segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Sabem o que é isto ?
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quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Um carnaval sem samba
Ontem passei a tarde em Lazarim, no concelho de Lamego, onde o carnaval ainda não foi "infectado" pelo samba. O pessoal mistura-se com as máscaras esculpidas em madeira
e depois acaba tudo à volta das panelas do feijão.
O prato forte durante a tarde de terça-feira são os testamentos dos compadres e das comadres que consistem, no essencial, em "rebentar as broncas" aos jovens da terra.
Aqui vão alguns exemplos das quadras lidas no largo da aldeia perante os foliões:
Quando tocares no apito
Não o mostres a ninguém
Apenas à namorada
Para ela o tocar também
Não sei que raio vos deu
Parece que é comichão
Passais a vida a coçar
O instrumento com a mão.
Sois todos uns paneleiros
Que não valem 2 vinténs
Ninguém quer de vós saber
Até vos mijam os cães.
[excerto do Testamento do Compadre de 2000]
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terça-feira, fevereiro 20, 2007
Ainda o Mapa do Referendo
Confirmando aquilo que tinha dito, a maioria dos comentadores da direita e, muita vezes, alguns dos adeptos do sim, tentaram retirar a Igreja Católica da lista dos derrotados do Referendo e negam que haja qualquer relação entre a sua influência e a distribuição dos não. Valha-nos o inefável César das Neves que escreve um artigo sobre A enorme derrota da Igreja (Diário de Notícias, 19/02/07).
Mas voltemos ao mapa dos resultados eleitorais. O Público (18/02/07) afirma em título que O voto católico não existiu no referendo sobre o aborto, depois, utilizando aquela sopa muito do agrado dos jornalistas, vai amontoando opiniões de estudiosos que, espremidas, levam à conclusão do título. Assim, temos algumas sentenças que são do senso comum: “a repartição faz sentido se o factor religiosos não for isolado” (Alfredo Teixeira) ou “a influência religiosa é mais determinante no sentido do voto do que (o eleitor) ser da zona rural ou urbana” (José Barreto) ou que resultam da superioridade intelectual de quem já tem outro nível de conhecimento: “teríamos ainda um certo paternalismo das elites intelectuais anticlericais” (Helena Vilaça).
Mas este é o fait divers das pequenas almas, falta-nos as opiniões dos grandes comentadores. Rui Ramos, esse pequeno provocador da direita, tem no Público (14/02/07) esta prosa bem informada: “as esquerdas em Portugal acreditaram sempre que a “modernidade” consistia numa simples versão laicista da homogeneidade católica, todos um dia seriam “homens de esquerda” (inclusive as mulheres). Foi o que aprenderam com Auguste Comte. O progresso iria consistir no triunfo total do secularismo socialista... Foi assim que Afonso Costa, em 1910, se convenceu de que poderia acabar com o catolicismo em “duas gerações”. O que aconteceu a seguir é conhecido. Mas, pelos vistos, houve quem não tivesse aprendido nada. As esquerdas portuguesas dão-nos as boas-vindas ao século XXI com as ideias do século XIX”.
Constança Cunha e Sá, sem a erudiçãozinha de Rui Ramos, pois não é Historiadora, afirma igualmente no Público (15/02/07): “Embora a esquerda, com o seu incurável optimismo, se refugie mais uma vez, no improvável progresso da história para saudar efusivamente a entrada de Portugal no século XXI, só muito dificilmente o mapa eleitoral deste fim-de-semana se presta a este tipo de simplificações. Nem o distrito de Braga, onde ganhou o “não”, se pode tomar como um exemplo de “arcaísmo” e de “ruralidade”, nem o Alentejo, pobre e desertificado, preenche os requisitos mínimos que se exigem à “modernidade”.”
Em primeiro lugar, assinalar a irritação que o cartaz do Bloco de Esquerda provocou nas hostes da direita. O Bem-vindo ao Século XXI pô-los possessos.
