Mostrar mensagens com a etiqueta legislativas-2011. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta legislativas-2011. Mostrar todas as mensagens

domingo, junho 19, 2011

Que mais nos irá acontecer?



A recente campanha para as legislativas demonstrou que um partido no poder, quando chega a ser odiado por quase toda a gente, deve abster-se de atacar os adversários. Porquê? Porque nessas circunstâncias as críticas (por ex. de ultra-neo-liberalismo) se transformam em elogios e os perigos augurados (por ex. o desmantelamento do estado social) se convertem em objectos de desejo.
Em tais situações, em vez de atacar os adversários, é preferível falar da bondade das realizações próprias ou dos planos excelentes que se tem para o futuro. Perde-se à mesma mas não se reforça a influência ideológica do adversário.

Mas se as eleições de 5 de Junho foram inoportunas em face dos problemas do país, a disputa que lhes sucedeu imediatamente, pela liderança do partido derrotado, é o que de pior podia acontecer no período pós-eleitoral. Os candidatos sentem-se obrigados, cada um mais do que o outro, a demonstrar através de bravatas a sua sanha contra o adversário que acabou de os derrotar.

Entretêm-se por isso a prolongar penosamente a campanha que acabou no dia 5 de Junho, e cujos resultados são irreversíveis, cometendo exactamente o mesmo erro estratégico (explicado mais acima) que o líder deposto.

Assis e Seguro regressam paradoxalmente às acusações ao PSD, que a votação do dia 5 mostrou serem totalmente ineficazes, em vez de se concentrarem nos erros do PS que atiraram mais de metade dos eleitores para os braços da direita.

.

segunda-feira, junho 06, 2011

Vem aí o lobo







O Partido Socialista cometeu uma enorme imprudência, para não lhe chamar provocação, ao forçar José Sócrates como candidato nestas eleições, mesmo sabendo que uma larga maioria dos portugueses já não podia sequer vê-lo repetir as suas lengalengas.
A campanha socialista, por causa disso, consistiu numa frenética diabolização dos adversários a quem atribuiu as intenções mais monstruosas ao estilo "vem aí o lobo" (ainda contarão esta história às crianças?).
Perante os resultados da votação é caso para perguntar se a maioria dos portugueses querem realmente a destruição do estado social e a instauração da selvajaria nas relações laborais. É claro que não querem. 

Os portugueses não acreditaram na veracidade dessas acusações e castigaram aqueles que tentaram usar o medo para se manter no poder.


Este episódio é no entanto o culminar de um longo processo com que Sócrates anestesiou o PS, de tal modo que ninguém se atreve hoje a prever o modo como se fará a sua substituição. Ele emergiu em 2005, num momento de excessiva facilidade, aproveitando uma onda contra Santana Lopes que lhe deu a maioria absoluta. Já na altura eu alertei o júbilo da esquerda para uma vitória com pés de barro, por não se alicerçar num projecto digno desse nome.


Em 2009 Sócrates foi reeleito, embora perdendo a maioria absoluta, mas a sua vitória, sabemos hoje, baseou-se em omissões e mistificações sobre a real situação financeira do país. Essa fuga para a frente, por vezes alucinante, manteve-se até à sua irremediável queda em 2011, abandonado pelo próprio ministro das finanças.


Pelo caminho cometeu o que seria talvez o seu maior erro estratégico. Não soube resistir à chantagem do Bloco e embarcou na candidaventura presidencial de Manuel Alegre. De uma penada afrontou o seu eleitorado de duas formas: por um lado misturando-se com o "radicalismo irresponsável" e por outro afrontando Cavaco que se mantinha como o único referencial para a maioria do eleitorado do centro. A manobra era obviamente postiça mas os 19% de Alegre nas urnas mostraram que uma grande parte dos votantes socialistas tinham optado pelo adultério.


De toda essa trapalhada o PS só conseguiu um resultado, o regresso ontem ao redil de uns 4% de eleitores que em 2009 tinham fugido para o BE. Se não fosse esse regresso a derrota do Partido Socialista teria uma dimensão histórica, só comparável ao descalabro que lhe causou o PRD de inspiração eanista em 1985.


A demissão de Sócrates, apresentada no meio das ruínas, foi o último acto desta tragédia protagonizada por um homem que se revelou um comunicador de grande nível mas que nunca conseguiu ultrapassar a sua própria pequenez cultural  e de carácter. O país acordou mais livre.


.


.

sábado, junho 04, 2011

Eles falam tudo

.


