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domingo, fevereiro 15, 2015

Os Impérios vão e vêm






sexta-feira, outubro 31, 2008

Oito anos DOTeCOMe

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Antes que Outubro acabe tenho que referir aqui o oitavo aniversário do nascimento do site DOTeCOMe de que este blog é descendente.

Imitando o Google, que fez uma coisa semelhante, deixo aqui o link para o DOTeCOMe tal como ele era, pouco depois de nascer, no Outono do ano 2000.

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quarta-feira, maio 07, 2008

1968




É o ano da «explosão» da contes­tação total: a da juventude contra a sociedade, a dos negros contra os brancos, a dos comunistas contra Moscovo, a dos católicos contra o Vaticano...
Acaba o pacifismo: Martin Luther King é abatido a tiro, em Memphis; as "panteras negras" manifestam-se nas olimpíadas do México; Robert Kennedy, outro norte-americano conhecido pelas suas posições a favor da integração racial, antigo braço direito do seu ir­mão John Kennedy enquanto este foi presidente dos Estados Unidos, é igualmente abatido a tiro.
Em Fevereiro a ofensiva do Tet surpreende os americanos em 100 cidades e bases militares no Vietname. Na América os estudantes gritam «Get out of Vietnam» e põem Chicago de pernas para o ar em Agosto, durante a Convenção do Partido Democrático, com um balanço de 700 feridos.
Em França, a 4 de Maio, estudantes e professo­res da Sorbonne desencadeiam uma greve que alastra por todo o país. E quase a guerra civil. A Fran­ça está paralisada, combate-se nas ruas de Paris; Mao, Mihn e Guevara são os «heróis», Daniel Cohen-Bendit, lider do «Maio de 68» fala de «democracia directa».
Marcuse é o teólogo do movi­mento, tanto como Malcolm X é da revolta dos negros ou o checoslovaco Dubcek do «não» a Moscovo.
Uma gigantesca manifestação de apoio a De Gaulle, a 30 de Maio, a que se seguiu a maior maioria absoluta da história da democracia Francesa, nas eleições de Junho, acabaram com a experiência que ainda hoje é recordada com emoção por todos aqueles que a viveram.
Se a França vive o seu "inverno social e político», a Checoslováquia respira «Primavera». A Primavera de Praga como ficou conhecida a libe­ralização lançada pelos dirigentes comunistas checoslovacos que ou­sam dizer «não» ao Kremlin, «abrin­do-se» a Ocidente: no dia 20 de Agosto, tanques do Pacto de Varsó­via invadem a Checoslováquia e, pe­la força, põem termo a tanta ousadia.
Em Setembro, a Inglaterra pode assistir à estreia do musical «Hair» sem qualquer obstrução à ideia ori­ginal dos seus autores: tinha sido abolida a censura teatral e o nu su­bia ao palco tal como nos Estados Unidos.
O cosmonauta norte-americano Frankie Bornam lê os primeiros versículos do «Génesis» a dois pas­sos da Lua. Nasce a "Teologia da Libertação" na Assembleia do Episcopado Latino-Americano.
Em Portugal, vítima de queda, Salazar é hospitalizado a 7 de Setembro. 19 dias mais tarde, em comunicação ao País, Américo To­más põe termo aos 40 anos de po­der do ditador de Santa Comba. No­meia Marcelo Caetano para substi­tuir Salazar. E o substituto diz: «quero os portugueses todos uni­dos, mas sem pactuar com o comunismo».
Mário Soares é deportado para S. Tomé e um grupo de católicos desafia o regime numa vigília na Igreja de S. Domingos em Lisboa. A RTP 2 inicia as emissões e Cardoso Pires publica "O Delfim".

«2001 Odisseia no Espaço» de Kubrick, «Bullit», «Rosemary's Baby», «The Thomas Crown Affair» são os filmes do ano, Steve McQueen a grande vedeta.

