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sexta-feira, novembro 20, 2009

Sócrates e a TINA

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Margaret Thatcher cunhou uma expressão famosa, "There Is No Alternative", mais conhecida por TINA, para sintetizar aquilo que ela pensava ser a inevitabilidade do neo-liberalismo perante a falência do socialismo no seu tempo.
Lembrei-me disto por causa das vitórias eleitorais de Sócrates e da invulgar resistência que ele tem demonstrado a várias suspeitas e escândalos que sobre ele têm caído.
É altura de a oposição compreender que o homem continuará a ganhar e a governar, aconteça o que acontecer, enquanto os cidadãos não acreditarem numa qualquer alternativa. Escreva ele o que escrever no Programa Eleitoral que aliás quase ninguém lê.
O homem pode não ser bem engenheiro, falar um inglês de anedota e ter amigos foleiros envolvidos em negociatas inacreditáveis que isso pouco conta quando se chega às urnas. O homem podia até ser um serial killer mas, para ser corrido, precisaria sempre que alguém se mostrasse capaz de o substituir convenientemente.
O que as urnas têm mostrado é que, para a mairia dos portugueses, "There Is No Alternative" a Sócrates. O resto é conversa.
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domingo, novembro 08, 2009

Cavaco e Sócrates a mesma luta


Há uma face oculta que insiste em provocar os nossos mais altos responsáveis políticos levando-os a fazer figura de tolinhos.
Cavaco foi à televisão, há tempos, por causa de umas "escutas" que afinal ninguém tinha feito e toda a gente ficou convencida de que o homem andava a combater moinhos de vento. Entretanto Sócrates declarava enfáticamente que essa coisa das escutas era um "disparate de Verão" no preciso momento, sabe-se agora, em que estava a ser escutado durante os telefonemas para o seu amigo Armando Vara.
Alguns comentadores mais dados ao maquiavelismo podem agora insinuar que o discurso de Cavaco teria afinal por objectivo prevenir Sócrates para que não dissesse nada de comprometedor ao telefone.
Em suma, as escutas inexistentes, ou cujo conteúdo nunca chega a ser conhecido, são aquelas que têm consequências mais devastadoras.
O público adora imaginar o que poderia ter sido ouvido em Belém ou numa conversa entre compinchas do calibre de Sócrates e Vara.
Embora os equipamentos de escuta, segundo dizem, se possam comprar na internet por tuta e meia, já nem isso é preciso. O que dá mais gozo é não comprar nada, não escutar nada, mas fazer constar que ouvimos coisas importantíssimas que nunca revelaremos.
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quarta-feira, outubro 07, 2009

O fetichismo da maioria de esquerda


Recorrentemente, e por maioria de razão em época de formação de um governo minoritário, regressa a “maioria de esquerda”.
Durante muitos anos, ainda o BE não tinha agrupado os grupelhos, foi um estandarte empunhado pelo PCP para invocar a salvífica convergência política, sempre postergada, com o Partido Socialista.
Com o crescimento acentuado do Bloco nos anos recentes agravou-se a tendência para falar do avanço da esquerda, embora em 2009 o somatório PS+BE+PCP tenha sofrido um retrocesso e o CDS em conjunto com o PSD tenham crescido cerca de 3%.
A própria “esquerda à esquerda do PS”, apresentada como fortíssima com os seus 18% e um milhão de votos, não alcança sequer o nível de 1983 e está muito abaixo de 1979.
Apesar de tudo isto fala-se como se o país fosse maioritáriamente habitado por esquerdistas que só a teimosia do PS impede de se realizarem politicamente.
Dando de barato que existe consenso sobre o que é ser de esquerda persistem ainda assim grandes interrogações sobre a existência da maioria de esquerda.
Já era altura de decidir se o PS, ou pelo menos uma parte dele, é de esquerda ou de direita. Conforme as conveniências o PS é apresentado antes das votações, para lhe caçar votos, como um componente da maioria de direita e depois das eleições, para formar governo, como um componente da presumida maioria de esquerda.
A maioria de esquerda é uma construção que supõe uma base comum em todos os votos do PS, PCP e BE. Mas não seria natural pensar que a fronteira esquerda-direita passa por dentro do PS o que implica, portanto, a necessidade de determinar que parte do PS somar à esquerda e que parte do PS somar à direita? Quantos votantes do PS aceitam, por exemplo, o casamento homossexual ou as nacionalizações no sector bancário?
A cabeleireira ou a lojista que votam no charme grisalho do senhor engenheiro, no parlapié mavioso de Louçã ou na “autenticidade” de Jerónimo são forçosamente de esquerda ?
Mesmo admitindo que haja homogeneidade nos votos do PS, do BE e do PCP ainda teríamos que encarar uma outra dificuldade. Os votos somados dos três partidos equivalem a 55% dos votantes, mas os votantes foram só 60% dos inscritos. Isto significa que nos “partidos de esquerda” realmente votaram apenas 33% dos inscritos.
Os que invocam a maioria de esquerda fazem de conta que os 40% de abstencionistas não existem. Confundem os resultados eleitorais com o “país sociológico” num primarismo de que se pode partir para todo o tipo de equívocos e de desastres.