Eles começaram a campanha muito antes da data legalmente estabelecida.
Quando a campanha se iniciou já nós estávamos fartos de os ouvir.
Eles não ganham o nosso voto esclarecendo-nos mas sim cansando-nos.
Eles falam tudo, eles falam tudo, eles falam tudo e não dizem nada.
A democracia só será perfeita quando se tornar desnecessário este tipo de campanhas eleitorais .

.

sexta-feira, junho 03, 2011

A Troika à margem da campanha

.




O documento da troika prevê o corte das pensões e o congelamento dos salários até 2013. O texto é este:

"No seguimento da redução média em 5% dos salários do sector público neste ano, os salários e as pensões serão congelados até 2013, excepto no caso das pensões mais baixas. Além disso, será introduzida em 2012 uma contribuição especial com incidência sobre as pensões acima de €1.500, ficando isentas as pensões mais baixas.

Sobre isto, como sobre o resto, a campanha eleitoral foi omissa embora importasse saber:

1. Se a "contribuição especial", que segundo alguns pode chegar aos 10%, tem carácter provisório ou definitivo
2. Se vão ser igualmente (mal)tratados os que descontaram fortemente toda a vida e os que têm pensões obtidas, por estratagemas legais, sem ter feito os descontos normais


Como se isto não bastasse ficamos hoje a saber pelo Jornal I que o fundo da Segurança Social perdeu 8% do valor. 
Dados consultados pelo i mostram ainda que no final de Maio deste ano a dívida soberana nacional pesava 58% na carteira do FEFSS, contra 53% no final do ano. 

Afinal o tão badalado "estado social" é não só pretexto eleitoral como bóia de salvação financeira (à custa da segurança futura dos reformados)


.

domingo, maio 29, 2011

O Estado c'est moi

.



Na terça-feira, Pedro Passos Coelho lamentou as nomeações efectuadas em desespero pelo Governo dito em gestão e o eng. Sócrates confessou-se ofendido. Na quarta-feira, Passos Coelho aludiu à cosmética aplicada aos dados da execução orçamental e o eng. Sócrates confessou-se indignado. Na quinta-feira, Passos Coelho aliviou-se de um comentário sobre a lei do aborto e o eng. Sócrates confessou-se chocado. Na sexta-feira, Passos Coelho pediu esclarecimentos acerca das divergências entre o acordo assinado com a troika e o acordo com a troika anunciado. À hora a que escrevo, ignoro se o eng. Sócrates se confessou magoado, tristonho, amuado, revoltado, sorumbático ou destroçado.

Não importa. Importa que à conta das indignações e choques do Chefe Supremo, atitudes que teriam sido mais adequadas à desgraça para que empurrou as contas públicas nos últimos anos, o PS lá vai levando a campanha sem justificar a desgraça nem se atrasar nas sondagens. De norte a sul, os socialistas repetem querer discutir os verdadeiros problemas do país. Na prática, porém, limitam-se a divulgar os estados de alma do eng. Sócrates.

O truque não é inédito, e começo a achar que talvez não seja deliberado. Quando o eng. Sócrates afirma que criticar o seu desempenho equivale a insultar dez milhões de portugueses, é possível que misture sincera e genuinamente ambas as instâncias. Quando o eng. Sócrates reduz uma eleição decisiva para o futuro desses dez milhões de portugueses a uma exibição de sentimentos íntimos, é possível estar mesmo convencido de que tais sentimentos possuem uma dimensão partilhável por todos. O Estado é ele? Aparentemente, ele e um séquito de fiéis assim o julgam, e o empenho dos media em conferir estatuto de notícia (e, às vezes, de manchete) a cada angústia do eng. Sócrates ajuda a manter a ilusão.

Em qualquer democracia, há a tendência para o partido no poder se confundir com a população em peso. Não me lembro de outro caso democrático em que se confunda a população em peso com um único homem. É quase como se Portugal andasse bem desde que o eng. Sócrates ande bem, um exagero e, ao que se tem visto, um brutal equívoco: a relação é exactamente a inversa. Entretanto, as propostas, dúvidas e críticas de Passos Coelho caíram no esquecimento dez minutos depois de proferidas, não porque não eram pertinentes, mas porque insistir nelas perturbaria o eng. Sócrates, logo o país, logo a harmonia do cosmos. Deus nos livre, se no curioso mundo do eng. Sócrates Deus não for uma redundância …

ALBERTO GONÇALVES no DN

..

sexta-feira, maio 27, 2011

Com "justa causa"