Dos Beatles vê-se «Yellow Submarine» e ouve-se «Hello Goodbye», «Hey Jude» (primeiros lugares nos Esta­dos Unidos e em Inglaterra) e «Lady Madonna» (1.° lugar em Inglaterra). «Hey Jude» é mesmo a canção do ano: 9 semanas em n.° 1 nos EUA.
A revelação chama-se Joe Cocker com a incomparável versão de «With A Little Help From My Friends» canção da autoria da du­pla beatleniana Lennon/McCartney. Pois, de quem havia de ser?
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Mesmo em 1968 o Maio de Paris está longe de ser, sem contestação, o facto mais relevante.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1967

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O símbolo da revolução armada, Ernesto «Che» Guevara, um argenti­no que contribuirá poderosamente para a vitória da Revolução Cubana, morre na Bolívia a 7 de Outubro. O seu corpo desaparece e há quem di­ga que foi semeado. A intenção era a de não transformar o seu túmulo no centro de romagem, mas a sua imagem é difundida e comercializa­da em todo o mundo: posters, t-shirts, postais, livros, discos, tudo serve para «vender» aquela cara simpática ornamentada por uma boina basca onde brilha uma estre­la de cinco pontas.
A história de «Che» Guevara che­ga, também, à banda-desenhada.
As «histórias aos quadradinhos» tor­nam-se vedetas, as de Astérix e dos seus amigos as maiores de todas.

Em Outubro dezenas de milhares de jovens cercam o Pentágono, em manifestação contra a guerra do Vietname. O edifício fica envolto em fumo e gás lacrimogénio e são presas centenas de manifestantes.

Mas este é ainda, um ano de guerra. A dos 6 dias, iniciada em 5 de Junho, constitui a mais fulminante vitória israelita sobre os ára­bes. O Médio Oriente está a ferro e fogo e é, também a ferro e fogo que se encontra o Vietnam, a Nigéria, o Congo. Em Abril, na Grécia, os coronéis tomam o poder.

A 2 de Dezembro, num hospital da Cidade do Cabo, na Áfri­ca do Sul: Christian Barnard realiza a primeira transplantação cardíaca. O paciente vive com o novo coração durante 18 dias.

Paulo VI vem a Portugal (para se «limpar» perante Salazar da audiência que concedeu aos líderes dos movimen­tos de libertação Agostinho Neto, Amilcar Cabral e Eduardo Mondlane).
É o ano em que a LUAR assalta o Banco de Portugal na Figueira, o ano dos "ballets roses" e das cheias em Lisboa que matam centenas de pessoas.
«Baladas e Canções» do Zeca Afonso e «O Canto e as Armas» de Manuel Alegre.

«Bonnie And Clyde», «The Graduate («A Primeira Noite»), «Adivi­nhe Quem Vem Jantar», «No Calor da Noite» e, especialmente, «Um Homem e Uma Mulher» dominam as tabelas dos filmes «mais vistos». Bergman filma «Persona».

Nos Estados Unidos a expres­são da revolta surge na «soul music», Otis Redding à cabeça do movimento. É, no entanto, Aretha Franklín quem alcança o n.° 1 do top americano ( com «Respect», de Otis Redding) dominado por «I’m A Believer», dos Monkees (seis sema­nas na liderança). Os Rolling Stones regressam aos primeiros lugares («Ruby Tuesday» nos Estados Uni­dos) e os Beatles continuam à fren­te nos dois lados do Atlântico: «Penny Lane», «All You Need Is Love» e «Héllo Goodbye» são primei­ros lugares na América, os dois últi­mos temas alcançam idêntica posi­ção em Inglaterra.

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Guevara e Zeca são os nomes-chave deste ano. A força dos protestos contra a guerra do Vietname também.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1966

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Londres transforma-se na «capital da década». O padrão da moda é londrino: mini-saia, Carnaby Street, Mary Quant. O unissexo ganha «direitos de cidade» e é, pemitido, legalmente, o casamento entre homossexuais.

