentários
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«Entre as brumas da memória» - Lançamento em Coimbra
Dia 31 de Maio, às 21:15, na Livraria Almedina Estádio
Apresentação por:
* Rui Bebiano (Prof. da Fac. de Letras da Universidade de Coimbra)
* José Dias (Pres. do Conselho da Cidade de Coimbra)
Uma iniciativa de «Ideias Concertadas»
Ler mais aqui
Hora da publicação: 17:41 0 comentários
Etiquetas: Joana Lopes, livros-revistas, memorias-biografias
terça-feira, maio 29, 2007
Os convites continuam...
segunda-feira, maio 28, 2007
Todos à Feira do Livro
Para mais informações vá AQUI
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Hora da publicação: 08:43 0 comentários
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sábado, maio 26, 2007
Homem caucasiano procura-se!
A polícia judiciária (PJ) de Faro resolveu esta tarde fazer a descrição de um suposto raptor do badalado caso da menina inglesa, indicando que o mesmo seria caucasiano, com uma dada altura, etc., etc.
O que provoca a minha indignação é a PJ traduzir à letra para português o termo que os americanos usam para designar os brancos, que é caucasiano. Em Portugal, e a PJ devia saber isso, nunca se chamou a um branco caucasiano. O que de certeza leva a população portuguesa a pensar que o eventual raptor seja alguém dessas paragens ignotas e que nada tenha a ver com um português de gema.
Na TSF online chega-se ao ponto de dizer PJ procura homem caucasiano, como se um caucasiano, não se sabe se muçulmano ou cristão, fosse o responsável por este rapto.
Por favor, acabem com estas traduções apressadas, que só provocam a perturbação da já delicada e muito pervertida língua portuguesa.
Hora da publicação: 02:12 3 comentários
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sexta-feira, maio 25, 2007
Músicas do Mundo
A MÚSICA COM ESPÍRITO DE AVENTURA VOLTA A SINES
Entre 20 e 28 de Julho de 2007, em Sines e Porto Covo, a nona edição do Festival Músicas do Mundo traz ao Litoral Alentejano 32 concertos com artistas dos cinco continentes.
Veja AQUI
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Hora da publicação: 12:01 0 comentários
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quinta-feira, maio 24, 2007
NOVO !!! Gerador Automático de Discursos
Clique aqui para aceder ao novo Gerador Automático de Discursos.
Quem sabe se não poderá usá-lo já na próxima campanha eleitoral...
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Hora da publicação: 00:09 1 comentários
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terça-feira, maio 22, 2007
A Transformação da Política
"A política é um âmbito de inovação, e não só de gestão. E a capacidade criadora tem estreitas relações com a invenção de uma linguagem apropriada para tratar o novo. Poderíamos encontrar aqui um novo eixo para delimitar a esquerda da direita, um indicativo para distinguir o progresso da tradição. O que é inovador é a capacidade de descobrir, nomear e enfrentar problemas; conservadora seria a segurança indiscutível, que oculta a dificuldade e dissimula as perple-xidades. E avançada a política que acolhe as interrogações incómodas que a preguiça mental evita com receio de ter de questionar os seus cómodos esquemas, as suas práticas habituais e a sua falta de atenção às coisas que se movem. A verdadeira demarcação política é a que distingue os que só encontram motivos para confirmar o que já sabiam daqueles que são capazes de incerteza. As novas situações lembram à política que, perante cada reforma, terá de formular uma interrogação: está na presença de problemas que pode, simplesmente, resolver ou de transformações históricas que exigem uma nova maneira de pensar? A inovação procede sempre de alguém ter querido saber se o que até então era dado por válido se ajustava às novas realidades. Quem for capaz de conceber a mudança como oportunidade verá como a erosão de alguns conceitos tradicionais, da sua rigidez e estreiteza, torna de novo possível a política.
A política consiste, fundamentalmente, em formar uma ideia do conjunto e compatibilizar na medida do possível os elementos que estão em jogo. Para isso, é necessário dispor de uma visão geral (ou imaginá-la, actuando um pouco às cegas, por tentativas, e assumindo riscos, como habitualmente acontece). "
Daniel Innerarity
em "A Transformação da Política", Teorema, 2005
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sexta-feira, maio 18, 2007
Tirou-me as palavras da boca...
