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sábado, abril 03, 2021

Farto de discursos piedosos


 

sábado, fevereiro 01, 2020

Fora de brincadeiras


Fora de brincadeiras
Será que a Joacine alguma vez visitou o Museu Etnográfico do seu país de origem? Será que tem noção das limitações com que vive? Será que faz ideia da extensão e riqueza insubstituível da "colecção guineense" depositada no MNE, em Lisboa, para não mencionar outros? Será que Joacine percebe que esse património, se os colonialistas não o tivessem trazido, teria já sido destruído numa das várias confrontações politico-militares que infelizmente têm ocorrido no seu país (o que aliás aconteceu com muito do que lá ficou)? A um deputado da nação temos que exigir mais conhecimento de causa e ponderação nas propostas.

(a propósito de uma proposta de devolução de património às ex-colónias feita no parlamento)

sábado, junho 08, 2019

Crónicas de um Tenente





Lançamento das "Crónicas de um Tenente"
Na mesa contei com a presença dos amigos (da esquerda para a direita), Daniel Maymone, Osvaldo Cordeiro, Mário de Carvalho e Fernando Mão de Ferro.





domingo, outubro 21, 2018

Em Vez de Balas


segunda-feira, outubro 01, 2018

Em vez de Balas - no Mocho




Em vez de balas
Fizemos anteontem um convívio à volta das memórias da Guiné, de há 50 anos, na Casa da Cultura de Sacavém.
Foi com enorme prazer que recebemos, com apoio da Câmara de Loures, amigos da Quinta do Mocho e não só.
Como tínhamos previsto houve um diálogo muito rico de culturas e gerações. Nunca esquecerei.
As fotografias publicadas neste post foram feitas pelo Carlos Almeida e pela Sonia Figueiredo, que deram uma ajuda inestimável à concretização deste projecto. O Kally Meru e a Emanuela Kalemba, como sempre, foram incansáveis. 
Quero também agradecer à Elsa Arruda e ao restante pessoal da CMLoures pelo apoio prestado.






quinta-feira, fevereiro 01, 2018

Em vez de balas




Parto para a Guiné no dia 6 de Fevereiro, para percorrer os lugares de há 50 anos e fotografar com a mesma máquina que então usei.

EM VEZ DE BALAS
No dia 1 de Maio de 1968, larguei do Tejo, rumo à Guiné, a bordo da fragata Corte Real. Era então um jovem tenente dos fuzileiros, com 22 anos, recém casado, que interrompera os estudos de Economia na Universidade de Lisboa.

Em Bissau integrei a 6ª Companhia, aquartelada no INAB, junto ao Geba. A nossa missão consistia essencialmente na escolta de combóios de embarcações que levavam abastecimento aos quartéis do Exército.

Subi e desci os principais rios da Guiné comandando, conforme os casos, uma ou duas lanchas de desembarque médias (LDMs). Em ocasiões apoiado por lanchas de fiscalização pequenas (LFPs).

Naveguei no Cacheu até Farim, no Mansoa, no Geba e no Rio Grande de Buba. Liguei por mar a foz desses grandes rios e também fui a Bolama e a Bubaque.
A guerra era uma realidade penosa para quem como eu, jovem militante comunista, se opunha ao domínio colonial e defendia a independência das colónias. Partilhei esse drama pessoal com a minha mulher, Maria Rosa, que trabalhou como professora de História no Liceu Honório Barreto.
A fotografia constituiu para mim um paliativo. Ao fotografar a dignidade do povo guineense, a beleza das suas mulheres, o porte dos seus homens e o encanto das suas crianças, eu tinha a impressão de estar a fazer um gesto de amizade no contexto da guerra. A disparar fotografias em vez de tiros.
É significativo que pouco tenha fotografado da guerra e dos temas militares.
2018 é o cinquentenário da minha chegada a Bissau.
Sinto-me na obrigação de comemorar essa fase tão marcante da minha vida de jovem adulto. Tal como os outros jovens da minha geração aprendi, "no terreno", a grande lição da relatividade da nossa própria cultura.
No dia 6 de Fevereiro parto para a Guiné e percorrer os locais por onde passei, e fotografei, há 50 anos. E voltarei a fotografar lá com a mesma câmara Pentax Spotmatic que então usei.
Está a ser organizada uma exposição das minhas fotografias, feitas em 1968/69, que terá lugar no Centro Cultural Português de Bissau, em 2018. O acervo deverá também ser exposto em Lisboa, no mesmo ano, estando em curso um processo de viabilização no Museu Nacional de Etnologia.
Uma espécie de tributo, pela restituição da memória de uma realidade que em grande medida já não existe.
Fechar-se-á então o ciclo. Como experiência pessoal é uma grande emoção.
Num plano mais geral creio que propiciará reflexões sobre a guerra colonial e sobre a forma como a viam tantos jovens que politicamente a contestavam.