Em segundo, alguns comentários de fundo. Como demonstra André Freire (Público, 19/02/07) existe uma correlação claramente positiva entre as zonas onde se verifica maior prática religiosa e o voto do não. Por isso, não faz sentido negar que o não não venceu em zonas de maior influência Católica. Olhando para o mapa da votação por conselhos publicado no Público (12/02/07), verifica-se que a vitória do não ocorreu na totalidade dos distritos de Braga, Bragança, Vila Real e nas duas Regiões Autónomas. Na maioria dos concelhos de Viana do Castelo, Viseu, Aveiro e Guarda, nestes dois últimos com a excepção notória das capitais de distrito, e ainda na Zona do Pinhal, localizada no Centro do país e que abrange concelhos dos distritos de Castelo Branco (Sertã, Vila do Rei, Proença-a-Nova), Santarém (Ferreira do Zêzere) e Leiria (Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos). O concelho de Ourém (distrito de Leiria), onde se localiza Fátima, está incluído nesta mancha central. Tudo o mais são vitórias do sim. Só por grande má-fé se pode negar que esta distribuição não corresponde ao voto Católico. É evidente que, como também nota André Freire, há uma correlação positiva, em relação ao voto do não, entre as votações para o Referendo e para a Assembleia da República (2005) do PP-CDS e do PSD, mais deste último do que do primeiro. Por isso, é uma verdade de La Palisse dizer que o factor religioso não está isolado. No post anterior interrelacionei a componente religiosa e política. Lembraria igualmente que a conspiração contra as forças revolucionárias no pós 25 de Abril teve um dos seus esteios na Sé de Braga, na figura do Cónego Melo.
Há depois a questão do voto rural e urbano e aqui uma das citações a que recorri, chega à brilhante conclusão de que o sentido do voto é mais religioso do que a resultante da dicotomia urbana rural. É o que tenho vindo a dizer. Mas este tema serve a Constança Cunha e Sá para falar da moderna Braga que vota não e do Alentejo rural que vota sim, pondo assim em causa a classificação do Norte como arcaica e do Sul como moderna. No entanto, se compararmos as diferenças entre o não e o sim na cidade de Braga e em conselhos rurais desse distrito verifica-se que nestes últimos a diferença é muito maior, a favor do não. Mesmo no Norte não é indiferente estar em cidades médias ou no campo (veja-se os casos já citados de Aveiro e Guarda). A Igreja Católica tem muito mais influência neste meio do que naquele.
Por outro lado, Constança Cunha e Sá simplifica e pretende fazer graça com os alentejanos a votarem na modernidade e os trabalhadores de Braga a votarem no arcaísmo. Esquece, no entanto, que o que esteve em causa foi a oposição entre a laicidade e a liberdade individual de cada um, que são conceitos das Luzes, da Revolução Francesa, da modernidade civilizacional europeia, e a obrigatoriedade de forçar a sociedade a cumprir as leis impostas pela moral da Igreja, no fundo semelhante à imposição das regras do Corão às sociedades muçulmanas. Neste caso os pobres alentejanos estão com a modernidade e algumas das trutas da medicina estão os com os valores conservadores e retrógrados. Venceu o progresso e é isso que a direita não admite e tudo tem feito para minimizar esta sua derrota.
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segunda-feira, fevereiro 19, 2007
O Ano (chinês) do Porco
Assistimos ontem, em directo, à chegada do Ano (chinês) do Porco.
Aqui fica este registo fotográfico do evento e também uma caracterização dos nascidos neste signo:
O décimo segundo ramo da astrologia chinesa é simbolizado pelo signo de Porco (Hai). A generosidade é a característica mais marcante da pessoa nascida sob este signo. Ela faz o que pode para ajudar as pessoas queridas e está sempre aberta para ouvir os problemas dos outros e oferecer conselhos. É bondosa, amorosa e nutre uma profunda necessidade de se sentir aceite. Aliás, para conquistar o afecto dos outros, ela chega a fazer sacrifícios e a passar por cima dos próprios interesses. Ao mesmo tempo, o Porco tem também um lado ávido e egoísta, que preza demais os bens materiais e os prazeres, em todas as suas formas - o sexo, o conforto, a boa mesa... Apesar do seu coração puro e quase infantil, o nativo de Porco pode revelar uma faceta negativa, caracterizada pelo espírito de vingança e pela dificuldade em aceitar as limitações impostas pela vida.
