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sábado, novembro 12, 2016

Na estação de Khajurao




Na estação de Khajurao
A cidade é famosa pelos seus templos decorados com esculturas eróticas, um rococó de nus e de fornicação impensável no ocidente cristão.
Quando a visita acabou fui tomar o combóio na direcção de Agra. Tudo isto aconteceu em 2008.
Mas o que eu vos quero dizer é mais geral.
Quando caio inadvertidamente num destes directórios de imagens colhidas durante as viagens eu tenho a sensação de iniciar uma nova jornada. Não ao local então visitado mas a um local sem nome em que o ficheiro do computador se tornou.
E nesta nova viagem eu detecto pormenores que não podia ter visto na correria dos percursos e dos horários.
Detenho-me finalmente sobre os rostos e sobre as formas, com uma exaltante sensação de descoberta.
Aqueles que ridicularizam os viajantes fotógrafos, por andarem sempre a disparar, nunca terão esse prazer de visitar terras inexistentes, construídas com as nossas fotografias, pelas nossas próprias mãos.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Fui para fora cá dentro

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Em boa hora decidi relativizar esta paranóia dos blogs e dos fait divers que eles travestem de alta política. Voltei a subir ao longo do rio Homem, no Gerês, como já não fazia há vinte anos.
Depois de galgar durante uma hora pedregosa encontrei o oásis que retinha na memória e que, durante o trajecto, cheguei a recear fosse miragem por obra do tempo.

Está intacto e continua remoto. Enormes lajes de granito cinzento e por vezes rosa onde o ribeiro se espraia e cai de vez em quando.
Da outra vez comi lá um pão de centeio inteiro e bebi a água que já então corria limpa como agora. Anteontem, como não levava farnel, não almocei senão o prazer de reencontrar um site excepcional.

Por isso estou-me nas tintas para as guerrilhas institucionais.



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quarta-feira, abril 02, 2008

No Vale de Katmandu

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Em Março de 2008 tive oportunidade de passar três dias no Nepal, mais concretamente no Vale de Katmandu (quem quiser ver as fotografias que produzi só tem que clicar AQUI).
Coincidiu com a campanha eleitoral para uma Assembleia Constituinte cuja votação decorrerá no dia 10 de Abril próximo. Uma longa monarquia que acabou por se tornar odiosa, e depois ridícula, vai provavelmente ser descartada pelos nepaleses.
Tive oportunidade de observar o activismo desenfreado do partido maoista que só recentemente abandonou a prática da guerrilha.
Também aconteceram durante a minha estadia os primeiros recontros dos refugiados tibetanos com a polícia nepalesa, com o pretexto da China.
Não assiti a estas manifestações mas constatei que os refugiados tibetanos em Katmandu têm, à vista desarmada, um nível de vida bem superior ao dos nepaleses.



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O povo do Nepal pareceu-me bastante afável. As zonas urbanas apresentam muitas das mazelas habituais quando se verificam migrações muito intensas em períodos muito curtos. Não há infraestruturas, o lixo acumula-se, as construções são de muito má qualidade. Grande parte da população tenta desesperadamente obter algum rendimento dos turistas.

Em contrapartida os campos, pelo menos na zona que visitei, parecem viver uma certa prosperidade e a qualidade das habitações e do ordenamento do território surpreendeu-me pela positiva.

Do ponto de vista turístico o Nepal, para além das montanhas, oferece um conjunto de monumentos "medievais" impressionante.

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terça-feira, março 25, 2008

O Norte da Índia em 100 imagens

Quem estiver interessado em percorrer o Norte da Índia através das imagens que recolhi basta-lhe clicar numa destas três fotografias (das 115 que o slideshow mostra).









sexta-feira, março 21, 2008

O que ficou da Índia


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Cheguei da Índia afectado pelos exageros do ar condicionado, que era forçado a alternar com o calor dos locais visitados onde era comum a poeirada e os fumos de pequenas fogueiras feitas com lixo. Quase toda a gente no meu grupo foi atingido, de uma forma ou de outra, por tosses e entupimentos respiratórios vários.

Agora que está na hora de encerrar este capítulo apetece, como sempre, o brilharete de uma síntese. Só que a Índia não é país para sínteses; é ao mesmo tempo exótico e familiar, uma espécie de matriz de onde viemos mas que hoje nos surpreende.

Confesso que me surpreendeu o "atraso" da Índia; não pode ambicionar grandes voos um país onde vacas e outras alimárias se passeiam pelas vias do tráfego (realizando o sonho da nossa ACAM), onde há esquinas de lixo a céu aberto, onde a religião impregna o dia-a-dia em vez de ser uma luz orientadora do destino.

A presença do islamismo, embora minoritária, é aliás uma fonte de tensão que se sente claramente. Pareceu-me que a influência cultural dos muçulmanos é maior do que os 15% que as estatísticas lhes atribuem.

Os invasores muçulmanos vindos do Afeganistão no século XVI dominaram a Índia, e a sua cultura milenar, até à chegada dos ingleses no século XIX. Ainda recentemente eu havia referido Akbar, o maior dos imperadores, sem saber que viria agora a estar no que resta dos seus palácios. Esse domínio deixou marcas profundas.

Os monumentos desse perído, fabulosos, estão em certos casos tão mal mantidos que emboram tenham poucas centenas de anos paracem muito mais arcaicos. Os monumentos hindus, muito mais antigos têm um encanto muito especial (As colunas de Qutub Minar, e os templos de Khajurao, por exemplo).

As infraestruturas são muito deficientes e limitam as possiblidades do turismo. É penoso gastar um dia inteiro para fazer um percurso de 300 km por estrada. O aeroporto de Delhi, onde aterrei uma vez e levantei duas vezes, é um caso sério de desorganização e de confusão. No regresso a Lisboa cheguei ao aeroporto às 23 para poder embarcar às três e meia da manhã.