A maioria de esquerda, sem dúvida desejável, deve ser vista como uma hegemonia ideológica e organizativa a construir pela adesão da maior parte dos portugueses a princípios e projectos humanistas e emancipadores.
Não é um estatuto conjuntural para exercício do poder por vanguardas iluminadas, assente em equívocos, omissões e cálculos que um próximo ciclo político desbarate e dissolva.
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sábado, agosto 08, 2009

Uma nova guerra do Solnado

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Há nos dias que correm uma radicalização do discurso político que é bastante artificial, que finge grandes diferenças e grandes opções onde elas não existem. Chega a ser ridículo.

À volta dos fait divers de cada dia montam-se guerras de palavras entre as praças fortes dos partidos na blogosfera. Quer se trate da "Joana bate pestana" ou do "Conselho Nacional de Ética", ou de qualquer outra irrelevância, fazem-se ofensas pessoais, invocam-se princípios sagrados e grita-se como se estivessem em causa os destinos do país.

Penso que quanto mais se grita mais se confirma o vazio e a incapacidade para confrontar verdadeiras propostas. Ou talvez as propostas não fizessem o estardalhaço mediático que se pretende.
Ganhariam todos muito em moderar o tom do discurso e em dedicar atenção aos problemas em vez dos ataques mútuos.

Adenda: só depois de ter escrito este post, com este título, é que eu soube da morte do grande actor. Uma coincidência incrível. Mantenho o título como homenagem a Raúl Solnado.

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segunda-feira, julho 06, 2009

Ninguém se demite ?

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Uma entidade idónea a "Intercampus", considerada competente, conduziu para a SEDES um inquérito onde entre outras coisas se conclui:


- só 5% dos inquiridos acham que os "governantes têm muitas vezes em conta as opiniões dos cidadãos"
- só 12% dos respondentes pensa que "as pessoas como eu têm influência sobre o que o Governo faz"
- só 9% declaram "os políticos preocupam-se com o que pensam as pessoas como eu"
- só 8% considera que "quem está no poder não busca sempre os seus interesses pessoais"