Bertrand Russel é o novo «ideólogo» da juventude, e, na República Popular da China, a opinião está no «Livro Vermelho» de Mao-Tsé-Tung. 750 milhões de cineses fazem a Revolução Cultural, e, por terem opinião contrária à estabelecida, dois escritores soviéticos, Sinyavski e Daniel, são condenados a trabalhos forçados.

De Gaulle surpreende tudo e todos: sai da NATO, visita Moscovo e condena a intervenção norte-americana no Vietnam. Conferência dos não-alinhados na Índia presidida por Indira Gandhi, Nasser e Tito.

No dia 1 de Março os soviéticos conseguem novo feito na conquista do Espaço: é deles a primeira nave terrestre que estaciona num outro planeta, Vénus. A nave chama-se Venus-3.

Em Portugal, inaugura-se a «Ponte Salazar» e Madalena Iglésias canta «Ele e Ela». «Sei Quem Ele É» / «Ele É Bom Rapaz» / «Um Pouco Timido até»... No entanto é preciso lidar com o bloqueio do Porto da Beira ordenado pelo Conselho de Segurança da ONU, nasce a UNITA e, em Macau, é preciso impôr a lei marcial por causa dos protestos polpulares.

É o ano de Eusébio no Campeonato do Mundo de Futebol em que Portugal obtém o terceiro lugar.

«Alfie», «Blow Up» e «Quem tem Medo de Virgina Wolf ?» são os filmes que dominam as telas. É também o ano de «Bela de Dia» de Bunuel.

Não é por terem os pés mal assentes no solo que os Beatles se apresentam pela última vez em palco. S. Francisco, 29 de Agosto, a partir daí os Beatles querem è gravar, controlar o próspero negócio que desencadearam. Nos Estados Unidos têm dois discos em n.° 1 («We Can WorK It Out» e «Paperback Writer»); em Inglaterra, três («Day Tripper», «Eleanor Rigby» e o mesmo «Paperback Writer»).
«The Ballad of the Green Berets», de Barry Sadler, «These Boois Are Made For Walking», de Nancy Sinatra; «The Sun Ain't Gonna Shine Anymore», dos Walker Brothers; «Eleanor Rigby», dos Beatles; «Disctant Drums», de Jim Reeves; e «Green Green Grass of Home», de Tom Jones, são as canções que mais se vendem ao longo do ano.


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Mini-saias e o livro vermelho são os polos antagónicos que mais tarde afectam o Maio de 68.



As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1965

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O ano da «canção de protesto». Bob Dylan canta «The Times They Are A-Changin'» e «Like a Rolling Stone» e os Beatles tornam-se, a 11 de Junho membros da Ordem do Império Britânico.
Dois homens passeiam no Cosmos, fora das naves: primeiro o soviético Alexis Leonov, em Março, depois o norte-americano Edward White, em Junho.
Os norte-americanos bombardeiam pela primeira vez o Vietnam do Norte (7 de Fevereiro) e forças australianas juntam-se às norte-americanas na escalada da guerra do Vietnam (2 de Junho).
O Papa Paulo VI visita Nova Iorque, e a 11 de Novembro Ian Smith declara, unilateral mente, a independência da Rodésia. Churchil Morre com 90 anos. É inventada a linguagem Basic.
Índia e Paquistão combatem a segunda guerra por Caxemira e, na Indonésia, a repressão anti-comunista faz 500 mil mortos e 250 mil presos.
Em Portugal, Delgado é assassinado, Tomás é eleito por colégio eleitoral e Simone de Oliveira canta «Sol de Inverno». A Casa dos Estudantes do Império é encerrada e sai o «Manifesto dos 101 católicos», contra a hierarquia da igreja e contra a guerra colonial. É de 1965 a «Praça da Canção» de Manuel Alegre.
«Pedro o Louco», de Goddard, «Doutor Jivago» de David Lean e «Julieta dos Espíritos».
São ainda os Beatles quem domina o top norte-americano: pelo segundo ano consecutivo, cinco dos seus discos chegam a n.° 1 na América («I Feel Fine», «Eight Days A Week», «Ticket To Ride», «Help» e «Yester-day». Curiosamente, em Inglaterra, «Eight Days A Week» e «Yesterday» não conseguem idêntica proeza mas um sexto single é, igualmente, n.° 1: «DayTripper».
Os Rolllng Stones sobem, também, ao 1.° lugar pela primeira vez nos Estados Unidos («Satisfaction» e «Get off of My Cloud») singles que, juntamente com «The Last Time», são também n.º 1 em Inglaterra.
Os ingleses, aliás, têm uma aparição em força no top norte-americano: Herman's Hermits e Dave Clarke Five reunem-se a Beatles e a Stones na conquista de primeiros lugares.
A canção do ano é «Mr. Tambourine Man», de Bob Dylan. O público reconhece-o e, na versão dos Byrds, leva-a ao primeiro lugar tanto nos Estados Unidos como em Inglaterra. __________________________

