sexta-feira, abril 27, 2007

Mais uma manifestação de sectarismo do novo MRPP


Na manifestação popular do 25 de Abril, que decorreu na Av. da Liberdade, em Lisboa, quando a apresentadora chamava para o palco os representantes das diversas organizações que promoviam aquela manifestação, os rapazinhos da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), facilmente identificáveis, porque eram os únicos que levavam as suas bandeiras partidárias desfraldadas, apuparam primeiro o representante da Juventude Socialista, depois o da Renovação Comunista (RC) e por último o Edmundo Pedro, do Partido Socialista (PS). Este acto, que pelo menos em relação à RC já se tinha registado em anos anteriores, dá bem a ideia de intolerância e incapacidade de conviver democraticamente com outras correntes políticas, principalmente se estas ousarem designar-se comunistas. Comunismo só há um, o do PCP e mais nenhum.
Mas se estas atitudes só comprometem aqueles que as assumem e neste caso era um grupo restrito de meninos identificados com a JCP, já as posições assumidas pelo PCP, JCP e grupos afins durante a preparação da manifestação revela uma total incapacidade de, neste momento, participarem em qualquer organização que se considere verdadeiramente unitária.
Assim, chamaria a atenção para que este ano foi impossível apresentar um manifesto comum às diferentes organizações promotoras da manifestação de apelo à participação na mesma. Tal como tem sucedido em anos anteriores o Eng. Aquilino Ribeiro Machado, com uma enorme paciência, apresentou mais uma vez um borrão à consideração de todos os representantes das organizações promotoras. O PCP e organizações afins, propuseram logo de início um conjunto tão grande de emendas que tornavam inviável a leitura daquele texto e a sua aceitação pelas outras organizações, fora da sua área de influência, com principal destaque para o Partido Socialista. É evidente que o PCP preferiu a não existência de um manifesto à apresentação do que tinha sido elaborado. Ninguém inviabilizou pequenas correcções, algumas propostas pelo próprio PCP, mas era impossível aceitar uma desvirtuação tão completa do texto inicial. É evidente que o que estava em causa desde o início era que o PCP e seus companheiros queriam, num texto que se queria sintético e curto, estar constantemente a sublinhar todas as garantias constitucionais relativamente aos direitos sociais. E ainda estávamos num dos primeiros parágrafos. Sabia-se que mais para diante eram apresentadas alterações muito mais significativas. Seria elucidativo apresentar a versão original e as alterações propostas, mas não as possuo.
Mas a manifestação mais evidente de sectarismo foi a que se verificou com a recusa do Ricardo Araújo Pereira (RAP), dos Gatos Fedorentos, para falar em nome das organizações juvenis. Não estive por dentro do processo de recusa, mas é evidente que, para quem acha que estas manifestações valem pelo impacto mediático que alcançam, era muito mais significativo ter o RAP a discursar, do que um jovem sindicalista, como era apresentado pela JCP, a falar, por muitas verdades que transmitisse sobre a actual situação laboral.
Veja-se esta pérola de alguém que aparece a defender a posição da JCP: “obviamente que com isto ganha principalmente o PS (que assim se safa de mais uma intervenção crítica e logo no 25 de Abril)”. Ou esta outra, ainda mais significativa: “o RAP não passou de um pretexto da JS e do BE para que não houvesse do palco do 25 de Abril em Lisboa um discurso feito por um jovem contra as políticas do governo. ... . Usaram indecentemente o nome de RAP para esconderem que o que NÃO queriam mesmo era um jovem a malhar no palco do 25 de Abril em Lisboa nas políticas do governo do PS.”
Perante afirmações deste tipo, mas que reflectem uma mentalidade, o que se pode acrescentar.
Como já tenho afirmado publicamente, neste momento a Direcção do PCP arrasta este para um caminho sectário e esquerdista, que a longo prazo o transformará num Partido marginal ao sistema político, com quem é impossível estabelecer qualquer compromisso político, tornando-o numa espécie de MRRP dos tempos actuais.
Esta prática, que em diversas alturas atacou o movimento comunista e que conduziu à célebre manifestação de sectarismo de Classe contra Classe do final dos anos 20 e início de 30 do século passado, foi responsável pela derrota do Partido Comunista Alemão (PCA) e pelo desarme da esquerda na resistência à ascensão do nazismo. Foi a época em que o PCA acusava os sociais-democratas de sociais-fascistas (socialistas nas palavras e fascistas nos actos). Mais tarde o MRRP serviu-se desta consigna para atacar o PCP.
Espero em artigo posterior dar conta deste desvio histórico do movimento comunista, que lamentavelmente tanto se assemelha com a actual deriva sectária e esquerdista da Direcção do PCP.

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