Confirmando a validade destas opiniões os visados, a chamada "classe política", assobiou para o lado como se nada tivesse acontecido.
É caso para perguntar: ninguém se demite ? ninguém tem vergonha na cara ? quando é ao povo não faz mal acenar com os corninhos ?
Esta olímpica indiferença radica na convicção de que o povo é uma espécie de receptáculo para onde se atiram doses sucessivas de "esclarecimento" até que se porte bem. O povo acabará por perceber os altos desígnios, quer queira quer não.
Ainda recentemente os partidos insistiram em prolongar as campanhas eleitorais através do desfasamento das datas das legislativas e das autárquicas. Ninguém cuidou de saber qual era a opinião dos destinatários.
Como este inquérito mostra as pessoas comuns não pretendem ser mais "esclarecidas" por quem consideram incompetente para o fazer. Estão fartas de campanhas que se parecem demasido com a venda de sabonetes e de querelas entre exaltados "magos" que têm sempre na manga a solução redentora até lhes ser dada oportunidade de a pôr em prática.
Depois da abstenção em massa viremos talvez a assistir, num futuro próximo, à proliferação de autocolantes amarelos desesperados. Talvez assim eles percebam que está na hora de refundar a nossa democracia.
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domingo, junho 28, 2009

Futilidades

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António Barreto (Retrato da Semana no Público, 28.06.2009)

Um conjunto de argumentos põe em relevo as vantagens partidárias. Se os votos forem separados, ganham uns partidos, se forem no mesmo dia, ganham outros. A mesma coisa, ou parecida, se as legislativas se realizarem antes ou depois das autárquicas. Quer isto dizer que ninguém tem legitimidade para preferir uma data ou uma ordem: imediatamente lhe saltam em cima com acusações de interesses ilegítimos e de oportunismo. Quem assim faz esquece-se de que os argumentos são totalmente reversíveis.

Outro argumento é o dos custos. Nem sempre se percebe se estamos a falar de custos directos para os votantes, despesas para os partidos ou encargos públicos. De qualquer modo, quem alude aos custos está em geral a pensar nos interesses dos partidos. Com efeito, quem quer as eleições separadas garante que a democracia bem merece um punhado de euros, enquanto os que desejam actos conjuntos referem a poupança assim obtida. É, no entanto, certo que a despesa ou a poupança não parecem um argumento muito forte.

O aparentemente mais sério argumento é o da abstenção ou da participação. Também neste domínio, a consistência não é visível. Juntar eleições, para uns, significa mais participação; separá-las, para outros, teria o mesmo efeito.

Não consta que haja solidez nas razões apontadas. Nem sequer estudos concludentes. A única dúvida razoável é a que alude ao cansaço: maçados com duas deslocações seguidas à distância de uma ou duas semanas, os eleitores poderiam optar por apenas uma. Mas são meras suposições. Além de que não se sabe muito bem se seria a primeira ou a segunda a sofrer dessa terrível fadiga. Como não se sabe se o cansaço é argumento mais importante do que a natureza das eleições e o que está em causa. Apesar de anónimas e limitadas aos emblemas dos partidos, as legislativas chamam mais eleitores. Mas as "grandes figuras" municipais também têm algum efeito. Reflexão tortuosa é a que se apoia na previsão das intenções dos eleitores. Nas autárquicas, diz-se, os cidadãos querem escolher um presidente de câmara e bater no Governo. É estranho, mas é o que consta. Nas parlamentares, os mesmos eleitores esquecem tão vis desejos e designam racionalmente o Governo que preferem. As estatísticas eleitorais sugerem alguma coisa, nomeadamente o facto de poder haver diferenças na orientação de voto entre as duas eleições, assim como uma maior presença do PSD nas autarquias (o que não é uma regra absoluta). Mas não são constantes que permitam certezas.

O último dos argumentos é o mais brutal. Juntar eleições teria como efeito criar a confusão nos eleitores. Já desorientados com a existência de três boletins de voto (freguesia, assembleia municipal e vereação camarária ou presidente da câmara), ficariam completamente perdidos com a eventualidade de terem de lidar com quatro. Muitos votos ficariam assim perdidos. Brancos e nulos, possivelmente. No partido errado, com certeza.