Pois é, «The Times They Are A-Changin'» três anos antes do Maio de 68.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1964

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No dia 14 de Junho Mandela é condenado a prisão perpétua e posteriormente enviado para a prisão de Robben Island. A 2 de Julho Lyndon Johnson assina a Lei dos Direitos Civis, a mais radical alteração de sempre à situação de discriminação racial nos EUA.

S. Francisco. A cidade californiana é o «paraíso na Terra». Ginsberg e Kerouac são os «novos filósofos», nascem os hippies. A negação da sociedade tecnológica, o sexo comandando a vida, «make love not war» — e eis como o mundo testemunha uma nova «revolução», de ideias e de costumes.
Institui-se a vida em comunidade e o consumo de drogas é assumido pelos jovens e por alguns intelectuais da nomeada, Timothy Leary encabeçando a lista. O LSD é mesmo experimentado em Universidades californianas...

Em Inglaterra, o avanço tecnológico impõe, por um lado, o rádio transistor e, por outro, as rádios piratas. As comunicações são mais livres, a comunicação liberta-se. Nasce a mais famosa das estações clandestinas, a Radio Caroline.


A República Popular da China entra no clube atómico e Jean-Paul Sartre recusa o Prémio Nobel. Martin Luther King è nomeado para o Nobel da Paz e, na Bienal de Veneza, é consagrada a op-art.
A 25 de Fevereiro, Cassius Clay tinha conquistado o título mundial de pesos pesados e muda o seu nome para Muhammad Ali. A 27 de Maio morre Nehru e o jornal inglês «Sun» inicia a sua publicação a 15 de Setembro. Lyndon Johnson é reeleito presidente dos Estados Unidos e não hesita em intensificar a intervenção do seu pais no Vietname.


Kruschev é deposto na União Soviética. A OLP é criada na Palestina.


Mary Quant cria a mini-saia.


Em Portugal regista-se a dissidência pró-chinesa no PCP que origina a Frente de Acção Popular (FAP) e do Comité Marxista-Leninista de Português (CMLP). A Acção Socialista Popular (ASP) é criada em Genebra.


A Frelimo inicia a luta armada em Moçambique e na Guiné dá-se a grande batalha pela ilha de Como. É o ano de «Belarmino» e do primeiro Festival da Canção. O Sporting conquista a Taça dos Vencedores das Taças.


Os Beatles «atacam» nos Estados Unidos: «I Want To Hold Your Hand», «She Loves You», «Can't Buy Me Love», «Love Me Do» e «A Hard Day's Night» são os cinco singles que entram, durante o ano, para o top norte-americano onde também se evidenciam as Supremes com «Where Did Our Love Go?», «Baby Love» e «Come See About Me».
Os mesmos singles dos Beatles mais «I Feel Fine» estão no top inglês no qual se estreiam os Rolllng Stones com «lt's All Over Now» e com «Líttle Red Rooster». Mas a grande canção do ano é mesmo «House of the Ristn Sun», dos Animals que, no entanto, è apenas n.° 1 no top inglês durante uma semana.


