Acabei de ler “Aldeia de Pedra” da romancista chinesa contemporânea Xiaolu Guo.
Foi a minha amiga Joana Lopes que me emprestou o livro, antes da minha visita à China.
Sem tempo para o usar na preparação da viagem, acabei por só o ler após o regresso. Penso que finalmente foi a melhor maneira de tirar proveito, porque a não ser assim muita coisa da atmosfera do romance me teria passado despercebida por pura estranheza.
Foram muitas as perguntas que me assaltaram, quer em Pequim face às torres de 25 andares, de construção pobre e evidentes problemas de manutenção; quer em Guangzhou onde a população em bloco parece estar a trocar por motorizadas as velhas bicicletas onde costumava transportar toda a família ou mesmo toda a mobília da casa; quer nos campos de arroz perto de Guilin onde os arados são puxados por búfalos e a matriarca da aldeia tem em casa o seu caixão sempre preparado para a eventualidade da sua partida.
Como vivem estas pessoas? Onde estão as suas raízes e o que é que elas valem? Para onde pensam que estão a caminhar?
A história da rapariga a quem ao nascer chamaram “Pequeno Cão” porque o Demónio do Mar que reclamava as crianças da aldeia não quereria saber de alguém com um nome tão feio, e que, 28 anos mais tarde, a trabalhar em part-time num clube de video em Pequim, só depois de saldar as contas com as suas raízes começa finalmente a ter uma vida para viver, deu-me algumas pistas.
Provavelmente, a vida de cada chinês rege-se pelo princípio que a avó do “Pequeno Cão” enunciava na sua velha sabedoria: “Toda a gente tem uma vida passada, uma vida futura e uma vida presente”.
(“ALDEIA DE PEDRA” está traduzido em português na Quetzal Editores).
Pensamento da semana
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Gosto da palavra Natal. E de a escrever também. Assim. Sempre com maiúscula.
Há 7 horas
1 comentário:
Verifico que ainda estás em estado de choque chinês. Aconteceu-me o mesmo quando por lá andei há um ano e meio. Estranha-se e (muito) dificilmente se entranha. Mas nunca mais se volta a ver o mundo actual - e sobretudo a Europa - com os mesmos olhos.
Lê também o outro livro que te emprestei: «O Sol cai sobre o Tibete». Vais gostar.
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