NÃO HAVIA NINGUÉM PARA LISBOA E HÁ QUE TEMPOS
Fernanda Câncio
jornalista, Público 18 Maio 2007
fernanda.m.cancio@dn.pt
Parece um pouco difícil de crer, mas agora já não há dúvidas. Nem o PS nem o PSD tinham passado um minuto - ou meio minuto - a pensar em Lisboa e em alguém para a governar até que não tiveram outro remédio. Das duas uma: ou porque Lisboa não interessa aos dois principais partidos (difícil crer nisso, apesar de tudo), ou porque quem manda sabia que era tão difícil encontrar candidatos adequados e disponíveis que só a pontapé se dispôs a isso.
O resultado foi a saída do número dois do Governo, António Costa, e o recurso, pelo PSD, primeiro a um presidente de câmara em exercício (Fernando Seara, que recusou) e depois a um pau para toda a obra, Fernando Negrão, o juiz desembargador que, depois de sair da direcção da Polícia Judiciária por suspeita de violação do segredo de Justiça (sob o Governo Guterres), se disponibilizou, numa entrevista radiofónica, para qualquer cargo de ministro no Governo de Durão, acabando por "receber" o Instituto da Droga e da Toxicodependência, só sendo alcandorado a ministro da Solidariedade (e da Família e da Criança) por Santana Lopes e ocupando agora um lugar de deputado sem brilho que acumula com a vereação em Setúbal, a cuja presidência foi candidato. Não se lhe conhece uma única ideia, reflexão, proposta ou opinião sobre Lisboa, quanto mais uma ideia, reflexão, proposta ou opinião interessantes sobre Lisboa . Estava disponível - não está sempre? E zás, lá vai ele. Parece o candidato óbvio para perder - mas Carmona também parecia e Carrilho conseguiu o milagre de lhe oferecer a câmara, portanto prognósticos só no fim.
Quanto a Costa, bom, tinha a tutela das autarquias e não se pode dizer que é um homem sem brilho nem ideias. Mas assim, de repente, sobre Lisboa não se lhe lembra uma frase. Claro que o PS pode clamar que foi buscar o melhor que tem e que isso corresponde a uma valorização da eleição e a uma aposta muito forte na recuperação de uma cidade cujo estado de caos e desgovernação alcançou um máximo histórico. Só que ir buscar um ministro, e este ministro, clarifica sobretudo o deserto das opções no partido da maioria absoluta.
Mas estas opções deixam outra coisa muito clara: na vereação e na assembleia municipal não havia, na avaliação dos dois partidos, ninguém de jeito para disputar a capital (a única excepção, Paula Teixeira da Cruz, tem obviamente outros planos). O PS e o PSD encheram a câmara de gente sem notoriedade nem peso político, que se arrasta por ali há anos. Com o resultado que está à vista, e em relação ao qual nenhuma das forças políticas (CDU e CDS incluídos) pode clamar inocência. Começamos mal, portanto - porque é muito mal que estamos, e há muito tempo.
Hora da publicação: 12:19 0 comentários
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terça-feira, maio 15, 2007
Impressões Fotográficas de Buenos Aires
Quatro meses depois de ter regressado da Argentina publico, finalmente, as minhas impressões fotográficas da grande urbe (clique AQUI).
Talvez por ter ouvido demasiados elogios Buenos Aires foi para mim uma desilusão.
Penso que as pessoas ficam bem impressionadas com o "ar europeu" da cidade mas, para mim, isso acaba por dar a sensação de estar perante uma cópia de segunda categoria.
Não tendo monumentos notáveis nem qualidades paisagísticas (o "mar de la plata" quase não se vê da cidade e, onde se vê, tem águas barrentas) a cidade vive essencialmente do ambiente criado pelo tango, Evita e os bifes pantagruélicos.
Há um "cheiro" no ar, uma mistura de Espanha e de Itália, com travo a emigrantes pobres que depois enriqueceram.
Talvez seja daqueles sítios que já tiveram o seu tempo...