É o ano de «Dr. Strangelove» de Kubrick e do «Deserto Vermelho» de Antonioni. Os Beatles estreiam-se, ainda, no cinema («A Hard Day's Night»), o agente James Bond também («Goldfinger»). Os musicais são os filmes mais populares: «Mary Pop-pins», «My Fair Lady» e, porque não?, «Zorba, o Grego».


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S. Francisco e Londres ditam, imparáveis, novos comportamentos e trajes e o transistor inicia o longo percurso, que ainda não terminou, das comunicações em movimento.



As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

terça-feira, maio 06, 2008

1963

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Um ano de mortes: João XXIII, Edith Piaf, Jean Cocteau, John Kennedy; mil jugoslavos em consequência do tremor de terra que destroi a cidade de Skopje.
Um ano de mortes que começa, em Inglaterra com o «escândalo Profumo» um dos mais sensacionais da história britânica. Cai governo e tudo...

Logo a 22 de Janeiro Charles de Gaule e Konrad Adenauer firmam o Tratado Franco-Germânico.

A 21 de Março é encerrada a célebre prisão de Alcatraz e a 5 de Abril os líderes americano e soviético utilizam pela primeira vez o telefone directo («telefone vermelho» ou «linha quente») entre o Kremlin e a Casa Branca.

A 3 de Junho morre o Papa João XXIII. Tinha 81 anos e, depois da encíclica Pacem in Terris, a Igreja Católica não voltou a ser a mesma.

A sua mensagem de paz e de fraternidade como que é seguida, nos Estados Unidos por Martin Luther King: no dia 28 de Agosto faz o seu célebre discurso «I Have a Dream» depois de ter liderado uma marcha silenciosa sobre Washington na qual participaram mais de 250 mil pessoas. Os negros norte-americanos lutavam pela defesa dos seus direitos. Pacificamente.

A 22 de Novembro esta luta sofre um duro golpe com o assassinato do presidente Kennedy em Dallas, no Texas. A França perde dois expoentes da sua cultura, Edith Piaf e Jean Cocteau e é assinado um acordo internacional proibindo a realização de experiências nucleares à superfície. França e República Popular da China recusam-se a assiná-lo.
A 12 de Dezembro nasce mais um pais africano: o Quénia.

Em Portugal surge "O Tempo e o Modo" e Paulo Rocha filma "Verdes Anos".

O regime sofre inúmeros contratempos na sua política colonial. A OUA reconhece o governo angolano da FNLA no exílio. Tomás visita Angola. O PAIGC inicia os combates na Guiné. Henrique Galvão discursa na ONU.

«Tom Jones», «O Cardeal» e «Cleópatra» (inicio do longo «romance» entre Elizabeth Taylor e Richard Burton) são os filmes mais populares do ano. Mas os filmes que farão história são "O Leopardo" de Visconti e "Oito e Meio" de Fellini.

Este foi o verdadeiro primeiro ano dos Beatles. «From Me To You», «She Loves You» e «I Want To Hold Your Hand» são os três singles que os quatro de Liverpool colocam entre os «10 mais», em Inglaterra. Os Gerry and the Pacemakars, rivalizam com os Beatles e três dos seus títulos também entram no top em 1963: «How Do You Do it», «I Like It» e «You'll Never Walk Alone».

O top britânico é, finalmente, dominado pelos ingleses com destaque, nomeadamente, para Cliff Richard («The Next Time» e «Summer Holiday»), Shadows («Dance On» e «Foot Tapper») e Searchers («Sweets For My Sweet»).
Elvis Presley continua a vender em Inglaterra («Devil in Disguise») e, nos Estados Unidos surge, pela primeira vez, entre os mais populares um certo Stevie Wonder («Fingertips Part Two»).

