domingo, julho 29, 2012

GOVERNAR POR ALMA DE QUEM?



Costumo concordar com aquilo que António Guerreiro escreve. Tal não acontece desta vez.
A interessante questão que o seu texto levanta é a seguinte: em que base se deve nortear a acção de um governante entre o momento da votação que o elegeu e o momento da votação que no futuro julgará o seu trabalho durante o mandato?
Os mais apressados dirão, é claro, que se deve nortear pela vontade popular. O problema está em determinar qual é essa vontade.
Todos sabemos que hoje, na rua e nos jornais, há uma multidão de opiniões manifestadas por indivíduos, grupos de pressão e instituições mas elas, em muitos casos, parecem reflectir apenas interesses particulares.
Quem leia tudo o que se diz pode evidentemente formar uma opinião sobre o que será a vontade colectiva da maioria. Os governantes podem fazer outro tanto, mas será sempre uma opinião subjectiva que só as próximas eleições eventualmente confirmarão.
Deverá então a acção governativa depender dessa falível premissa ?
A única coisa sobre a qual há certeza é quem foi escolhido pela maioria para governar durante um certo período. Mas no acto de votar não podem ser previstas todas as peripécias do mundo e, portanto, o mandato é por natureza um cheque em branco contrabalançado pelos mecanismos que constitucionalmente balizam a acção do governo.
Ora se quem vota se limita a entregar um mandato geral e se, posteriormente, antes de nova eleição, é impossível conhecer com rigor o que pensam os cidadãos da acção dos governantes, então em que bases deve nortear-se o governo das nações?
Em minha opinião qualquer governo em funções, com base na legitimidade constitucional, só pode reger-se por aquilo que ele próprio considera ser o interesse mais geral do país.
Realmente o país é muito mais do que a opinião conjuntural dos residentes no território num dado momento eleitoral. O país tem uma história, uma trajectoria cultural, e inclui também muitos dos cidadãos portugueses emigrados que pouco ou nada participam no processo eleitoral.
Por tudo isto os residentes no território num dado momento eleitoral, enquanto grande colectivo, têm apenas o poder constitucional de escolher quem vai governar na legislatura seguinte. Durante a legislatura, e enquanto um determinado governo continuar legítimamente em funções, resta a cada pessoa ou grupo manifestar opiniões parcelares.
Aquilo que Passsos Coelho disse pode, portanto, ser criticado se se pensar que se trata de demagogia e que ele não tem a intenção de fazer o que proclamou.

sábado, julho 28, 2012

Outros Jogos

.


 
É sintomático que os ingleses tenham escolhido, para se vangloriar, a Revolução Industrial e o auge do Império Britânico. Mostrando-nos uma curiosíssima encenação do nascimento do capitalismo.
Depois disso parece que só conseguiram dar ao mundo sucessivos grupos de música pop. A segunda parte da sessão de abertura foi uma deplorável réplica do ambiente de um vulgar concerto de rock.

sexta-feira, julho 27, 2012

Mesmo sem ajuda da TROIKA

.




A taxa de desemprego em Espanha subiu para os 24,63% no segundo trimestre, o que corresponde a um novo máximo histórico.


A Espanha tem tido altas taxas de desemprego. Mesmo antes de a crise global se ter declarado e mesmo quando o país não tinha défice nas contas públicas. O desemprego é, nas actuais condições tecnológicas e da globalização, um fenómeno muito complexo que não se explica com simplismos.


.

terça-feira, julho 24, 2012

Porque é que as manifs em Espanha são mais numerosas e participadas do que em Portugal?

.




Muito se tem discutido e tergiversado. Aqui vão algumas explicações. 

1. Os espanhóis são mais numerosos e têm mais cidades grandes
2. Os espanhóis estão a sofrer mais do que os portugueses pois, por exemplo, têm um desemprego superior a 20%
3. Os espanhóis não estão habituados à crise pois durante muitos anos tiveram superavit (pelo menos aparente) das contas públicas
4. Os espanhóis com a sua mania da grandeza convivem pior com o facto de estarem na situação de pedintes (por isso o Rajoy está em negação)
5. Os espanhóis não tiveram o
 25 de Abril, nem a sua ressaca, e ainda acreditam no papel milagroso das manifs

6. Os espanhóis têm uma ideia de nação mais dispersa e contraditória
7. Os espanhóis vivem mais na rua, seja por que razão for

Aceitam-se contribuições para esta lista.



P.S. Os espanhóis são mais barulhentos, ponto. Esta é tão óbvia que até me esqueci.




.

Sempre consola






CAPA DO JORNAL "I", HOJE
sugere uma consola Wii como divertida alternativa a esta coisa chata de ganhar as eleições



.

terça-feira, julho 17, 2012

Lançamento do iPad

.