Ver o programa Fotobox aqui:

https://vimeo.com/253468657?ref=fb-share&1




terça-feira, janeiro 02, 2018

LDM



LDM
ao deambular pela margem esquerda do rio Gilão, em Tavira, dei de caras com esta LDM (Lancha de Desembarque Média).
Emocionante. Foi numa coisa destas que eu subi e desci os grandes rios da Guiné, foi numa coisa destas que me brindaram com umas bazookadas (que por sorte falharam o alvo).
Noites inteiras a ouvir ronronar o seu motor, sem acender sequer um isqueiro, atentos aos baixios de lodo e à muitas curvas da água.
50 anos saltados num instante.
Disseram-me depois que esta LDM pertence à edilidade que a usa para transportar contentores de lixo.
Foi o anti-climax.

terça-feira, maio 05, 2015

ÀFRICA


Ver a página do Kai Krause
http://kai.subblue.com/en/africa.html

sexta-feira, março 28, 2014

GANTURÉ



GANTURÉ
Chegaram a Ganturé quase à noite. Horas e horas nos meandros do Cacheu a ver o mangal passar e a ouvir o ronronar do motor da lancha.
O mangal, a que por lá se chamava tarrafo, com as suas raizes merguladas nas àguas baixas, interrompia-se de quando em quando em aberturas de clareira. Era nessas alturas que um dos rapazes saltava para o banco da Oerlikon e ficava de atalaia, a prometer projécteis de vinte milímetros.
O tenente tinha dito que não se fazia fogo preventivo, apenas se responderia em caso de ataque.
O rapazola, imberbe, sentado no banco da peça limitava-se a rodar sobre o eixo, de mãos aperreadas nos punhos do gatilho, como se andasse num carrocel lá da terra dele.
Depois o tarrafo aparecia de novo e tudo regressava à sonolência pesada da época das chuvas.
A atracagem em Ganturé foi feita pelo cabo, um barbas mais batido, sob o olhar aprovador do tenente. Era preciso aproximar a lancha do pontão ao arrepio das correntes fortíssimas que a maré trazia até ali, a cem quilómetros da costa. Tal era a chateza do país.
Passadas as amarras para terra, com ajuda dos grumetes que estacionavam naquela base de fuzileiros, tisnados e cravejados pela mosquitada, houve uns abraços entre conhecidos e o desembarque das grades de cerveja e das munições.
Entretanto escurecera e ligou-se o petromax, mesmo sabendo que a luz atraía a bicheza voadora.
O tipo que nesse dia estava escalado para o tacho apareceu com o tabuleiro cheio de bacalhau à Gomes Sá.
À volta da mesa, sob o toldo da popa, sentaram-se todos. Sete homens, incluindo o tenente, que picavam no enorme tabuleiro e faziam circular o garrafão de tinto de onde todos emborcaram.
Estavam de costas para o rio que, naquele ponto não teria mais de duzentos metros de largura. A outra margem era apenas negrume.
De súbito rebentam disparos cadenciados de metralhadora. Não parecia o ritmo de rajada ligeira mas sim a fala da metralhadora pesada dos turras.
Toda a gente saltou da mesa e extinguiram a luz num ápice, para deixarem de ser como patos numa esparrela.
Enquanto os disparos ecoavam na noite toda a gente a bordo se concentrava, aos gritos, em desatracar e virar a lancha para a outra margem. Embicada a terra, como estava, era impossível disparar a Oerlikon.
Muito fumo, muito ronco de motor acelerado de rompante, um tabuleiro de bacalhau desvirado, e lá tínham a lancha em posição de disparar. Foi nessa altura que o fogo do inimigo se calou.
Ficou toda a gente perplexa pois, sem os tiros e sem a chama que eles produzem, eram impossível saber em que direcção responder.
O tenente mandou avançar mais para o meio do rio e colocou-se muito esticado, na proa, a ver se lobrigava alguma coisa. Ligaram o holofote da cabine e então apareceu a barcaça Bolama que fundeara por ali, em completa ocultação de luzes. Reinava agitação a bordo.
O tenente, com dois marinheiros, meteu-se no bote de borracha e fez uma abordagem.
Aos gritos explicaram que um cabo do exército, já bebido, tinha caído ao rio em plena noite. Fora então que o Zé Calmeirão, aquele grumete que sofria de ataques de pânico, para dar o alarme, tinha desatado a disparar a G3 para o ar e provocara todo o alarido.
Tinham saltado três tipos em cima do Zé, antes que ele se atirasse também para a água. E só a muito custo dominaram aquela besta de um metro e noventa e lhe tiraram a espingarda das mãos.
Estava tudo explicado, não havia ataque nenhum dos turras. Era preciso era procurar o cabo João que o Cacheu engolira.
Os tipos da base de fuzileiros, que ficava a trezentos metros, também tinham sido alertados pelo tiroteio. Rápidamente puseram os botes na água e apesar da escuridão iniciaram as buscas. Primeiro à volta da Bolama e depois em círculos cada vez mais largos.
Margens, pequenos afluentes, emaranhados do tarrafo e lodaçais, tudo foi esquadrinhado. O cabo João não aparecia.
Horas, para cá e para lá. Olhos cansados de insónia e de falta de luz.
Começaram alguns a dizer que os crocodilos já deviam ter feito desaparecer o João. Outros diziam que a corrente de mais de dez nós devia tê-lo levado vários quilómetros para juzante, sabe-se lá para onde. Também havia quem dissesse que o emaranhado impenetrável das raízes do tarrafo seria, para sempre, a sepultura inescapável do João.
Entratanto fizera-se dia.
A lancha tinha por missão continuar a subir o rio até Farim, escoltando o grupo de barcaças a que pertencia a Bolama.
O tenente agarrou-se ao transmissor e, por entre ruídos roufenhos, informou Bissau do desaparecimento do cabo do exército e pediu instruções ao Estado Maior. Em tempo de guerra não se brinca.
Mandaram avançar como planeado.
Foi dada ordem para desatracar a quem estava atracado e para levantar ferro a quem estava fundeado. Era preciso ordenar a coluna para a largada.
Na barcaça Bolama os homens esfalfavam-se na manivela do guincho, onde enrolavam a corrente da âncora. Iça o ferro, gritavam à uma.
Foi então que viram aparecer o cabo João, desesperadamente agarrado aos elos da corrente.
Passara a noite, morto, a dois metros de profundidade resistindo à força das águas.
Foi muito difícil soltar-lhe os dedos.