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O cinema deste período, especialmente o italiano, teve um impacto enorme na transformação cultural e política dos jovens.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1962


O ano da «crise cubana», da independência da Argélia, do início das comunicações via satélite, do concílio Vaticano II, da Thalidomida - e dos Beatles.
E dos Beatles, sim senhor! É em Novembro que sai o primeiro single do quarteto de Liverpool, «Love Me Do». Não passa do 17.° lugar no top inglês mas ninguém imaginava o que iria passar-se a partir do ano seguinte...

Andy Warhol mostra a sua pop art, em Nova York, povoada de latas Campbell, garrafas Coca Cola e sabão Brillo.

Inicia-se a modernização da Igreja pelo Concílio Vaticano II.

A 10 de Julho é inaugurada a era das comunicações via satélite: a Europa chega a casa dos norte-americanos, o contrário também se verifica, o nome do satélite é Telstar.

Um mês depois, operários franceses e Italianos cumprimentam-se nos Alpes, sob o Monte Branco. Em menos de um ano o túnel é oficialmente inaugurado. A força do Homem remove montanhas...

A 18 de Agosto é descoberta a causa de deformações gravíssimas em crianças recém-nascidas: um medicamento de nome Thalidomida.

A 10 de Setembro inicia-se a mais sangrenta «temporada» de conflitos raciais nos Estados Unidos. Um negro James Meredith é admitido como aluno da Universidade do Mississipi e este é o rastilho que faz eclodir o conjunto dos mais sangrentos incidentes raciais na América de Kennedy. Kennedy que ainda vai ter de enfrentar a «crise cubana» um mês depois. Kruschev recua a manda retirar os mísseis soviéticos estacionados na ilha. Como alguém disse na altura, «o mundo respirou fundo».

A Argélia torna-se independente.

Em Portugal o regime desmantela a revolta de Beja e Humberto Delgado volta ao exílio. Estala a crise académica com greve aos exames. A prostituição é proibida por decreto-lei.

É criada a Frelimo e a FPLN (Frente Patriótica de Libertação Nacional). Início das emissões da Rádio Portugal Livre a partir de Argel.

Manoel de Oliveira filma «Acto de Primavera» e Ernesto de Sousa «Dom Roberto». O Benfica ganha de novo a Taça dos Campeões Europeus.

Marylin Monroe morre no dia 2 de Agosto. O cinema destrói as suas próprias vedetas, mas continua a ser uma indústria próspera: «Lawrence da Arábia», «O Dia Mais Longo», «Revolta na Bownty» são alguns dos filmes do ano.

A lista dos «dez mais», em Inglaterra, volta a ser dominada pelos norte-americanos. Elvis Presley repete até a proeza do ano anterior «metendo» quatro singles nas tabelas do «lado de cá»; «Rock A Hula Baby», «Good Luck Charm», «She's Not You» e «Return To Sen-der». Curiosamente, nos Estados Unidos, apenas um destes singles entra para os «dez mais» durante 1962: «Good Luck Charm». «Do lado de lá» do Atlântico Chubby Cheker, Connie Francis, Shirelles e Ray Charles (com «I Can't Stop Loving You») continuam a ser os mais assíduos frequentadores do top. Em Inglaterra também Cliff Richard («The Young Ones») e os Shadows («Wonderful Land») voltam a distinguir-se.

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O impacto dos satélites, do Concílio e dos Beatles iria perdurar, de forma intensa, durante a década de 60 produzindo profundas transformações culturais. Seis anos antes do Maio de 68.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1961

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O primeiro grande acontecimento do ano ocorre a 12 de Abril: o cosmonauta soviético Yuri Gagarine torna-se o primeiro homem no Espaço.
Na luta pela «conquista do Cosmos», os norte-americanos respondem, a 5 de Maio, lançando Alan Shepard como piloto da sua primeira nave tripulada.

Em Janeiro, as Nações Unidas tinham intervindo directamente na guerra civil congolesa. As suas tropas lutam contra as forças que apoiavam Patrice Lumumba.