Quem queira saber mais sobre os signos chineses deve ir AQUI
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
O Mapa da Distribuição dos Votos no Referendo
Os do Não, tentando desvalorizar o seu acantonamento às zonas rurais do Norte e de maior influência da Igreja Católica, arranjam todos os pretextos para justificar a sua derrota, recorrendo quer à intervenção pessoal do Secretário-Geral do PS, quer à campanha “light” do Sim ou quer à propaganda dos media em torno dos julgamento das mulheres que abortaram. O que não querem, e isso foi visível, tal como eu já tinha aqui referido, com Marcelo Rebelo de Sousa, na noite eleitoral da RTP 1, e agora com Lobo Xavier, na Quadratura do Círculo da SIC Notícias, é estabelecer qualquer ligação entre esta distribuição e o mapa da influência da Igreja. Para este último a oposição não será entre o Portugal moderno e citadino e o Portugal rural e conservador, dando como exemplo que não se pode considerar moderna certa esquerda que se opõe às delícias da flexibilidade das leis laborais, enquanto ele e os seus amigos, que votaram Não no Referendo, é que devem ser considerados modernos por proporem a alteração daquelas leis. Esquecendo deliberadamente que as propostas do Não, principalmente a última, a que foi apresentada na noite da derrota eleitoral, que atribuía a cada mulher que não queria abortar o mesmo dinheiro que se daria para uma IVG, são um exemplo acabado de transformar as putativas abortadoras em subsídio-dependentes do Estado se não o levarem à prática. Estas propostas vão pois ao arrepio do neoliberalismo anteriormente defendido.
Mas voltemos novamente ao mapa da distribuição dos votos. Alguns, com dúvidas legítimas, interrogam-se sobre esta distribuição (ver aqui). Sem precisar de recorrer à erudição, como o fez Manuel Vilaverde Cabral (RTP 1), ao remontar esta distribuição às lutas liberais, sabe-se que a Igreja tem muito mais influência no Norte do que no Sul do país. Basta recuar ao PREC para reconhecer que foi no Norte que a Igreja organizou as populações contra os subversivos do Sul. No Verão Quente de 1975, as sedes dos partidos à esquerda do PS foram queimadas no Norte por populações muitas vezes arregimentadas à saída das missas. Recordam-se aqueles que já eram nascidos que, no 25 de Novembro, Portugal estava dividido em dois, a norte de Rio Maior predominava a contra-revolução, a sul era a Comuna de Lisboa. Sabe-se que o Alentejo e o Algarve sempre foram terras de missão para a Igreja Católica e que durante o fascismo esta não conseguia controlar os trabalhadores rurais alentejanos, enquanto o Norte era o viveiro de recrutamento das forças repressivas do regime, PIDE, PSP e GNR Há pois uma história longa que divide Portugal em dois. Por isso, este Referendo reflectiu isso mesmo, mas igualmente a perda de influência da Igreja nas grandes populações urbanas (veja-se o caso do conselho de Aveiro ou do distrito do Porto, em que agora o Sim ganhou ). Pacheco Pereira, na mesma Quadratura do Círculo, considerava que estas populações consideravam-se Católicas, mas não iam regularmente à missa.
Por tudo isto é interessante reparar que alguns, para não serem chamados de rurais e anti-modernos, arranjam um conjunto de justificações que chegam mesmo, contra os seus interesses políticos, a hipervalorizar a acção do Primeiro-Ministro, outros, por ignorância política, que na sua maioria é o caso dos jornalista, ficam perplexos e não compreendem a distribuição geográfica do Sim e do Não. Por mim, que, com alguma simplificação, reduzi este confronto, entre o Portugal laico e liberal e o Portugal agarrado à Santa Madre Igreja, não me custa nada compreender esta distribuição.
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Não me entendi com Babel
As leituras tinham aguçado o meu desejo de ver este filme de Alejandro González Iñárritu mas cofesso que constituiu uma enorme desilusão.
Os cordelinhos da trama estão demasiado à vista e é tudo bastante previsível.
Ao contrário do que o nome indica o filme não é tanto sobre a dificuldade da comunicação (como fazia o portentoso "Colisão") mas sim sobre a probalilidade de as coisas na vida correrem mal, ou muito mal.
O "folclore" das histórias que se desenrolam em continentes distintos e uma banda sonora que destrói o ritmo narrativo contribuem para o desastre.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Reflexões sobre o referendo - Final
Terminou em bem este episódio do referendo à IVG. O Sim à mudança da actual lei venceu expressivamente. Não quero procurar justificações porque é que, mais uma vez, o referendo não foi vinculativo. Só acrescentaria que, sem ter feito quaisquer contas, é muito provável que aquele fosse vinculativo se eliminássemos a chamada abstenção técnica, a que resulta dos cadernos eleitorais não estarem devidamente actualizado e que alguns estimam em cerca de 7 %.