Hora da publicação: 12:28 1 comentários
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segunda-feira, maio 14, 2007
Cidadãos por Lisboa
Já pode visitar o Blog da campanha Cidadãos por Lisboa
Helena Roseta é arquitecta, não esteve envolvida nas golpadas dos últimos anos na autarquia lisboeta, parece ser uma pessoa séria e até teve a coragem de entregar o cartão do PS.
Por que não havia de ter direito a candidatar-se ?
Hora da publicação: 17:31 5 comentários
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sábado, maio 12, 2007
Um fado triste
Está imparável a retórica que pretende "devolver a palavra aos lisboetas". Omite piedosamente que foram os lisboetas que elegeram Carmona e, antes dele, Santana Lopes. Dois enganos consecutivos são, pelos vistos, insuficientes. Havemos de votar até acertar, até que alguém verdadeiramente esclarecido (quem será ?) se dê por satisfeito.
Para facilitar a vida ao eleitor, cujo historial é bastante fraco, vamos aparentemente ser brindados com grande número de candidatos que vão do PNR até aos independentes para todos os paladares. A recusa das alianças é a demonstração cabal de que os partidos se preocupam mais com as suas manobras eleitorais do que com a solução dos problemas de Lisboa que eles dizem ser catastróficos.
Os jornais e quase todos os comentadores congratulam-se com o facto de os maiores partidos se prepararem para candidatar "nomes sonantes" e vão ao ponto de considerar que tal constitui um motivo de esperança. Discordo completamente e considero que é, isso sim, uma demonstração da inexistência de planos sérios, desenvolvidos por quem no terreno tenha passado anos de tarimba. Vai-se portanto, à pressa, deitar mão ao sabonete, perdão, ao candidato que melhor corresponde aos requisitos do marketing.
As "calamidades" que se abateram sobre a cidade de Lisboa devem-se, por definição, à perfídia "dos nossos adversários" o que nos dispensa de qualquer análise mais elaborada e trabalhosa.
Assim continuaremos de arguido em arguido, de "providência cautelar" em "providência cautelar", de milhão deficitário em milhão emprestado, até que os actuais 11.000 funcionários (!!!) se tenham convertido em 30.000.
Caramba, isto dava um grande fado (triste).
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Para acabar cito um leitor do Expresso de hoje, Francisco Costa Duarte, com quem partilho preocupações:
Nos últimos dias não tenho ouvido falar de outra coisa senão Lisboa, Lisboa, Lisboa. Será que se discute um plano sério para a reabilitar, uma espécie de Polis económico, social e cultural que lhe devolva as centenas de milhares de habitantes perdidos nas últimas décadas, lhe propicie a inversão da decadência visível a olho nu, lhe permita sobreviver ao trânsito automóvel caótico, lhe devolva o Tejo? Gostava que fosse mas não é!
Admitiria que este falatório discutisse esta crise como resultante do falhanço das actuais organização e prática política/partidária que temos: clubes partidários fechados, procura de satisfazer interesses individuais não merecidos, muitas vezes, inconfessáveis, lóbis com avultados lucros à ‘mesa do Orçamento’, à custa de todos os portugueses, desconhecimento e desprezo pelas opiniões e aspirações das populações, desinteresse e desmotivação destas, etc. Gostava que fosse mas não é!
O que acontece e se discute é uma feira de vaidades, sede e cálculos de poder, defesas de interesses não transparentes, de uns tais Carmonas, Mendes, Carrilhos, Santanas, Bragaparques e outros figurões, individuais e colectivos, uma espécie de clube fechado de «aparatchiks» que, parece, como nos dogmas religiosos, deter toda a verdade sobre Lisboa em particular e sobre o país em geral.
Já ouvi, li e ‘interneti’ vários ‘fóruns’ e o que vejo é falar de “carácter”, “dignidade”, “carisma”, “competência”, “honestidade”, “transparência”, desta espécie de clube. Ainda não ouvi foi falar de Lisboa! Nem das aspirações dos seus residentes. (...) Pouco me interessa o “carácter”, a “dignidade”, o “carisma”, a “competência”, a “honestidade”, a “transparência”, dos membros do tal clube, se tudo isso não é posto ao serviço da população. Porque acho que, além de mais, no fundo, todas as pessoas são boas, mas que, bastas vezes, as profundidades assustam. E porque, não sendo ao serviço da comunidade só servem para crescer o ego e o bolso dos próprios. (...)
