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domingo, outubro 31, 2010

O novo petróleo?

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O fato de esse incidente opor China e Japão é muito eloquente, por um lado, por causa das relações execráveis entre os dois gigantes econômicos, por outro lado, e principalmente, porque essas terras raras pontuam as relações comerciais Japão-China.
Para compreender a questão, é preciso saber o que são terras raras.
São minerais não ferrosos que incluem 17 variedades de elementos químicos. Sua lista se assemelha a um poema surrealista: lantânio, neodímio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio e lutécio.
Para que servem? Para a alta tecnologia - por exemplo, a dos ímãs que transformam a energia elétrica em energia mecânica. Encontramos essas terras raras em todos os produtos high tech, celulares, trens-bala, iPods, fibras óticas, painéis solares, etc.
É aqui que encontramos de novo o Japão e a China. De fato, o campeão desses produtos de alta tecnologia é o Japão que, não dispondo de recursos naturais, baseia sua economia nas indústrias de ponta. Ao contrário, os chineses, que não dominam a alta tecnologia, são os maiores produtores de terras raras. Os dois países se complementam.
Portanto, se a China quiser pressionar o Japão, bastará que limite suas entregas de terras raras, como a Rússia, quando a Ucrânia faz má-criações, fecha seus gasodutos ou oleodutos.
Manobras. Isso significa que a China possui todas as terras raras do planeta? Não, ela sabe manobrar. Em 1992, o líder chinês Deng Xiao Ping quis que lhe explicassem a história das terras raras. Deng tinha 87 anos, mas tinha um espírito muito vivo, e concluiu: "O Oriente Médio tem óleo. A China terá as terras raras". Desde então, a China produz terras raras a preços imbatíveis. Ela conseguiu asfixiar a concorrência, de modo que outros países abandonaram a exploração de terras raras, a ponto de hoje Pequim ter praticamente o monopólio.
Estadão.com.br, 30.10.2010

A China concentra 97% da produção mundial dos metais de terras raras segundo a Associated Press.


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quinta-feira, outubro 07, 2010

Afinal sempre há almoços grátis

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Tóquio, 5 out (EFE).- O Banco do Japão (BOJ) baixou nesta terça os juros virtualmente para zero, em um movimento inesperado e sem data para finalização que tenta escorar a recuperação econômica e resistir a persistente deflação japonesa.
Após a reunião mensal de dois dias, a entidade emissora decidiu por unanimidade baixar o preço do dinheiro a uma categoria entre zero e 0,1%, retornando a política de juros zero utilizada pela última vez entre 2001 e 2006.
A política de juros em zero tenta facilitar, até o extremo de oferecer "dinheiro de graça", que as entidades financeiras tomem emprestado e coloquem dinheiro em circulação na economia, um convite ao gasto e, portanto, a inflação.

Trata-se portanto de voltar ao tradicional "gaste agora o que talvez venha a ganhar no futuro".
Ainda há quem não tenha percebido que o endividamento é a tábua de salvação, inescapável, do capitalismo actual. A oferta de mercadorias da era das réplicas digitais, que é a nossa, é brutalmente superior à procura.
Isso obriga a uma fuga para a frente que não pode ter fim.
A "dívidas soberanas", tal como as plebeias, não são aberrações do sistema. São a sua normalidade.
Já falei sobre esta questão em 2003, num livro sobre o Digitalismo.

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sábado, outubro 11, 2008

A luz ao fundo do tunel ?...

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"O governo dos Estados Unidos trabalha "estreitamente" com China e Japão, dois dos principais proprietários de seus bônus do Tesouro, em meio à crise financeira, declarou nesta sexta-feira o secretário desse órgão americano, Henry Paulson.
"Estamos em coordenação e comunicação estreita com Japão e China e outros investidores no mundo", disse Paulson em entrevista coletiva.
Paulson falou com a imprensa depois que os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-7 anunciaram um plano de ação para enfrentar a crise financeira mundial, após uma reunião em Washington.
A China possui pelo 1,8 trilhão de dólares em reservas estrangeiras, as maiores do mundo, enquanto que o Japão tem quase 1 trilhão de dólares em reservas.
Os japoneses são os principais compradores de bônus do Tesouro americano, com 578,7 bilhões de dólares em julho, à frente dos chineses (518,7 bilhões de dólares).
"
GLOBO.com, 10.10.2008

Tenho a impressão de que finalmente estão a ser consultados e envolvidos aqueles que têm condições e meios para ajudar a controlar o caos. Mas demorou...

quinta-feira, setembro 22, 2005

Imagens do Japão

Clique na foto para ver as fotografias feitas pela Joana Lopes no Japão.

sábado, agosto 06, 2005

Hiroshima, 6 de Agosto de 1945, 8:15 A.M.




Museu de Hiroshima

sábado, julho 09, 2005

Atribulações de um "posterior" no Japão II


Em vez de escrever um comentário ao "post" que o Fernando publicou ontem sobre este assunto, penso que é mais esclarecedor difundir estas instruções detalhadas.

Em todo o caso, e em relação às dúvidas do Fernando quanto às diferenças enter "shower" e "bidet", devo dizer que também as tive: a distinção entre "to rinse" e "to spray" nem sempre era muito nítida na prática!...

sexta-feira, julho 08, 2005

Atribulações de um "posterior" no Japão

No seu post "E o Japão ali tão longe" a Joana fazia uma declaração que desencadeou a nossa curiosidade: "Por decoro, não descrevo todas as funcionalidades de que dispõe uma simples sanita".

