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segunda-feira, dezembro 28, 2009

ÁGORA

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Texto de Maria Rosa Redondo



O filme “ÁGORA” de Alejandro Amenábal está a passar pelas nossas salas de cinema quase despercebido dos críticos e opinantes. E no entanto, o ineditismo do seu ponto de vista sobre as questões que nos coloca, dá-nos a oportunidade de reflectir sobre o nosso passado histórico, a nossa sociedade actual, e a nossa cultura.
A trama dramática é muito simples: no século IV, em pleno estertor do Império Romano, na cidade de Alexandria, uma mulher é bárbaramente chacinada por se recusar a renegar os seus principios filosóficos e religiosos.
Fosse ela uma cristã, Hipátia de Alexandria seria hoje mártir venerada e a história seria apenas mais uma das mil do género “os cristãos lançados aos leões”.
Mas Hipátia era uma filósofa, no sentido grego do termo; ou seja, uma estudiosa que se interrogava sobre o universo, autora de importantes estudos matemáticos, continuadora da teoria heliocêntrica de Aristarco, professora no Serapeum.
E os cristãos que a mataram já não eram os humildes, misericordiosos e perseguidos. Em 313 pelo Édito de Milão o Império reconhecera ao cristianismo o direito de existir e de se organizar. Na última década do Sec. IV, envolvidas em ferozes lutas internas pelo domínio da nova instituição religiosa, as várias facções cristãs, cada uma se considerando herdeira da verdade e classificando as outras como heréticas, esmeraram-se na perseguição de tudo o que cheirasse a judaísmo, a paganismo, e em especial à filosofia e ao livre pensamento.
Em 391, a pedido do patriarca de Alexandria, o imperador cristão Teodósio autoriza a destruição de todas as instituições não cristãs do Egipto: templos, sinagogas e evidentemente a Biblioteca de Alexandria.
Pouco tempo depois, Hipátia era desmembrada e queimada na igreja erguida dentro das ruinas do Serapeum.
No mundo dominado pelo cristianismo, nada mais seria produzido no domínio da matemática durante mil anos; e por cerca de 12 séculos não haverá qualquer registo de uma mulher matemática.
Muitas vezes, a propósito dos fanatismos e do seu ódio à cultura, se fala da destruição da Biblioteca de Alexandria pelos muçulmanos no sec VII. Nunca se fala da destruição levada a cabo pelos “pais fundadores” da cultura cristã ocidental. Diga-se em abono da verdade que nos compêndios egípcios de História é a que se atribui ao Califa Omar que é ignorada....
A História mostra-nos que o Homem tem aprendido pouco. Muitas vezes os perseguidos de ontem se tornam os opressores de hoje. Sempre em nome de uma verdade única e inquestionável de que eles são os detentores e cujo desrespeito deve ser pago com a vida,
O fanatismo conduz à morte não só dos homens, mas da sabedoria.
É isso que este filme nos vem lembrar.
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terça-feira, novembro 17, 2009

2012

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"2012 Bem nos tinham avisado" é um filme cheio de enfeites especiais sobre uma profecia catastrófica da Abelha Maia. Era uma vez um Sol que, sem mais nem menos, se transformou num micro-ondas.

Podemos ver Obama anunciar o Apocalipse aos americanos pouco antes de levar com um porta-aviões no toutiço à porta da Casa Branca.

O que resta da humanidade inscreve-se então num cruzeiro ao cume do Himalaia em paquetes comprados na loja do chinês.
Já depois de embarcar descobrem que afinal o cruzeiro é a arca de Noé e rumam todos a África sem perceber porque é que salvaram as girafas.

Imperdível. Ao ver o "2012" percebemos toda a mesquinhez da "Face Oculta".

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segunda-feira, agosto 17, 2009

Inimigos públicos

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Os "Inimigos públicos" são aqueles que não se adaptam ao sistema, os que falham na industrialização do crime e insistem no artesanato e na improvisação. Os que se tornam um impecilho para o verdadeiro crime e para as suas tecnologias.