Por isso, adoptei outro critério interventivo: sempre que tiver oportunidade faço boa publicidade do Município: Por exemplo: “Este telhado mete água, foi feito pela EPUL”; “Com o Túnel de Lisboa chega à António Augusto de Aguiar. Com o mesmo dinheiro o Metro chegava ao Cacém” (...)
Hora da publicação: 18:30 1 comentários
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sexta-feira, maio 11, 2007
A Vitória de Sarkozy e a Direita Portuguesa II
Ou seja, se a minha preocupação era mostrar a incongruência da direita ao festejar uma vitória que no fundo não alterava na prática os detentores do poder, que continuavam a ser de direita, reconheço, no entanto, que há de facto um novo programa político, muito mais preocupante, na presidência francesa.
Hora da publicação: 13:59 0 comentários
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Um Cenário Excessivo
Still Life - Natureza Morta
A velha cidade de Fengjie já está debaixo de água, mas o seu novo bairro ainda não foi terminado. Há coisas a salvar e há coisas a deixar para trás…
Han Saming, um mineiro, viaja para Fengjie para procurar a ex-mulher que não vê há 16 anos. Quando se encontram nas margens do rio Yangtze, decidem voltar a casar-se.
Shen Hong, uma enfermeira, viaja para Fengjie à procura do seu marido que não vem a casa há dois anos.Abraçam-se em frente à barragem das três gargantas.Mas apesar da dança, decidem tristemente acabar e pedir o divórcio.
Os homens e as mulheres procuram o seu lugar, desesperadamente, num cenário demasiado grande. É preciso lutar pela identidade num mundo onde se acotovelam demasiados "figurantes".
Uma sociedade vai-se afundando enquanto outra emerge, tudo oscila, não é fácil estar de pé...
Tudo isto está no perturbante novo filme de Jia Zhang-Ke.
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quinta-feira, maio 10, 2007
CML - Um novo enfoque
Como a nossa realidade política é um pouco surreal, e o clubismo se parece e confunde cada vez mais com a militância política, podemos também olhar para a crise na CML no contexto da luta dos "benfiquistas" para impedir o Sporting de ver o seu projecto de loteamento aprovado.
Depois de ter sido conhecida a notícia do adiamento da votação do loteamento dos terrenos do Sporting por parte executivo municipal, com o pretexto da queda da câmara, são inúmeras as mensagens de apoio ao Conselho Directivo que têm chegado ao Sporting.
A grande maioria das mensagens surge de munícipes de Lisboa, Núcleos e Filiais, que se mostram solidários com o Sporting e exprimem total indignação pela decisão do executivo camarário.
Muitas das mensagens apelam à mobilização dos sportinguistas de forma organizada para mostrar aos munícipes de Lisboa a injustiça criada.
Após a reunião entre Filipe Soares Franco e os vereadores do Partido Socialista, que se realizou no dia 27 de Abril, Dias Baptista salientou que “o que me parece importante é que os três vereadores do PS presentes nesta reunião ficaram cientes de que a proposta tem condições para ser aprovada.”
“Esta reunião foi útil para todos, porque permitiu esclarecer algumas coisas que não estavam bem apresentadas na proposta que foi à sessão de Câmara.”
“O Sporting apresentou os seus pontos de vista e apresentou as garantias que tem contratualizadas com a Câmara Municipal de Lisboa. Nessas garantias existe um contrato programa que clarifica os direitos concedidos ao Sporting da edificabilidade de 109 mil metros quadrados, mais 29 mil metros quadrados. O Sporting demonstrou que tem direito a eles.”
A proposta de loteamento apenas será discutida após as novas eleições para o executivo camarário, que deverão acontecer num prazo máximo de 60 dias. O PCP apresentou a ideia de adiamento, que mereceu a aprovação de todos os partidos, excepto do PSD.
“É muito mau para a cidade que haja processos por decidir desde 1982, com constantes tomadas de decisão da câmara, existindo decisões de 1999, 2002 e 2004. É um processo que tem evoluído num contínuo que devia prosseguir. Não fazia sentido estar a provocar mais um adiamento”, afirmou a vice-presidente da CM Lisboa, Marina Ferreira.