É comovedor este desvelo dos partidos e de alguns comentadores encartados. O esforço que fazem para cuidar dos pobres cidadãos, tão vítimas de manobras, tão deficientes mentais e tão incapazes de decidir por si! A minuciosa atenção que prestam aos eleitores, tão frágeis e vulneráveis, que perdem literalmente a cabeça perante quatro boletins de voto! Se repararmos bem, quase todos os argumentos conduzem ao mesmo: a incapacidade dos eleitores, a sua falta de discernimento, o seu cansaço fácil e a rapidez com que se confundem. Na verdade, esta discussão ridícula tem um só objectivo, o de começar a arranjar explicações para os fenómenos que os incomodam: derrotas eleitorais e elevadas taxas de abstenção. Na noite (ou nas noites) das eleições de Outubro, já sabemos qual a justificação que mais vezes se vai ouvir: a data das eleições é a culpada.

A propósito das datas e seguramente em consequência da abstenção nas europeias, já começou a ladainha piedosa dos que querem o bem dos cidadãos e a nobreza da democracia. Já se ouvem propostas para "melhorar o sistema" e dar novo "tónus" à democracia. Em vez de se inquietarem com a fictícia democracia europeia e a inutilidade do Parlamento Europeu, propõem que o voto seja obrigatório! Em vez de pensarem na reformulação de alguns processos, designadamente no voto pessoal, sugerem punições para quem escolhe abster-se! Preparemo-nos, pois, para a próxima revisão da Constituição. Lá veremos dispositivos para reforçar a democracia. Sempre com um denominador comum: a cegueira perante as deficiências do nosso sistema e a vontade de resolver os problemas com normas legais e punitivas. Já agora, uma modesta contribuição: as eleições deveriam ser obrigatoriamente em dia de chuviscos. Mas não de mais, que levam as pessoas a ficar em casa, nem de menos, que deixam os eleitores ir à praia.

sábado, junho 27, 2009

A desforra das corporações


Como diz a publicidade de um novo jornal "I de repente tudo muda": Sócrates passa de virtual vencedor das legislativas, sem adversário à altura, para bombo da festa. À medida que o Governo sente aumentar o perigo da derrota eleitoral multiplicam-se os sinais de submissão às corporações.
Por exemplo o "Governo dá por terminada a redução de funcionários do Estado", ou propõe "Menos tempo para chegar ao topo da carreira docente", ou admite que as "Quotas para classificações de mérito afinal são transitórias". Mas também o principal partido da oposição declara que dará prioridade à Justiça e à Educação e percebe-se que conta com os votos dessas classes profissionais, a quem tudo prometerá, para vencer o partido do governo.
Por comodismo, ou oportunismo eleitoral, demasiados políticos esquecem os interesses mais gerais do país e, na véspera das eleições, cedem a todas as chantagens dos grupos de pressão. Foi assim com Cavaco, quando liderou o PSD, e com Guterres quando teve responsabilidades de governação. Ainda hoje estamos a pagar esses erros.
Mas não são esses políticos que pagam as benesses concedidas ou sofrem o descontentamento dos cidadãos que efectivamente as pagam. Os sacrifícios resultantes só se sentem nas legislaturas seguintes e "quem vier atrás que feche a porta".

É esta a triste sina de uma democracia que se deixou cair sob a tutela das corporações. Em que certas corporações têm uma espécie de "golden share" eleitoral, uma espécie de "voto de quantidade".
Um dia, outros usarão este pretexto para destruir o regime.
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terça-feira, junho 16, 2009

O PS (e a esquerda) em maus lençóis

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Podemos definir o "voto solto", nas Europeias de 2009, como os novos votos ou os votos que mudaram a sua escolha relativamente às Europeias de 2004. Chegamos assim a 725.157 votantes (os 155.599 votantes adicionais em relação às europeias anteriores, mais os 569.558 perdidos pelo PS comparativamente com 2004).
É interessante notar que esses 725.157 votos se distribuiram em partes identicas pelos partidos à esquerda e pelos partidos à direita do PS cabendo a cada uma das alas cerca de 40% dos "votos soltos". Os 20% restantes foram parar aos partidos que previsívelmente não obteriam qualquer representação no Parlamento Europeu indiciando uma atitude imune às lógicas da utilidade, por parte de 145 mil desses eleitores.