Mais uma vez, na noite eleitoral, se assistiu à classificação dos intervenientes de ambos os lados em moderados e radicais. Na SIC, Lobo Xavier apelava para que o Primeiro-Ministro fizesse um discurso moderado, invectivando, verdadeiramente em estado de fúria, os agradecimentos aos Católicos feitos por Louçã por estes terem votado a favor do Sim. Estes senhores, quando perdem eleições, dá-lhes para o desnorte. Assim, a despropósito, referiu a IV Internacional, insinuando que aquele pertenceria aquela organização. Mas, voltando aos moderados e aos radicais, Pacheco Pereira (PP), reincidente, distribuiu na SIC epítetos por ambos os lados, acusando os adeptos do Sim de se terem manifestado ruidosamente com a vitória do seu campo, e de terem mesmo, horror dos horrores, batido palmas e gritado vivas. Queria que ficassem todos a velar defuntos, pois o que estaria em causa era o aborto de inocentes, digo eu. Depois lá distribui umas ferroadas aos do Não. Mas esta preocupação de Pacheco Pereira, de distribuir equitativamente a radicalidade de modo a ele ficar sempre no centro sensato, não o impediu de, mais uma vez, fazer as análises mais justas da noite, tendo como contraponto os dislates de Marcelo, na RTP, para quem a vitória do Sim se devia quase exclusivamente a intervenção em força do Primeiro-Ministro, ou os dos yes men Vitorino, na RTP, e Jorge Coelho, na SIC (não vi a TVI). PP afirmava que o tinha vencido era uma alteração das mentalidades e que não se podia confundir a vitória do Sim com opções estritamente partidárias, dado que as posições relativamente à problemática da IVG eram uma questão civilizacional. PP também referiu a influência da Igreja Católica na distribuição da votação, tema que tanto Marcelo e como Vitorino fugiram, como o Diabo foge da cruz, de abordar.
É evidente, que o que estava em causa, para além dos problemas sempre reais da penalização das mulheres que abortam e das questões de saúde pública resultantes do aborto clandestino, era o combate ideológico, nos termos em que o marxismo formula este conceito, entre o reaccionarismo da Igreja, quer da hierarquia quer dos leigos, e o laicismo e o livre pensamento dos defensores do Sim. Ontem encontravam-se do mesmo lado da barricada a esquerda progressista, sempre defensora destas causas, o velho republicanismo laico e anticlerical, ou seja, a maçonaria, a social-democracia europeísta e terceira-via, a direita neoliberal, não vinculada à Igreja, e até alguns Católicos, ainda herdeiros daquela corrente minoritária que, num tempo já passado, era designada por Católicos progressistas. Do outro, a do Não, o Portugal de sempre, acolhido na Santa Madre Igreja, que foi salazarista e hoje, porque se considera desempoeirado, defende a democracia e a ciência, porque lhe dá jeito, mas continua como sempre agarrado aos mesmos preconceitos morais relativos à sexualidade humana.
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sábado, fevereiro 10, 2007
CUBA 2007
O Mário Redondo visitou Cuba em Janeiro 2007. Veja AQUI as fotografias que ele fez.
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quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Reflexões sobre o referendo IV - Os "radicais" e os "moderados"
No entanto, os profissionais da moderação, tentando distribuir os as culpas pelos dois lados lá vêm mais uma vez falar do radicalismo do sim e do não.
No programa A Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, todos os três intervenientes falam dos radicais, apesar de Jorge Coelho ter reconhecido que eles se manifestam mais do lado do não. Pacheco Pereira no seu afã, que eu já denunciei, aqui ao lado, no nosso Fórum, de não ser confundido com os radicais, insiste nas suas posições moderadas. O que se passa com este comentarista é que, quando não se sente obrigado a separara-se dos tais radicais, costuma fazer análises bastante interessantes. Ainda ontem, referiu o peso que a intelectualidade católica, representada por Professores Universitários ou profissionais liberais de reconhecido mérito, têm nas posições defendidas pelo “não”, provocando muitas vezes o próprio espanto da esquerda, que esperava que aquelas posições fossem defendidas pelos pastores e os seus rebanhos e não por tão eméritos cidadãos.