Já tudo me parce possível...
AFINAL QUEM SÃO OS "BENFIQUISTAS" ???
Hora da publicação: 14:46 2 comentários
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quarta-feira, maio 09, 2007
A Vitória de Sarkozy e a Direita Portuguesa
Mas voltemos à direita portuguesa e aos seus comentadores, a sua intelectualidade orgânica. Teresa de Sousa (Público, 8/5/07), na linha, parece, de comentaristas franceses, fala, a propósito da vitória de Sarkozy, de uma direita descomplexada, que recuperou os valores tradicionais do trabalho, da autoridade e da ordem. Renovou o velho partido gaullista e fê-lo com coerência e sem concessões. E o que fez a esquerda, segundo Teresa de Sousa e os comentadores franceses que transcreve, entrou atrasada nesta era da renovação política e, se quiser governar a França, não lhe resta outro caminho senão transformar-se num partido social-democrata. Ou seja, resumindo, a direita recuperou os velhos valores autoritários da lei e da ordem, que sempre foram seus e a esquerda deve deixar sem complexos todos os seus valores tradicionais, transformando-se num novo blairismo sem Blair. E depois, há esta espantosa teoria, que também não é nova, ouvia pela primeira vez a esse ideólogo da direita portuguesa chamado Rui Ramos, que tal como Blair precisou de Thatcher ou Clinton de Reagan, assim a esquerda francesa vai precisar do seu Sarkozy, para se modernizar. Aqui temos um programa, que a ser levado a sério, e desgraçadamente José Sócrates está a aplicá-lo em Portugal, visa, em última instância, destruir completamente a esquerda e as bandeiras que ainda possam ser as suas e acaba por reforçar a direita no que mais reaccionário ela pode representar, ou seja, conservadora nos valores e liberal na economia.
José Manuel Fernandes (Público, 8/5/07), da direita sem complexos, escreve “que esta eleição foi como que uma contra-revolução face à herança do Maio de 1968”. Parece que estaríamos numa França governada pelos herdeiros soissante-huitard derrotada pelo contra-revolucionário Sarkozy. Esquecem que o Maio de 68 foi vencido por De Gaulle quando se retirou para Baden-Baden e foi buscar o apoio do exército francês estacionado na Alemanha ou quando a direita, na ordem de um milhão, chefiada por Malraux, desceu, no rescaldo dessa iniciativa, os Campos Elíseos. A verborreia política de Sarkozy e dos seus papagaios nacionais é de uma ignorância histórica inqualificável.
Mas os nossos direitinhas não se ficam por aqui. José Manuel Fernandes já tem no papo toda a geografia eleitoral destas eleições. Mas o mais espantoso é alegria com que afirma que o voto dos excluídos foi para Sarkozy e que o pequeno-burguês, a classe média e uma parte do voto rural foi para Ségolène. Esta gente que, em outras ocasiões, tanto tem elogiado a classe média como esteio da democracia e da estabilidade, mas que, quando a canalha vota à direita, fica babada com as suas opções, classificando a classe média como pequeno-burgueses, que são sempre os maus da fita dos romances realistas. Já se sabe que pela rapidez com elaboram estas análises, entram em contradição com o que se afirma aqui: “Sarkozy manteve o seu eleitorado, 82% dos pequenos e médios empresários, 67% dos agricultores e 61% dos franceses com mais de 61 anos votaram nele”. Ou então com esta afirmação, mais comprometida com a esquerda: “Sarkozy teve mais votos nas zonas mais seguras e rurais do que nas periferias complicadas de Paris e na cidade, que conhecem a insegurança de perto.”
Helena Matos (Público, 8/5/07), outra descomplexada da Direita, retoma o tema tão caro a Pacheco Pereira da luta contra o terrorismo, que neste caso se transverte na canalha (racaille, para Sarkozy) que “incendiavam, agrediam e matavam nos arredores das cidades francesas” e que "chegaram a queimar e espancar até à morte" as suas vítimas. A luta decidida empreendida por Sarkozy e por Bush contra a canalha terrorista explica as suas grandes vitórias eleitorais. Da de Bush já conhecemos os resultados, iremos ver a de Sarkozy.