A 17 de Abril aborta a invasão da Baía dos Porcos. Fidel Castro faz um dos seus discursos mais inflamados mas o conflito cubano acaba por provocar o «entendimento» Kennedy-Kruschev: desaparece o termo «guerra fria», nasce a «coexistência pacifica», desmentida, porém, a 19 de Novembro quando as autoridades alemãs orientais iniciam a construção do muro de Berlim.

A 11 de Dezembro Kennedy envia 400 helicópteros para o Vietnam: aqui começava a mais longa intervenção militar de um país noutro país.

No dia seguinte um tribunal israelita condena à morte o nazi Adolph Eichmann por crimes de guerra.

Rudolf Nureyev decide ficar no "Ocidente" pedindo a protecção da polícia em Le Bourget.

1961 foi, também, um «ano quente» em Portugal. Logo em Janeiro, Henrique Galvão apodera-se do paquete «Santa Maria» e põe o «mundo a olhar para nós». Em Dezembro, a União Indiana invade Goa, Damão e Dio e, em Fevereiro, no dia 4, um assalto às prisões de Luanda marca o inicio da luta armada nas colónias portuguesas. Salazar diz: «se hà alguma palavra que justifique a minha responsabilização no cargo de Ministro da Defesa, essa palavra é - Angola».

Para distrair o povo o Benfica ganha a Taça dos Campeões Europeus e nasce o Totobola.

O filme «Julgamento de Nuremberga» é um dos títulos do ano, ombreando com «La Dolce Vita», com «Os Canhões de Navarone» e com o musical «West Síde Story».

No top norte-americano não há ninguém, durante o ano de 1961, que consiga «meter» dois discos nos «dez mais». Bert Kaempfert («Wonderland By Night»), Shirelles («Will You Love Me Tomorrow?»), Chubby Checker («Pony Time»), El-vis Presley («Surrender»), Del Shannon («Runaway»), Ricky Nelson («Travelin'Man»), Pat Boone («Moody River») e Ray Charles («Hit the Road Jack») são alguns dos nomes que permanecem durante mais semanas no top dos Estados Unidos.

Elvis Presley, um norte-americano, domina as listas inglesas e, ao longo do ano, quatro dos seus singles surgem no top oficial londrino: «Are You Lonesome Tonight ?», «Wooden Heart», «Surrender» e «His Latest Flame». Os Everly Brothers («Walk Right Back» e «Temptation») e Helen Shapiro («You Don't Know» e «Walkin Back To Happiness») também conseguem aparecer com mais de um tema no top inglês dominado, ainda, pela música norte-americana.

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Vietname e Cuba vão, durante longos anos, constituir uma paixão dos jovens portugueses e minar a imagem dos EUA para sempre. O muro de Berlim tem o mesmo efeito sobre a URSS.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

1960

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O ano em que a França entra para o «clube atómico», o ano, também, do inicio da «era Kennedy». Uma era curta... As primeiras pílulas contraceptivas são vendidas nos Estados Unidos e o grupo The Shadows impõe um «som inglês» na música anglo-americana. O advento da pílula fará certamente mais pela libertação sexual do que cem discursos na Sorbonne em 1968.

A 13 de Fevereiro, a França torna-se o quarto pais do «clube atómico», realizando o seu primeiro ensaio nuclear no Pacifico Sul.
No 1.° de Maio as relações Leste-Oeste sofrem mais um duro golpe: o piloto norte-americano Gary Powers é feito prisioneiro pelas autoridades soviéticas depois do seu avião espião U-2 ter sido abatido sobre território da URSS.

A 30 de Maio a Bélgica concede a independência do Congo. Lumumba torna-se o presidente do novo país, iniciando-se uma sangrenta guerra civil. A emancipação da África Negra passa por isto, pela violência, mas o que é certo é que, em dez anos, 32 novos países nascem naquele continente.

A 12 de Outubro realiza-se uma das mais dramáticas (e cómicas...) assembleias das Nações Unidas. Na sessão comemorativa do 25.° aniversário da organização, o Iíder soviético Nikita Kruschev abandona a sala depois de ter tirado um sapato e de ter batido violentamente com ele em cima da sua banca A reunião estava «quente», e as nações, bem longe de se acharem unidas.