Voltando à dicotomia radicais versus moderados, o não, numa pirueta de última hora, resolve agora que a pergunta é enganadora e que estaria disposto a, se vencer, propor de imediato uma alteração legislativa que despenalizasse as mulheres que praticam a IVG. Pretendendo afirmar, neste passo de mágica, que se cedeu na parte referente à despenalização, compete agora à outra parte manter o aborto clandestino (é evidente que os termos são meus). E quando Sócrates afirma o óbvio, quem votar não está a pugnar pela manutenção da actual situação, Marques Mendes, utilizando a demagogia mais asquerosa, classifica Sócrates, quem o diria, de radical e extremista. Ou seja, o que é proposto, em vésperas de realização de um referendo popular, é que Sócrates e Marques Mendes se encontrassem, e nas costas dos eleitores, tal como o fizeram, há 8 anos, Marcelo e Guterres ao arrepio da decisão da Assembleia da República, dividiam a pergunta ao meio e Sócrates ficava com a despenalização e Marques Mendes com a manutenção do aborto clandestino. Ora isto é impensável e revela uma profunda má fé. Mas, mais uma vez, o que se pretende é lançar sobre o adversário o epíteto de radical. Tal como o representante do PSD no “Debate da Nação” na RTP 1, acusou, a insuspeita Lídia Jorge, de radical e insensível, porque nos Prós e Contras tinha chamado coisa ao feto. Ou seja, desde o princípio, que aquilo que se pretende é acusar os defensores do sim de radicais, de modo a isolá-los e acantoná-los às posições do Bloco de Esquerda e às suas posições ditas fracturantes sobre a sociedade.
Não queria terminar, sem chamar a atenção para um texto de Rui Ramos, um dos ideólogos do neo-conservadorismo nacional, que, em artigo de opinião no “Público” de quarta-feira, entende que o referendo não serve para nada e que resulta do manobrismo político de alguma central da subversão contra os partidos do centrão político. E mais uma vez, para ilustrar tão brilhante reflexão, lá vem a fotografia de uma barriga de mulher com a inscrição aqui mando eu, tentando encostar o sim à radicalidade. No dia 11 iremos saber se tão perigosos radicais venceram ou foram mais uma vez encostados á parede pelo Portugal Católico e Bem-pensante.
Hora da publicação: 18:54 0 comentários
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Para nos livrarmos da praga...
1- Um método que realmente funciona:
Ao receber uma chamada de telemarketing a oferecer um produto ou um serviço, diga apenas, com toda a cortesia: "Por favor, aguarde um momento...". Dito isto, deixe o telefone sobre a mesa e vá fazer outras tarefas (em vez de simplesmente desligar o telefone de imediato). Isso vai fazer com que cada chamada de telemarketing para o seu telefone tenha uma duração longuíssima, ultrapassando em muito os limites impostos ao indivíduo que lhe ligou.
De vez em quando, verifique se o sujeitinho ou menina ainda está em linha. Reponha o telefone na posição de repouso apenas quando tiver a certeza de que desligaram. Não tenha dúvida de que esta é uma lição de custo elevado para os intrusos.
2 - Já alguma vez lhe sucedeu atender o telefone e parecer que não há ninguém do outro lado?
Se sim, fique a saber que esta é uma técnica de telemarketing executada por um sistema computorizado, o qual estabelece a ligação e regista a hora em que a pessoa atendeu o telefone. Esta técnica é utilizada por alguns serviços de marketing para determinar a melhor hora do dia em que uma pessoa dos serviços poderá ligar-lhe, evitando assim que o "precioso" tempo de ligação deles venha a ser desperdiçado, se não encontrar ninguém em casa.
Neste caso, ao receber este tipo de ligação, não desligue. Ao invés, pressione imediatamente a tecla "#" do aparelho, seis ou sete vezes seguidas e em sequência rápida. Normalmente, este procedimento confunde o computador que discou o seu número, fazendo-o registar que o número é inválido, eliminando-o assim da base de dados.
3 - Publicidade inserida nas contas recebidas pelo correio
Todos os meses recebemos publicidade indesejada inserida nas contas de telefone, luz, água, cartões de crédito, etc. Muitas vezes essa propaganda vem acompanhada de um envelope-resposta, que "não precisa selar; o selo será pago por..."
Insira nesses envelopes pré-pagos a publicidade recebida e coloque-a no correio, endereçada de volta o a essas companhias. Caso queira preservar a sua privacidade, antes de inserir a publicidade no envelope remova todo e qualquer item que possa identificá-lo.