O Fundo Monetário Internacional (FMI) já entregou na terça-feira a primeira tranche de ajuda financeira a Portugal.
"A primeira tranche do empréstimo foi desembolsada no dia 24", disse fonte oficial do Fundo Monetário Internacional (FMI). O valor da mesma tranche, adiantou, é o que a instituição tinha dito que iria entregar de forma imediata: 6,1 mil milhões de dólares.
Vem mesmo a calhar. Deve chegar para pagar a indemnização pelo despedimento de Sócrates no dia 5 de Junho, apesar de haver uma claríssima "justa causa".
.

quarta-feira, maio 25, 2011

Contos do vigário




Em 2009, Sócrates foi reeleito prometendo mundos e fundos, como se a crise internacional não existisse e o país não estivesse sobre-endividado. As consequências dessa vitória são as que se sabe.
Agora em 2011 o truque é outro. Sócrates faz campanha como se estivesse na oposição e critica as medidas do acordo com a Troika como se não as tivesse, ele próprio, negociado e assinado. As consequências impopulares do acordo com a Troika, que ele assinou, são atribuídas aos partidos com quem disputa o eleitorado.
Ele ataca, qual paladino do estado social, a alteração da "justa causa" (que acertou com a Troika), as novas regras para o "mercado laboral" (com que concordou por escrito), a redução das despesas com a saúde e a educação (que formalmente assinou) e a redução significativa da TSU (com que se comprometeu).
Isto não é um "conto do vigário"?

.

terça-feira, maio 24, 2011

A super-produção

.







A política, à maneira de Sócrates, tornou-se uma super-produção com milhares de figurantes exóticos (por serem mais baratos?) para encher os comícios.

.

segunda-feira, maio 23, 2011

Cuidado com os demagogos

.



Mais importante do que salvar o "estado social" é salvar Portugal, mesmo porque o primeiro não existe sem o segundo.
Quem omitir isto na campanha eleitoral está a praticar a mais mistificadora das demagogias.

.

domingo, maio 22, 2011

Esperemos que seja a última

.



Sócrates percorre o país, frenético, e em cada freguesia repete, dia após dia, que o PSD fez e aconteceu e quer fazer isto e mais aquilo.
Já nem esboça uma promessa nem pinta um quadro colorido do futuro; limita-se a repetir que devemos votar nele por exclusão das partes catastróficas por ser ele a menor das catástrofes.
Esta destruição de toda a esperança alternativa, este viciado circulo vicioso, é uma das piores maldades que já fez aos portugueses. Esperemos que seja a última.

.

sábado, maio 21, 2011

Mais uma sondagem

.








.

quarta-feira, maio 18, 2011

Aliança forçada

.



.

domingo, maio 15, 2011

O povo é que vai cortar a pizza


O problema fulcral depois de 5 de Junho é: que governo vamos ter? Esta é a preocupação principal de quem tenta determinar o seu sentido de voto.
Parece um problema complexo mas, se pensarmos friamente, não é tanto assim.
Vejamos.
O PSD e o CDS recusam formar governo com o PS por considerar que quem criou o problema (da bancarrota) não pode ser parte da solução.
O PS diz que aceitaria formar governo com qualquer partido mas as suas apreciações sobre os programas e, principalmente, as intenções do PSD e CDS demonstram que as considera um atentado terrorista ao estado social. Assim sendo, conclui-se que seria contranatura, e inviável, qualquer aliança entre os que querem destruir e os que querem salvar o estado social.
Partindo do pressuposto de que o vencedor será um dos dois maiores partidos, PS ou PSD, o governo saído das eleições só pode ser ou uma coligação de direita ou uma coligação de esquerda.
Se o PSD vencer e, com ou sem o CDS, conseguir uma maioria teremos uma solução de direita baseada no programa eleitoral do PSD com alguns ajustes introduzidos pelo CDS.
Se vencer o PS sem maioria absoluta, como tudo leva a crer, só há uma possibilidade: o PS tem que encontrar maneira de criar com os partidos à sua esquerda a maioria parlamentar necessária para governar.
É neste quadro, que me parece claro, que os eleitores terão que fazer as suas escolhas.

.

sexta-feira, maio 13, 2011

Agenda escondida



Louçã revelou a "agenda escondida" do PS" que não consta do programa eleitoral socialista. O ponto citado por Louçã durante o debate televisivo, relativo à Taxa Social Única, é o nº 39 deste documento.


Isto não é um pentelho. O PS tem que ser obrigado a explicar o significado deste documento, quem o produziu e com que finalidade. Este caso permite a qualquer cidadão sério perceber o cinismo da campanha do PS contra o aumento da TSU, perceber que este PS de Sócrates não hesita em mentir e manipular para se manter no poder. 
A desfaçatez com que Sócrates reagiu à acusação de Louçã, perante documentos claríssimos, é simplesmente aterradora.


