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sexta-feira, abril 05, 2024

O Adeus de Costa


 

O Adeus de Costa
Neste dia em que Costa se despede do cargo de Primeiro Ministro, depois de 8 anos de governos, decidi partilhar o que considero ser o seu pior legado; a emergência e crescimento do Chega.
Existindo partidos populistas de direita em países europeus há décadas faz sentido perguntar por que razão em Portugal isso aconteceu precisamente em 2019.
O partido de André Ventura foi criado na fase final do "governo da Geringonça". A tempo de umas eleições legislativas que tiveram o mais pequeno número de votantes do século XXI, o que pode legitimamente ser visto como resultado de uma sensação de impotência dos eleitores.
Quatro anos antes, em 2015, António Costa tinha quebrado um conjunto de práticas políticas como, por exemplo, aceitar o governo da força mais votada e eleger para presidente da AR o candidato da força mais votada.
Tais rupturas tiveram inúmeras consequências como ainda recentemente se verificou na eleição da presidência da AR; o que teria sido "normal" era o PS votar Aguiar-Branco logo na primeira votação, como era tradição.
O arranjo parlamentar que permitiu o "governo da Geringonça" levou a uma descrença no sistema eleitoral, um desencorajamento do voto, a sensação de que não bastava ter mais votos, a ideia de que nessas condições a direita dificilmente voltaria ao poder.
Quando se olha para os resultados eleitorais de 2024 tais temores parecem ridículos; ficou demonstrado, ao fim de oito anos, que a "aliança à esquerda" não constituía uma solução duradoira; foi um mero estratagema conjuntural que conduziu ao afundamento nas urnas dos parceiros do PS na Geringonça.
Mas o PS não se limitou a criar condições para o surgimento do Chega, passou os últimos anos a desejar e propiciar o seu crescimento convencido de que Ventura engordaria só à custa do CDS e PSD.
Agora que temos o "elefante" na AR, com base nos abstencionistas que a governação imprudente foi varrendo para debaixo do tapete, aqui-del-rei.
O Costa sai de cena com a questionável glória das "contas certas" depois da habilidade de transferir o "enorme aumento de impostos" dos directos para os indirectos, ou seja, "sem dor".
E de reduzir brutalmente o investimento, o que teve um impacto enorme na degradação da Educação, da Saude, da Habitação e até das Forças Armadas.
É caso para perguntar "ri de quê?".

sexta-feira, março 22, 2024

A grande lição dos votos em Baleizão


A grande lição dos votos em Baleizão
O Expresso publicou uma entrevista com a filha de Catarina Eufémia, a heroína comunista do Baleizão.
Ela explica o que tornou possível o declínio do Partido, numa terra que foi o seu "santuário".
Em Lisboa, do alto dos grandes princípios abstractos, não se avistam as insignificantes aldeias alentejanas.
Quem não percebe o que é uma aldeia, uma taberna de aldeia, nunca perceberá as "sensações de insegurança" de que falava o outro.
Quem raciocina com base na média nacional da percentagem de emigrantes não percebe que em certas aldeias se está muito acima da média.
O problema é que as aldeias (e as sensações) são muitas e portanto os votos no Chega multiplicam-se.
Quem é que assume a responsabilidade por este desfecho?
Não basta arrancar os cabelos e gritar que "vem aí o fascismo"!!!