Este é um método que funciona excelentemente para ofertas de artões, empréstimos, e outro material não solicitado. Portanto, não atire fora esses envelopes pré-pagos! Ao devolvê-los com a propaganda recebida, está a fazer com que as referidas empresas paguem duas vezes pela publicidade enviada. Se quiser adicionar uma pitada de malvadez, aproveite para inserir anúncios da pizzaria do seu bairro, da lavandaria, do dentista, de canalizadores, fabricantes de marquises de alumínio, ou qualquer outro item importuno que esteja à mão.
Há já várias pessoas a usarem estes métodos de devolver a lixarada publicitária. Está na altura de mandarmos o nosso recado às empresas. É preciso, no entanto, que existam números expressivos de pessoas a aplicar estas técnicas eficazes de protesto. Talvez não seja má ideia passar este mail aos seus amigos.
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terça-feira, fevereiro 06, 2007
Patagónia, um novo "far-west"
No Sul da Patagónia, dividido pela Argentina e pelo Chile,há grandes paisagens intocadas e povoações com ar precário e caótico.
Os índios primitivos foram quase totalmente exterminados.
Acabo de publicar sessenta imagens, recolhidas por mim nessas longínquas terras austrais, que podem ver clicando AQUI
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domingo, fevereiro 04, 2007
Reflexões sobre o Referendo III - Quando Começa a Vida
Estando o debate neste tom, senti necessidade de ir consultar um texto de um grande professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, já falecido, que me recordava de ter lido: Biologia e Sociedade de G. F. Sacarrão. Neste seu livro, bastante interessante por outros aspectos, dedica aquele Professor de Zoologia um capítulo à Metafísica do embrião humano. Começa assim este seu texto “qual o momento do desenvolvimento do embrião ou do feto que marca o começo do ser humano como indivíduo, com a sua natureza, os seus direitos, a sua dignidade. O problema não pertence ao âmbito da ciência, visto que ao biólogo essa questão não se põe, não o preocupa como cientista. Mas o problema é levantado sempre que se discute a questão do aborto,..., de modo que a posição e os limites da biologia não podem ser ignorados, dado o abuso que em geral se faz dos conceitos científicos e a confusão que se gera entre estes últimos e os chamados valores humanos.”... “ Do ponto de vista científico não há possibilidade de dar uma resposta objectiva à questão de quando a vida humana começa”.
Partindo pois desta premissa começa a enumerar as razões porque “não há possibilidade de dar uma resposta objectiva á questão de quando é que a vida humana começa”.
Assim, se parece incontestável que a fecundação do óvulo pelo espermatozóide dá início à história de um novo indivíduo, pergunta: “será o óvulo menos humano que o ovo?” “Sem condições e propriedades que lhe vêm de estados anteriores o óvulo não engendrará o ser humano”. Mesmo que não seja um ser humano, “contém em si as potencialidades da sua realização, de modo que a sua destruição, para muitos, poderá ser um acto imoral e criminoso”. O que de facto sucede, acrescento eu, com a condenação pela Igreja Católica dos métodos anticoncepcionais que conduzam, como a pílula, à inviabilidade dos óvulos. A Igreja só aceita os métodos ditos “naturais”, ou seja, aqueles que permitem determinar o período não fértil da mulher para ter relações. Os óvulos, neste caso, são também sagrados.
Mas não são só os óvulos que potencialmente podem dar origem a um ser humano, também os espermatozóides são indispensáveis para a sua concretização. Por esse motivo, também aí a Igreja interdita o uso do preservativo (conclusão minha). Mas “os espermatozóides morrem por centenas de milhões em cada emissão ejaculatória, e todavia tal desperdício e morte de potencialidades humanas não produz o mais insignificante abalo moral.”
Por outro lado, na espécie humana não é impossível a partenogénese natural, ou seja, o desenvolvimento de um novo ser a partir exclusivamente do óvulo, facto que se verifica em inúmeros animais. Se este facto é excepcional, não ultrapassando as primeiras divisões ovulares, e podendo por isso ser desprezado, os avanços da biotecnologia poderão no futuro torná-lo viável. A clonagem, por exemplo, utilizando outros processos, conduz na prática a obter um indivíduo idêntico ao original, sem necessidade da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Tudo isto são hipóteses em aberto que tornam mais difícil determinar quando começa e o que é a vida humana.