Esta aparente simetria entre a esquerda e a direita, feita à custa do partido maioritário, tem no entanto consequências pouco simétricas. Os votos ganhos à direita esboçam uma maioria alternativa enquanto que tal não sucede à esquerda. Mesmo a improvável aliança de um dos partidos de esquerda (BE ou PCP) com o PS resulta mais fraca do que a aliança de direita (PSD+CDS). Tudo isto tomando como base as percentagens obtidas pelos partidos nas Europeias de 2009.

A verdade é que tudo isto não passa de uma miragem. Nas próximas legislativas irão às urnas mais dois milhões e trezentos mil votantes do que nas europeias, se se repetir a relação entre as europeias de 2004 e as legislativas seguintes de 2005.
Esse enorme número de votantes adicionais pode, em teoria pelo menos, dar a maioria absoluta a qualquer um dos principais partidos portugueses.
Apesar de ser esta a "realidade" quase todas as opiniões omitem esta questão. O PSD compreende-se que o faça, o Bloco também pois está a disfrutar da ascensão ao terceiro lugar na hierarquia dos partidos (apesar de ter tido menos de metade dos votos habituais do PCP nas legislativas de há 20 anos).
No caso do PS é mais estranho que tal aconteça.

Está portanto tudo em aberto e cabe aos partidos tentar ganhar o maior número de votos de quem se absteve, ou votou nulo, ou votou em branco ou votou em partidos sem representação parlamentar.
Mas essa luta vai fazer-se em condições adversas para o PS já que deixou criar esta sensação de que a maioria absoluta, sozinho, lhe está vedada. Tal sensação é reforçada pelo tipo de relações que o PS mantém com os partidos à sua esquerda e que torna uma aliança com eles pouco provável aos olhos da opinião pública.

É estranho que o PS não tenha percebido o beco em que se estava a meter. Já terá ficado claro, entretanto, que não é adoptando avulsamente "propostas fracturantes" que impedirá o Bloco de crescer. O BE está neste momento como uma criança que tendo ido à caixa das bolachas não consegue evitar voltar lá repetidamente. Neste "momento de glória" (que os números desaconselhariam) o céu parece o limite e já sonha certamente substituir-se ao PS na liderança de toda a esquerda.

Por outro lado o PS parece ter subestimado o poder do binário PSD/Cavaco na questão das "obras faraónicas". Logo na noite das eleições Rangel introduziu a necessidade do adiamento não tanto para limitar as decisões do governo actual mas para insinuar a ideia de que após as eleições os decisores serão outros. Hoje mesmo o PS cedeu e deixou cair o TGV.

Temos portanto um PS, acossado à esquerda e à direita, lambendo as feridas que não soube evitar.
Os seus inimigos de direita exigirão cada vez mais alto que defina as suas alianças para lhe reduzirem o trunfo da governabilidade (se as não esclarecer) ou lhe roubarem mais eleitores ao centro (se as esclarecer).
Os seus inimigos de esquerda aumentarão a parada sempre que ele tentar aproximar-se pois, à falta de um programa executável, só lhes resta alimentar-se dos despojos da velha nave socialista enquanto esperam pelo momento revolucionário.

Não me peçam para prever o nosso futuro imediato mas, para já, não parece brilhante.
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quarta-feira, maio 27, 2009

Oliveira e Costa Talk Show

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A passagem de Oliveira pelo Parlamento, e pelas televisões, constituiu um episódio lamentável.
Durante horas, enquanto houve paciência, assistimos a um espectáculo deprimente: deputados impreparados técnicamente tentavam, com perguntas infantis, fazer escorregar um "macaco velho" que se entretinha a gerir a difusão das mensagens que mais lhe interessavam.
Oliveira e Costa dava-se ao luxo de fazer humor a que os deputados reagiam com sorriso amarelo. Ele mostrava assim, com à vontade, que se encontrava entre a sua gente.
No ar pairava o espectro da inutilidade de um interrogatório que os deputados só quiseram para fingir que têm mão na corrupção e controlam o "poder económico".
Um mau serviço à democracia.
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sábado, maio 09, 2009

Catálogo dos blocos

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É só escolher

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quinta-feira, maio 07, 2009

Embriaguês

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terça-feira, abril 14, 2009

Frente anti-Santana ?