sexta-feira, janeiro 03, 2014

Instantâneo na Guiné




Instantâneo na Guiné 
Ao fim de 45 anos estas duas fotografias reencontraram-se ontem.
O meu amigo, e camarada fuzileiro, José Carlos Alves Almeida foi desencantar a de cima, em que eu apareço a fotografar com a minha Pentax Spotmatic, acabadinha de comprar em Bissau (1968).
A outra, é a que resultou do meu disparo. Pelo ângulo eu suponho que devo ter dado alguns passos para a minha esquerda e devo ter-me baixado um pouco antes de disparar.
Tanto quanto me lembro os jovens fotografados eram lutadores itinerantes.

quinta-feira, novembro 17, 2011

sábado, julho 02, 2011

"Rencontres de Bamako 2009"

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Mãe e filha, da série Generation, de Arwa Abouon


Na Fundação Calouste Gulbenkian está uma exposição, imperdível, composta por fotografias dos "Rencontres de Bamako 2009". Apresenta uma multiplicidade de artistas africanos que, com a expontaneidade do seu olhar, nos revelam um continente impressionante. 

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quarta-feira, março 30, 2011

Boavista




A ilha caboverdiana da Boavista, onde estive recentemente, manteve-se bastante isolada até à abertura do aeroporto internacional. Nestes últimos anos o turismo tem-se desenvolvido bastante com a instalação de "resorts" espanhóis e italianos junto das praias.

O interior norte, onde a agricultura persiste, padece da emigração massiva que desertificou os seus povoados. Só renascem quando os seus vêm do estrangeiro para estar com a família e viver as festas do seu padroeiro S. João.  

Se quer ver imagens recolhidas por mim nesta bela ilha clique AQUI.

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quinta-feira, setembro 02, 2010

Novas tecnologias e formas de luta.

A manhã está a ser violenta nos arredores de Maputo. A polícia foi alvo de apedrejamentos e disparou para dispersar a população que foi para a rua protestar contra o aumento do custo de vida. Há pneus a arder em alguns bairros e muitas entradas na capital moçambicana estão bloqueadas. Milhares de pessoas estão nas ruas onde não há transportes a circular. Não havia nenhuma greve planeada, mas circulou através de telemóveis e na internet o apelo a um protesto contra o agravamento dos preços agendados para hoje.
(dos jornais)

A situação é banal.
"O custo de vida aumenta o povo não aguenta", lembram-se? 
O que constitui uma novidade é a inesperada influência das novas tecnologias nesta revolta.