Como não consideramos este assunto inferior, e não gostamos de atirar dúvidas para trás das costas, lá conseguimos aliviar o decoro da Joana e convencê-la a facultar-nos a documentação que segue:

I





II




III




Desafiamos agora a Joana, através dos comentários que entender necessários, a precaver os potenciais turistas contra os percalços que as instruções auguram.

Por exemplo eu tenho alguma dificuldade em diferençar o "shower" do "bidet" o que pode ter efeitos nefastos no "posterior"...

segunda-feira, junho 27, 2005

E o Japão ali tão longe



Regressei há poucos dias de uma viagem ao Japão. Globalmente não tive grandes surpresas, mas algumas realidades ultrapassaram o que esperava.

Claro que previa tecnologia por toda a parte, os complicados viadutos de Tóquio, as multidões despejadas para o Metro quando os escritórios se encerram, o combóio “Bala”, os museus de Hiroshima, os templos e os jardins. Mas não imaginava que ia encontrar uma sociedade tão organizada e tão cívica, ao pé da qual alemães e escandinavos parecem latinos desordeiros.
Apesar das permanentes multidões, não há papéis nem beatas no chão (e há muitos japoneses fumadores), as casas de banho dos locais públicos estão tão limpas como nos hotéis de cinco estrelas, não é pensável que um combóio se atrase um minuto e que cada carruagem não pare exactamente onde o seu número é indicado no cais (e onde os futuros passageiros esperam, ordeiramente e em fila).
Todas as ruas dos centros das cidades e os locais públicos têm uma espécie de calhas no meio das áreas destinadas a peões, onde os cegos se deslocam. Quando a calha termina ou há um cruzamento, o relevo é diferente para que o utilizador, ao detectá-lo, se possa orientar. São milhares de quilómetros de listas amarelas que nos ficam na memória.
Quanto a recolha e reciclagem de lixo, cheguei a contar doze tipos diferentes de contentores lado a lado.
Por decoro, não descrevo todas as funcionalidades de que dispõe uma simples sanita.

Noutro registo e com todas as limitações de uma visão de simples turista, impressiona, evidentemente, o elevado nível de vida e o que se vai ouvindo e lendo. É verdade que os japoneses dizem estar apenas a sair de um longo período de recessão, que acabaram os empregos para a vida inteira e chegaram o trabalho precário e os contratos a prazo.
Importam 60% do que comem porque é mais barato do que produzir. Criam poucas vacas, mas as que por lá crescem são massageadas e bebem cerveja para a carne ficar mais tenra – o que se sente, no prato e na carteira, quando se tem a sorte de encontrar um bife.
Com a idiossincrasia do medo da invasão dos produtos chineses, era inevitável procurar saber o que se passa num país com preços tão astronomicamente altos e geograficamente tão próximo da China. Sim, há lojas chinesas com produtos mais baratos, mas isso não parece ter importância. O que é essencial é que a China continue a crescer e consistentemente – é que o Japão exporta tanto para aquele país e investe tanto em empresas chinesas que seria um desastre se se desse qualquer tipo de “crash”.

Outra coisa que impressiona é que o Japão parece um país fechado sobre si próprio. Se estamos habituados, há muitos anos, aos turistas japoneses no ocidente, o que é verdade é que há 123 milhões a alimentarem sobretudo um turismo interno muito forte. E vêem-se tão poucos ocidentais que não é raro cumprimentarem-se quando se cruzam na rua. Na Expo Universal de Aichi, onde passei um dia, não vi um único não oriental fora dos respectivos pavilhões. (A propósito da Expo, não vale mesmo a pena a deslocação. Parece que alguns pavilhões temáticos são bons, mas as filas de espera são de várias horas. Quanto aos outros, formam um conjunto que nem sequer é bonito e já nem constituem grande novidade. Mas há uns melhores que outros e deve ser difícil encontrar algum pior que o de Portugal. O mínimo que se pode dizer é que é soturno - não encontro palavra adequada mais meiga para o caracterizar.)
É difícil o turista encontrar fora dos hotéis quem fale razoavelmente inglês, o que não é de estranhar porque há poucos estrangeiros. Levantar dinheiro em ATM’s que aceitem cartões internacionais também é uma odisseia porque são raros. Comprar bilhetes para o Metro em máquinas com instruções em japonês é uma experiência a não perder – o que vale é que há sempre um simpático nipónico por perto que, com gestos e vénias, lá vai explicando o que é preciso fazer.

Dito isto, gostei do Japão? Gostei muito de lá ter ido.
O campo é muito bonito, mas achei as cidades feiosas (Xangai dá cartas a Tóquio e de que maneira!), as pessoas feíssimas (porque será que tantas têm as pernas tão tortas, como se tivessem vivido sempre a cavalo?), a comida intragável.
Gostei dos japoneses? Não deu para os entender. São extremamente delicados mas adivinha-se que podem tornar-se facilmente violentos, pragmáticos mas altamente supersticiosos, aparentemente ocidentalizados mas com raízes profundamente diferentes.

Nos últimos anos, faz-me sempre impressão olhar para a Europa vista de fora.
Foi a partir de Tóquio que segui a cimeira do Conselho Europeu em Bruxelas.
Assim não vamos para parte nenhuma. E há outros que vão indo – aparentemente, para onde querem.