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O DN publica hoje uma reportagem intitulada "Frente anti-Santana arranca em Lisboa".
Eu preferia que uma Frente, para mais de esquerda, caso fosse possível, se baseasse em projectos e propostas positivas.

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sábado, fevereiro 21, 2009

Realismo, ou a força das circunstâncias...

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A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse nesta sexta-feira, 20, que o debate com a China sobre direitos humanos e as independências de Taiwan e do Tibete não deve interferir nas tentativas de se chegar a um consenso em relação a assuntos mais abrangentes.
Pouco após chegar a Pequim - na última parte de seu tour pela Ásia, primeira viagem internacional da principal diplomata dos EUA após assumir o posto -, Hillary afirmou a repórteres que trataria desses assuntos que geram discórdia. Porém notou que não deve haver mudanças em relação aos temas em nenhum dos dois lados. Em vez disso, ela disse que era melhor aceitar que os países discordavam nesses tópicos e enfocar como EUA e China podem trabalhar juntos em relação a questões como as mudanças climáticas, a crise financeira global e as ameaças de segurança.
Os comentários devem desapontar os grupos de direitos humanos. Esses esperavam que ela repetisse o comportamento mostrado há quase 15 anos quando, ainda primeira-dama, Hillary realizou no país um discurso duro sobre o tema, enfurecendo o governo chinês. Porém agora ela disse que os dois lados já sabem sobre a divergência e haveria mais progressos se fossem enfocadas outras questões, nas quais Washington e Pequim podem trabalhar juntos.

(ler o resto em ESTADÃO.com.br)

Realismo, ou a força das circunstâncias...
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domingo, fevereiro 15, 2009

Saudades ?

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Directas do PS reelegem José Sócrates com 96%, Convenção do BE confirma Francisco Louça por 79%, Comité Central do PCP mantém Jerónimo de Sousa com 4 abstenções, e CDS reelege Paulo Portas com 96%.

O único partido que, mais recentemente, se afasta deste padrão é o PSD que na última escolha do líder repartiu os votos por 3 candidatos, tendo Manuela Ferreira Leite saído vencedora com 38%.

E o que me deixa ainda mais intrigado nisto tudo é que o PSD é precisamente o único partido que desce nas sondagens. Será que temos algum gene avesso a escolhas? Ou será saudades da União Nacional?

(texto roubado no "a presença das formigas" com a devida vénia)

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sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Os coelhos gay e as notas de cem euros

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Este foi o momento do discurso de Louçã que ele preferia certamente que nunca tivesse acontecido. Aquilo que parecia ser uma sedutora analogia entre o acto reprodutivo dos coelhos e a criação económica de valor transformou-se numa enorme gaffe. Tanto mais divertida quanto mais controlado é por norma, reconhecidamente, o discurso do seu autor aliás um excelente orador.

No momento em que Sócrates faz do "casamento gay" uma bandeira eleitoral, a comparação feita por Louçã, subliminar, de uma parelha de coelhos "do mesmo sexo" numa cova, sem prole, com duas notas de cem euros "improdutivas" é verdadeiramente fatal. A surpreendente infantilidade da historieta, neste quadro, até passou despercebida.

Este tipo de episódios espontâneos mostra, impiedosamente, quais são os reais processos mentais que existem por trás de muitos discursos fracturantes.

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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

O megafone, doença infantil

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"Uma esquerda grande contra a ganância do capital" foi o destaque maior da Convenção do BE no fim-de-semana passado.
Segundo Louçã para combater a exploração e a ganância - que é o "nome próprio do capitalismo" - é necessária uma "esquerda grande".