Mas a melhor apreciação está nesse novo delfim da direita chamado Pedro Mexia, já contratado pelo Público: “O gaullismo durou demasiado tempo. Ultimamente, era pouco mais que um bonapartismo muito serôdio e ridiculamente solene. Com a eleição de Nicolas Sarkozy, a França corta enfim com o gaullismo. Sarkozy ainda mantém uma retórica de grandeza e autoridade, mas abraçou ideias novas ou esquecidas. Desde logo, é um liberal, coisa que De Gaulle nunca foi. O seu programa político conjuga valores conservadores (trabalho & propriedade) e liberais (menos impostos, menos poder sindical). A sua política externa é europeísta mas prudente (não quer a «Constituição» mas sim um novo tratado, renegociado e menos ambicioso) e decididamente atlantista (ao contrário da tradição gaullista). Além disso, Sarkozy mostrou que os temas da imigração e da segurança não são monopólio dos sectores radicais, nem reclamam uma resposta radical, embora exijam uma resposta. Mais do que uma derrota da «esquerda», a vitória de Sarkozy foi a derrota definitiva do tardo-gaullismo. É isso que torna este Maio de 2007 numa data histórica.» Aqui o que prevalece, tal como afirmei no início desta intervenção, é o gosto atlantista, a amizade com o amigo americano, o regresso da França ao aprisco dos valores ocidentais e reverentes perante a força e a hegemonia americana, que foram, durante a Guerra Fria, um apanágio da social-democracia, veja-se Mário Soares, o amigo português do Sr. Carlucci, e não uma constante da direita conservadora. Salazar, pelo menos em teoria, não gostava dos americanos. De Gaulle com a sua mania das grandezas sempre pretendeu que a França desempenhasse um papel independente. Ainda recentemente, nos Prós e Contras desta semana, Adriano Moreira lançava catilinárias certeiras contra os republicanos americanos e o Governo de Bush.
Hoje, a a nova direita é ferozmente pró-americana e segue e considera a América como o novo Sol da Terra, por isso não admira que fique tão babada com a vitória de Sarkozy. Talvez se engane.
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A Dissidência da Terceira Via
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terça-feira, maio 08, 2007
Pós de Contra-Informação
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domingo, maio 06, 2007
Patos Bravos (bela síntese)
António Barreto, Público de 6 de Maio 2007
Nada e quase ninguém parece imune. Não se trata de estranha epidemia, nem de misteriosa síndrome. É, tão-só, a construção. Seja na versão das obras públicas, seja na da habitação social. Quer na classificação dos solos, quer na elaboração e na derrogação dos planos directores municipais. Nos loteamentos e nas urbanizações. Ou no licenciamento, nos concursos, nas adjudicações directas e nas trocas de terrenos.
A construção é, em Portugal, a grande excitação dos novos-ricos, a certeza das velhas fortunas, a tentação dos pequenos e médios empresários, a solidez dos grandes grupos económicos e o repouso do guerreiro das grandes empresas. A construção é o golpe de sorte dos velhos proprietários e o motor de arranque do jovem empresário à procura de oportunidades rápidas.
A obra e a construção são o sonho e o pesadelo do autarca, o segredo do intermediário, a garantia de êxito do ministro e a vocação do capitalista. Pode começar-se na agricultura, na indústria, nos serviços ou na finança, mas acaba-se sempre na construção, no imobiliário ou na obra pública. O que faz o autarca que quer ficar na história? Rotundas, parques industriais, centros comerciais, urbanizações, loteamentos, pavilhões gimnodesportivos, piscinas e sobretudo bairros, podendo estes ser sociais, da classe média ou para amigos. O que faz o ministro que quer deixar a sua marca? Grandes obras públicas e auto-estradas, enquanto sonha com cidades administrativas, cidades judiciais, centros de governo, aeroportos, comboios de alta velocidade, grandes loteamentos turísticos, túneis e lagos artificiais. Que fazem os industriais e financeiros quando chegam a um ponto elevado da sua vida económica e perdem gradualmente a visão fundadora e a vocação tradicional? Transferem-se para o imobiliário, a construção e a obra. Que fazem todos os que querem enriquecer depressa? Ocupam-se dos loteamentos, dos planos directores municipais, das reservas agrícolas, dos bairros sociais de que as câmaras tanto precisam, dos miríficos resorts turísticos e de algumas actividades aparentemente estranhas como a requalificação e a revisão dos planos directores. Que fazem os partidos que têm necessidade de recursos financeiros e ocupam lugares nos aparelhos autárquicos e na administração central? São simplesmente uma espécie de corretores: levam e trazem, ajudam, desembaraçam, dão um empurrão, escolhem, seleccionam, animam as empresas municipais, preenchem os lugares decisivos no licenciamento, caçam cabeças e proporcionam encontros férteis. Numa palavra: facilitam. Mas cobram. À vista. Ou em espécie.