Johnny Depp é um John Dillinger soberbo, ao mesmo tempo frio e sonhador, para quem viver é apenas adiar a morte desafiada. "Public Enemies" é um excelente filme de Michael Mann.
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quarta-feira, julho 08, 2009

A Audição

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Este filme expõe o mundo do espectáculo, os seus vícios e luxos. Fala-nos de Filipe, um reconhecido actor de teatro, que ao longo da sua carreira nunca olhou a meios para atingir objectivos. Realizado por Francisco Campos e Henrique Bagulho.
Estreia do filme no próximo dia 22 de Julho às 21h30 no Cinema São Jorge. Entrada Gratuita.
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quarta-feira, abril 01, 2009

O mundo antes da vitimização

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"Tudo isto me veio à cabeça quando fui ver esse filme bem escrito e inteligente que é “Gran Torino”, de Clint Eastwood (e a América de Eastwood dava um livro). O filme não é sobre violência urbana nem tolerância nem racismo nem nenhum dos temas modernaços. O filme é sobre os anos 50 e o que deles sobra. Sobre um modelo de sociedade em que a pessoas eram responsáveis por si e não dependiam dos outros nem do Estado. Em que não precisavam de ser salvas e conviviam com os seus erros e fracassos sem desculpas. A vitimologia ainda não tinha sido inventada. Muito menos o reality show e a venda da dignidade. Nem os antidepressivos para curar a mania das compras ou do sexo. Do the right thing. Faz a coisa certa. Andámos um longo caminho. E agora, que perdemos tantas coisas, talvez fosse bom recuperar algumas. Respeitar mais as concretas mãos e menos o dinheiro abstracto. Deitar menos coisas fora. Consertar outras. Respeitar o planeta e a rua, deixando de os usar como lixeira à espera que o Estado venha atrás com o aspirador (já olharam para uma fotografia de rua de Lisboa nos anos 50?). Poupar os carros. Comprar menos tecnologias que nos despersonalizam e nos tornam twittering pardais afogados em pios irrelevantes. Escrever com a mão. Ler um livro com páginas de papel. Mexer na terra. Cozinhar com tachos e com colheres de pau. E contratar a melancolia do amola-tesouras para nos afiar as navalhas. Vamos precisar delas. "
Clara Ferreira Alves, Expresso 28.03.2009
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quinta-feira, março 12, 2009

O "Portugal Novo" de Clint Eastwood

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O último filme de Clint Eastwood, "Gran Torino", remete-nos para os ambientes da urbanização "Portugal Novo" e para as falhas da sociedade actual quando se trata de lidar com a delinquência.

Um velho operário, bastante doente e viúvo de curta data, vê-se perante a agressividade dos gangs que proliferam naquilo que foi o pacato bairro de vivendas do seu passado.Como se não bastassem os efeitos do tempo que, tal como a todos nós, o remetem para um território onde tem cada vez mais dificuldade em reconhecer as suas referências.

O desenvolvimento da história mostra que o problema não são as diferenças étnicas, num país onde quase todos arrastam consigo uma tradição cultural remota. Essas diferenças culturais são, aliás, motivo de dichotes entre amigos sem quebra de afeição.
O problema advém, isso sim, da confusão entre os direitos das minorias étnicas e a tolerância para com o mais puro banditismo.

Um tema da maior actualidade como os jornais mostram todos os dias.
Uma enorme tragédia que talvez seja uma enorme e pungente despedida de Clint Eastwood.
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sábado, fevereiro 28, 2009

Romeu pode ser feliz ?

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O Oscar "indiano" de 2009 é uma parábola sobre o amor como redenção, já não contra o preconceito e as barreiras de classe mas contra o gigantismo da miséria, a amoralidade e o crime.

Os percursos de vida amargos e violentos também podem ser a base sobre a qual se constrói o sonho; mais do que a sua moral é esta a sua descarada esperança. E toca-nos.
Esperança tão inesperada e inconcebível como o sucesso num concurso que não conhece nada para além do dinheiro.

A celebração final, dançada nas plataformas da estação dos combóios, que afasta qualquer interpretação realista da história, termina com a multidão a embarcar e os espectadores a sair da sala.
De volta a este mundo.
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segunda-feira, fevereiro 16, 2009