Este discurso faz-me temer mais uma daquelas ondas emotivas em que a esquerda tem sido pródiga e ineficaz. Em plena era digital ataca-se o capitalismo com o velho arsenal dos adjectivos da revolução industrial.
Sem cuidar de encontrar novas formulações e novas respostas cavalga-se a conjuntura que nos caiu do céu aos trambolhões. Mas uma esquerda, mesmo que grande, não pode deixar de ser esclarecida e inteligente.

À falta de verdadeiras propostas de futuro as atenções são agora polarizadas em torno de Manuel Alegre. Por vezes tenho a sensação de regressar à campanha presidencial de Otelo em 1976, com as mesmas esperanças infundadas e com o mesmo tipo de militantes, retóricas e radicalismos.

Neste tempo em que o sistema revela as suas fraquezas e limitações importaria, em vez de gritar a ganância, demonstrar a necessidade e inevitabilidade de uma alternativa ao sistema e não só ao governo.

Neste tempo em que milhares são lançados no desemprego, com reduzidas probabilidades de regressar ao "mercado de trabalho", um partido como o BE devia estar a explicar que o trabalho assalariado não é uma solução natural e muito menos obrigatória. Devia estar a apoiar iniciativas dos desempregados para refazerem as suas vidas em novas bases, adoptando a lógica das cooperativas.

O BE em vez de estar a exigir a proibição dos despedimentos, na prática a continuação da exploração e da "ganância", devia era estar a exigir o apoio do Estado para formas alternativas de organização da produção e da distribuição. Para recusar aos patrões gananciosos o seu bem mais precioso: o trabalho (dos outros) que cria valor.

Fazer crer que o capitalismo é mau porque os patrões são gananciosos induz a falsa ideia de que ele seria aceitável se os patrões fossem moderados.
Ou se trata de uma visão teórica paupérrima ou, ainda pior, de uma forma de convencer "as massas" assumindo que tal só é possível na base das imagens simplistas e da manipulação.

domingo, fevereiro 01, 2009

A força das circunstâncias

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Uma mulher à frente de um Governo já não é novidade, mas se essa mulher for assumidamente lésbica, o caso muda de figura. É o que pode acontecer na Islândia se a social-democrata Johanna Sigurdardottir for escolhida para liderar o novo Executivo de esquerda depois da demissão do primeiro-ministro Geir Haarde, na segunda-feira. DN 31.01.2009



O Partido Republicano escolheu ontem o seu primeiro presidente negro, dez dias depois de Barack Obama ter assumido a presidência do país. É Michael Steele, antigo governador de Maryland, que promete reconstruir o partido depois de uma vaga de derrotadas devastadoras."É fantástico, é com grande humildade e sentido de dever que aceito" esta nomeação, declarou. "Obrigado a todos por esta oportunidade de servir como presidente nacional." Público 31.01.2009