Quase todos os processos judiciais por corrupção ou ilícito administrativo e quase todas as irregularidades cometidas pelas instituições públicas têm, como ponto de partida ou passagem obrigatória, uma obra ou uma construção.
Quase todas as grandes fortunas surgidas nas últimas décadas começaram ou acabaram no imobiliário, no licenciamento e no loteamento. A maior parte dos défices camarários e dos negócios ruinosos das autarquias tem, na origem, os bairros sociais, os planos de realojamento, a requalificação de edifícios recentes e as obras relativamente inúteis ou vistosas.
Uma enorme percentagem do desperdício financeiro do Estado central provém dos atrasos em obras públicas, dos "trabalhos a mais", dos orçamentos subavaliados para concursos duvidosos, da "despesa deslizante", das condições leoninas que os grandes empreiteiros impõem à administração pública e da falta de competência dos ministérios para analisar, acompanhar e fiscalizar as obras. Um sem-número de casos políticos, de polémicas azedas, de perturbações nas câmaras e nos partidos, de rivalidades dentro do mesmo partido e de desgoverno na administração tem sempre, algures no processo, uns dinheiros estranhos, uns licenciamentos expeditos, umas adjudicações directas, umas trocas de terrenos e umas mais-valias de várias centenas por cento obtidas com simples decisões administrativas ou políticas. Como já se percebeu, a crise de Lisboa, que é apenas mais uma a somar a outras em tantos sítios, cabe também nesta rede aparentemente intangível.
Eles estão por todo o sítio. No governo, na autarquia, na empresa privada, no escritório, no clube de futebol ou no café. Eles são tudo. Autarcas ou membros do governo. Engenheiros ou juristas. Sofisticados advogados internacionais ou solicitadores pataqueiros. Construtores ou intermediários. Dirigentes partidários ou gestores privados. Capitalistas ou burocratas. Diligentes funcionários públicos ou agentes privados. Eles fazem tudo. Compram partes de cidades e vendem bairros. Forçam à construção de auto-estradas úteis ou inúteis. Conseguem as autorizações para demolições duvidosas. Obtêm posições importantes na construção de estádios de futebol, de centros comerciais e de hospitais. Conhecem a lei melhor do que ninguém e, quando não conhecem ou esta não lhes é favorável, mudam-na. Derrogam os planos oficiais. Retiram terrenos da reserva agrícola. Eles sabem tudo. Têm planos de desenvolvimento e prometem levar Portugal para a frente. São optimistas. Acreditam no futuro. Apostam na inovação e no moderno. Eles estão no meio de nós. Portugal é um país de patos bravos.
Sociólogo
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quinta-feira, maio 03, 2007
Uma providência cautelar contra a demagogia ?
Como fui em viagem só hoje tive oportunidade de experimentar o célebre Tunel do Marquês.
Depois de todo o arraial à volta da "obra" estava à espera de algo tenebroso mas, em vez disso, deparei com um tunel arejado e bem sinalizado, com uma inclinação perfeitamente normal, de utilidade evidente.
Quando é que a política deixará de ser uma guerrilha em que vale tudo o que "entale" o adversário mesmo que prejudique o conjunto dos cidadãos ?
Alguém dizia há dias que os prejuízos resultantes dos embargos das obras deviam ser facturados ao cidadão Sá Fernandes. Eu sou mais comedido, quero apenas uma providência cautelar contra a demagogia.
Será pedir muito ?
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quarta-feira, maio 02, 2007
Inglês Técnico
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terça-feira, maio 01, 2007
1º de Maio de 1973 - o último sem liberdade
(José Dias Coelho, 1961)
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