Bispo diz que há "diabinhos negros" no Governo


É o Alberto João Jardim dos bispos. 
Este senhor paga impostos ou vive da isenção fiscal das igrejas ? 
Podia formar o iPad "Igreja-Partido dos Anjinhos Desbocados" e concorrer às próximas eleições


.

domingo, julho 15, 2012

O proletariado actual

.



Afinal o funcionalismo público sempre é o proletariado da época actual. Agora percebo a atenção que o PCP lhes dedica.

.

sexta-feira, julho 13, 2012

O dilema da Alemanha



.





Ranking de vendas de automóveis, em maio, por países, segundo a JATO Dynamics:

1º - China: 1,339 milhão
2º - Estados Unidos: 1,334 milhão
3º - Japão: 391 mil
4º - Alemanha: 308 mil
5º - Brasil: 274 mil
6º - Rússia: 260 mil
7º - Índia: 243 mil
8º - França: 197 mil
9º - Grã-Bretanha: 183 mil
10º - Canadá: 175 mil

É por isso que a Alemanha não está muito preservar os seus os mercados europeus.







.

quinta-feira, julho 12, 2012

A greve dos médicos funcionários

.



 
Muito se tem discutido sobre a greve dos médicos, omitindo no entanto que os hospitais privados e muitas unidades de saúde familiar têm funcionado normalmente.
Eu próprio serei hoje submetido a uma acção de diagnóstico num hospital particular.
Estes factos vêm reforçar a ideia, que se generalizou nos últimos anos, de que para acabar com as greves num dado sector basta privatizá-lo. Os médicos que tudo exigiam ao Estado quando eram funcionários parecem agora, trabalhando no privado, já nada ter a reivindicar.
Os efeitos desta greve acabam assim por ser sentidos de forma desigual por ricos e pobres. Os primeiros podem em muitos casos recorrer aos hospitais privados e pagar se tal for necessário. Os segundos lá terão que reagendar exames, consultas e cirurgias como carne para canhão numa guerra cujas motivações lhes escapam.



.

terça-feira, julho 10, 2012

LEICA IIIa (1938)

.




Esta máquina foi-me anunciada como tendo uma história por trás.
Um velho de 80 anos, no Canadá desde 1960, foi quem ma contou.
Nunca conseguirei confirmar se esta história é verdadeira, no todo ou em parte, mas é uma bela história.
Também de ficções se faz o trabalho dos coleccionadores.




.

sexta-feira, julho 06, 2012

Finalmente o historial clínico






A partir de agora, os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão poder aceder ao historial clínico dos doentes através do Portal do Profissional, que permite cruzar informação entre as várias instituições por onde o doente já passou e consultar dados relevantes sobre ele – mas só se o utente autorizar a divulgação.
DN 06.07.2012 




Aqui está uma das medidas mais importantes dos últimos anos, para garantir a qualidade dos serviços médicos e a racionalização dos recursos. Finalmente.

quinta-feira, julho 05, 2012

Enfermeiros em saldo

.




O que eu acho curioso é que ninguém pergunte porque é que os enfermeiros aceitam tais salários. 
A procura é assim tão escassa? a oferta é assim tão excessiva? Porquê? 
Quanto a mim esse é que é o problema pois, notras circunstâncias, a empresa subcontratadora ficaria a falar para o boneco. 
As contratações do Estado, com o dinheiro de todos nós, não se destinam a garantir rendimentos a qualquer classe profissional. 
E, já agora, porque é que os enfermeiros não se organizam em cooperativa prestadora de serviços para boicotar os parasitas das empresas de aluguer ?


.

quarta-feira, julho 04, 2012

CHANNEL

A paranóia das Ciclovias

.







Paradigmáticas da falta de critério, e parcimónia, no dispêndio dos dinheiros público são as ciclovias.
Pululam por todo o país, num novo-riquismo que os nossos autarcas adoptam sem pestanejar.
Nas grandes cidades como Lisboa, apesar do baixíssimo uso, ainda se podem tolerar. 
O caso que a foto ilustra verifica-se no Carvalhal, uma terreola a sul da Comporta onde, com excepção do Verão, poucos carros passam para fazer concorrência às bicicletas na estrada.



.

domingo, julho 01, 2012

Uma agitação ficcionada

..






Diferentes gerações juntam-se em manifestações contra o desemprego




Quem lê este título do DN, hoje, imagina uma manif de milhares de desempregados. Não foi o caso. As imagens mostradas na televisão tornavam claro que o MSE, Movimento dos Sem Emprego, que neste momento faz todo o sentido, não entusiasma quase ninguém. 
O que é curioso é os jornais e televisões agarrarem-se a estes acontecimentos minusculos, à falta de melhor, e tentarem fazer deles coisas significativas (como recentemente no caso dos apupos ao ministro Álvaro). 
Passado o tempo em que a comunicação social fazia por omitir grandes lutas populares, hoje, sabe-se lá porquê, dá-se exactamente o inverso.