MILK



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O filme "Milk" de Gus Van Sant conta a história de Harvey Milk (Sean Penn ), um homossexual que resolve "entrar na política" para defender os direitos civis dos marginalizados.
A acção decorre na cidade de S. Francisco, em especial no bairro Castro, na mesma época em que nós vivíamos o nosso PREC, em meados dos anos 70.
As razões de Harvey Milk, em resposta a prepotências e preconceitos inadmissíveis, não oferecem qualquer dúvida. É também notável a extensão da sua vitória, com a eleição para o San Francisco Board of Supervisors, embora ocorra numa cidade muito especial dada a anormal concentração de homossexuais que nessa altura se verificou. Mas os limites de tal experiência estão bem patentes no facto de, 30 anos depois, o "casamento gay" ter sido rejeitado em referendo na Califórnia.
Eu, como mero espectador, pese embora a excelente criação de Sean Penn, confesso que esperava mais do que esta mera homenagem a um homem e à sua luta. Um objecto que sem dúvida alimentará solidariedades e animará esperanças.
Mas os homossexuais surgem no filme como se a sua "orientação" sexual fosse uma espécie de forma de vida. Tem-se a sensação de que, com ou sem discriminações, essa forma de vida está longe de garantir que se fica gay.
Os episódios que nos são mostrados revelam também uma faceta que não é muito popular; um certo espírito de seita cuja força é levada até aos "corredores do poder".
Não aprendemos muito sobre a natureza dos caminhos que levam às várias formas de homossexualidade.
Por isso tenho muitas dúvidas de que os espectadores deste filme saiam com uma maior compreensão deste fenómeno, que continua a ser geralmente tratado de forma irracional, e mais preparados para lidar com esta "diferença" que insistem em nos fazer crer que não existe.
Essa transformação não há lei, nem exercícios clubistas tipo "Prós e Contras", que a consigam.
Ficamos portanto à espera de um filme genial que nos ensine, comova e desarme os preconceitos.
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sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Negócios da China e das Arábias

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A China e a Arábia Saudita assinaram ontem um acordo de 1,4 mil milhões de euros para a construção de uma via férrea de alta velocidade entre Meca e Medina, no âmbito de uma rede ferroviária que vai ligar os principais locais da grande peregrinação anual dos muçulmanos.Este foi um dos acordos assinados durante a visita de três dias do Presidente Hu Jintao. Além da área ferroviária, foram assinados acordos nos sectores do petróleo e gás natural, da indústria mineira e da saúde.As relações comerciais entre os dois países estão avaliadas em cerca de 33 mil milhões de euros.


Hoje em dia, o sistema acionário está enraizado na China e os negócios de títulos e ações vêm se tornando um tema quente entre a população. Segundo estatísticas da Companhia de Depositário e Liquidação de Ações da China (China Securities Depository and Clearing Corporation Limited), o número de contas válidas nas Bolsas de Valores de Shanghai e Shenzhen rompeu a casa de 100 milhões em fins de julho de 2008 e até fins de outubro do mesmo ano, o volume de liquidação chegou a 4,7 trilhões de yuans. Segundo a mesma fonte, cerca de 50 milhões de famílias e cerca de 150 milhões de chineses investem nas bolsas de valores.
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terça-feira, janeiro 27, 2009

Filme "promocional"

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Vicky Cristina Barcelona. Aquilo que pode vir a ser o mais eficaz filme promocional do turismo de Barcelona, cidade que já nem precisa, é simultâneamente uma obra encantadora.
Com a graça de um Mozart sucedem-se as peripécias sentimentais servidas por um fabuloso texto e por um soberbo naipe de actores (Rebecca Hall, Javier Bardem, Scarlett Johansson e, a grande altura, Penelope Cruz).
De que se trata então? Woody Allen quer mostrar como é ilusório procurar a realização pessoal, e um significado para a vida, nas relações sentimentais. De como essa demanda pode levar à frustração, à loucura ou, na melhor das hipóteses, a um infatigável nomadismo.
Como o filme subtilmente demonstra só o que fazemos, aquilo em que nos expressamos, constitui a resposta que nos falta.

domingo, janeiro 18, 2009

A impunidade da prepotência

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O filme conta a história de Christine Collins (Angelina Jolie), supervisora de uma agência telefónica, cujo filho desaparece.
Após 3 meses de buscas o menino é supostamente encontrado, mas finalmente descobre-se que não é Walter, o filho de Christine.
Apesar disso ela é forçada pelo capitão Jones (Jeffrey Donovan), que não quer reconhecer o seu erro, a ficar com a criança.
Juntamente com o reverendo Gustav (John Malkovich) ela resolve enfrentar a polícia de Los Angeles e é atirada para um manicómio.
Só com uma luta titânica acaba por ser libertada e vê esclarecido o crime horrendo por trás do desaparecimento do seu filho.
Este novo filme de Clint Eastwood é um ensaio sobre a prepotência das "autoridades" e sobre a enorme coragem que é necessária para a combater.
A prepotência é frequentemente inverosímil e cria nas próprias vítimas uma espécie de vergonha que as impede de a denunciar.
Uma questão que continua na ordem do dia.
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