As explicações posteriores do PS não têm pés nem cabeça. Por exemplo o ponto 39 deste texto é muito diferente do texto correspondente no memorando da Troika. Quando o ministro da presidência, Pedro Silva Pereira, diz que o que Louçã leu era apenas o texto do memorando está obviamente a mentir. 
Na minha modesta opinião este texto contém compromissos que o PS não quis que fossem explicitos no memorando oficial da Troika, compromissos garantidos por esta espécie de "side letter". Tal como nos negócios, este tipo de "side letter" destina-se a ocultar uma parte dos acordos tornados públicos e só será invocado pelos credores se o compromisso não tiver cumprimento. 


O assunto parece estar a morrer. Talvez porque ao PSD também não lhe interessa explorar isto. Tudo leva a crer que o PSD pactuou com a ocultação deste texto mais detalhado na medida em que, apesar de oculto, era para vigorar.


A exploração deste tema pelo PS nas últimas semanas deveu-se a movimentos contraditórios dos dois principais partidos. Enquanto o PS omitiu esta questão no seu programa pois só queria apresentá-la após uma hipotética vitória eleitoral, o PSD resolveu fazer uma bandeira do corte da TSU para provar que tem uma estratégia para relançar a economia.


.

quarta-feira, maio 11, 2011

TSU - Tábua de Salvação Urgente

.



No seu desespero para distrair os portugueses antes da votação de 5 de Junho, para que não se lembrem do descalabro a que a sua governação conduziu o país, o PS deita mão a tudo o que pode. O PSD, ao atrever-se a fazer um programa que contém propostas concretas, forneceu material abundante a um PS que teve a "prudência" de rechear o seu próprio programa com redondas generalidades.
O caso mais recente é o abaixamento da TSU - Taxa Social Única, a contribuição do patronato para a Segurança Social, que o PS tenta desesperadamente transformar numa TSU - Tábua de Salvação Urgente.
O PS atirou-se como gato a bofe à proposta do PSD apesar do abaixamento da TSU estar previsto no compromisso com a Troika que o governo negociou e assinou. Ou seja, o PS sabe que vai ter que proceder a um abaixamento da TSU, por imposição da Troika, mas omitiu isso no seu programa e usa isso como arma de arremesso contra o seu principal adversário.
Para o efeito insinua a ideia de que a Segurança Social será descapitalizada, e que faltará dinheiro para as pensões de reforma no futuro, o que só seria verdade se medidas compensatórias não fossem adoptadas.
Mas esta preocupação com a Segurança Social é totalmente postiça, vinda de quem não teve pejo em tentar salvar, sem sucesso, o défice público de 2010 à custa do Fundo de Pensões da PT, apesar de tal manobra atirar para as costas dos pensionistas futuros um enorme risco.
E o que dizer do facto de o Fundo de Capitalização da Segurança Social, criado para garantir o pagamento das pensões em caso de eventuais dificuldades do erário público, estar a abarrotar de títulos da dívida portuguesa, subvertendo dessa forma o fim para que foi criado?
Em suma, para o PS o abaixamento da TSU é apenas um pretexto, uma manobra de diversão.

Se em vez de esconder que vai ter que baixar a TSU tivesse decidido fazer disso uma bandeira eleitoral, o seu departamento de marketing teria escrito no programa eleitoral do PS:

3.2.1 Grande salto de competitividade
O PS compromete-se a baixar a Taxa Social Única paga pelas empresas, a partir de 2012, em 4 pontos percentuais.
Os efeitos desta importante medida serão enormes. As exportações aumentarão o seu ritmo de crescimento em 10% e estima-se que o reflexo no PIB será de cerca de 1% se considerarmos o sector exportador e todos os sectores a montante.
A contribuição patronal passará a ser inferior a 20% o que provocará um desbloqueamento das contratações que se estima criará cerca de 120.000 novos postos de trabalho.
A todos aqueles que temem a descapitalização da Segurança Social em consequência desta medida podemos assegurar que tal não acontecerá pois o Governo procederá à compensação necessária. Essa compensação será feita com a maior facilidade recorrendo ao aumento colateral de receitas fiscais, resultantes do crescimento da actividade económica, e à redução das despesas com os subsídios de desemprego que já não terão de ser pagos.
_______________

O PSD tem muito a aprender no capítulo do marketing...

.

sexta-feira, maio 06, 2011

Sondagens

.