Eu sei que há pólos de excelência, realizações importantes no plano tecnológico mas, pelo que observei em cerca de mil quilómetros de estrada, isso constitui uma gota num enorme oceano. Grande parte da população dedica-se à agricultura e há também centenas de milhões de pequeníssimos comerciantes.




Nas ruelas, à beira das estradas, por todo o lado estes pequeníssimos comerciantes encontram "loja" nem que seja um metro quadrado de solo. Este imenso bazar, que segue o padrão que também encontramos no magrebe, distingue-se pela sua esmagadora dimensão.
Se é verdade que nas imediações das atracções turísticas esses comerciantes terão possibilidade de fazer excelentes negócios já ao longo do país remoto, em pequeníssimas vilórias, não compreendo como pode ser rentável esta extensíssima rede comercial. Deve ser a minha noção de rentabilidade que não se aplica no caso em apreço.

Em conclusão e finalmente em síntese; eu consigo imaginar a China sem miséria daqui a 20 anos. A Índia não.

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sábado, março 15, 2008

Homenagem às mulheres indianas

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Como bom turista lá fui ver o maravilhoso Taj Mahal. Na verdade vi-o ao pôr do Sol, do outro lado do rio e depois ao nascer do Sol.

Na fase das fotografias para a posteridade dei com um grupo de jovens americanos que saltavam como possessos para tentar aparecer nas fotografias por cima do Taj Mahal. Enfim uma cena pouco edificante.

O Taj é sem dúvida um maravilha de equilíbrio e imponência.

Uma outra maravilha da Índia, que não posso calar, são as mulheres.

Trabalham como "moiras" mesmo quando são hindus mas os seus esvoaçantes saris têm sempre uma infinita elegância, quer trabalhem no campo, ou nas obras, ou noutra coisa qualquer.

Numa terra em tantos aspectos caótica e degradada as mulheres são um oásis de beleza e de serena força. Todas elas mereciam também um Taj Mahal.


quinta-feira, março 13, 2008

Khajurao, a veneração do sexo

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No caminho de Varanasi para Agra fiz uma paragem em Khajurao.
Nesta pequena cidade encontra-se um conjunto de monumentos muito especiais, classificados pela UNESCO como património da humanidade, construídos entre o século IX e o século XI.
Ricamente trabalhados em calcário têm vindo a desaparecer com a passagem do tempo mas ainda lá se podem ver interessante estatuária sobre as virtualidades do sexo. Aqui fica uma das muitas imagens que recolhi no local.

quarta-feira, março 12, 2008

Varanasi, a antiquíssima



Ontem à noite em Varanasi vi o maior caos de tráfego a que já me foi dado assistir em dias da minha vida. Burros, vacas, padiolas, riquexós, lambretas, automóveis e bicicletas aos milhares.
O que me perturba é pensar que este formigueiro se estende, neste país, a outras mil milhões de pessoas (um número que continua a crescer).

De barco percorri as margens do ganges, à noite e de madrugada, e presenciei as cremações como todo o bom turista. Confesso que os rituais funerários que vi no Nepal me impressionaram mais.

Em Varanasi estes cultos são antiquíssimos e o local é habitado há mais de três mil anos. O tempo aqui pesa.

Passámos num templo lindíssimo que está paredes meias com uma mesquita, acrescento colonialista posterior, que tem dado origem a muitos conflitos com os muculmanos. Havia tropa por todo o lado.

Hoje sigo para Khajurao.

segunda-feira, março 10, 2008

Fazer política "à vista" dos Himalaias


A um mês da votação que vai ditar o futuro da monarquia no Nepal pode dizer-se que os maoistas (ex-guerrilheiros) ganham de longe a guerra das pichagens em Katmandu.
Não consigo perceber se tal se deve apenas a uma grande militância, do tipo daquela que fazia o MRPP parecer um vencedor provável de todas as eleições.
Também ainda não consegui perceber se estes maoistas têm alguma relação umbilical com a China actual.

Hoje tive oportunidade de visitar uma zona rural, a 2000 metros de altitude, onde fui deparar com três aguerridos jovens que, de megafone em punho, tentavam ganhar os camponeses para a votação.

Não sei se tiveram sucesso mas a verdade é que encontrei o seu calendário em casas modestas e em pequenas tascas à beira do caminho.



P.S. Acabo de ver na BBC Internacional que os tibetanos se estão a levantar contra a China e que terá havido disturbios e confrontos com a polícia em Katmandu. Eu não dei por nada.

Katmandu, 10.03.2008

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sexta-feira, março 07, 2008

Delhi_catessen



Cá estou eu em Delhi. A viagem de avião foi relativamente pacífica e não foi demasiado cansativa.

A cidade tem alguns monumentos notáveis com destaque, em minha opinião, para o recinto do Qutub Minar.
Mas o que deu mais gozo foi o passeio em riquexó por dentro do bairro muçulmano da velha Delhi. Uma viagem estonteante por dentro de um labirinto.

Delhi é enorme (14 milhões) e o trânsito não dá para explicar.
Acho que devíamos usar Delhi para a "formação" de duas entidades:

ASAE - Os agentes só deviam ser lançados em Portugal depois de um estágio a controlar o comércio e os restaurantes em Delhi
ACAM - Os fundamentalistas da estrada deviam ser amarrados dentro de um taxi em Delhi até jurarem não mais importunar os condutores portugueses.

É o meu primeiro dia na Índia mas já cheguei a uma conclusão: quando se mistura a China e Índia como países emergentes está a falar-se de duas realidades muito diferentes, tanto do ponto de vista económico como do ponto de vista cultural. A explicação fica para depois.