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quarta-feira, agosto 25, 2010

Hereros

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A exposição "HEREROS", do fotógrafo brasileiro Sérgio Guerra, é uma realização notável a não perder.
Na Perve Galeria, em Alfama (R. das Escolas Gerais 17-23), podemos ver uma tocante e belíssima revelação desta etnia que habita o Namibe (Angola, Namíbia e Botswana).
Os Herero subdividem-se em vários grupos - mukubais, muhimbas, muhacaonas e muchavícuas. Em 1904, 80% foram massacrados pelas tropas alemãs do general Lothar Von Trotha, na Namíbia. Actualmente são 240.000.
A exposição dura só até 18 de Setembro. 

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sábado, junho 26, 2010

Sinais de esperança



Mesmo com as crises alimentar e económica, que provocou sérios danos no emprego, o mundo está a avançar na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Mas esse progresso é lento e para que as metas sejam alcançadas até 2015 os países devem acentuar os seus esforços, indica um relatório das Nações Unidas.
O documento, divulgado esta semana, em vésperas das cimeiras do G8 e do G20, que reúnem as principais economias do planeta este fim-de-semana em Toronto, no Canadá, indica que a pobreza extrema diminuiu, o combate a doenças como o HIV/sida e a malária tem dado frutos, o acesso a água potável aumentou e há avanços na escolarização básica, designadamente em África.
Só que noutras áreas críticas, como a saúde materna, a mortalidade infantil e o acesso a saneamento básico, é preciso percorrer um longo caminho para manter a esperança de alcançar os ODM - fixados há dez anos com a intenção de lutar contra a pobreza extrema e reduzir as suas consequências em domínios como a fome, a saúde e a educação.
"A pobreza extrema caiu de 46 por cento em 1990 para 27 por cento, e deve baixar para 15 por cento em 2015, em grande parte devido aos avanços na China, Ásia do Sul e Sudeste da Ásia", referem as Nações Unidas. Os 15 por cento desejados significariam, ainda assim, que 920 milhões de pessoas estariam nessa altura a viver abaixo do limiar de pobreza fixado em 1,25 dólares por dia (à volta de um euro). Apesar da evolução, o relatório reconhece que a fome e a má nutrição estão a crescer em regiões como a Ásia do Sul e que persiste o fosso entre ricos e pobres e comunidades urbanas e rurais que torna o mundo desigual.
 
Público, 26.06.2010
 
No meio de todas as dúvidas e perplexidades do momento presente, em especial na Europa, é bom saber que a nível global há uma evolução positiva da humanidade. Talvez não devamos estar tão centrados só em nós mesmos e nos nossos problemas.

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terça-feira, fevereiro 02, 2010

Invictus

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Uma grande lição do mestre Clint Eastwood. Desta vez não foi preciso inventar um grande homem pois ele já existia e chama-se Mandela (maravilhosamente replicado por Morgan Freeman).
Quem não se comover várias vezes durante este filme deverá estar socialmente morto.

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sexta-feira, janeiro 01, 2010

terça-feira, março 31, 2009

Núbios

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A minoria núbia do Egipto viu as suas terras invadidas pelas águas quando foi construída a grande barragem em Assuão. Os que não partiram e se misturaram vivem actualmente em meia-dúzia de aldeias construídas para o efeito.
Visitei recentemente uma delas e pude constatar que, pelo menos aparentemente, a sua vida agora depende quase totalmente da venda de produtos aos turistas.

Apesar da beleza dos rostos e dos trajes, da alegria das cores, há muita artificialidade nas suas vidas. Ou então sou eu que estou equivocado.

domingo, fevereiro 15, 2009

Internet chega antes de eletricidade à cidade africana

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A sinuosa estrada que vem da capital Nairóbi avança por 160 km antes de chegar a Entasopia, uma cidade no território dos masai, no Quênia. O asfalto é substituído por areia e terra, e por fim se torna apenas uma trilha de terra que ascende pelas colinas de relevo acentuado e volta a mergulhar na direção do deserto. É uma viagem lenta.

A cidade de quatro mil habitantes fica no final da estrada e além do alcance das linhas de energia. Não tem banco ou agência de correios, os carros são poucos e a infra-estrutura é precária. Os jornais chegam em fardos, a cada três ou quatro semanas. De noite, a maioria das pessoas acende lâmpadas de querosene e velas em suas casas, ou fogueiras em seus barracões, e dorme cedo, excetuados os agricultores que protegem as safras contra elefantes e búfalos.

Entasopia é o último lugar do planeta em que um viajante esperaria encontrar uma conexão de internet. Mas foi aqui, em novembro, que três jovens engenheiros da Universidade do Michigan em Ann Arbor, com apoio financeiro do Google, instalaram uma pequena antena de satélite acionada por um painel solar, a fim de conectar o punhado de computadores do centro comunitário local ao resto do mundo.

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Uma excelente nova abordagem, fazer chegar informação antes da energia. Quando a energia chegar as pessoas estarão mais preparadas para tirar partido dela.

Tem também a vantagem de exigir muito menor investimento.

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