O país acordou sobressaltado com o anúncio das sondagens que dão a maioria dos votos ao engenheiro José Sócrates.


Hipótese 1
Trata-se de um cenário apocalíptico.
O partido vencedor das eleições não teria uma maioria clara e seria chefiado por um homem em que os outros partidos não confiam minimamente para fazer alianças.
Mas não são só os partidos que não confiam. Os 64% de portugueses que não estão enfeitiçados por Sócrates também estão fartos de aturar a sua incompetência e desfaçatez. 

Como é que se pode mobilizá-los desta forma para superar a crise?


Hipótese 2
O povo resolveu castigar o Sócrates obrigando-o a governar na próxima legislatura. 
É que o próximo governo constitui um empreendimento sem glória; se falhar é crucificado, se tiver sucesso toda a gente dirá que o mérito foi do FMI.


.

sábado, abril 30, 2011

Segundo as últimas sondagens


Segundo as últimas sondagens

.

Também ele um notável beirão.

.


Também ele um notável beirão.

.

quinta-feira, abril 28, 2011

Soarismo-Cavaquismo ou Eanismo-Sampaismo?

.



A retórica da unidade, antes e depois das eleições, cai bem. À primeira vista parece ser uma panaceia excelente contra o caos da guerra partidária. Até acabou de ser benzida, no 25 de Abril, pelos quatro Presidentes.
Mas uma reflexão mais crítica não deixará de encontrar precipícios nesta paisagem tão idílica.

Nós portugueses aderimos com facilidade a propostas que nos evitem chatices, como por exemplo imputar responsabilidades. Ou seja, separar o trigo do joio. Dá um jeitão ao governo em funções- e até aos presidentes dos últimos trinta anos- este diluir das culpas. Nós podemos meter tudo no mesmo saco antes das eleições mas então há que perguntar: em que é que as pessoas votam? estão a escolher o quê?

A "ajuda externa", o álibi para esta operação casamenteira, não é o nosso principal problema, é apenas o mais urgente. Não nos obriga a fingir que há unanimidade onde ela não existe. Resolve-se assim: os credores dizem o que temos que fazer para nos emprestar dinheiro e cada partido, de acordo com as suas opções, assina ou não assina por abaixo. Não é necessário que se faça qualquer aliança, o que é necessário é convencer os partidos a assinar o acordo se se provar que a obtenção do empréstimo é favorável ou, no mínimo, imprescindível.

O nosso principal problema é como mudar de vida. As eleições devem esclarecer qual o caminho escolhido pelos portugueses para sairmos do atoleiro em que nos encontramos (já que a "ajuda externa" é só a bóia que evita o afogamento no local). Tal esclarecimento não se fará com "uniões de facto" à molhada- entre pessoas e organizações que se detestam- mas através da apresentação clara de propostas por cada partido.

Os portugueses têm que evitar escapismos confortáveis e escolher uma das três grandes opções:
1. continuar com o "socialismo moderno" do actual primeiro-ministro, cuja performance já conhecem
2. preferir experimentar uma abordagem de contornos liberais como a que é proposta pelo PSD e CDS
3. escolher a esquerda "pura e dura" representada pelo PCP e BE.
O ideal era que dessem a maioria absoluta a uma destas opções. Se o não fizerem caberá ao partido mais votado procurar aliados e compromissos para obter maioria parlamentar. Qualquer pessoa percebe que isto é o normal num regime democrático. Não justifica o alarido dos discursos inflamados de convergências.

De tudo o que ficou dito deve concluir-se que a campanha populista de "convergência e unidade", em que os quatro presidentes embarcaram (Sócrates, como não podia deixar de ser, apressou-se a saltar também para o convés), constitui uma mistificação. Conduz o povo para uma ideia fácil mas improdutiva, uma espécie de pântano, em vez de o incentivar a assumir o seu próprio destino através escolhas claras e das inerentes responsabilidades.

.

domingo, abril 24, 2011

Casamentos forçados só nas novelas



Anda uma quantidade de gente importante a dizer que é imprescindível um entendimento entre os maiores partidos para, uma vez suspensa a paranóia clubista, se poder cuidar dos graves problemas do país. A ideia parece fazer sentido e é capaz de ter a concordância da maioria dos cidadãos.
Mas convém não esquecer que o casamento forçado entre dois dirigentes que não se respeitam, nem confiam um no outro, é desastre garantido.
Por isso, quem tiver força e engenho, deve dizer ao PS e ao PSD que substituam os seus líderes por um par que cultive uma relação civilizada de confiança, sem heresias nem tabus, apesar das naturais diferenças de opinião.

..