Menos de um mês depois, a 8 de Novembro, John Kennedy é eleito presidente dos Estados Unidos, o 35 º da História, o mais jovem, também: contava 43 anos de idade. É também em 1960 que os EUA impõem o embargo a Cuba com o pretexto da nacionalização de bens americanos.

Na África do Sul dá-se o massacre de Sharpeville e a ilegalização do ANC. É criada a OPEP.

A família real britânica é «agitada» com o nascimento de André, a 19 de Fevereiro, e com o casamento da princesa Margarida com o fotógrafo Anthony Armstrong-Jones, a 6 de Maio.


Em Portugal, que é visitado por Eisenhower, verifica-se a fuga do Forte de Peniche protagonizada por Álvaro Cunhal e outros dirigentes do PCP.

A ONU condena o colonialismo português a 15 de Dezembro depois do levantamento de Mueda, Moçambique, que provocou dezenas de vítimas. Em Junho Salazar encontra-se com Franco em Mérida.


No desporto fala-se pela primeira vez neste nome: Cassius Cíay, medalha de ouro dos pugilistas pesos-pesados nos Jogos Olímpicos de Roma.

Em Itália, Fellini conclui «Dolce Vita» e em França nasce, com o cinema de Jean-Luc Godard, a expressão «nouvelle vague» que viria a marcar o cinema por muitos e bons anos. Os filmes do inicio da década, no entanto, chegam, ainda, dos Estados Unidos: «Psycho» e «Spartacus». Brigitte Bardot começa a rivalizar com Marylin Monroe: os europeus «descobrem» a sua nova vedeta.

Musicalmente, os Shadows começam a impor um «som inglês», e o tema «Apache» é um dos que dominam o top britânico durante o ano ao lado de «What Do You Want?» e de «Poor Me», de Adam Faith; «Cathy's Clown», dos Everly Brothers; «Please Don't Tease», de Cliff Richard; «OnlyThe Lonely», de Roy Orbison e «It's Now or Never*, de Elvis Presley.
Elvis Presley que, nos Estados Unidos, passa o ano com três temas no top: «Stuck on You», «Are You Lonesome Tonight ?» e o já citado «lt's Now or Never». Duas cantoras também se distinguem no top norte-americano: Brenda Lee e Connie Francis. Cada uma delas tem, ao longo do ano, duas canções na lista dos mais vendidos.
Outros nomes do top norte-americano: Chubby Checker («The Twist»), Drifters («Save the Last Dance for Me»), Maurlce Williams and the Zodiacs («Stay»), Marty Robbins («El Paso»), Johnny Preston («Running Bear») e o incomparável Ray Charles com «Georgia On My Mind».

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Esta cronologia dos anos 60, que vai prosseguir, pretende repor o equilíbrio quanto à sobrevalorização do Maio de 68 neste ano do seu quadragésimo aniversário.

Basta olhar para a cronologia dos anos 60 para perceber que, antes dele, já tínhamos tido a pílula, os cabeludos Beatles, as latas de Andy Warhol, o mito de Che Guevara, a firmeza de Martin Luther King e de Mandela, o génio de Felini e Antonioni, a mini-saia, o "flower power", S. Francisco, "The times they are a-changin", etc, etc, etc.

Razões sentimentais e desígnios políticos, que passam pelo regresso a um passado mítico, explicam os exageros actuais sobre o Maio de 68, desenquadrando-o da década em que se insere e atribuindo-lhe a autoria de mudanças que lhe eram anteriores. Do mesmo passo omitem-se as consequências catastróficas que, no plano político, resultaram dos "espontaneismos" inconsequentes que tanto reconfortam hoje os orfãos das utopias.

Se é verdade que Sarkozy não poderia ter divorciado e casado de novo sem o Maio de 68 também podemos perguntar se ele teria chegado a ser eleito sem o susto burguês do Maio de 68.