quinta-feira, março 21, 2024

Política de ficção




O regresso às urnas de milhares de portugueses, em 2024, provocou um cataclismo político. Percebemos subitamente que o “cenário” político em que temos vivido é uma ficção.
Um partido que, ainda há pouco, se temia pudesse perpetuar-se no poder com a sua maioria absoluta foi reduzido aos 28% de um momento para o outro.
Tudo isso se deve ao facto de termos, durante demasiado tempo, interpretado a abstenção como um sinal de desinteresse e apatia política; agora ficou claro que, pelo menos em parte, a abstenção resulta de irritação e impotência dos eleitores que se cansaram dos partidos “velhos” e não se revêem nos partidos “novos”.
Quando olhamos para o gráfico do número de votantes ao longo do século XXI podemos portanto perceber, pelo afastamento ou regresso dos eleitores, que governos os afastaram e que oposições os trouxeram de volta.
Nas eleições legislativas de 2005 verificou-se uma grande participação eleitoral (5.713.640) presumivelmente resultante da retórica com que Sócrates se candidatou, um tanto fora da caixa, com laivos de justiceiro contra os interesses instalados.
A partir de 2005 o número de votantes baixou sempre, atingindo o seu valor mais baixo em 2019 (5.251.064), logo a seguir ao governo da “Geringonça”.
Digamos que em 2019 a “gaveta” dos irritados e impotentes estava a abarrotar; talvez não por acaso foi nesse ano que se constituiu o partido Chega.
O aumento de votantes em 2022 (5.389.705) e a explosão da participação eleitoral em 2024 (6.473.789) não podem deixar de ser associados à emergência e afirmação do Chega.
Bem ou mal, os irritados e impotentes abstencionistas tinham finalmente encontrado uma forma de se expressar politicamente, e fizeram-no com estrondo.
A democracia adormecida que durante muito tempo varrera a contestação para debaixo do tapete, acordou do seu sonho. De repente já nada é como era, e percebemos todos que a nossa vida política tinha bases instáveis.
Mais perturbante ainda é o facto de na “gaveta” da abstenção ainda estarem muitas centenas de milhares de portugueses que esperam não sabemos o quê para voltar a votar.

sábado, março 09, 2024

Vergonha


Vergonha
50 anos passados do 25 de Abril a nossa democracia está doente. A campanha eleitoral que terminou ontem, nos termos em que foi feita, devia fazer-nos pensar maduramente.
É verdade que temos agora a praga do populismo, mas é preciso reconhecer que esses partidos já quase só se distinguem pelo grau de boçalidade. O debate político chega a ser mais irracional, e caótico, do que os programas televisivos do futebol.
Os candidatos "responsáveis", quase todos, mentem descaradamente, usam meias verdades, deturpam os discursos alheios e abusam de manipulações semânticas.
Os candidatos "responsáveis", quase todos, diabolizam os adversários, arrogam-se o exclusivo da defesa do povo, fazem apelo a todo o tipo de medos, fanatismos e baixos instintos.
Os candidatos "responsáveis", quase todos, fazem da política um concurso de promessas, mesmo as mais inverosímeis à luz da sua prática anterior e omitem os grandes desafios geopolíticos, tecnológicos e do ambiente.
Em suma, durante 50 anos pouco aprendemos.

sexta-feira, março 08, 2024

E SE?


 

E se, estas eleições que tanto nos excitam não passassem de uma encenação de António Costa, para fugir para a Europa e deixar a batata quente ao Montenegro ou ao Pedro Nuno?
E se o Costa tiver percebido que com a guerra a alastrar pelo mundo, pode vir aí uma nova inflação, o Trump vai regressar e vamos ter que gastar rios de dinheiro a recuperar as nossas forças armadas?
E se o Costa percebeu que os dinheiros europeus vão ser canalizados para a Ucrânia e as corporações profissionais estão todas de faca afiada para o próximo governo?
E se o Costa decidiu evitar esses tempos difíceis e perigosos para Portugal indo para um cargo europeu sem o ónus de ter fugido como Durão Barroso?
E se o Costa tiver pedido à PGR, que até foi escolhida por ele, que escrevesse um parágrafo que servisse de pretexto para a sua demissão?
E se o Costa preferir deixar governar a AD nos anos de crise internacional para depois o PS surgir, salvador, a virar a página mais uma vez?
E se o Costa, ao mandar o incauto Pedro Nuno para a cabeça do touro, matar afinal dois coelhos com uma cajadada?
E se o Costa com esta brilhante jogada se salvar ele próprio de uma derrota eleitoral, minando a carreira do Pedro Nuno e abrindo caminho ao seu delfim na próxima legislatura?
E se o Costa, depois de tudo o que fez, assistir a este filme confortávelmente instalado em Bruxelas?
Desejo-vos um bom dia de reflexão.