“Segundo a única entidade competente, o procurador-geral da República, José Sócrates não é acusado de nada e, portanto, aquilo que eu desejo é que as coisas sejam esclarecidas, porque é muito ingrato para uma pessoa estar sujeita a ser julgada na praça pública”, disse Alegre em declarações aos jornalistas momento antes de proceder à inauguração da sede do Porto do MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania). Público 31.01.2009
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O Secretariado Nacional deliberou propor à Comissão Nacional a realização do Congresso Nacional do Partido Socialista para o final de Fevereiro de 2009 e a eleição directa para secretário-geral para o princípio desse mês. O anúncio foi feito hoje por Augusto Santos Silva em conferência de Imprensa, onde adiantou também que o Secretariado Nacional do PS decidiu agendar os congressos federativos para o próximo mês de Novembro. Site do PS 7 de Abril 2008
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A esquerda tem que ter “coragem”, disse hoje Manuel Alegre no discurso que encerrou o Fórum Esquerdas. O deputado socialista defendeu que a situação do país é uma oportunidade que a esquerda não pode desperdiçar para conseguir uma democracia “mais limpa, mais justa e mais solidária”, e assegurou que as ideias que saíram do fórum são para ir a votos.“A reconfiguração da esquerda implica a capacidade e a vontade de construir uma perspectiva alternativa ao poder”, disse o escritor para uma Aula Magna quase completa. Manuel Alegre acrescentou que esta reconfiguração “não se fará sem o concurso de eleitores, simpatizantes e militantes do Partido Socialista”...
Para Alegre a razão de ser da esquerda continua a ser “os explorados, os oprimidos, os deserdados da vida”, fazendo uma referência a Antero de Quental. “É por eles que estamos aqui, não pelas grandes fortunas do Banco Privado Português”...
“Há, por um lado, a esquerda do Governo, que quando o é deixa de ser praticante. E a outra, que se acantona no contra-poder”
Público 14.12.2009
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E agora, que tudo parece possível, onde está a coragem para dar vida aos discursos ?

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quinta-feira, janeiro 29, 2009

UM POVO FELIZ: AQUI!

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Ontem, em Davos, Vladimir Putin disse sobre a crise financeira: "É uma perfeita tempestade." E avisou: "Estamos no mesmo barco." Estamos, entenda-se, os 191 países da ONU. O mundo inteiro à deriva! Alguém me sopra ao ouvido: "Os países da ONU são 192..." Pois eu explico: falo mesmo de 191. É que há uma espécie de aldeia gaulesa, no canto ocidental do continente europeu, imune à tempestade. A OIT avisou, também ontem, que este ano poderá haver mais 51 milhões de desempregados, mas isso passa ao lado de Portugal, orgulhosamente só. E, desta vez, sem orgulho tolo: parece-me que a coisa nos corre mesmo bem. Fiquei a sabê-lo, ontem, no debate parlamentar entre o Governo e os deputados. O tema principal era sobre "as políticas económicas e sociais." Com todas as notícias desastrosas que vinham lá de fora, o tema preocupou-me: queres ver que a crise já cá chegou? Mas, no fim, suspirei de alívio. O Governo e a Oposição mergulharam (não se assustem, por cá as águas são mansas) na discussão sobre propaganda, ou não, de um pretenso relatório da OCDE. Não tenho mais nada para dizer. Os povos felizes não têm história.
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"ENCONTREI UM POVO FELIZ: AQUI!"
Ferreira Fernandes, DN 29.01.2009

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domingo, janeiro 25, 2009

Literatura infantil

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ALEGRE VAI LANÇAR LIVRO INFANTIL
Manuel Alegre vai publicar este ano um livro infantil intitulado “O Príncipe do Rio” pela editora Dom Quixote.
Expresso, 24.01.2009

Será a compilação dos discursos políticos de 2008 ?

terça-feira, janeiro 20, 2009

O humanismo dos interesses

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Livro infantil “Googly-Goo! and His Ten Merry Men” de 1916. Ilustração de W.F. Stecher


O Google, cuja sede fica no estado norte-americano da Califórnia, enviou ao Supremo Tribunal um documento oficial defendendo a união civil entre homossexuais - que foi proibida no estado após um referendo realizado junto com as últimas eleições, em 4 de novembro de 2008.
Para o Google, muitos de seus funcionários escolheram trabalhar na empresa por conta das leis da Califórnia, que permitiam a união entre pessoas do mesmo sexo. Com o fim dessa permissão, a gigante de Internet teme que seus profissionais deixem o emprego.

O nosso Sócrates não está só quando declara "o combate a todas as formas de discriminação e a remoção, na próxima legislatura, das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo". Mas ao menos o Google reconhece que o seu "humanismo" é uma forma de salvar o negócio enquanto que Sócrates tenta disfarçar o receio de ver os seus votos fugirem para o BE.

Estamos portanto no terreno dos direitos fundamentais à protecção dos interesses.

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