Mais, utilizando as experiências da clonagem efectuadas em animais ou, de acordo com avanços científicos posteriores a este livro, as efectuadas nas células estaminais do embrião conclui-se que “o programa genético para edificar um ser humano existe em cada uma das suas células... Ora se as potencialidades genéticas do ser humano não estão presentes apenas no ovo, matar qualquer das suas células representaria, na mesma ordem de ideias, um crime.” E pergunta Sacarrão “tendo todas as células do corpo os mesmos genes, porque é que só o óvulo e o embrião que ele engendra são sagrados?” E responde de seguida “não é à biologia que cabe dar resposta a questões que respeitem a diferenças, no plano moral ou religioso, entre os elementos da linha germinal ou ontogenética e o resto do corpo.” E continua Sacarrão “o começo do ser humano não pode situar-se exclusivamente no ovo fecundado, nem o ovo é a única célula que possui a sua programação básica. Por outro lado, mesmo que situemos esse nascer do ser humano no ovo,... O que será o novo ser humano depende das condições em que se diferenciou o óvulo no ovário até à sua maturação, ruptura do folículo e entrada do óvulo na trompa. É no ovário que se constroem grande parte dos alicerces do futuro ser humano, que afinal emerge do ovário materno, que deriva afinal da própria substância da mãe”.
A seguir Sacarrão interroga-se sobre “o que devemos entender por humano. O mesmo que perguntar: o que é que na realidade separa os homens dos outros mamíferos, particularmente dos restantes primatas com os quis está estritamente aparentado? Decerto que não será uma forma determinada e fixa que assinala o fenómeno humano, visto isso equivaleria a rejeitar como seres humanos as diversas configurações físicas que têm balizado a nossa evolução desde, pelo menos, há 3 ou 4 milhões de anos”. Assim, “nem na evolução filogenética, nem na embriogénese, a biologia pode marcar o momento em que começa o ser humano. Para ele trata-se de um falso problema.”
E sem percorrer todo o amplo campo de reflexão desenvolvido por Sacarrão gostaria de recorrer às suas considerações finais sobre este assunto e que me parecem extremamente produtivas: “No fundo, o debate sobre o verdadeiro começo da vida humana traduz um persistente regresso à questão das essências. No processo de desenvolvimento (ontogénico e evolucional) quando começa a essência humana? E a essência chimpanzé? Questão insolúvel para o biólogo (nem mesmo é uma questão para ele) porque a mudança seja ela individual ou histórica, é incompatível, em biologia, com a existência de essências como entidades intransmutáveis, conceito que Darwin desmantelou ao considerar a natureza e a origem das espécies. Darwin desdivinizou o homem, e com ele a biologia violou um domínio sagrado, o da origem e natureza do homem. Hoje entrou-se numa área intocável, a da reprodução e da hereditariedade, com intervenção nos alicerces do ser humano, na sua área germinal e embrionária, na sua própria fonte. À guerra do macaco vem juntar-se agora a guerra do embrião, numa ampla retórica metafísica”.
Isto escreveu Sacarrão em 1989, em 2007 o problema ainda não está resolvido e os defensores do “não” continuam, com a aparência de grandes verdades científicas, que chegam a ofuscar os do “sim”, quando ingloriamente se metem por estes caminhos, a utilizar a retórica metafísica para justificar as suas opções morais que, em última instância, são religiosas.
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sábado, fevereiro 03, 2007
S. Cruz de Almodôvar
Assisti hoje a mais um concerto da série "TERRAS SEM SOMBRA", desta vez na encantadora igreja Matriz de S. Cruz, a Sul de Almodôvar. Agora isolado no meio do campo este templo do século XVI nasceu junto a um antigo caminho percorrido então pelos peregrinos de Compostela.
O "Consort Português Mal Temperado", com as suas flautas, deu-nos a ouvir música do manuscrito 964 da Biblioteca Pública de Braga.
Neste local tão especial as belas sonoridades das flautas faziam-me lembrar os orgãos de igreja para os quais as peças interpretadas foram originalmente escritas.
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quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Tendências Mundiais do Emprego
A OIT, Organização Internacional do Trabalho, publicou recentemente um relatório sobre o emprego a nível mundial.
A constatação mais importante é que o emprego gerado pelo crescimento económico, apesar de este ser elevado, não acompanha o crescimento da população.
A relação emprego/população apresenta um valor cada vez mais baixo.
Veja um resumo do relatório "Tendências Mundiais do Emprego" ou um vídeo do discurso de apresentação.
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